Angie acordou tarde no dia seguinte. Sentia-se bem. Animada. O sol brilhava. Foi direto abrir a janela e eis que vê Taylor e Tamara no maior beijo. Estavam bem na frente dela, sentados na grama. Ela se lembrou da noite anterior, e viu a empolgação ceder, como se estivesse num copo e alguém a bebesse de canudinho.
_ Logo de manhã... – ela esfregou o rosto. – Eu devo merecer! Aí, depois, ninguém sabe por que eu não como! Que enjôo! – ele conversava consigo mesma. – Mas também, Angelica, cadê sua autoestima?! Você pode, e pode bastante! Vai deixar assim?!
Ela voltou à janela e engoliu a timidez.
_ Bom dia, Taylor!!! – ela gritou sorrindo.
Ele tomou um leve susto e olhou para cima.
_ Bom dia, Angel! – ele disse visivelmente envergonhado.
_ Bela manhã pra você, né? E pra você também, "Tamy"! – Santo Deus, de onde está saindo tudo isso?
Tamara ergueu as sobrancelhas e Taylor ignorou o comportamento de Angie. Sentia-se mal por ela tê-lo visto com Tamara. Não sabia explicar por que, mas não queria que ela visse.
_ Bom, Tay, de tarde eu vou na sua casa, tá? – Angie falou em seu tom normal.
_ Tá.
Ela sorriu e desapareceu da janela. Taylor deu um jeito de dispensar Tamara.
Angie não sabia como tinha agido daquela maneira, mas sem dúvida nenhuma tinha feito bem a ela. Ela sentia-se bem melhor. Mas mesmo assim, ver Taylor com outra garota doía demais.
Mais à tardinha, se arrumou e foi até a casa dos Hanson com a família. Na verdade, a família foi na frente. Angie tinha esquecido de telefonar para Emily, como havia prometido.
Tocaram a campainha.
_ Deve ser a Angie! – Taylor falou, ligeiramente exasperado.
_ Taylor? Tá tudo bem? – Zac perguntou.
_ Não sei...
_ Quer conversar?
_ Não, Zac, valeu....
_ Ih... Bom, se quiser, vem me procurar, tá?
Como resposta, apenas o sorriso do irmão.
Jessica atendeu a porta e os convidados entraram. Taylor decepcionou-se por não ver Angie e subiu para seu quarto.
Pouco depois a campainha novamente tocou. E Jessica foi de novo à porta.
_ Hey, Jessie! Happy B-Day!!! – Angie sorriu e abraçou Jessica.
_ Thanx, Angie! – Jessica retribuiu o sorriso e o abraço. Então soltou-se. – Vai lá em cima, o Taylor está te esperando, e parece um tanto quanto desesperado.
_ É? – Angie surpreendeu-se.
_ Muito. Não sei o que ele tem.
Angie cumprimentou um monte de pessoas e, então, subiu. Sem saber por que teve uma espécie de dor de estômago, uma ansiedade imensa. Ela bateu de leve na porta.
_ Taylor? Posso entrar? – ela disse abrindo uma fresta da porta.
_ Angie! – ele foi indo até a porta enquanto ela o abria por inteiro.
Taylor a abraçou bem forte, estava muito angustiado.
_ Tay, que aconteceu?
_ Angie, eu preciso muito de você, muito! Não se esqueça disso nunca, tá?
_ Por que você tá falando isso? – ela falou para dentro, tomada de medo e nervoso.
_ Não sei... Só sei que eu preciso de você! Não me deixa nunca. Não sai de perto de mim. Não importa o que aconteça com a gente, não sai de perto de mim nunca. Eu te amo tanto!
Angie não sabia se o que estava sentindo era felicidade, mas ouvir aquilo foi a coisa mais maravilhosa que podia acontecer.
_ Eu também, amor... – ela disse sorrindo por dentro.
Ele se afastou dela.
_ Por quê você me chamou assim?
_ Por quê? Não sei... – ela começou a se desesperar. Era óbvio, tinha entendido tudo errado. Como podia ser tão estúpida?
_ Não me chama mais disso, Angie! – ela deu um passo para trás. – Você tá me confundindo! Você tá fazendo a maior bagunça dentro de mim! Não piora!
Ele saiu do quarto.
Angie sentiu tudo rodar, um peso no seu peito. Nunca tinha visto Taylor tão intenso, falando daquele jeito. E ela tinha feito papel de idiota.
Cada vez ela entedia menos o comportamento de Taylor. E, às vezes, o modo como ele a tratava machucava. Como agora, ela estava ferida. Ele a evitava, e falava daquele jeito. Ela simplesmente não entendia. Resolveu descer.
Sentou-se no sofá e ficou muda lá por bastante tempo, pensando, a angústia crescendo. Zac e Isaac tentaram animá-la, mas em vão. Taylor a olhava de tempo em tempo com uma cara estranha, confusa. E Angie piorava. O vazio dentro dela aumentava, duplicava, triplicava, até ficar insuportável. A sensação era insuportavelmente forte. O que a fez fugir, para a casa da árvore. Tinha que sair dali, do olhar de Taylor, das vozes. Queria sumir. Ficou lá dentro da casinha. Chorou e reclamou com os céus por um tempo.
Até que na festa...
_ Ike, cadê a Angie? Ela sumiu...
_ O que você fez pra ela, Taylor?
_ Não, a pergunta é o que ELA está fazendo comigo!
_ Ahn?
_ Nada, deixa pra lá! Mas você viu onde ela foi?
_ Ela saiu pelos fundos, acho...
Taylor saiu e foi até a árvore. Achou que ela estaria lá e não se enganou. Parou embaixo da copa e escutou algo.
_ Angie? Você tá aí?
Ela não queria responder, não queria que ele a achasse. Mas ele queria.
_ Angie?
Ela respirou fundo.
_ Quê?
_ Posso subir?
_ Não sei.
_ Eu vou.
Angie se encolheu num canto. Ele chegou e se sentou à sua frente. Estava escuro, apenas uma luz fraca, talvez da casa ou da rua, ilumina o rosto de Angie. E ele percebeu os olhos inchados da amiga.
_ Você tava chorando?
Ela fez que sim com a cabeça.
_ Por quê?
_ Não sei...
_ Diz que a culpa não foi minha... – ele pegou as mãos dela.
Ela olhou para baixo. Ele levantou o rosto dela pelo queixo.
_ Me desculpa... Eu nem sei mais o que eu ando fazendo... Please, Angel, não chora mais. – ele falou passando os polegares pelas bochechas dela, procurando lágrimas para secar.
_ Tá... – ela passou as mãos pelo rosto.
Angie ajoelhou-se e, instintivamente, ele a abraçou, apoiando a cabeça no ombro dela e ela fez o mesmo com ele. Nenhum dos dois estava normal. Uma sensação estranha, uma certa angústia misturada com ansiedade. Ele a abraçou mais forte. Acariciou as costas dela, da nuca à base. Foi instintivo quando Angie o apertou contra si e entrelaçou os dedos nos cabelos dele. Taylor afastou os cabelos dela do pescoço e encostou sua boca. Deixou-se ficar alguns segundos. Pensou em parar, mas queria sentir o gosto da pele dela. Beijou o pescoço de Angie delicadamente. Deixou sua boca ali por alguns segundos e a abriu lentamente. Angie não acreditava naquilo. Ao sentir o toque da língua dele ela estremeceu e o abraçou ainda mais forte. O que era um toque inocente se transformou, Taylor passou a beijar aquela pele intensamente. Como se pudesse sorvê-la. Mutando seu desespero em desejo. Foi subindo, chegou perto da orelha, então mordeu-lhe o lóbulo. Angie tremeu novamente. Queria sentir aquilo pela vida inteira, o abraço dele, a boca dele, era maravilhoso. Ele beijou o rosto dela até chegar no canto da boca. O coração de Angie estava disparado. Taylor encostou seus lábios nos dela. Então, parou. De repente. Ele se deu conta do que estava fazendo. Olhou para ela. Angie estava paralisada, morrendo de medo do que ia escutar.
_ Angie... O que é isso? O que a gente tava fazendo?
_ Taylor... Eu não sei...
_ O que tá acontecendo? – ele a soltou. – Me desculpa, Angie, me desculpa... Não era pra ter acontecido. Eu vou voltar pra casa, e me desculpa. – ele levantou e sumiu dos olhos de Angie. – Esquece disso, por favor. – ela ainda o ouviu dizer.
Angie ficou triste, mas estava extasiada demais pra chorar de novo. Ficou ali mais um tempo lembrando de cada segundo, de tudo que tinha acabado de acontecer. De cada toque dos lábios dele na sua pele, da força com que ele a abraçava... E até que ficou feliz... Mas, não, ele não gostava dela... Não... E ela se entristeceu mais uma vez.