Me Leve Para A Terra Do Nunca...

By __TheEvilQueen

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#1 em peter pan 25/6/2019 #3 em fantasia 5/01/2020 #3 em aventura 10/5/2018 #7 em romance 22/7/2019 #9 em mis... More

Prólogo - Revisado
Capítulo 1- Medalhão - Revisado
Capítulo 2- Regras. - Revisado
Capítulo 3- Vaga-lumes - Revisado
Capítulo 4-Branca de Neve e os Sete Anões. - Revisado
Capítulo 5- Era Uma Vez Um Sonho. - Revisado
Capítulo 6- Respostas para perguntas ainda não feitas. - REVISADO
Capítulo 7-Saliva, Dobradores e Estáticos - REVISADO.
CONFIRAM O BOOKTRAILER!
Capítulo 8- A Visão. - REVISADO
Capítulo 9-O que os olhos não veem o coração não sente. - REVISADO
Capítulo 10- A segunda estrela. - REVISADO
Capítulo 11- A viagem - Revisado
Capítulo 12-Os meninos perdidos. - REVISADO
Capítulo 13- As crianças que caíram do berço.- REVISADO
Bônus de 1K: Peter Pan. - REVISADO
Capítulo 14- Logo após a curva do rio - REVISADO
Capítulo 15-O Ursinho Pooh
Capítulo 16- Acredite em sí.
Mapa da Terra do Nunca
Capítulo 17- Eu te declaro uma menina perdida.
Capítulo 18-Ela já estava aqui.
Capítulo 19- O espelho da alma.
Capítulo 20-Cassiopeia.
Capítulo 21- A Mãe de Todos.
Capítulo 22-Piscinoe
Capítulo 23-Cachorro que ladra não morde.
Capítulo 24- De zero a herói.
Bônus de 3K: Sininho.
Capítulo 25- Silêncio.
Capítulo 26- A Vila dos Piratas.
Capítulo 27-Ela morde.
Capítulo 28-Antes da Meia-Noite.
Capítulo 28- Antes da meia-noite (parte 2)
Capítulo 29- Bonitinha
Capítulo 30- Vida de Pirata
Capítulo 31-A curiosidade matou o gato.
Capítulo 32-Nem tudo que eu digo é verdade.
Capítulo 33- O que sobrou de nós.
Aviso
Capítulo 35- Sombras no fogo.
Capítulo 36-Sangue, fogo e verdades.
Bônus de 10K- A mestiça.
Capítulo 37- Pele com pele.
Capítulo 38- A bela e a Fera.
Capítulo 39- Um banho quente não faz mal a ninguém.
Capítulo 40-Lágrimas do passado.
Capítulo 41-Por que não Capitão?
Capítulo 42-Me diz que me odeia
Capítulo 43- O garoto que se perdeu.
Capítulo 44- Fogo
Capítulo 45-O começo do fim.
Capítulo 46-Welcome back Darling
Capítulo 47-Verdade e Consequência
Capítulo 48-O fardo das Darling
Capítulo 49-O amor
Capítulo 50-Tudo que é bom dura pouco
Capítulo 51-Boas-Vindas
Capítulo 52-Tocando em frente.
Capítulo 53-Que a sorte esteja com você
Peter
Capítulo 54- A guerra é uma arte - Revisado.
Capítulo 55- A fraqueza das bruxas - Revisado
Epílogo - Revisado

Capítulo 34-A chama de cada um.

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By __TheEvilQueen

Três meses depois... (no mesmo ponto em que paramos no capítulo anterior, mas dessa vez voltando para a Terra do Nunca).

Não sei que dia da semana é hoje.

O vento sopra acariciando a minha pele de um jeito maternal. As folhas balançam e chiam no alto das árvores farfalhando. A grama verde e úmida com o orvalho recente da madrugada serve de colchão macio.

As pálpebras se erguem e o céu parece tão azul.

Respiro fundo.

É meu aniversário afinal de contas.

Dezessete anos.

Sempre achei que não existia uma diferença entre um aniversário e outro. Aliás o que é só mais um aniversário na sua vida? Só mais um ano de vida? Ou um ano a menos? Não sei. Mesmo aqui esse pensamento não faz sentido.

Um ano a mais ou um ano a menos. Do que adianta contar se você pode viver pra sempre?

Mas hoje...Hoje, quando eu paro pra pensar em tudo desde o meu aniversário de dezesseis anos...Sei que não sou a mesma.

Sou um turbilhão de coisas. Tudo e nada ao mesmo tempo. Sou um paradoxo. Algo perdido no tempo. Nem passado, nem futuro. Presente.

O vento sopra varrendo o chão da clareira. Todos os pelos do meu corpo se arrepiam. Eu sinto a energia.

Dinâmica. Viva. Exterior. Interior.

Levanto-me. Desamassando as roupas simples de sempre e prendendo o cabelo comprido numa trança que cai até o meio das minhas costas. Estou numa clareira pequena, um buraco de luz escondido no meio da vegetação densa da floresta.

Farfalhar de folhas. Barulho de galhos quebrado. Tem alguma coisa aqui. Estou sozinha. Minha mão corre para o cabo da espada. Puxo a lâmina que zune silenciosa só pra mim. Franzo a testa.

O barulho continua e parece estar mais perto agora. Me lembro de tudo o que já passei. Piscinoe e a criatura estranha que tentou me matar há quase três meses. Suor escorre pela minha testa, pingando em gotas gordas.

Parece que a morte cismou comigo.

Quero sair correndo daqui, não consigo. Algumas forças sobrenaturais prendem os meus pés no chão. São três no total:

A primeira é o orgulho. Ele não me permite sair correndo em disparada porque sabe que, se o que estiver se aproximando for algo pequeno como um coelho ele vai ficar bem bravo por eu ter sido tão estúpida e medrosa.

A segunda força é o medo de que, se for realmente uma criatura daquela, que caso eu saia correndo ela possa atingir outras pessoas que não eu. Os meninos perdidos. Meus irmãos. Já consegui matar um deles uma vez e não iria me perdoar se acontecesse de novo.

A terceiro força e a mais insistente de todas, por mais que eu deteste admitir. Ela é estranha. Me assusta. Um tipo de eletricidade que só consegue sair em momentos de tensão. Um êxtase enorme que eu senti quando pûs as minhas mãos sobre o corpo da criatura e deixei que a energia escorresse queimando-a, assim como queimou o rosto de Piscinoe. Quero sentir de novo, por mais que eu tente esconder de mim mesma.

Posiciono a espada. Um pé depois do outro. Me aproximo do barulho. Há uma quantidade imensa de folhas na minha frente. É tanto mato que não consigo ver absolutamente nada. Ergo a espada em posição de ataque- obs: sei que devo estar ridícula- e com a mão livre eu conto até três e afasto as folhas dando um pulo pra frente.

Não é coelho. Também não é monstro.

É um menino. Não como os meninos perdidos.

Não.

Ele tem o cabelo loiro está tão sujo que na verdade assume uma coloração meio acinzentada. Os fios lisos e ensebados pela sujeira escorrem grudados na testa, cobrindo quase parcialmente os olhos azuis.

As madeixas loiras são longas e vão quase até a bunda. Ele poderia ser facilmente confundido com uma menina. Deve ter uns oito ou nove anos, mas os traços do rosto já se traduziam diferentes. As roupas eram trapos rasgados que não cobriam o corpo todo. Ele estava descalço e me olhava assustado.

Foquei meus olhos no rosto do garoto. Já o tinha visto antes...Sim! Eu me lembro. Miro o ursinho amarelo maltratado pendendo por uma das mãos do garoto. Eu o vi aquele dia com Sininho, quando estava no meio da provação, tinha acabado de pegar a turmalina do topo da árvore e descia para a próxima missão. Sininho mandou que eu ficasse quieta enquanto o garoto passava por nós.

Ele fez uma careta. Estava assustado. Os lábios se contorceram e os olhos se apertaram. A testa franziu e um gemido abafado escapou por entre os lábios dele. Estava prestes a chorar.

Eu entrei em pânico.

-Não, não,não,não,não,não,não,não ,não.- comecei a dizer emendando uma palavra na outra até não fazer sentido. Eu avançava sobre o garoto querendo tocá-lo, brandindo a espada no ar e ele recuava cada vez mais deixando romper um grito alto de choro.

Como você faz uma criança parar? Essa droga não vem com botão de desligar.

-Shh...Shh...Shh... Isso aqui?- digo para o menino e brando a espada energeticamente no ar. Os olhos dele se arregalam e ele explode num rompante de gritos, choros e meleca. – Não, não, não, não, é só um brinquedo vê? – falo rápido como um canhão tentando fazer aquela criança parar de gritar. – Viu, vou até guardar pra você. – falo e rapidamente embainho a espada.

-Tá vendo?- falo e ergo as mãos vazias ao ar, como se me rendesse.- Sem armas okay? Pode ficar calmo. Não vou te machucar.- o menininho para de gritar, lágrimas ainda escorrendo pelo rosto imundo e me analisa como se quisesse acreditar em mim.

-Pode parar de chorar. – afirmo dessa vez menos nervosa e mais doce, seus olhos escorrem até a espada. – Okay. Okay. Você venceu. – digo pegando o cinto com a espada e retirando-o da minha cintura, jogando o mesmo para longe.

Ele para e dá uma fungada barulhenta, engolindo boa parte dos soluços.

-Está tudo bem, não vou te fazer mal.- falo da forma mais gentil possível e acredito que tenha ficado um tanto forçado, no entanto o rosto dele se suaviza e ele para de recuar. – Qual seu nome?

Grandes bolas azuis claras como gelo. Já as tinha visto em algum lugar. Elas me encaram por tempo demais como se decidissem entre me responder e sair correndo. No final vejo a boca do menininho se entreabrir e leva quase um segundo para que qualquer som saia.

-Da-Da-Da-Darry.- ele gagueja assustado. Darry. É como se eu já tivesse ouvido isso antes.

-Nome bonito Darry.- digo tentando lhe oferecer o meu melhor sorriso para acalmá-lo. – O meu é Adaline.

Ele apenas assente com a cabeça e não diz nada. Abraça o ursinho amarelo com mais força contra o próprio corpo. Está inseguro.

-O que faz por aqui Darry? É perigoso para um menino andar por aí sozinho.- digo tentando fazê-lo confiar em mim. Se estava perdido eu não poderia simplesmente deixa-lo ali, não com aquelas criaturas todas lá fora.

Ele hesita alguns segundos antes de me responder.

-Estou procurando a minha irmã. Ela sumiu. – ele falou num suspiro tão baixo que por precisei conter o instinto de erguer minhas mãos até a orelha para escutar melhor.

-Sua irmã? Não vi nenhuma garota por aqui. Quantos anos ela tem? Como ela é?-indago para o menino que permite que eu chegue próximo o suficiente dele para tocar-lhe o ombro numa tentativa a mais de lhe dar conforto.

-Ela...ela é alta como você. Tem os cabelos e os olhos iguais os meus. – mas que explicação maravilhosa garotinho. Me ajuda a te ajudar.

Deixe-me ver então...Se ela é alta como eu, talvez isso queira dizer que ela tem mais ou menos a minha idade. Agora loira dos olhos azuis? Não, não vi ninguém desse jeito desde que deixei a Inglaterra.

-Qual o nome dela?-pergunto por fim, tentando me agarrar a uma coisa mais física sobre o paradeiro da irmã misteriosa.

-Jane.- ele falou baixo e no mesmo instante outra voz irrompeu no recinto.

-Adaline? Por que está demorando tanto?- ouço a voz de Trixie levemente preoucupada na clareira.- Está demorando tempo demais pra pegar algumas ervas.- ela diz alto e eu me viro para ver a barra do seu vestido agitando as folhas.

-Você mentiu! Disse que não tinha perigo!- o garoto grita pra mim raivoso e sai correndo pra dentro da floresta.

-Adaline! O que está fazendo?!-ouço a voz poderosa da bruxa irromper no meu ouvido. Me viro pra ela e perco o garoto de vista nesse meio tempo.

-Eu...Eu.. não..-tempo formalizar algumas palavras mas elas simplesmente não conseguem sair. Estaria eu ficando louca? Antes que eu consigo dizer algo Trixie me pega pelo braço e me arrasta para fora do mato, catando a minha espada pelo caminho.

-Céus, você demorou demais e olha que eu mandei pegar só algumas ervas! Sabe o quanto você me matou de susto? Aí eu chego aqui e te encontro olhando para o nada e conversando com sozinha. O tempo passa meu amor, minhas poções não vão se fazer sozinhas!- ela disse me afastando para longe, passando pela clareira me carregando até a sua casa.

Calma quê? Que merda foi essa?

Trixie não me dava tempo pra pensar. Quando me dei por mim já estava dentro da casa dela, vestindo mais um de seus vestidos antigos inclinada sobre a mesa para cortar mais ervas. Tinha uma faca na minha mãe e eu nem mesmo vi quando cheguei aqui, ou quando ela me jogou o vestido.

Olhei para Trixie que amarrava as ervas umas nas outras e as amaçava com água quente para formar um emplasto. Larguei a faca na mesa de madeira e me afastei apoiando as mãos na borda.

A bruxa desviou os olhos da sua atividade e os ergueu pra mim, como se me encorajasse a dizer alguma coisa. Não sabia exatamente o que dizer. O garoto tinha desaparecido tão rápido e eu vira tantas coisas loucas nessa vida que não achava serem verdade, que até mesmo eu duvidava da minha sanidade mental. Talvez ele fosse só um fruto da minha cabeça.

-Hoje é meu aniversário e eu não quero mais ficar só cortando ervas, quero que me ensine magia de verdade. –digo com uma determinação que já vinha crescendo há tempos. Deixaria os pensamentos confusos e garotos aleatórios na floresta pra depois. Agora precisava focar naquela coceira incontrolável que parecia cada vez mais insaciável.

Ela ergueu uma sobrancelha contestadora enquanto me analisava e tudo o que eu menos podia esperar aconteceu. Trixie sorriu um daqueles sorriso amarelos e genuinamente cheio de dentes como quem acaba de aceitar um desafio.

-Estava esperando você pedir. – ela vociferou soltando os instrumentos e caminhando para perto de mim.

-Quer dizer que era só pedir? Se eu não dissesse nada ia me manter aqui como uma ajudante pra sempre?-indago ofendida.

-Muito provavelmente. – ela falou e sorriu ainda mais. – Precisava ver se você realmente tinha força de vontade. Se a magia era algo que você realmente queria aprender ou se você se contentava com pouco. Juntar algumas ervas pra fazer algumas poções é algo que qualquer pessoa consegue fazer. Ainda são chamados de bruxos...Não, dominar a magia é para poucos e você precisa merecer o título.

-Você é mesmo uma megera! E eu aqui esperando você dizer que eu já estava ficando boa o suficiente para passarmos pra outra fase.- esbravejo e Trixie me olha tirando um sarro enquanto os longos cabelos escuros ondulados lhe caem sobre a face.

-Querida eu nunca te disse que era boazinha. – ela diz passando a língua sobre os lábios.- Agora me diga, com qual elemento você tem mais afinidade?

Fiquei encarando ela sem entender.

-Você é burra? Com qual elemento tem mais afinidade?- falou repetindo a pergunta, apesar da ofensa.

-Se me chamar de burra de novo eu juro que acabo com essa sua cara.- digo entredentes.

-Uiiii. Gancho tem razão, você tem mesmo uma língua afiada não tem?- ela disse e se aproximou me encurralando contra a borda da mesa. – Vai ter que aprender a engolir os meus xingamentos antes que eu queime a sua cara primeiro ou talvez a sua língua- falou erguendo a mão direita perto o suficiente do meu rosto, que de repente se incendiou com uma chama amarela que lambia sua pele sem queimá-la. – Também pode tentar a sorte por aí procurando outra professora disposta a ensinar uma qualquer como você.

Engoli em seco. Conseguia sentir o calor insuportável das chamas próximas ao meu rosto. Precisava engoli o orgulho. Trixie estava certa.

-Desculpe.- falei entredentes.

-O quê?- disse a morena se aproximando mais de mim, a mão em chamas a centímetros do meu rosto.- Não ouvir direito, pode repetir?

Mordi o interior da bochecha contendo a vontade insana de pular no pescoço dela.

-DESCULPE. – falei dessa vez mais alto.

Ela sorriu e a mão se apagou. Se afastou dois passos dando-me espaço para respirar. Não percebi que estava segurando a respiração.

-Agora, pode me dizer com qual elemento tem afinidade?- perguntou finalmente e tudo que eu consegui fazer foi olhar pra ela sem conseguir exatamente responder.

Algo na sua expressão desacreditada mostrava que ela havia acabado de entender uma coisa.

-Você não sabe de absolutamente nada.- falou pra sí como se não acreditasse.- Deus, isso vai ser impossível!

Ergo os ombros e as mãos meio que me desculpando, num sinal singelo de " não posso fazer nada." A bruxa bufa e leva uma das mãos a testa. Ela faz um gesto para que eu me sente numa das cadeiras e eu o faço. Em seguida ela também se senta pegando um dos frascos aleatórios cheios de líquidos suspeitos na mesa e o levando até a boca.

Olho pra ela incrédula. Aquilo poderia ser muito bem um veneno potente.

-Estou com dor de cabeça.- ela diz como se adivinhasse os meus pensamentos. A quem estou enganando? A mulher é uma bruxa profissional com mais de trezentos anos de idade ou sei lá, é claro que iria reconhecer uma poção pela aparência ou pelo cheiro. – Então, Adaline... Não há nenhum elemento que você se lembra tendo alguma intimidade? Alguma lembrança incomum...

Fiz que não com a cabeça.

-Água?- ela indagou e eu fiz uma careta, desde o dia com Piscinoe podia dizer que a água e eu não éramos melhores amigas. Precisava dela para tomar banho e beber mas tirando isso, era completamente dispensável.

-Detesto.- respondo e ela termina o líquido com mais um gole.

-Ar?-indagou e arrastou mais uma poção para perto.

-Nada de especial.- legal pra respirar e pra dar aquela refrescada no calor...Só.

-Terra?- perguntou quase sem esperanças.

-Indiferente.- devolvi.

-Fogo?- falou e levou mais uma vez outro recipiente com o líquido fazendo uma careta. Ela se levantou cansada de beber aquilo e se dirigiu a um dos armários para pegar uma garrafa de Rum.

Pegou dois copos secos e servi uma quantidade pequena para nós duas voltando a se sentar.

-Talvez...Eu não tenho certeza. Umas duas vezes eu fui me defender de criaturas que me atacavam e eu toquei elas... Isso nunca tinha acontecido antes.- falei e precisei levar uma das mãos para o copo e tomar um gole do álcool para prosseguir com aquilo. Só de lembrar me dava calafrios.- Elas se contorceram e gritaram, pareciam que estavam sendo queimadas...Quando eu me afastei uma delas começou a pegar fogo.

-Geralmente, bruxas tendem a ser criadas para controlar sua magia desde pequenas.- Trixie falou levando aos lábios o copo de metal.- Pra que tenham algum controle quando a magia começar a irromper na adolescência. Puberdade...Agora você, não sei que tipo de tipo de criação você teve, mas me parece bem restritiva.

-Nem imagina o quanto foi. – digo e ela abre um pequeno sorriso.

-Parece que acabou aqui porque fugiu de casa.- falou erguendo a sobrancelha como se eu duvidasse que eu a desmentisse.

-Quase isso. – digo também sorrindo ao tomar mais um gole. – Só descobri esse tipo de coisa recentemente- emendei.

-Entendo.- ela passou uma das mãos pelo rosto afugentando uma das mechas encaracoladas para trás da orelha.-Os elementos são uma ótima maneira de moldar a magia. Dá pra fazer absolutamente tudo, mas usando o suporte de um dos elementos fica bem mais fácil controlar. É comum que eles se manifestem na adolescência por causa das mudanças que acontecem no corpo e também em situações arriscadas para nos salvar.

-Sim! Foi exatamente isso! Eu teria morrido se tudo isso não tivesse acontecido.- digo exaltada. Era bom conversar com alguém que me entendesse pela primeira vez.

-Quando eu tinha uns noventa anos e ainda morava em Encantados- ela começou e fiz uma careta, precisava lembrar que noventa equivaleria a uma pessoa da minha idade.- assim que a magia foi proibida pelo rei Hubert...sabe o pai da Aurora? – assenti.- Começou uma caçada pelas bruxas e seres mágicos. Se você fosse pego era morto da pior forma possível. Caso seu elemento fosse fogo você morreria afogado, se fosse água queimado, no ar a morte era ser enterrado vivo, quando era terra a pessoa era jogada de um penhasco...O que importa é que uma guerra sanguinária começou. Entre o reino deles e os diversos reinos. Cinderela se pôs contra, junto com Bela e o Príncipe Adam, Rapunzel, Merida, todas as outras princesas...Mas o reino deles era insignificante. Bela e Branca de Neve, juntas, dominavam mais de metade de Encantados e tinham o melhor exército.

-Isso é loucura. – digo atônita, precisei beber mais um gole do líquido. Princesas com finais felizes realizando guerras sangrentas. – Da onde eu sou tudo isso não se passava de histórias com finais felizes.

-É, princesas gostam de manter a boa reputação. – falou com um meio sorriso triste e continuou.- Um banho de sangue, milhares de exilados, imigrantes barrados nas barreiras, mortos na guerra, pessoas inocentes querendo fugir da corda que se apertava cada vez mais por sobre os seus pescoços...Eu estava lá, estava brincando. Levitando algumas frutas do lado de fora de casa. Os vizinhos tinham medo de mim. Chamaram a guarda. Eles estavam a espreita naquele dia. Colocaram uma faca na minha garganta e me agarraram por traz. Me derrubaram no chão, mais de quatro homens me seguravam com as mãos sujas, me tocando, tentando rasgar o meu vestido e levantar a minha saia. Foi ai que aconteceu.

-O quê? O quê aconteceu?- indago sem tirar os olhos das órbitas castanhas da bruxa.

-O fogo irrompeu de dentro de mim e eu queimei os bastardos até não sobrar nada mais além de pó. – falou com um sorriso largo ao secar o copo. – Nunca senti um prazer tão grande como aquele...Obviamente que orgasmos também conseguem ser maravilhosos, mas aquilo...

-A sensação da energia fluindo...- completei e seus olhos encontraram os meus. Ela me ofereceu um sorriso com os lábios.

- A energia pode facilmente ser manipulada. A verdade é que é uma força independente que só quer se deixar fluir. Você não é só um recipiente que recebe a magia, você também é dobradora. Não se esqueça disso. Se não ela vai começar a controlar você. Funciona como uma droga sabe? Você vai ficar viciada nessa sensação. A magia não é boa nem ruim sabe? Ela simplesmente vai para o lado que a favorece mais.

Anotei aquilo mentalmente. Todos diziam que eu era uma estática, mas na verdade eu era uma dobradora. A magia estava em mim e eu mandava nela.

-Tem mais uma coisa. – falei e peguei a faca que havia deixado em cima da mesa. Trixie observou meus movimentos silenciosa. Não tentou me impedir.

Passei a lâmina cega com força pela minha mão fazendo uma careta com sensação ardida do corte. Quando terminei, por fim, havia um corte fundo na minha mão que escorria sangue. Trixie me encarava quando estiquei minha mão pra ela.

Vi como seus olhos castanhos atentos observavam o sangue aos poucos parar de cair totalmente, depois os ligamentos das carnes se religarem e a pele nova se formando. Os olhos dela brilharam.

-Poder de cura...- falou soltando uma risada como se não acreditasse.- Não tem ideia do quanto isso é raro.

-Eu só estou viva por causa dele.

-Sabe, os últimos registros de uma bruxa com esse tipo de poder são de milhares de anos atrás. Achei que estavam todas extintas.- falou com uma adoração na voz, como se estivesse próxima a algum tipo de ídolo.

Justo ela, que era pra mim o ser mais incrível que eu havia conhecido. 

***Recadinho da autora***

Cheguei! Cheguei chegando bagunçando a zorra toda!

Aliás, criei um instagram literário @ mahescreve pra falar sobre meu processo de escrita, dicas de escrita, resenha, surtos, interagir com vocês e mostrar um pouco da minha rotina, se estiverem interessados é só acessar no instagram!

AAAAAAHHHH Sabe quando você quer escrever várias coisas? Diversas? Eu já tava querendo colocar toda as verdades aqui e pum! Mas preciso me lembrar que não. Preciso escrever tudo certinho. 

Então mozis o que acharam do capítulo de hoje? Teorias? Quero opiniões.

QUERIDOS, queria dizer que estou preparando um bônus top pra quando a gente chegar a 10 mil visualizações. Por isso, se vocês estão ávidos para ler não deixem de votar nesse capítulo (e em outros que não tenham votado)- já que como vocês estão cansados de saber, isso ajuda a espalhar o livro pra mais gente, mais gente significa mais leitores, mais leitores significa atingir a meta e sempre que a gente atinge a meta... A gente dobra a meta. 

Tô chantageando na cara dura mesmo, eu nem ligo, sou malvada esqueceram? Muhahahahahahahaha.

Música da semana: Don't Stop Me Now- Queen

Esse capítulo não teria saído sem a ajuda deles, com certeza.

Não se esqueçam de:

Votar e Comentar!

Beijos Malignos, 

__TheEvilQueen

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