Olá, leitores! Como vocês estão?
Eu tinha planejado postar esse capítulo antes, mas sempre que eu ia para o computador percebia que já era tarde demais e eu não gosto de postar capítulos de madrugada.
Maas, finalmente estou aqui e o bom de ter demorado é que deu tempo pra eu destravar do capítulos que estou escrevendo (estou no capitulo 10 e me esforçando pra continuar com capítulos adiantados).
Inclusive, pra quem está acompanhando a trilha sonora no spotify já tem música nova disponível!
Boa leitura
**
Os olhos castanhos repletos de agressividade não assustavam Lydia. Nem mesmo as mãos enormes fechadas em punho. A postura de Mitch era ameaçadora, mas a mulher não se intimidava facilmente.
Ele foi o primeiro a agir. Com os lábios unidos e tronco inclinado, ele a golpeou com confiança. Lydia conseguiu desviar por poucos milímetros, escapando dos braços fortes e ágeis.
A luta foi composta por movimentos rápidos e violentos. Os dois agentes começaram a suar e as respirações pesadas se tornaram audíveis enquanto um ia acertando o outro consecutivamente.
Mitch conseguiu derrubar Lydia no chão e ela demorou torturantes minutos para se livrar do aperto das pernas que a imobilizaram enquanto as costelas eram açoitadas por socos certeiros.
Irene e Stan encaravam a luta com devoção. Sorriam sem nem perceber enquanto analisavam o desempenho dos jovens que se jogavam no chão e trocavam golpes experientes.
Em um momento, Lydia acertou um soco bem dado no rosto de Mitch. O som de estalo se destacou na sala em que estavam e como se não bastasse, ela chutou o rosto do homem.
Com uma flexibilidade invejável, bastou a Martin erguer a perna na altura do nariz empinado de Rapp, para então, o sangue escorrer pelo rosto dele. Lydia arregalou os olhos quando constatou o óbvio: tinha quebrado o nariz de Mitch.
Apesar de ser normal durante lutas, Lydia odiava machucar alguém em um treino e esse foi o seu grande erro. A distração foi o suficiente para Mitch derrubá-la mais uma vez.
Ela caiu com um baque pesado. Atordoada, se viu presa pelo peso do corpo grande. Mitch a prensou contra o chão, esmagando o peitoral forte contra os seios escondidos por camadas de roupa.
Com o rosto sério, selvagem, Rapp inclinou o rosto sobre o da mulher. Os fios compridos e castanhos fizeram cocegas nas maçãs do rosto de Lydia, o que a fez mover minimante a cabeça para os lados.
— Acabou, Mitch! — Irene alertou, temerosa de que Rapp se descontrolasse no treinamento, afinal, isso acontecia com frequência.
Ele bufou, despejando o hálito de menta sobre Lydia, que só foi capaz de absorver a fragrância com os lábios entreabertos, ainda observando a camada de sangue que se formou abaixo do nariz dele, sujando a barba rala.
Mitch ergueu o peso do próprio corpo e com uma mão limpou um pouco do sangue em seu rosto. Apesar da expressão mal-humorada, parecia decidido a acabar a luta como foi orientado a fazer. Porém, Lydia ignorou a fala da vice-diretora.
Foi a vez da Martin se aproveitar o momento de distração. Moveu o tronco e as pernas de modo que jogou Rapp no chão e com agilidade, subiu por cima dele, invertendo as posições.
Sentou em cima do abdômen do homem com as pernas bem separadas. Por ter sido pego desprevenido, os braços dele permaneceram estendidos no chão por alguns segundos, o que foi o suficiente para Lydia pressionar ambos os joelhos sobre os seus braços, o prendendo ali.
Ele se debateu antes de Lydia posicionar o antebraço contra a garganta dele, apertando para sufocá-lo e cessar os movimentos. Ela sabia que se ficasse naquela posição por mais segundos, Mitch podia ser capaz de se defender.
Por isso, antes que Rapp tivesse alguma chance, a Martin sussurrou:
— Ganhei.
Inclinou a cabeça como Mitch tinha feito segundos antes, mantendo os rostos bem próximos. Ela abriu um sorriso enorme, exibindo os dentes brancos, a expressão dominada pela alegria da vitória.
Antes que Mitch pudesse falar algo ou conseguisse se soltar, com agilidade, Lydia se pôs de pé e riu. O som agudo era inocente e pleno, contrastando com a postura que ela tinha assumido durante a luta.
— Desculpa pelo nariz — Acrescentou sem esconder a satisfação, passando as mãos sobre os fios ruivos mal presos no rabo de cavalo improvisado.
— Lydia, eu disse que a luta tinha acabado... — Foi o único comentário de Irene, que se esforçava para esconder a diversão que sentia pela situação.
— Desculpa! — Ela repetiu o pedido, a expressão travessa e quase infantil.
Mitch levantou em um pulo e estava decidido a falar algo, porém, esqueceu das palavras que estava prestes a dizer quando foi, mais uma vez, surpreendido por Lydia.
Ela olhou para Stan e ainda com o sorriso fixo nos lábios grossos, foi direto na direção dele e o abraçou. Hurley resmungou algo incompreensível, mas retribuiu o abraço da Martin, mesmo parecendo um pouco desconfortável.
Mitch ergueu uma sobrancelha, esquecendo a breve irritação e o nariz que ainda sangrava. Com uma expressão debochada, provocativa, disse uma única palavra:
— Senhor?
Stan se livrou do abraço de Lydia, revirou os olhos e se limitou a dizer:
— Essa menina é um grude.
— E acabei de vencer uma luta com o seu predileto — Ela se gabou ainda divertida, apontando para Rapp.
— Você não... — Mitch começou a falar, mas foi interrompido por Hurley:
— Ela venceu.
Rapp sabia que o homem queria provocá-lo, deixá-lo irritado e por isso, desistiu de falar alguma coisa e só cruzou os braços acima do peito. Lydia analisou esse ato, observando com atenção os músculos tensionados por baixo da blusa.
Mitch devolveu o olhar, achando que assim ela se intimidaria. Mas a mulher não se incomodou, continuou o observando por um longo tempo e depois, quando se deu por satisfeita, ainda lhe lançou um meio sorriso malicioso.
— Acabamos então? Vai passar a missão? — Rapp disse com desconforto, tentando ignorar a presença marcante de Lydia.
Ele desviou o olhar, encarando Irene e lutando para se concentrar nela. No entanto, o olhar de Lydia sobre seu corpo lhe roubava toda a atenção. Tinha vontade de pedir para ela parar.
— Estamos confirmando a localização do nosso próximo alvo. Por hoje, vocês só vão treinar juntos para se conhecerem um pouco mais. — Irene que explicou e Stan, ao seu lado, lançou um sorriso cruel para Mitch. — Amanhã vão para o lugar que eu informar!
— Boa sorte com a Lydia — Hurley precisou dizer, contente por poder se divertir às custas do claro desconforto do rapaz.
— Vou acompanhar vocês até a área de tiro, mas antes vai ajeitar esse nariz na enfermaria, Mitch — Irene interveio antes que Rapp falasse algo e acrescentou: — Já pode se retirar, Stan.
Hurley saiu com um breve riso. Mitch e Lydia apenas seguiram Irene.
**
Quando Mitch voltou para casa estava com a canseira habitual depois de um dia repleto de treinos. Os músculos dos braços e pernas tensionados e doloridos, o suor tornando sua blusa colada ao corpo, o cabelo mais bagunçado do que o normal.
Foi direto para o banheiro, se despindo pelo caminho e se assustou quando ao retirar a blusa, sentiu um aroma feminino. Olhou para a peça que já tinha sido jogada no chão e intrigado, pegou e levou ao nariz ainda sensível depois da luta e de ter ajeitado na enfermaria.
Após poucos segundos, Rapp reconheceu que o cheiro pertencia a Lydia. A mulher ficou perto o suficiente para que o perfume se infiltrasse na camisa e se destacasse apesar de estar molhada de suor.
A fragrância era agradável, mas lhe trouxe um pensamento ruim que o fez jogar mais uma vez a peça no chão. Se deu conta que desde a morte da noiva, suas roupas não tinham mais perfume feminino.
Balançou a cabeça sem querer se deixar levar por aquele tipo de pensamento. Se apressou em entrar no chuveiro e ligar a água fria que desabou em seu corpo fervente.
Como de costume, tentou focar a mente no dia que teve e em como podia melhorar seu físico para se tornar ainda melhor no que fazia. Mitch sempre tentava, a todo custo, se distrair com aqueles pensamentos na esperança de conseguir dormir.
Por mais que os anos tivessem passado, dormir continuava sendo um problema. Na verdade, era algo quase impossível. Os pesadelos não o abandonavam, a insônia não o deixava, ele não tinha paz.
Naquela noite, enquanto se banhava, ele pensou em Lydia. E por longos minutos, isso foi distração o suficiente. A mulher chegava a ser... engraçada, Mitch tinha que confessar.
Durante cada treino ela continuou sorrindo, fazendo piadas e o olhando sem disfarçar. Era um pouco desconcertante, mas era de fato uma distração e Rapp sempre ansiava por qualquer coisa que o distraísse de sua dor.
Saiu do banho, tomou alguns analgésicos e se jogou na cama. Ficou deitado, passando a mão de forma distraída pelo próprio abdômen, permitindo que os dedos calejados sentissem os músculos cada vez mais definidos.
Apesar do cansaço, apesar de lutar para continuar pensando no dia que teve, pensando em Lydia, não conseguiu dormir. O corpo continuou agitado, a mente se recusou a descansar e depois de pouco tempo, perdeu a batalha contra ele mesmo.
Fechou os olhos e se viu mais uma vez no último dia em que passou com Katrina. O dia em que finalmente a pediu em casamento na viagem mais perfeita de sua vida. O dia em que ela morreu.
As horas passaram e ele permaneceu revirando na cama, atormentado por lembranças. Como sempre, o tempo passava, o sono passava, mas a dor, a angustia, continuava.
**
O que acharam? Na luta meio que os dois venceram, não é? Kkkkk
Eu não descrevi tanto essa luta, mas vão ter muitas outras pela frente (não só em treinamentos, mas também em missões).
Como puderam perceber um pouco melhor, Mitch ainda sofre muito e isso vai influenciar na forma como o relacionamento dele com a Lydia vai se desenvolver.
Próximo capítulo tem o começo da missão e diálogos do nosso casal, eles vão começar a se conhecer melhor!
Até lá
Beijinhos