POV Pietra
- Amor, eu preciso buscar minha mãe no aeroporto na quinta. Ia fazer isso de táxi mas estava pensando que podia me emprestar o seu jipe. - peço para Anthony sem desviar os olhos da estrada, não quero que ele fique inseguro de nenhuma forma.
- Por mim não tem problema. - ele responde e pela visão periférica o vejo me observando. - Estava mesmo pensando que o jipe pode ficar com você, eu não estou dirigindo ainda, nem sei quando vou conseguir ou se vou conseguir...
- Vai. - o interrompe e ele ri. - Lembre-se do que o Domenico disse, pensamento positivo mesmo que esteja bem pessimista.
- Enfim, o carro fica com você até eu conseguir voltar a dirigir. - Anthony se corrige me fazendo sorrir satisfeita.
- Eu que não vou reclamar, vou precisar mesmo agora que sou uma mulher ocupada. - Não escondo a felicidade só de imaginar que já tenho mais um projeto para preparar. - Posso passar cedo na sua casa e te levar para o serviço.
- Que tal dormir lá ao invés de buscar cedo? - ele pergunta e sorrio.
- Vamos ver. Está confiante para o próximo método do tratamento?
- Estou animado. - sua confissão me faz procurar sua mão para levar até meus lábios e beijar.
Amo esse cara de agora, amo o fechado que foi um mal educado comigo no primeiro dia em que o vi e tenho certeza que vou continuar o amando para sempre.
De noite eu recebo o telefonema do pai de Anthony para acertamos as coisas sobre a nova decoração da sala do filho. Combino de fazer uma visita ao local no mesmo dia em que Anthony retorna a empresa.
- Oi pai. - O cumprimento quando ele entra em casa mais de meia-noite, seu semblante denuncia que bebeu mas também não está caindo pelos cantos, menos mal. - Trouxe o jantar. Quer que eu esquente?
- Quero, por favor. - ele se senta no sofá e liga a tevê.
- Não dorme então. - aviso me levantando e indo até a cozinha.
Esquento o jantar no micro-ondas e coloco um pouco de refrigerante, entrego para meu pai e vou para meu quarto dormir nem que seja um pouco, dirigir é bom mas também cansa.
Na segunda de manhã eu vou para casa da minha irmã mais velha, passo a tarde toda com ela e com minha sobrinha. Não via nenhuma das duas a mais ou menos umas duas semanas e mesmo eu não sendo muito próxima de Antonella senti falta dela.
- Como está a escola nova? - pergunto para Clara que está sentada em meu colo. Amo tanto ela.
- Muito boa tia. Sabia que fiz um monte de amigos? - ela sorri orgulhosa, beijo as bochechas.
- É mesmo? Como eles são?
- Legais. A professora fica falando para a gente parar de conversar durante a aula mas é difícil. - Ela revira os olhos me fazendo rir.
- Muito difícil, sei bem que é mas tem que obedecer a professora. - aviso tocando os cabelos cacheados. - Tem que prestar muita atenção nas aulas, tem que estudar muito para ser uma veterinária linda e inteligente. Não é isso que quer?
- Sim. Quero ser doutora dos animais! Igual minha Barbie. -os olhinhos brilham tanto e vão brilhar com as outras ideias que surgir em sua mente. - Bem legal né?
- Muito legal. Quando eu tiver meus cachorros você que vai ser a doutora deles. - Ela sorri animada, se levanta para contar a novidade para mãe e minutos depois minha irmã se senta no sofá rindo comigo.
- Essa minha filha vai acabar mesmo se tornando uma veterinária.
- Acha mesmo? Ela é só tem cinco anos, pode querer muitas coisas ainda.
- Sim, pode mas já viu o amor dela por animais? Já viu o quanto cuida bem dos bichinhos dela?
- Ela tem esse amor todo graças a você que criou um mini zoológico aqui na sua casa. - respondo e ela ri se encostando no sofá, acho que nunca ficamos assim sozinhas, é muito bom, amo Antonella como amo Alessandra. - É sério, vocês têm um jabuti, três cachorros, um gato, aqueles ratinhos, papagaio, peixe... e eu ainda fico tentando entender como todos esses animais juntos tem tanta harmonia.
- Não são três cachorros, são quatro. Adotamos mais um. - Ela sorri orgulhosa.
- E a casa é tão limpa que nem parece que tem tantos animais.
- Eles vivem no jardim Pietra.
- Viu? Um mini zoológico.
Despeço da minha irmã combinando de encontrar ela na quinta para fazermos um almoço de "mamãe eu senti saudade, não me deixe mais porque eu não sei ser dona de casa direito".
- Te vejo na quinta princesa. - beijo minha sobrinha e a aperto em meus braços. - Estava com saudades. Tchau.
- Tchau. - Ela acena para mim enquanto entro no carro. - Esse carro aí vai precisar de empurrar igual ao outro?
- Esse não. - respondo sua pergunta rindo.
Dirigir esse jipe é mesmo muito legal, traz uma sensação boa e nova. Liberdade. Penso que deve ser por conta dos lugares que ele já esteve, dos lugares que Anthony se aventurou. Quem sabe um dia eu tenha a mesma sorte, de sair por ai com ele e esse jipe, conhecendo mais um pouco do meu país.
Busco minhas roupas em minha casa, Anthony me liga dizendo que vai a lavanderia buscar os ternos dele e eu como tenho minha chave do loft, não me importo de chegar antes dele.
Mesmo morrendo de vergonha e insegurança pego a lingerie mais trabalhada que comprei semanas atrás, depois é claro de tomar um banho rápido, nunca usei ela e se ele gostou das outras que não eram tão ricas em detalhes aposto que vai gostar dessa também. Eu acho.
Visto a lingerie preta rindo de mim mesma, nunca achei na minha vida inteira que iria fazer algo assim. Sempre achei que nem oportunidade para isso eu teria, levando em consideração que eu repelia qualquer tipo de relacionamento, agora estou aqui usando uma lingerie preta de renda, com meias longas e um salto que eu nem me lembrava de ter deixado aqui.
- Melhor passar algo. - falo enquanto me olho no espelho, passo apenas um batom mais escuro e um pouquinho de rímel para realçar os cílios. Um perfume para ficar bem cheirosinha.
Estou bonita e isso me deixa confiante, mas ansiosa e sem saber bem como reagir. Eu devia ter pesquisado um manual de como ser sexy em menos de uma hora. Será que existe isso?
Olho para o quarto sem saber o que fazer. Aí meu Deus!
Será que eu deito na cama enquanto faço biquinho? Melhor tentar.
Me deito de barriga para baixo, o cotovelo apoiado no colchão e as mãos apoiando minha cabeça. Mordo os lábios e fico imaginando a cena.
- Não, não, não. Péssima ideia. - me levanto angustiada, olho em volta e para meu desespero escuto a porta do loft se abrir.
- Estrela, eu cheguei! - Ele grita todo fofo enquanto eu estou agindo feito uma tarada. Que vergonha meu Deus. - Pietra?
Fala alguma coisa sua burra, melhor vestir uma roupa decente e fingir que estava dormindo.
- Pietra? - seus paços na escada me deixam nervosa e sem saber muito o que fazer corro para o banheiro no momento em que ele abre a porta do quarto. Cadê a confiança agora em bonitinha?
Lingerie sexy às três da tarde é uma péssima ideia. De onde eu tirei isso?
POV Anthony
Entro no quarto e não vejo Pietra, só sua mochila ao lado da cama. A porta do banheiro está fechada e sem saber muito o que fazer eu coloco a capa dos ternos na cadeira da escrivaninha.
- Pietra? - bato na porta de madeira do banheiro.
- Oi, amor. Chegou cedo em? – noto uma certa tensão em sua voz.
- A lavanderia é praticamente aqui do lado. - respondo estranhando o comentário. - Está tudo bem aí dentro?
- Sim... - Ela respira fundo, a voz sai trêmula e simplesmente sei que está mentindo. - Não... na verdade não está. Pode pegar minha mochila aí por favor?
- Claro, mas porque?
- Eu quero me vestir.
- Está nua e com vergonha de mim? - nem aguento e já estou rindo. - Já te vi assim em vários ângulos.
- Para de graça. - Ela reclama choramingando. - Eu não estou nua. Quer saber, dane-se. - me assusto um pouco. - Não você, o meu medo.
- Medo de que? Bateu a cabeça em algum lugar?
- Estou usando uma... uma coisa, mas acho que foi má ideia. Não sei ser sensual, principalmente às três da tarde. - sorrio, ela está usando algo para mim, algo que a deixa envergonhada e eu ansioso.
- Quero ver.
- Depois que eu tirar deixo você ver. - sua voz sai abafada pela porta. - É uma lingerie um tanto sensual... e eu nem sei como ser sensual então esquece.
Meu coração acelera, a semanas tenho notado umas lingeries muito bonitas, de rendas e com cortes bonitos, de todas as cores, passando do branco ao tom mais escuro.
Me deixou louco a cada peça arrancada de seu corpo. Quase dois meses de namoro e é como se estivéssemos juntos há tempos. Tanta intimidade e agora ela está tímida e me deixando curioso.
- Você é sensual de todos os jeitos meu amor. - Melhor apelar pra essa palavra, nunca digo a ela, é sempre estrela e aposto que gosta. - Vestida com minhas camisas, de lingerie, nua... nua principalmente, devo ressaltar. - escuto seu riso e acabo rindo também. - A porta está trancada?
- Não.
- Me deixa entrar então. Quero muito te ver, está deixando minha imaginação bem fértil. – escuto seu riso seguido de um suspiro e sorrio mais.
- Pode entrar. - ela responde com a sua insegurança ainda presente em sua voz, isso nem combina com ela, Pietra é sempre confiante mas hoje está diferente.
Giro a maçaneta da porta e a abro mas não consigo se quer dar um paço, meu coração acelera tanto que o sinto bater contra o meu peito com força.
Ela está sentada na borda na banheira, os braços cruzados não me impedem de ver a renda que cobre pontos específicos em seu corpo, as pernas sensuais agora estão cobertas por uma meia preta, os cabelos escorrem sensuais pela pele. Me sinto reagir de imediato, ela nem precisa se aproximar para me deixar louco por ela, como agora.
- Procurei tanto um lugar pra ficar e acabei no banheiro, sentada na banheira. Nada sexy. - ela diz mas nem associo muito as coisas, só caminho para ela e a trago para junto de mim, onde sempre quero que esteja.
- Está prefeita. - aviso antes de unir nossos lábios em um beijo intenso e cheio de coisas novas. Quero essa mulher para vida inteira.
Pietra corresponde feliz com a minha reação, ela se cola a mim, percorre minhas costas por debaixo da camiseta e a ergo nos braços com vontade de tomar ela para mim agora, sem espera.
Suas pernas rodeiam minha cintura e nos conduzo para o quarto no momento em que separo nossos lábios para sentir o gosto de sua pele.
Quando coloco seu corpo sobre a cama me afasto por um momento só para ter o prazer de admirar seu corpo e a lingerie que parece ter sido desenhada para ela. Pietra não está mais tímida, agora sente segurança e sorri de um jeito provocador. Ainda fico me perguntando de onde surgiu a ideia de que não é sensual.
- Linda... - fico sobre ela, afasto os cabelos de cobre e beijo o pescoço. - Sensual... - meus lábios sobem pelo maxilar até chegar a boca e minhas mãos percorrendo seu corpo. – E é muito gostosa. - O efeito das minhas palavras nela é alucinante, seus dedos somem por meu cabelo e o puxam de leve.
Voltamos a nos beijar enquanto tocamos e sentimos um ao outro. A luz do sol raiando pela janela e clareando todo o quarto. Somos fora do contesto, nosso desejo não tem hora ou momento certo, ele simplesmente aparece e nos arrebata.
Pietra está mais corajosa, fica sobre mim, me despe sem desviar os olhos dos meus, me toca e os lábios fazem o mesmo me enlouquecendo como sempre, me deixando mais pronto para tomar seu corpo para mim.
Beijo todo seu corpo sem retirar a lingerie, dou um jeito para que ela continue aqui enquanto meus lábios acariciam sua pele. Pietra geme sem medo, se segura nos lençóis e puxa meu cabelo enquanto percorro a parte mais sensível de seu corpo.
Tudo corre lento, sem pressa de acelerar as coisas. Temos tempo, toda a eternidade se depender de mim.
Sem querer me livrar da peça em seu corpo eu a afasto para o lado e a tomo para mim.
- Eu te amo. - conto a Pietra enquanto nos movimentamos, ela sorri sem conseguir formular qualquer palavra, o desejo ocupando todo o espaço.
Seu corpo fica sobre o meu e é de longe o momento mais prazeroso que já tive em toda minha vida. As mãos espalmadas em meu peito enquanto sem pudor ela se entrega. Seu corpo coberto pela lingerie preta, os cabelos bagunçados... É minha perdição!
Quando os movimentos ficam mais intensos trocamos beijos e carícias, Pietra se agarra a mim, suspira e diz meu nome em meu ouvido.
E então vem aquela sensação de paz, aquela sensação arrebatadora subindo pelo corpo e nos aquecendo.
Pietra encosta sua testa na minha, os dois ficamos imóveis com as respirações ofegantes e relaxando depois do prazer nos atingir.
- Eu amo você. - Ela responde minha declaração depois de longos minutos. - E eu que estava insegura sobre a lingerie. - rimos os dois, olho para seu corpo ainda com a peça de renda, aperto as pernas torneadas.
- Está linda.
- Mesmo agora, descabelada? - Ela brinca mas sim, mesmo agora ela consegue ser a mulher mais linda que já vi na vida. Com esse ar selvagem e de garota rebelde.
- Principalmente agora. - deitamos os dois lado a lado. - Vestidos, lingeries... investimentos aprovados.
- Bobo. - ela ri se curvando para me beijar. - Confesso que nem sei o que me deu, só pensei que tinha essa lingerie e que queria ver sua cara de surpresa ao me ver.
- E fiquei. - Trago ela para meus braços. - Cheia de ideias boas.
- Sou muito esperta.
Ficamos trocando beijos e carícias até que ela se levanta.
- Tenho que tomar um banho. - Ela avisa enquanto vai tirando as peças íntimas e é uma cena tentadora também.
- É agora que você me chama para ir com você? - brinco com um sorriso bobo dançando no meu rosto, Pietra ri e entra no banheiro sem me dar moral. -Muito injusto isso, provoca e foge!
- Chora não bebê! - ela grita do banheiro me fazendo rir.
O dia passa rápido e dormimos cedo. Pietra acorda antes de mim, vejo quando sai da cama para se arrumar.
Estou ansioso para trabalhar, me sinto curioso sobre como deve estar a empresa e só de imaginar que não vou passar manhãs e tardes no tédio meu ânimo aumenta mais ainda.
Pietra tem sido uma boa parceira, me entende e se esforça para me ajudar com meus próprios problemas e tenho orgulho de mim mesmo por também estar ajudando ela. Fico pensando em nosso futuro, em como vai ser, em como eu quero seja...
Vivemos praticamente juntos, Pietra tem uma parte do closet pra ela, tem um lado da cama, tem a chave do loft... às vezes penso em oficializar mas tenho tanto medo de receber uma grande rejeição. Ela é nova, acaba de se formar, tem muito a conquistar ainda e eu sou um cara que deixei de viver por três anos, até ela aparecer e me salvar.
Casar. É isso que quero apesar de nunca ter pensado nisso, nunca ter ao menos sentido um sentimento bom para cogitar tal situação.
Pietra é diferente, quero ela sempre, toda hora. Quero acordar ao seu lado, ver seu sorriso, quero suas brincadeiras bobas, a companhia desastrada na cozinha e o apoio que só ela sabe me dar.
- Amor. - Ela vem até mim, se curva para beijar minhas costas. - Acorda, já são nove horas. Tem que trabalhar.
- Estou indo mas preciso de incentivo. - olho para ela que sorri arqueando a sobrancelha. - Quer ajudar?
- Espertinho. - sua risada me contagia, me levanto e antes de ir para o banho beijo seus lábios. - Só porque faz seu horário quer folgar logo no primeiro dia de trabalho? - ela me segue para o banheiro pra terminar de passar sua maquiagem leve.
- Não é primeiro dia. Estava férias e retornei. - brinco ligando o chuveiro.
- Fala isso para seu pai que ele te demite.
- Pode escolher uma gravata e uma camisa para mim?
- Claro. Vai usar qual terno? - Ela me olha e fico pensando no quão isso é coisa de casados.
- Você escolhe, estrela.
Pietra sempre se alegra com o apelido, me sorri e volta para o meu quarto. É isso Anthony, precisa comprar um anel e pedir essa mulher em casamento. Seja corajoso.
Não importa se é cedo, se estamos juntos a pouco tempo, eu que não quero ficar adiando uma situação que vai me fazer feliz.
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Desculpe não ter aparecido ontem, dia foi um caos! Beijos 😚❤