Duologia: Curados Pelo Amor...

By MarquesYas_

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Pietra Vitale é uma jovem estudante de Design de Interiores. Por fora é uma pessoa alegre que está sempre ten... More

Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50

Capítulo 12

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By MarquesYas_

POV Anthony

Me sento em um banco de frente para o bar enquanto espero por Pietra.

Torço para que ela e minha irmã de acertem logo, que a amizade delas não acabe por minha causa e que de alguma forma Anna entenda o porquê ela não contou sobre nós.

Não sei o que pensei quando fiquei parado na calçada do bar. Eu sempre fico mais afastado e só quando vejo seus cabelos ruivos é que vou até ela e começamos nossa caminhada de sempre.

Mas hoje foi diferente de tudo, me senti ansioso para tê-la mais rápido em meus braços. Talvez fosse apenas saudade, talvez  fosse apenas desejo, mas tenho comigo que era os dois juntos.

O jeito em que caminhou até mim, envolvida no ritmo da Tarantela, envolvida em meu olhar, envolvida em meu desejo. Senti a sintonia que compartilhávamos, senti ela me desejar, como um fogo que alastra para todos os lados ela conseguiu fazer o mesmo comigo. Só pensava em puxar seu corpo pra mim, beijar seus lábios e acariciar aquela pele que tem me deixado doido há dias.

Sempre que vejo Pietra é como se estivesse olhando para uma estrela em uma noite escura. Ela me ilumina, me contagia, me trás paz...

Vejo o momento em que ela sai do bar, os olhos tristes e os lábios sorridentes. Admiro a força que tem para passar por cima dos obstáculos.

- Está bem? - é a primeira coisa que pergunto quando ela se senta ao meu lado.

- Estou. - a resposta curta me faz ficar preocupado. - Anna entendeu, está bem com a idéia de... de nós dois... - ela nem consegue encontrar uma palavra para o que temos, corta meu coração.

- Bom. - é tudo que consigo dizer.
As vezes quero ser aquele cara de novo, o confiante, o risonho, o que conta piadas e faz carinho nas pessoas que gostam.

- Vamos? - ela pergunta se levantando e segurando a alça da sua bolsa com as duas mãos, apenas me ergo e sigo ao seu lado.

Sinto o clima tenso, algo parece a assombrar, sinto medo. Medo de me dizer que eu fui um erro, que ela se enganou sobre mim... Ela não vai estar errada mas pensar nisso me faz morrer ainda mais por dentro.

Aos poucos ela tem conseguido despertar coisas do meu antigo eu. Sorrisos, carinhos, felicidade...
Mas eu sei que não me empenho muito, eu sempre estou tentando me conter. Sou o que sou agora, um cara que vive mergulhado em meus medos, em minhas perdas...

Pietra para na ruela em que tivemos nossos primeiro beijo, olho pra ela sem entender o porque parou e vejo seus olhos carregados de dúvidas.

- O que foi? - pergunto me aproximando, toco sua mão e noto que está trêmula.

Pietra me olha, parece enxergar minha alma. Seus dedos sobem pelo meu braço, chegam ao meu rosto, ela acaricia a barba por fazer, não sorri como costuma fazer sempre.

- Me beija? - seu pedido me faz ficar um pouco aliviado, mas ao mesmo tempo temendo a melancolia em seu olhar.

Minha mão segue obediente para sua nuca, a outra pra cintura fina, delicada... puxo Pietra pra mim, encaixo nossos lábios em um beijo que vem lento mas que ganha força.

Pietra se cola a mim, sinto todo meu corpo responder ao seu. As mãos delicadas se alternam entre meu braço, minhas costas e minha nuca.

Nossas línguas batalham uma pela outra, se tocam, se sentem de modo mais duro. É o desejo gritando um pelo outro.

Quando vejo estou encostando Pietra em uma parede, tento grudar mais nossos corpos como se ainda fosse possível.

Ela gosta, me puxa mais pra ela, as mãos entram por debaixo da minha camiseta e toca minhas costas me causando arrepios.

Minha boca deixa a sua para sentir o gosto de sua pele. Meus lábios beijam o maxilar, descem pelo pescoço e se demoram nele.

O sabor de sua pele me inebria, eu nunca tinha sentindo assim antes, nunca passamos de beijos na boca. Exceto ela que uma vez ou outra beijava minha bochecha mas nada a mais que isso.

Seu suspiro me causa tantas sensações boas, me deixa fora de mim.

A rua está vazia, só tem nós dois e todo o desejo que emana de nós.
Mas me afasto relutante porque aqui não é o lugar e porque não posso simplesmente levar ela pra minha casa. Se eu levasse estaria perdido, Pietra descobriria o quão quebrado eu estou e fugiria sem nem olhar pra trás.

Seu olhar se transforma do desejo e volta pra melancolia.

Pietra me investiga, toca meu rosto por inteiro, as pálpebras dos olhos, as maçãs do rosto, a boca na qual ela se demora.

Vejo quando se enfraquece, o corpo encosta na parede as mãos seguem para os cabelos como se estivesse procurando por controle. Respira fundo.

Tenho uma sensação ruim, uma que me faz querer morrer por completo.

- Não posso mais. - sua voz está esganiçada por alguma dor.

- Não pode o quê? - pergunto confuso.

- Não posso mais estar com você, não posso me afundar mais do que já estou. - seu olhar angustiado me machuca, dói fisicamente também. - Eu não quero mais estar com você, não quero continuar me enganando.

- Não me quer mais? - pergunto dando uns passos para trás.

- Quero, mas não posso.

- Não quer, se quisesse mesmo estaria em meus braços agora, não estaria inventando qualquer desculpa! - disparo magoado.

- Não é desculpa! - sua voz embarga, Pietra se endireita, respira fundo ao mesmo tempo que o senhor do acordeon sai de uma casa e se senta no banquinho como todas as noites.

Ele nos olha, parece notar nossa discussão e toca uma música lenta como da noite em que nos beijamos aqui.

Pietra ouve, olha ao redor como se tentasse encontrar a melhor saída.

- Se não é desculpa então ao menos me diz porque não pode ficar comigo. - peço com a voz mais baixa, abatida. - Apareceu alguém em sua vida?

- Apareceu você! - ela diz me surpreendendo. - Mas não posso continuar isso... sei lá o que temos. Não posso ficar assim.

- Não estou te entendo Pietra. - passo a mão na cabeça em sinal de preocupação. - Estávamos bem, só foi conversar com minha irmã que mudou assim!

- Não, você está enganado. - sua voz tem um humor forçado. - Ela apoiou a gente. Mas tem uns dias que estou farta disso, farta de não te conhecer, de não saber sobre você. Do que gosta, quem são seus amigos, o que faz durante o dia... Não quero ficar mais com você não é porque perdi a vontade, é porque não sei quem é, porque se esconde.

- Pietra...

- Decidi que pra mim já chega, não quero me envolver cada vez mais nisso. - ela indica nós dois com o olhar. - Eu já tenho tantos problemas, tantas coisas que não preciso me magoar mais ainda.

- Que problemas você pode ter? - me irrito, sinto raiva do mundo inteiro. - Não consegue se concentrar direito na vida perfeitinha que tem?

É aí que percebo o que acabo de dizer. O quão maldita são as palavras que eu digo. Cortam até minha alma, imagina o que faz com ela.

Vejo os olhos verdes de Pietra se tornarem escuros, assombrados por algo que não sei o que é. Ela me olha com raiva, os olhos marejam e me sinto o rei dos idiotas quando vejo a primeira lágrima escorrer pesada.

- Eu não quero nunca mais te ver, você foi o maior erro de toda a minha vida. - suas palavras são como facas afiadas que cortam meu coração, é como ser esfaqueado mil vezes. - Não venha atrás de mim, é sério. Se vim eu corro, grito, peço socorro, qualquer coisa que te afaste de mim eu posso fazer!

Só consigo ficar olhando pra ela enquanto se afasta como um raio e me deixa ali, ao som do arcodeon do senhor que presenciou nosso primeiro beijo.
Pietra está certa em se afastar, ela fez o que eu tinha que ter feito desde o começo. Não devia ter me envolvido com ela, não devia ter colocado um sentimento escuro em seu coração.

Ela é alegre, trás vida por onde passa, encanta... e eu... Eu sou pura escuridão, dor...

Quando eu estava com ela me sentia bem, sorria, beijava seus lábios, elogiava, mas agora que ela foi embora eu sinto aquela bolha que me separava do resto do mundo se fortalecer mais.

Volto pra casa sem saber como reagir, o que fazer...

Passo pelo bar movimentado, passo pelos risos e alegria das pessoas, e carrego comigo a minha escuridão, meu mundo preto.

Quando chego em casa olho pra sala iluminada apenas pela lua, olho para o quanto ela está organizada, olho para o quanto sua decoração trás uma tristeza maior ainda em minha vida.

Se Pietra visse quem eu sou, se descobrisse a tristeza que carrego comigo...

Sou estragado, uma alma perdida, uma pessoa que sobrevive a esse mundo porque é covarde de tirar a própria vida. Sou um ninguém.

O que eu pensei? Que poderia simplesmente ficar com ela pra sempre? Sem ela saber sobre mim? Sem saber quem eu realmente sou?

Eu não tenho nada pra oferecer pra ela, não emocionalmente, porque se ela se importasse com dinheiro ela poderia ter tudo que desejasse. Mas Pietra é diferente, é independente, é sonhadora...

Jogo no chão um retrato que estava no criado-mudo. Chuto o sofá, a mesa de centro... quebro coisas, chuto tudo que encontro na frente. Sinto raiva de quem eu sou!

O sorriso de Pietra vem em minha mente como uma tortura, os olhos expressivos e o modo que a magoado que me olhou.

Abro minha geladeira, pego uma cerveja e bebo tudo de uma vez, depois pego outra e faço o mesmo. Na terceira eu vou pra varanda e me odeio por isso.

Lembro do dia em que ela disse que minha sacada era estranha por não ter uma flor se quer. Lembro da forma linda que disse que experimentaria os bombons que minha irmã deu só comigo, que faríamos isso juntos. E lembro do dia em que eu vim na sacada e me deparei com sua câmera e seu sorriso perfeito.

Na oitava cerveja eu já começo a me esquecer de tudo.

POV Pietra

Nem sei como consigo simplesmente andar, minhas pernas tremem tanto e me sinto toda fraca, como se eu tivesse meu coração arrancado de mim. As mãos soam tanto, as lágrimas escorrem descontroladas e os soluços escapam.

As pessoas me olham, algumas vezes escuto até uns comentários mas ignoro pelo simples fato de não conseguir controlar minhas lágrimas.

É claro que eu não queria me despedir de Anthony, nunca!

Quando estamos apaixonadas fazemos planos, pensamos no futuro mas pra tudo isso acontecer a pessoa pela qual estamos apaixonada deve se abrir conosco, nós temos de conhecer ela, do contrário os planos vão ficar só na sua cabeça e você só vai poder vivê-los sozinha.

Aquele beijo me destruiu, me desarmou, me fez desejar seu corpo junto ao meu, mas depois todos os meu medos começaram a rondar minha cabeça e eu sabia que devia fazer algo. Não podia viver aquele "relacionamento" assim.

Me sento em um banco do ônibus praticamente vazio, as lágrimas parecem não lavar minha alma e odeio tanto chorar. Sempre que sinto vontade seguro ao máximo mas hoje está tão difícil.

Desço na minha parada e paro pra observar o céu. Não tem estrelas hoje, só nuvens formando uma chuva de verão.

Me sinto nublada como esse céu escuro.

Minha mãe está sentada no sofá ao lado de minha avó quando chego em casa.

Elas me olham e vejo quando ficam preocupadas, preciso respirar fundo pra não ter uma crise perto delas.

- O que aconteceu Pietra? - minha mãe se levanta vindo em minha direção.

- Nada de demais.  Estou bem. - minto sem muita convicção. - Último período na faculdade, serviço puxado lá no trabalho, as preocupações de casa...

- Você não pode ficar assim. - vovó diz me olhando preocupada.

- Vou ficar bem vovó. - tento sorrir pra elas. - Juro. E meu tio resolveu aparecer?

- Não. Ele ainda não quis voltar, mas agora que sei que está bem sinto muito alívio. - ela sorri pra mim.

- Vou tomar um banho e me deitar. - aviso sentindo aquele bolo voltando em minha garganta.

- Come um pouco, fiz lasanha. - mamãe pede tocando meu rosto.

- Estou sem fome mãe, só quero descansar e acordar renovada amanhã. - beijo sua bochecha e de vovó, só então parto para meu quarto.

Guardo minhas coisas, tiro minha roupa e me enrolo em minha toalha. No banheiro eu ligo o chuveiro e entro deixando a água quente lavar meu corpo, relaxar meus músculos.

Eu fiz o certo. Eu fiz o certo. Eu fiz o certo...

Fico repetindo isso pra mim mesma incontáveis vezes. Não consigo nem parar de chorar, minha cabeça chega dói.

Anthony não gosta mesmo de mim, ele nem correu atrás, nem tentou explicar seus motivos, ao contrário disso, tudo que ele fez foi me magoar, dizendo que eu não sei o que é se preocupar com coisas reais,  colocando as minhas dores em um nível muito abaixo do seu.

Eu nunca faria o mesmo se descobrisse o que tanto martiriza ele além do acidente que matou sua mãe.

Sinto saudade do toque dele, do beijo e do modo que me puxava pela cintura...

Desligo o chuveiro e volto a me enrolar em minha toalha, visto apenas minha lingerie e uma camiseta grande que comprei pra fazer de pijama. Gosto de dormir assim.

Me deito na cama sem forças pra terminar meu último trabalho do curso, pego meu celular e destravo o protetor de tela.

Vou na minha galeria e procuro pelas fotos de Anthony, aquelas em que tirei enquanto ele aparecia todo perfeito na sacada de seu apartamento.

Meu coração está tão despedaçado, tão cheio de dor.
Eu só queria sumir, queria fugir e esquecer todos os problemas que me cercam.

Um tio drogado, um pai alcoólatra, contas atrasadas que nos afundam mais ainda, TCC que não está nem na metade e um coração partido, em pedaços pra ser mais específico.

Eu estou no fundo do poço mesmo.

*****

Gente talvez eu não poste amanhã (que no caso já é hoje por causa do horário kk), eu vou ficar fora o dia todo e devo chegar em casa só lá pelas 20h. Enfim, beijos e obrigada por lerem 😙

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