The Dark Crystal

By BiankaSCastellan

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Alice vivia com o padrasto em um bairro na zona sul de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, até que, em s... More

Prólogo
Capítulo 2 - Feliz Aniversário!
Capítulo 3 - Bem vinda!
Capítulo 4 - A Caixa
Capítulo 5 - Memórias
Interação
Capítulo 6 - Protetor
Capítulo 7 - O Bilhete
Capítulo 8 - Relatório
Capítulo 9 - Trauma: Parte 1
Capítulo 9 - Trauma: Parte 2
Sentiram minha falta? (ATUALIZADA)

Capítulo 1 - A Explosão

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By BiankaSCastellan

  Os passos de Alice ecoavam pelo corredor vazio. A garota tremia involuntariamente e sentia a ponta de seus dedos gelarem. Nervosismo não era a melhor definição para aquele momento: ela estava à beira de um colapso nervoso. Desamarrou a blusa de frio da cintura e vestiu-a ao sentir um frio repentino.

  — Na próxima vez que vier aqui, seu padrasto estará presente — advertira a sra. Mara — Portanto, não se envolva mais em confusões.

  Alice estava em aula quando a secretária Sara abriu a porta e informou que a diretora esperava-a em sua sala. Ouviram-se vários risinhos. Professor Marcel suspirou e Leo, melhor amigo de Alice, encarava-a preocupado. Seu olhar dizia "O quê você fez desta vez?".

  As dobras de seus dedos encontraram a porta da diretoria duas vezes. Nada. Toc toc. Silêncio. Alice girou a maçaneta e adentrou a sala, e logo sentou-se em uma das poltronas de couro falso, observando os ponteiros do relógio de parede, moldados como se garfos fossem. Nove e quinze. Já estivera naquele lugar tantas vezes que lembrava-se de cada detalhe, do retrato da família da diretora, em sua mesa, à quantidade de azulejos na parede. 134.

  A garota imaginou se o padrasto estaria na escola. Provavelmente não. Ele viajara para Ohio com sua equipe de enfermeiros para um congresso sobre a cura de uma doença que se espalhava pela Ásia. Algo relacionado à gases nocivos. Não voltaria para Belo Horizonte só para uma simples reunião com a diretora. Ele era cirurgião e já operara pessoas muito famosas, por isso, atarefado, quase nunca tinha tempo para Ally.

  Alice ficava em casa na maior parte do tempo, mas Leo a visitava regularmente. Sempre que podia, a mãe dele convidava-a para almoçar em sua casa. Além de melhores amigos, eram, coincidentemente, vizinhos. Alto e possuidor de olhos escuros, trazia os cabelos cor-de-mel cortados de um jeito pouco favorável à sua visão, mas poderia se passar facilmente por irmão mais velho da jovem Saint-Marie. As únicas diferenças notáveis eram a tonalidade dos olhos castanhos e que, dois anos e poucos meses mais velho, Leo era mais alto que a estudante. Estavam no primeiro ano do Ensino Médio, apesar de ele estar um ano atrasado e dizer que isso deve-se ao fato de que entrara na escola mais tarde, mas a amiga desconfiava que ele repetira de ano em algum momento.

  A maçaneta rangiu e a moça assustou-se. A sra. Mara entrou a passos firmes com seus sapatos de salto agulha vermelhos. Vestia um terninho azul escuro e uma saia da mesma cor. A garota tentou entender como aqueles saltos finos aguentavam todo o peso da diretora, ligeiramente desviando o olhar para seu rosto. Ela usava óculos cor-de-rosa com hastes finas e um batom nude. A respiração da aluna vacilou quando percebeu o canto esquerdo da boca daquela trêmulo, como se prendesse um sorriso.

  Um calafrio percorreu a espinha da garota ao ocorrer-lhe que a diretora divertia-se com a possível expulsão de Alice.

  — Seja lá o que você pensa que eu fiz, eu não fiz, eu juro — adiantou-se quando o silêncio tornou-se desagradável demais.

  — Você não fez nada — o quê era aquilo no rosto dela? Um sorriso? — Não desta vez.

  Alice relaxou os ombros apenas os suficiente para que a sra. Mara não se divertisse tanto à suas custas, forjando uma despreocupação quase desleixada, enquanto tamborilava os dedos no braço na poltrona. A mulher encarava-a fixamente, tentando decifrar qualquer emoção perceptível. Alice sustentou o olhar, fazendo o mesmo, sem deixar nenhum resquício de preocupação visível. Ela podia fazê-lo, afinal era seu último ano ali.

  — Então por que estou aqui? — perguntou, impaciente.

  Corpo e roupas azuis afetadas deram um leve impulso para trás, arrastando a cadeira de rodinhas e a senhora caminhou até o armário lateral, que tampava parte do pôster da escola.
Pegou uma chave no móvel e voltou para a cadeira preta, o som dos saltos ecoando pela sala. Sorriu novamente, o que foi especialmente estranho, e destrancou uma gaveta de sua mesa de escritório. Ela jogou uma pasta fina na direção de Ally sobre a mesa branca, emitindo um som semelhante ao de unhas deslizando em vidro, até parar frente à Alice, que demorou-se e abriu-a

  — O quê são todos esses papeis? — perguntou.

  — Suas provas — a resposta veio sem rodeios.

  Alice estremeceu. Ela sorriu. Nunca vira sra. Mara sorrir antes. Muito menos tantas vezes. Aquilo estava deixando Alice assustada.

  — Não se preocupe, querida — continuou — Suas notas estão excelentes. Chamei-a aqui a fim de parabenizá-la. Vejo que Leonardo está te ajudando bastante.

  — Hm... obrigada, sra. Mara — forçou seus lábios a esboçarem o sorriso mais natural possível — E sim, ele está.

  Mara levantou-se e dirigiu-se à porta, abrindo-a.

  — Bem, é só isso. Já pode ir.

  Alice saiu da sala, suspirando aliviada enquando retornava à classe.
No corredor, a voz de raspar de pedras chamou Alice.

  — Quase me esqueci. Parabéns adiantado. E mande lembranças à seu padrasto — disse, alto o suficiente para que a ouvisse.

  O aniversário de Alice seria só no dia seguinte. Questionou-se desde quando a diretora conhecia Arthur. Abriu a porta. A luz estava apagada. A garota fez um apelo silencioso para que a aula não tivesse acabado e tateou a parede até encontrar o interruptor. Ao acender a luz, todo seu corpo paralisou, em choque.

  — SURPRESA!!! — desatou à rir, tamanha a vergonha.

  Fizera questão de não contar a data e mesmo assim recebera uma festa. Os colegas cercaram-na em um abraço rápido e alguns amigos mais próximos presentearam-na. Seus olhos castanho-claros percorreram a sala até encontrar Leo, para em seguida abraçá-lo, sorrindo.

  — Sei que foi armação sua.

O amigo retribuiu o abraço com força, suspendendo-a no ar.

  — Quem? Eu? — riu e beijou-lhe a bochecha — Feliz aniversário, Ally.

  Desvencilharam-se e ela cruzou os braços, erguendo uma sobrancelha.

  — Você sabe que é só amanhã.

  Ele sorriu.

  — Amanhã é sábado. Não tem aula.
  Alice revirou os olhos e cruzou a sala até encontrar suas amigas.

  — É, amiga. Acho que o Tiago está a fim de você — Keith sussurrou.

  — Gente, nós nem conversamos direito. Não inventem.

  — Ele está te observando desde a hora que você entrou aqui — disse Jéssica, sorrindo.

  Alice fitou o rapaz que, ao perceber que era observado, sorriu. Desviou o olhar, corada.

  — É a sua chance, Ally. Imagine seu primeiro beijo ser com o Tiago? Olhe para ele, aquele cabelo loiro... e os olhos azuis? Seus filhos vão ser lindos!  — Gabriela dizia, gesticulando.

  Alice sentiu o rosto queimar.

  — Você é tão exagerada, Gabi... - Jéssica repreendeu-a — Deixa a Ally em paz.

  Ela ouviu passos em sua direção. Tiago. Keith e Gabriela arregalaram os olhos, seguindo-o com o olhar. Ele cumprimentou alguns amigos perto das garotas e beijou Samanta, uma garota repetente.

  — Acho que ele já tem namorada — comentou Keith.

  Quinze minutos antes do fim das aulas, apesar de o barulho de trinta adolescentes conversando ao mesmo tempo tornar inaudível tudo ao redor, um grito sufocado ecoou pela escola. Um garoto desligou o som e todos se entreolharam, aflitos.

  Outro grito.

  — Fujam! — era a voz da diretora no alto-falante.

  Uma onda de fumaça azul clara invadiu a sala e os amigos de Alice produziam sons apavorantes, berrando enquanto pressionavam os dedos nos ouvidos, que expeliam sangue. Seus olhos se fechavam e eles desmaiavam, como se tivessem adormecido em pé. A moça observava tudo, em choque. Um som agudo e estridente como o contínuo raspar de garfo sobre porcelana invadiu seus ouvidos, fazendo-a gritar.

  Uma mão sacudiu-a e puxou-a pelo pulso através da escola, forçando-a a correr. Alice olhou de relance para trás e só enxergou neblina azul, mais escura e atraentemente hedionda a cada segundo, até transformar-se em um azul enegrecido.

  — Vamos, Ally! Mais rápido! — gritou.

  Alice reconheceu vagamente a voz. Corria o máximo que podia e já estava quase sem fôlego. Um conversível preto parou pouco mais de dez metros à sua frente, cantando pneus, e ela foi puxada para dentro, há poucos instantes da névoa. O carro acelereou, e Alice foi de encontro ao banco do passageiro. Fez menção de levar as mãos aos ouvidos, mas foi interrompida por mãos ágeis e firmes.

  — Não, Ally. Vai piorar a dor — a voz repetiu. Leo.

  Alice olhava fixamente para a névoa, que ficava para trás.

  — Quase não conseguimos. Vocês estão bem? — ouviu o chofer falar.

  Deliciosamente sedutora, havia algo na estranha fumaça que impedia Alice de desviar o olhar. A garota ouviu o mesmo som estridente e levou os dedos aos ouvidos, gritando ainda mais pela dor dos ferimentos internos causados pela névoa. Leo puxou as mãos da amiga, colocando-as para trás das costas dela e amarrou-as com a corrente reforçada de seu colar.

  — Deve servir — olhou-a tristemente. — Me desculpe, Ally, mas a névoa tóxica fez um grande estrago em seus ouvidos. Não quero que as feridas ulcerem. A dor seria insuportável.

  — Névoa... dor insu...portável... — Alice balbuciou, entre lágrimas.

  Leo trouxe-a para perto de si e envolveu-a em um meio abraço, acariciando os longos cabelos cor-de-mel e, eventualmente, secando-lhe as lágrimas.

  — Se tivesse demorado mais alguns instantes... — sua voz falhou, e ele desviou o olhar.

  O motorista remexeu-se no banco, desconfortável.

  — Vocês tiveram sorte.

  Aquela voz era familiar à Alice, mas ela não conseguia se lembrar. Tudo doía. Em meio ao calor e sal, sua visão turvou-se e desmaiou.

  E aí, o que está achando?
  Não esqueça de deixar o votinho se gostou e de colocar a história na biblioteca.
  Até amanhã :*

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