Agosto. Dois meses já se passou e muita coisa mudou.
Minha viajem de volta para casa foi fantástica. Apesar de ficar apenas três dias, eles foram muitos significantes para mim. Pude contar para os meus pais o quanto estava sendo empolgante e cansativa a minha vida em Londres. Foi ótimo poder me sentir em casa outra vez.
De volta para a cidade, eu não poderia de deixar de visitar Imogen, que antes era uma mãe amiga e agora uma sogra também. Passamos a tarde de sábado falando sobre a vida, contando piadas e é claro falando sobre Edward. Ela compartilhou comigo o quanto se preocupava com ele e o quanto queria que ele estivesse aqui, mas que compreendia o seu sonho. Foi bom para mim e para ela desabafar uma com a outra, pois neste momento eu só estou enchendo a paciência de Chris.
Desde que ele partiu nós apenas nos falávamos por telefone, ainda muito de vez em quando, pelo alto custo. Foi difícil não estar sabendo o que realmente estava acontecendo com ele, o que me deixava apreensiva e com muita mais saudades. Mas ele resolveu acabar com os nossos problemas.
Em uma noite eu recebi uma ligação sua que dizia que não estava aguentando mais tudo aquilo e que queria colocar um fim. Eu chorei durante todo o tempo da ligação, e pedi para que ele não fizesse isso, entretanto ele não deu ouvidos. Eu passei três dias totalmente triste e chorando durante a noite. Ele havia me destruído.
Após esses dias ele me ligou novamente me pedindo desculpas e dizendo que não queria ter feito o que fez, que se arrependia profundamente, e que me queria de volta, mas eu não facilitei para ele. Com a minha vez de dizer tudo, coloquei tudo para fora, tudo o que sentia e que passei. Eu terminei com ele e nunca mais atendi uma ligação se quer.
_ 40 € _ disse para a cliente que estava atendendo.
_ Aqui está _ ela me entregou o dinheiro.
_ Ele vai vir te buscar? _ perguntou Lili.
_ Ele quem?
_ O Ed.
_ Nós terminamos lembra _ coloquei o dinheiro na caixa registradora e peguei o troco.
_ Mas ele te liga todos os dias porque você não atende?
_ Porque ele é um babaca. Ele terminou comigo pelo telefone e disse coisas que como só ele tivesse feito e sentido. Ele me fez parecer que nunca lutei ao lado dele... arg eu quero ele morto _ uma fúria subiu em mim instantaneamente ao ouvir aquele nome. Provavelmente a senhora que estava atendendo ficou horrorizada pelo meu comportamento, mas foi inevitável, como ele pode ter feito aquilo comigo? _ Aqui seus livros e seu troco. Tenha uma boa tarde _ sorri na esperança dela ver que eu não era aquele monstro.
_ Igualmente _ ela sorriu e foi em direção a porta.
_ Uau você está com caco.
_ Você não faz ideia Lili _ respirei fundo. Não era fácil voltar a pensar em tudo. _ Foi claro que quando ele entrou naquele carro nós iríamos mudar. Na verdade eu já sentia que nós não estávamos mais juntos mesmo fazendo as promessas de lutar contra toda a correnteza. Eu lutei, ele lutou mas desistiu... e esse não foi o maior problema... eu já estava me preparando para isso, mas o modo como ele falou... foi o que realmente me machucou. Foi tão seco e frio, como se tudo tivesse sido em vão e sem importância, e também foi visível que minha opinião não era importante... essa foi a pior parte. _ refletindo sobre o ocorrido e olhando para o nada, vi que uma lágrima caiu e rapidamente eu a limpei.
_ Me desculpe trazer isso de volta Audrey.... eu estou me sentindo mal agora _ ela lamentou.
_ Deixe para lá.
_ Eu não sabia que tinha sido tão feio o termino, e tão emocional. Me desculpe mesmo _ Lili tinha o semblante triste e culpado.
_ Tudo bem Lili, eu não tinha te contado o quão profundo as coisas tinham sido. Mas tudo bem. Hoje eu não quero ficar assim... depressiva. Vou sair daqui mais tarde, ir para casa me arrumar e ir encontrar os meus amigos em um pub e me divertir, esse é o plano.
_ Parece ótimo _ ela sorriu.
Como havia planejado naquela noite eu estava em casa terminando de me arrumar para encontrar Chris e todo o resto do pessoal no pub.
Usava jeans, botas, jaqueta jeans e o cabelo solto. Ainda estava em dúvida da maquiagem.
_ Vai sair? _ disse minha tia encostada no batente da porta.
_ Vou. Vou encontrar o pessoal no pub.
_ Que legal _ ela falou aparentemente não entusiasmada.
_ Aconteceu alguma coisa tia?
_ Ahh... _ ela respirou fundo. _ Eu me desentendi com o Will.
_ Sério, que chato. Foi por coisas do trabalho ou pessoais?
_ Do trabalho _ ela se sentou na cama.
_ Homens.
_ Nada ainda com o Ed?
_ Não. Ele me liga todos os dias mas eu não atendo.
_ Estamos no mesmo barco.
_ Pois é mas e você, vai ficar assistindo filmes e comendo pipoca ou vai sair? Se você quiser eu posso ficar com você.
_ Não pode ir se divertir. Imagine nós duas depresivas aqui dentro _ deu um ar de riso e eu a segui.
_ Tudo bem _ sorri. _Deixe me ver qual batom vou usar... Uh....
_ O rosa _ indicou o objeto que estava na mesa. Acho que ele fica lindo em você.
_ Vou por sua indicação _ fui até o espelho e passei. _ Bom já vou indo, qualquer coisa pode me ligar tá _ fui até ela e a abracei.
_ Tudo bem _ ela sorriu.
Eu peguei as minhas coisas e fui para a porta. Quase me esquecendo do guarda chuva, voltei para pegá-lo e ao abrir a porta dei de cara com alguém.
_ Tio Will? _ o olhei de cima a baixo assustada. Ele carregava um buquê enorme de rosas vermelhas.
_ Oi Audrey, sua tia está?
_ Está sim _ sorri.
_ Bom, ela deve ter te contado sobre o nosso desentendimento.
_ Contou, e é óbvio que você veio para se desculpar.
_ Sim. Eu admito que fui muito rude com ela sem necessidade, então... _ ele tinha uma feição envergonhada em seu rosto.
_ Fez certo. Ela está na cozinha, vai lá.
_ Ok. Até mais.
_ Até.
Desci as escadas pensando em o quanto minha tia deveria estar feliz com o pedido de desculpas. Era bom pelo menos uma de nós duas estar feliz com a sua vida amorosa agora.
Tente não pensar Audrey, não foi a sua culpa e você não tem que pedir desculpas por nada.
Com uma chuva fraca que estava, dei sinal para o táxi que logo parou e fui para o pub, em busca de um pouco de esquecimento.
No local já estava a Chris, Ricky, Harry e Jenny em uma das mesas já com algumas bebidas.
_ Oi pessoal.
_ Oi Audrey _ disseram em uníssono.
_ Cade a Lucy e o Todd?
_ Não sabemos _ disse Harry.
_ Tudo bem. Vou pegar uma vodka para mim alguém me acompanha?
_ Eu _ disse Ricky.
_ Então vamos.
Eu e o Ricky fomos até o bar e pegamos os nossos drinks e voltamos para a mesa. O pub estava ficando cheio. A música estava alta e o pessoal animado. Não demorou muito para eu e as meninas estarmos dançando no meio do local.
_ Vou pegar mais uma vodka já volto _ disse para as elad que estavam voltando para a mesa.
_ Tudo bem _ Chris falou.
De volta para eles, enfim Todd e Lucy tinham chegado.
_ Onde vocês estavam? _ perguntei para Lucy.
_ O Todd passou em casa para dividirmos o táxi e com a chuva que deu ouve um acidente no nosso caminho.
_ Entendi.
_ Audrey! _ era Todd me abraçando.
_ Oi!
_ Estava preocupada com a gente?
_ Um pouco. Se vocês não viessem eu iria matar vocês.
_ Que bom que chegamos _ ele riu.
Ao olhar para a enorme janela de vidro do pub fui totalmente surpreendida. O que ele estava fazendo aqui?
_ Droga!
_ O que foi? _ Todd se afastou um pouco e me perguntou.
_ O Ed está aqui.
_ O que? _ ele vasculhou o lugar como um detetive e o avistou onde ele estava.
_ Meu deus disfarça.
_ Desculpe.
_ Droga o que eu faço?
_ Qual o problema Audrey? _ perguntou Jenny.
_ O Ed está aqui _ como se a palavra fosse um sinalizador, todos olharam para mim e vários cochichos começaram.
_ Acho que ele quer falar com você _ falou Harry.
_ Isso é óbvio _ olhei novamente para a janela e ele me chamava por sinais.
_ Você vai ir? _ Ricky me encarava de canto.
_ Não sei _ eu estava apreensiva e nervosa. Conversar com o Edward nesse instante era tudo o que realmente eu não queria.
_ É com você Audy _ disse Chris.
Todo o nosso "fim" estava me matando. Foi tão ridículo e ao mesmo tempo tão dolorido que meu humor em relação era de raiva e tristeza. Eu o amava não podia mentir, mas se for para concretizar tudo em palavras, cara a cara e não por telefone, eu preferiria.
_ Eu já volto _ peguei a minha bolsa e fui me apertando em meio as pessoas para a saída do pub.
Do lado de fora ele estava parado me esperando com as mãos dentro do moletom. Sua feição era meio abalada e já a minha uma fúria quase incontrolável.
_ Oi.
_ O que você quer?
_ Nós podemos conversar? _ ele pedia gentilmente.
_ Depende você vai deixar eu dizer o meu lado ou vai tomar todas as decisões sozinho?
_ Juntos, é claro.
_ Ótimo. Vamos caminhar. Não quero que haja plateia.
Dando alguns passos na calçada molhada, nós estávamos em silêncio. Era mais que claro que ele não sabia como iniciar a conversa e eu já estando nervosa com tudo, decidi tomar iniciativa.
_ Então sobre o que quer conversar?
_ Bom primeiramente... me desculpe Audrey. Admito completamente que fui um babaca aquele dia, não apenas por terminar mas fazer isso por telefone.
_ E também por não me deixar falar _ cuspi sem medir o nível de culpa que isso traria a ele.
_ Isso também. Mas saiba que eu não queria ter feito. Eu estava em um péssimo dia , estava nervoso e meio perdido com tudo. Não foi fácil ficar lá sem ninguém, sem você. E nessa mistura de loucuras eu fiz aquilo, sem pensar nos danos que poderia causar. Me desculpe.
_ Sendo sincera Edward você me machucou... me machucou e muito. Eu estava preparada para um término, nosso relacionamento estava em uma corda bamba, e sabíamos que a qualquer momento iriamos cair mas não imaginei que fosse daquele jeito. Você não me deixou falar e dar a minha voz sobre. Apenas falou o que queria e desligou o telefone. E sabe o que eu fiz? Chorei durante noites me perguntando a razão de tudo... isso doeu e muito _ Meus olhos queriam retirar tudo o que eu havia guardado para ele mas eu não me deixei levar.
_ Eu imaginei isso e eu fiz o mesmo. Bebi garrafas e deitei em um sofá me perguntando o que eu havia feito. Eu não espero que você entenda que basicamente tudo isso que eu fiz foi por causa do stress que passei e infelizmente descontei em você, entretanto foi o que aconteceu, e se eu pudesse voltar no tempo eu voltaria _ sua voz era triste e seus olhos perdidos no chão. Edward provavelmente estava se castigando por todo o caso e de certa forma eu senti pena dele.
_ E como foi lá? _ me olhou esperançoso.
_ Você quer saber?
_ Quero.
Com toda uma cidade para nós, nós compramos um café e andamos pelas ruas. Ele me contou tudo o que eu perdi nesse tempo distante, as partes boas de apresentações e contatos e a parte ruim de dormir no sofá de estranhos, como James Foxx.
_ Sério que isso aconteceu?
_ Sim.
_ Que loucura Eddye _ ainda estava impressionada com o fato.
_ Mas foi uma experiência única.
_ É verdade.
_ Que me custou 200 dólares _ ele riu e por mais que me controlei fiz o mesmo.
_ Bom e no final de tudo rendeu alguma coisa boa para você?
_ Bem... eu fiz apresentações lá e conheci muitas pessoas, mas nenhum contrato... até algum tempo atrás...
_ O que? _ era isso mesmo o que estava ouvindo?
_ Então... uma coisa inusitada aconteceu...
_ Diga! _ eu estava aflita.
_ Elton John ligou para mim e as gravadoras ficaram sabendo e vieram correndo falar comigo... mas eu recusei todas assim como elas fizeram comigo.
_ Eddye... Elton John... ah como assim? Aliás como assim você recusou?
_ Isso foi justo Audy. Mas uma delas jamais tinham tido contato comigo e quiseram me conhecer melhor e... me ofereceram um contrato de 20,000,00 €... e eu assinei _ ele abriu um enorme sorriso em seu rosto.
_ Ai meu deus! Ai meu deus Eddye você conseguiu! Ahhhhh _ sem pensar duas vezes com toda a euforia eu o abracei fortemente. Ele me envolveu em seus braços e riu, provavelmente de toda a cena. _ Eu não acredito, meu deus!
_ Não achei que sua reação seria tão eufórica assim _ depois de um longo abraço ele me encarava e ria.
_ Como não, olha o que está me dizendo _ tentava recuperar toda a minha calma e sanidade e nesse tempo percebi que ele me olhava sorridente. Mas não era um sorriso comum era como se ele estivesse vendo um anjo, parecia com algo mágico e esplendido. Eu fiquei envergonhada, extremamente envergonhada. _ Bom, parabéns Eddye _ sorri.
_ Obrigado Audy _ seu sorriso ainda não tinha ido embora.
_ Uau, eu ainda estou pasma. Olha eu estou tremendo _ olhei para as minhas mãos e sem que eu jamais pensasse na cena, ele a pegou e apertou entre a sua. Por surpresa minha, eu não a soltei.
_ Sério Audrey... obrigado por tudo. Sem você... eu não sei se eu estaria aqui.
_ Como assim Eddye, claro que estaria.
_ Não Audrey, provavelmente não _ seus olhos pareceram se iluminar. _ Você sempre me apoiou, independente de tudo. Desde criança esteve comigo, me conhece mais do que ninguém. Você sempre me deu tudo o que eu precisava, de uma amiga, de um sorriso, um amor... independente dos momentos, ruins ou não você sempre esteve ao meu lado... como agora. Eu dizimei o nosso relacionamento por telefone, por estar com a mente cheia. Te fiz chorar e sofrer e mesmo assim você está aqui comigo em um dos melhores momentos da minha vida então... eu te devo obrigado sim.
No final do discurso que ele havia feito eu não sabia o que dizer. Por mais que era verdade o que ele tinha dito em relação ao nosso namoro ter ido por água abaixo e ele me ter feito mau, eu mentiria se dissesse que não estou feliz com esse momento, com o que aconteceu com ele.
Edward busca isso há anos e finalmente depois de tantos altos e baixos, parece que enfim ele conseguiu o que mais queria. E para mim que cresceu junto com ele e esse sonho como ele disse, o apoiando, era claro que eu não seria tão rude ao ponto de ignorar. Eu até estava mais empolgada que ele mesmo e também muito feliz, nessa altura eu não me importava se estávamos juntos ou não. Ver ele sorrindo era o suficiente para mim.
_ Bem, espero que tudo de certo de agora em diante.
_ Eu também espero.
Com as longas horas e longas milhas que andamos, a noite estava chegando ao fim. De um pup animado para uma conversa com o ex e depois ficando feliz com ele. Essa parte confusa só acontece comigo?
Ao decidir que o melhor a se fazer era voltar para casa pois provavelmente todos já estariam meio bêbados, Eddye se ofereceu para me levar para a casa, já que o bairro era meio mórbido no horário.
No caminho viemos conversando sobre todo o fato. Não falamos mais sobre nós. Foi estranho para mim mas eu não sabia o que fazer. Eu o compreendi perfeitamente, e vi que foi difícil mas... o que eu devia fazer?
Com a rua totalmente deserta e pouco iluminada eu estava em frente de casa me despedindo dele.
_ Obrigada por me trazer.
_ Sem problemas.
_ Bom, vou subindo então... _ eu estava nervosa. Era como se nós fossemos dois estranhos que acabaram de se conhecer. Eu tinha que falar algo.
_ Audy... _ antes que eu pudesse me virar completamente ele me puxou pela mão.
_ Sim.
_ Nós estamos... ah, eu não sei... _ eu conseguia sentir a tensão dele através de seu toque. Eu o odiava ver assim, nervoso e preocupado, como se tudo estivesse por um fio, mas havia uma coisa por um fio, a nossa relação. Mas será que por tudo o que aconteceu e pelo o que aconteceu, merecia mesmo acabar? Depois de desculpas pedidas e motivos realmente sérios acontecidos? Era verdadeiramente o fim de tudo? O fim do meu amor por ele? Antes mesmo dele terminar a sua fala eu dei um beijo em seu rosto que o assustou.
_ Sim Eddye, está tudo bem _ dei um pequeno sorriso e vi esperança em seu rosto. Novamente me virando para ir embora ele chamou.
_ Audy... _ e em milésimos de segundos os seus lábios estavam juntos aos meus e suas mãos em meu rosto, pressionados com força inicialmente, como se fosse a última vez, mas logo se tornando suave e delicado. O beijo foi extremamente longo mas nada que eu me importasse. Ficaria para sempre ali, sentindo o seu eterno cheiro de bebê, seu corpo quente e seus lábios me pedindo para jamais o deixar. _ Me desculpa e obrigado _ com o rosto ainda colado ao meu após o beijo ele disse com um sorriso.
_ Juro que se você me disser isso mais uma vez eu irei te chutar _ com as minhas palavras cômicas, ele deu uma gostosa gargalhada.
_ Você vai me chutar muitas vezes ainda nessa vida meu floco de neve.