(desa)sossego

By existencial_liv

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Em plena época balnear, Matilde fica um pouco aflita quando tenta gerir o seu pequeno negócio e conciliar com... More

Prefácio
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
😱 agradecimentos 💋
um.: sociedade
dois.: ge-la-to!
três.: sensações
quatro.: surpresa!
cinco.: boas novas
seis.: conversas.
sete.: popular.
oito.: reencontro
nove.: desculpa, mana
dez.: menino ou menina?
onze.: última hora
doze.: "mais um capítulo da nossa história"
treze.: "momento certo, dor insistente"
catorze.: "odeio-te!"
quinze.
nota final de agradecimentos. 💕
💛 BÚSSOLA ☸️
EPÍLOGO
[novo livro!] DEAR PATIENCE
[livro físico?] devo auto-publicar o meu trabalho?

Capítulo 29

155 19 7
By existencial_liv

FILIPE

Volta.

Volta porque não aguento. Sentir-vos nos meus braços é tudo o que eu mais quero.

A angústia de as deixar, naquela sala, sem qualquer consciência terminara comigo neste corredor vazio, enquanto, com o meu corpo encostado à parede gélida, esperava por alguma notícia.

Estava tudo demasiado certo para não dar errado...

O meu corpo não tinha mais forças, a água diminuíra com as lágrimas que já cobriram o meu rosto. O pior que poderia, sequer, acontecer, não parava de assombrar a minha mente – o medo a atuar na sua pior forma.

Alguns médicos passavam, enfermeiros, perguntavam se estava tudo bem, e com um olhar penal, deixavam-me de novo. Tudo o que eu precisava era de saber que elas estavam bem. A nossa manhã fora tão feliz, Joana correra, brincara, rira, Matilde estava tranquilo, até Pablo e Mafalda já tinha resolvido os seus conflitos... para quê? Se pronunciar esta tempestade?

– O chão não é demasiado desconfortável? – assusto-me com uma voz masculina perto de mim, e logo me recompus, demonstrando estar melhor do que anteriormente. – Novidades? – nego, e ele coloca as mãos nos bolsos dos seu casaco.

Os arrepios sentidos nesta zona mórbida, fria e com um cheiro característico a antisético faziam-me recolher as minhas mãos até aos meus braços descobertos pela camisola. Francisco retirara então dentro do saco de maternidade um casaco que eu reconheci como meu. Agradeci o gesto e abracei mais o meu próprio corpo.

Ouvi passos, passos que aumentavam o seu nivel de audibilidade quando se aproximavam. Encarei a parede branca à minha frente, observando várias sombras. – Filipe? – inquiriram e eu levantei o olhar vermelho ao encarar Maria Luísa e a família.

Isto não é nada bom... – o irmão mais velho recolheu os seus braços, com um olhar confuso e preocupado.

– Querido, porque choras? – a senhora baixou-se ao meu nível e eu vi-me obrigado a recolher mais lágrimas que não denunciassem o meu desespero.

– Sobre isso... Mãe, eu preciso de falar com vocês – Francisco falou, cabisbaixo, e olhou para mim. – As coisas não correram muito bem, e a bebé estava em sofrimento, pelo que nasceu por cesariana incosciente... E a Matilde... A Matilde sofreu uma hemorragia grave – engoli em seco, relembrando-me de cada pequeno detalhe que pude captar enquanto me expulsavam daquela sala operatória.

Sentimos um estrondo, e quando olhei vi um Duarte revoltado, encostado a uma das paredes, com João a tentar perceber o porquê dele estar assim. "Eu quero a mana" era tudo o que ele dizia. O meu coração sentiu-se ainda mais apertado, e a dor aumentava a cada batimento.

O tempo era a nossa única resposta, e a espera a nossa única esperança.

A família estava desolada, mas apenas o mais novo o demonstrada exteriormente, pelas lágrimas que o acusavam. Eles ocupariam as cadeiras vazias até ao momento em que ouvi mais passos, desta vez mais silenciosos, eram duas pessoas.

– Filipe Miguel? – com um movimento repentino, e o qual me arrependi, pois as dores de cabeça que se seguiriam deixaram-me com a visão obstruida, levantei-me do chão, para encarar a enfermeira Marta Santos – a minha mãe. – Meu amor – ela abraçou-me, e eu perdi a esperança que fossem notícias. – Querido, olha para mim – ela tentava transmitir-se tranquilidade com os seus olhos verdes apaziguantes, e a sua expressão de alívio.

– Familiares de Matilde Silva e da bebé...? – reconheci Dra. Sofia, sendo que o que me ocorria neste momento era observar ao detalhe o semblante carregado dos seus rostos, em procura de detalhes.

– Somos nós – disseram todos ao mesmo tempo que eu me aproximava.

– Tenho boas e más notícias – juntei as minhas mãos, pedindo a forças superiores que me ajudassem neste momento. – A bebé... –

– Madalena – interrompi, invocando a atenção de todos sobre mim.

– A bebé Madalena – sorriu-me, e eu senti o meu interior querer explodir dado o suspense criado. – e a Matilde estão estáveis. –

O chão tinha sido o meu melhor amigo nestas horas, pelo que a minha reação nada mais fora se não expulsar todo o mal que me tinha perseguido por demasiado tempo, voltando a encontrar-me com o mosaico frio e cinzento.

– E quais são as más...? – questionei, agarrando os meus cabelos, de forma a não retiraram a minha visão ao cairem para a minha frente.

– O processo pelo qual passámos esta tarde foi díficil. O primeiro susto fora com a bebé Madalena, ela nascia incosciente, e pouco depois quase a perdíamos. Ela ressuscitou dos seus breves segundos sem vida – mais um pequeno milagre. Quando pensámos ter recuperado, a Matilde deixava-nos, perdeu muito sangue durante a cesariana, o que nos levou a ter de agir rápido e ambas estão estáveis neste momento. A primeira má notícia é que a mamã possui um tipo sanguíneo muito raro em hospitais, e as reservas foram gastas nas últimas horas. Preciso que me deêm uma esperança em que ainda a podem salvar –

– O negativo – Duarte sussurrou, atraindo todos os olhares para si. – A Matilde tem o meu tipo de sangue, deixem-me ajudá-la – ele oferecera-se de imediato, e a médica não hesitou em aceitar a ajuda, mostrando um sorriso e respirando de alívio.

– E a segunda má noticia, Dra.? – Francisco pergunta, roendo as unhas, nervoso.

– As sequelas ficam, e durante os próximos tempos a vigilância perante Matilde vai ter de ser maior, incorrendo o risco de sofrer um período de anemia dada esta situação –

Nesse momento deixara de ouvir tudo, refugiei-me em mim próprio e nas palavras "ambas estão estáveis". O medo incorrera ao pânico, ao pior dos cenários, a minha mente controlara-me e eu precisava de respirar fundo e refletir tudo o que senti. Para a familía o desespero durara meros minutos, a mim durara horas, e o meu coração ainda estava pequenino, apertado.

Eu amo-as demasiado para ficar imune à sua perda. Não posso deixar, jamais, escapar um "Amo-te" – o futuro é incerto.

– Filipe – encontrava-me sozinho, perdido sem saber para onde todos se tinham dirigido. – Está tudo bem agora, podes ir vê-las e logo regressar a casa para descansar. – era a minha mãe quem indicava, e eu apenas soube abraçá-la. – Já passou, amor. Eu sei que foi um grande susto, mas vai ficar tudo bem. –

E com os seus braços envoltos no meu peito, ela encaminhou-me até uma zona de quartos, onde pude ver que se encontravam todos. Envergonhado pelas minhas atitudes de pânico e tristeza, queria esconder-me.

A mãe da minha filha estava deitada sobre uma cama, adormecida. A bebé encontrava-se numa incubadora, no seu quarto. Sob cuidados neonatais, como a minha mãe informara, a sua neta estava com sinais vitais favoráveis, mas como nascera três semanas antes do parto previsto, teria de ficar até os médicos terem a certeza que nada a enfraquece. Matilde encontrava-se sob o efeito de anestesia, iria acordar a qualquer momento.

Francisco saíra para informar a esposa que a mãe de Joana e irmã estavam bem, e que já, já, estaríamos em casa. Mais sossegados todos deixaram o quarto, deixando-me a mim disfrutar do tempo a que fora privado disso com elas.

– Obrigado por não teres desistido de nós, por teres lutado. Obrigado por teres trazido ao mundo a Madalena. O nome surgira na minha mente muito ao acaso, e eu espero que, quando acordares, não te sintas insultada por eu ter nomeado a nossa menina. Descansa bem, quando eu voltar quer poder matar saudades do teu sorriso, e conhecer juntos a menina dos nossos olhos. – foram as minhas palavras antes de deixar um beijo na sua testa e, seguindo as ordens médicas para eu ir dormir para voltar quando a situação estivesse mais calma, regressei a casa, com a escolta de Francisco e João.

– Amor, chegámos – ainda estava a abrir a porta quando Francisco grita, mas não se houve qualquer barulho dentro de casa. Passavam das oito horas e meia, o pôr do sol tinha iniciado a sua digressão. – Catarina? – à medida que entrávamos em casa, os dois homens loiros mostravam-se cautelosos ao ouvirem canções de embalar em volume mínimo.

A morena estava deitada sobre o sofá, com Joana no seu colo, e o canal para bebés passava na televisão, o que resultou na pequena a dormir pacificamente. Ela avisou-nos para não fazer barulho, e sorriu quando viu os nossos sorrisos no rosto.

– Vocês podem ir dormir para o meu quarto e da Matilde, e o João pode ficar no quarto de hóspedes. Eu fico aqui no sofá – disse, observando a menina que, com certezas firmes, não iria querer sair dali.

– Não queres comer nada? – João pergunta, e eu nego, apenas querendo deixar-me embalar pelo sono provocado pelo extremo cansaço a que fui submetido hoje. – Podemos usar a tua cozinha? – ofereci-lhe um sorriso e acenei.

– Têem algumas coisas frescas, que eu comprei esta manhã. Eu prometo que se acordar a meio da noite como algo – surpreendendo-me de todas as formas recebi um abraço apertado da parte dos dois irmãos.

– A Joana ainda não conseguiu comer nada. Quando acordar, tenta tu – Catarina ainda tentava sair daquela posição sem acordar a bebé. – Boa noite, docinho – beijou o seu rosto e ela mexeu-se um pouco, mas não acordou.

– Nós não iremos fazer barulho, prometemos – Francisco reencaminha-se para a cozinha, e eu adapto-me à posição de Joana.

– A mãe e a mana estão bem, amanhã já as vamos ver – murmurei, num tom lento e baixo, para a menina loira que se havia agarrado firmemente à minha zona abdominal. – Amo-te muito, filha – e enquanto pensava nas mil e uma voltas que havia passado hoje, cheguei a uma conclusão: Eu precisava de acordar, de ser eu – o Filipe Miguel que sempre quis sonhar mais alto que as suas inseguranças.

estou fraca 😔 ~ obrigada pelos comentários no capítulo anterior. sem eles não teria conseguido escrever tão motivada este capítulo ♡ 

enquanto escritora passei pelo processo do Filipe, enquanto personagem, e devo dizer: o meu coração ainda está pequenino 💔

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