Sangue Real [✓]

By TalitaPC

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Alicia Dolohov viveu a vida toda em Cérnia, um dos dez reinos de Régnes. Sua vida era comum, como a de qualqu... More

Epigrafe
Prólogo
DreamCast - Parte Um
DreamCast - Parte Dois
DreamCast - Parte três
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Papo sério
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Uma espiadinha nas redes...
Capítulo 30

Capítulo 10

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By TalitaPC


Sai da aula de perspectivas globais e segui aos armários para guardar os materiais. Estava faminta, então desci ao refeitório.

Encontrei alguns amigos pelo caminho e seguimos juntos. Vaiola já estava à mesa, junto com Piter e Pablo. Me servi e sentei ao lado de Ximena, que acabava de se acomodar. Aos poucos outros foram chegando e quando percebi já estávamos em grande grupo. A conversa era animada, sempre dava risada de Piter e Vaiola implicando sem parar.

Duas crianças. Pensei, revirando os olhos.

Depois de terminarmos nós fomos à sala de convivência, onde já havíamos criado o hábito de ficarmos passando o tempo até a aula complementar. Hoje teria de música e estava ansiosa, as últimas tinham sido boas, nós ainda estávamos no básico, mas entendia que precisávamos partir disso para irmos evoluindo. Na semana passada fizemos leitura de partituras e hoje iremos tocar algumas.

Por isso, quando estava na hora da aula, praticamente pulei do sofá e segui até a sala, acompanhada de Laisa. Estávamos quase chegando quando encontramos com Jasmine. Laisa a cumprimentou enquanto eu apenas acelerei o passo, andando um pouco mais a frente, o mais discretamente possível.

Entrei na sala e me acomodei em uma das cadeiras no canto. Laisa sentou ao meu lado e Jasmine a sua direita, a alguma distância. Respirei fundo, aliviada.

Sei que parece implicância quando olhado de fora, sem saber todo o contexto, mas não consigo me sentir confortável na presença de Jasmine. Desde que a conheci não tive boas experiências com sua companhia, pois sempre tem algum comentário ruim e aquele ar de superioridade. Meu sexto sentido diz que há algo a mais na história, só não sei se estou disposta a descobrir.

A professora Lexa entrou e iniciou a aula. Como combinado, pegou a lista e nos chamou em ordem alfabética, para que lêssemos a partitura. Nós podíamos escolher o instrumento.

Levantei da cadeira assim que ouvi meu nome. Lexa sorria gentilmente enquanto entregava a partitura que havia separado para que eu tocasse. Com cautela a peguei e comemorei internamente ao ler o título, por ser uma melodia conhecida e que particularmente gostava.

— Creio que combina com você. — justificou.

Segui até os instrumentos e peguei o violão. Me posicionei na banqueta no centro da sala e coloquei a partitura no apoio logo à frente. Respirei fundo e comecei a tocar Red da Taylor Swift, fazendo a introdução da música para enfim iniciar a letra. Deixando a melodia me guiar.

Ao final ouvi os aplausos dos colegas e da professora. Sorri agradecida e devolvi o violão ao mesmo local de antes.

Voltei ao meu lugar e sentei, recebendo os parabéns de Laisa. Jasmine que estava ao seu lado, me encarava daquele jeito estranho de sempre, mas não fez nenhum comentário, apenas virou o rosto novamente para frente e ergueu levemente o queixo.

Revirei os olhos emdesdém e voltei a prestar atenção na professora. Deixando Jasmine e seu mauhumor de lado.

Virei à página, acompanhando a professora Savanna. Desde a semana passada estava lendo um capítulo do livro de francês todas as noites e sorri satisfeita ao perceber que minha compreensão tinha melhorado bastante.

Vez ou outra a professora pedia que alguém lesse o parágrafo seguinte, acho que para confirmar quem prestava atenção e ao mesmo tempo ver a habilidade individual de cada aluno.

— Frederick... — Savanna o chamou.

O olhei de canto enquanto ele iniciava a leitura, totalmente confortável. Suspirei baixo e voltei a prestar atenção no livro.

Quando a aula enfim terminou segui junto com Vaiola aos armários. Já tinha percebido que ela estava bastante quieta desde o café da manhã e isso não era normal. Quando perguntei se estava bem, Vaiola alegou estar com dor de cabeça.

— Você tem certeza que não precisa de um médico? — questionei descendo a escada.

— Não, só preciso descansar... — suspirou baixo — Vou ao meu quarto.

— Não vai almoçar? — toquei seu ombro.

— Não... — negou com a cabeça — Vejo você mais tarde, ok?

Assenti e apertei levemente seu ombro, antes de Vaiola seguir pelo hall e sair da Escola. Cruzei os braços e franzi a testa, pensando em como ela andava estranha. Queria poder ajudar de alguma forma, mas era difícil não sabendo o que estava acontecendo de fato.

— Hey, — alguém chamou — Vamos almoçar?

Virei e sorri ao ver Piter e Pablo. Os dois viviam juntos e se mostravam bastante apaixonados. Piter ainda não tinha decidido como seria o pedido de namoro, mas avisei que ajudaria no que precisasse.

Nós seguimos juntos ao refeitório e depois de nos servirmos, sentamos à mesa. Me acomodei ao lado de Ximena e sorri lhe cumprimentando. Aos poucos os outros foram se juntando a nós e comemos conversando.

Já considerava ter feito bons amigos neste tempo na Escola e os momentos em que passávamos juntos eram sempre descontraídos. Surpreendentemente até os veteranos haviam se mostrado legais e tínhamos um bom convívio. Óbvio que tinha os amigos mais chegados e em quem confiava mais, mas no geral estava enturmada com os alunos. Algo como um sentimento de pertencimento crescia cada vez mais em mim.

Como costumo fazer, fiquei na sala de convivência até que fosse o horário da aula complementar. Me troquei rapidamente para a de defesa pessoal enquanto Michely organizava os uniformes limpos no roupeiro. Essa não era minha aula preferida, mas trabalhar para o reino não parecia o emprego mais seguro e mesmo com guardas acredito que saber se defender, quando e se necessário, é importante.

— Me deseje sorte. — pedi terminando de amarrar o cabelo.

— Que a sorte esteja ao seu favor. — Michely deu uma risada baixa, provavelmente lembrando-se das últimas vezes que voltei com alguns roxos pelo corpo.

— Peguei a referência. — pisquei com um olho só e acenei me despedindo, saindo do quarto.

Por coincidência encontrei com Ximena no corredor e seguimos juntas.

— Tudo bem com a Vaiola? Ela não estava no almoço... — comentou enquanto cruzávamos o pátio.

— Não estava se sentindo bem, então foi descansar. — expliquei.

Não podia e nem tinha como dar muitos detalhes, afinal Vaiola estava estranha há algum tempo e já tentei conversar, mas ela sempre consegue se esquivar mudando de assunto, ou simplesmente alegando não ser nada.

Tinha enviado uma mensagem para Vaiola depois que saímos do refeitório e fomos para a sala de convivência, convidando-a para se juntar a nós, mas ela alegou ter tomado um remédio que a deixou sonolenta, então iria dormir um pouco. Não insisti, pois não queria ser a amiga chata que só pega no pé, mas estava preocupada com Vaiola, era fato.

Cumprimentei o professor quando entramos na sala e sentei na beirada do tatame junto com os outros alunos. Estava torcendo para que hoje não fosse chamada e conseguisse ficar apenas observando. Geralmente o professor Elliot passava algum exercício ou movimento e solicitava alguém para ajudar a demonstrar, depois ou todos tinham que fazer, em pares, ou um de cada vez executava o movimento com o próprio professor.

Na maioria meus roxos vinham quando praticava com alunos que não eram amigáveis ou cuidadosos na hora de atacar, ou quem sabe eu que não fosse a pessoa mais habilidosa.

Suspirei alto quando a aula iniciou. O professor nos cumprimentou e pediu que todos ficassem de pé para o alongamento. Depois explicou o que faríamos hoje e, para minha sorte, chamou uma garota loira para auxiliá-lo.

...

Quando a aula terminou, só conseguia pensar que com certeza minha canela ficaria roxa no dia seguinte. Infelizmente após o professor explicar o movimento de ataque e o de defesa, nós tivemos que praticar com algum colega. Até pensei em fazer com Ximena, afinal ela era minha amiga e não me machucaria, eu acho. Porém, quando percebi só havia sobrado uma garota morena, de olhos verdes, que no final das contas conseguiu ser mais desajeitada do que eu. A garota acertou minha canela em todas as vezes que tentou se defender. No final das contas, nem desculpas mais ela pedia, já que acabava repetindo o ato.

Andei meio mancando até a saída e revirei os olhos ao encontrar com Ximena, que me esperava com um sorriso de cumplicidade.

— Que dó. — sussurrou.

— Estou começando a me arrepender de ter escolhido esta matéria. — fiz uma careta.

Ximena deu risada e afagou meu ombro, em forma de consolo.

Nós andávamos juntas de volta ao internato, obviamente em ritmo mais lento, afinal minha perna doía. Ximena falava sobre as aulas de introdução histórica, nós tínhamos um trabalho para semana que vem e eu ainda nem comecei.

Encontramos duas garotas no pátio e Ximena ficou junto com elas. Me despedi alegando precisar urgentemente de um banho e continuei seguindo ao internato.

Subi ao quarto e entrei, encontrando-o vazio. Michely não estava, nosso combinado de que ela poderia e deveria fazer outras coisas nos momentos vagos parecia estar funcionando.

Andei direto ao banheiro e tomei um banho rápido. Vesti o roupão e voltei ao quarto, procurando alguma roupa no roupeiro. Peguei um short jeans e uma regata, depois calcei o all star. Sequei o cabelo apenas com a toalha e o penteei.

Conferi o celular que deixei em cima do bidê e vi que Vaiola não havia mandado nenhuma mensagem depois da que trocamos após o almoço. Estava começando a ficar realmente preocupada então resolvi ir ao seu quarto para ver se havia melhorado.

Bati na porta e esperei alguns minutos até Vaiola abrir.

— Oi, — sorri levemente — Vim ver se quer descer comigo à sala de convivência.

— Quero sim. — afirmou indo até a beirada da cama e calçando novamente o tênis — Dormi até agora a pouco... — justificou quando veio novamente até a porta e saiu ao corredor — Efeito dos remédios.

— Está melhor? — toquei seu braço.

— Sim, fique tranquila. — sorriu e engatou nossos braços, como sempre.

A observei de canto, não muito convencida de suas palavras. Vaiola tinha a pele clara, mas consegui notar as olheiras embaixo de seus olhos, mesmo com a maquiagem. Ela parecia ter chorado.

— Você sabe que pode me contar tudo, não é? — sussurrei, temendo sua reação por estar insistindo novamente.

— Aham, — murmurou e senti sua mão apertar levemente meu braço — Não é com você... Sou eu. — suspirou baixo — Ainda não sei como lidar...

— Você e Louis terminaram, não é? — deduzi.

Ficamos em silêncio por alguns longos minutos e isso foi a resposta que precisava para confirmar, o que desconfiava desde que Vaiola voltou estranha de seu reino. Afaguei seu braço e não comentei mais nada, afinal de alguma forma tinha que respeitar sua vontade de permanecer quieta.

Nós descemos a escada e entramos na sala de convivência. Cumprimentei alguns alunos enquanto passávamos, indo em direção ao sofá. Estavam assistindo algum programa de humor na tv e nós sentamos para ver também, mesmo duvidando de que Vaiola achasse graça de alguma coisa naquele momento. Pelo menos distrair um pouco a cabeça parecia bom.

Mais tarde Piter e Pablo apareceram e se juntaram a nós. Estávamos os quatro espremidos no sofá de apenas três lugares, agora já não mais assistindo tv, mas conversando com os outros alunos acomodados nos outros sofás e puffs.

Nós ficamos ali até que fosse hora do jantar. Vaiola tentou desconversar dizendo que iria subir, pois não tinha fome, mas a lembrei que não havia almoçado e que durante o tempo que ficamos na sala de convivência comeu apenas alguns biscoitos, pouquíssimos.

— Você vai morrer de fome garota. — Piter alegou.

— Não exagera. — Vaiola fez uma careta.

Olhei de canto para Piter, que deu de ombros. Ele tinha uma expressão diferente no rosto, com certeza também notando que Vaiola não estava bem.

Nós entramos no refeitório e nos servimos no buffet. Sentamos a mesma, onde Ximena, Frederick e Luiza já estavam.

— Você vai mesmo para Cérnia neste final de semana? — Piter perguntou.

— Sim, já combinei com minha tia. — sorri animada.

Conversei com Leila sobre ir vê-la, afinal não tinha atividade extracurricular. Estava com saudades de casa, de Leila e de meus amigos. Ainda não tinha contado a eles sobre a ida, pois os dois estavam ocupados, Ryan com a entrada para a escola Volmart e Sansa começou um curso de moda, assim nos falávamos mais a noite.

Piter sorriu e tocouminha mão em cima da mesa. Ximena fez um comentário sobre algum professor evoltamos a prestar atenção na conversa. Estava tentando me manter distraída enão pensar muito na viagem ou ficaria ansiosa.

Senti um frio na barriga assim que o avião pousou em Cérnia. Esperei que as pessoas levantassem e fossem se dirigindo a saída, para então fazer o mesmo.

Peguei a mala na esteira e segui em direção à cafeteria que havia combinado de encontrar Leila. Sorri assim que vi a mulher loira sentada à mesa, bebendo seu tradicional chá de camomila.

— Tia. — exclamei abraçando-a por trás.

Leila deu risada e se levantou para que nos cumprimentássemos mais formalmente. Descansei a cabeça em seu ombro e aproveitei o momento.

— Você está tão linda. — se afastou e me olhou dos pés à cabeça.

— Puxei a minha tia. — pisquei com um olho só.

Leila negou com a cabeça e puxou-me para mais um abraço rápido.

— Vamos lá, — chamou pegando a alça da minha mala de roda — Preparei seu preferido para o almoço. — sorriu.

— Lasanha! — comemorei.

Nós chamamos um táxi e seguimos até nossa casa. Olhei com nostalgia as ruas do reino em que passávamos, sentindo um calor no peito.

Sorri assim que desci do carro e entrei na casa que morei desde que nasci. Subi com a mala, indo ao meu antigo quarto e encontrando-o exatamente do jeito que deixei. Larguei a mala ao lado da cama e sentei, olhando ao redor. Cai com as costas no colchão e encarei o teto.

Era como se nunca tivesse saído dali, mas ao mesmo tempo havia uma sensação de novo. É difícil de explicar e nem mesmo conseguia concluir de fato o que sentia.

Peguei o celular no bolso traseiro da calça jeans e conferi as mensagens no grupo "Melhores pessoas!". Hoje era sábado e saí da Escola logo após o café da manhã. Consegui me despedir dos amigos, mesmo que no domingo já estivesse de volta. Piter e Pablo ficariam na Escola, assim como Vaiola. A abracei forte e pedi que se cuidasse e avisasse se voltasse a se sentir mal. Também abracei Piter e sussurrei que ficasse de olho em Vaiola.

Digitei a mensagem no grupo que tinha apenas com Piter e Vaiola, intitulado "Clube Winx". Apertei enviar e deixei o celular em cima da cama enquanto ia ao banheiro social que ficava no corredor. Tomei banho rapidamente e coloquei um vestido de alças, azul marinho.

Quando sai encontrei com Leila chamando para almoçar. Sorri animada ao saber que comeria sua deliciosa lasanha, um dos meus pratos preferidos. Dizem que tem comidas que nos trazem sensações boas e esta era uma delas. A lasanha que Leila fazia me lembrava casa, conforto e família.

Nós comemos com calma, conversando. Contei como eram as aulas, as matérias, os professores e sobre os amigos que fiz neste tempo na Escola. Leila ouviu atentamente e fazia comentários vez ou outra, demonstrando seu interesse.

Também falamos novamente sobre a inscrição e a conversa que tive com a Analise, decidindo por fim, permanecer na Escola Real. Leila jurou não saber quem poderia ter feito tal coisa e que desconhecia qualquer parentesco em nossa família com a realeza que justificasse a entrada na Escola.

Tinha decidido deixar esse assunto de lado e apenas aceitar o que aconteceu. Não conseguiria descobrir muito mais sobre e agora já estava enturmada com a Escola, não queria sair. Então aproveitaria a oportunidade que de alguma forma surgiu em minha vida.

...

À tarde Leila precisou trabalhar, então combinei de ir à casa de Ryan, encontrar ele e Sansa. No caminho passei pelo mercado e comprei alguns salgadinhos e doces para comermos juntos.

Fui recebida com abraços apertados. Não consegui conter as lágrimas ao vê-los e isso rendeu outra rodada de abraços.

— Vamos lá, quero saber tudo, nos mínimos detalhes... — Sansa comentou quando sentamos no sofá da sala.

— Você já sabe Sansa, afinal nós conversamos praticamente todos os dias. — Ryan alfinetou e revirou os olhos.

— Ah, mas não é a mesma coisa que pessoalmente... — ela deu de ombros — Aliás, você disse que contaria mais sobre o tal Frederick. — lembrou.

Dei uma risada baixa e cruzei as pernas em cima do sofá, sentando mais confortavelmente.

É óbvio que contei a eles sobre Fred e alguns acontecimentos que o envolviam, isso incluía o jogo de iniciação e o beijo com Luiza. Não tinha falado nada sobre o trabalho de francês, então tratei de deixá-los apart disso também, além do dia do pub.

Sansa insistiu para ver mais fotos de Frederick, então entramos no instagram e o stalkeamos por algum tempo, na verdade, ela se encarregou disso, prometendo que não curtiria nenhuma foto. Já fazia algumas semanas que recebi a notificação de que Fred estava me seguindo nas redes sociais e acabei retribuindo, afinal não era nada demais.

Dei risada de um dos comentários de Ryan e apoiei a cabeça no encosto do sofá, olhando para meus dois melhores amigos já com nostalgia. Nós tínhamos relativamente pouco tempo juntos, por isso aproveitamos a maior parte dele conversando.

— As aulas são boas, estou gostando bastante. — Ryan comentou sobre a escola Volmart.

— Isso é bom, sei que vai ser um músico de sucesso. — pisquei com um olho só.

— Pode arrumar um emprego para seu amigo quando trabalhar para a realeza. — brincou e bateu levemente em minha perna.

— Ata... — dei risada — Vou anotar aqui para não esquecer. — desdenhei.

— Ué. — bufou baixo.

— Como eles são? Muito exibidos? — Sansa questionou, se referindo a realeza.

Fiz uma careta enquanto pensava. Lembrei de Jasmine e suas falas desagradáveis, mas também já tinha visto e ouvido outros príncipes e princesas, que não eram nada parecidos com ela.

— Sabe, acho que ser da realeza pode te fazer uma pessoa boa, ou uma pessoa ruim, mas isso vai depender mesmo do jeito que você leva tudo isso... — ponderei pensativa — Do quanto deixa esse "poder" mexer com a cabeça. — fiz aspas no meio da frase.

— Hm, — Ryan murmurou — Conheço essa cara, aí tem história.

Dei uma risada baixa e respirei fundo antes de contar sobre Jasmine. Nunca tinha mencionado sobre ela antes, por não achar importante a esse ponto.

— Essa garota é estranha... — Ryan comentou pensativo.

— Nem fale, — bufei baixo — Às vezes sinto que tem alguma coisa a mais... — ponderei.

— Acha que a tal Jasmine esconde algo? — Sansa questionou.

— Quem sabe, — mordi o lábio inferior — Ou algo a tenha deixado desse jeito.

Não acreditava que Jasmine era uma má pessoa, ou pelo menos não queria acreditar. Seus comentários pareciam em alguns momentos serem mais amargurados, do que realmente maldosos. Talvez fosse uma forma dela se expressar e inconscientemente colocar para fora o que não estava bem dentro de si.

Respirei fundo e resolvi voltar a prestar atenção na conversa. Desde que cheguei os dois estavam me atualizando sobre as fofocas de Cérnia. Parecia relativamente pouco o tempo que estava fora, mas surpreendentemente havia acontecido bastante coisa.

— É sério lili, — Sansa afirmou enquanto Ryan e eu dávamos risada — Fiquei chocada quando vi os dois juntos... — negou com a cabeça — Mathew e Patrícia sempre disseram se odiar quando estávamos na escola.

— Ódio e amor andam juntos, — dei de ombros — pelo menos é o que dizem.

— Isso para mim tem outro nome.., — fez uma careta.

— O importante é que o amor está no ar. — Ryan piscou com um olho só em direção a Sansa.

Franzi a testa e a encarei, notando suas bochechas ganharem um tom avermelhado.

— O que? — questionei revezando o olhar entre os dois.

Ryan deu de ombros e indicou com a cabeça na direção de Sansa.

— Não é nada demais... — Sansa desdenhou — Lembra do Eduardo?

— O veterano? Andava com uma jaqueta do time de basquete... — comentei pensativa.

— Esse mesmo! — afirmou Ryan.

— O que tem? — a olhei novamente.

— Ele curtiu algumas fotos minhas, — sussurrou remexendo as mãos nervosamente — Nós começamos a conversar e ontem me chamou para sair.

— AMIGA! — sorri animada e joguei a almofada em sua direção.

Sansa deu risada e assentiu, mesmo que eu não tenha dito mais nada.

— Agora ela está toda boba... — Ryan murmurou.

— E você com inveja. — Sansa mostrou a língua.

Neguei com a cabeça e coloquei a mão no ombro de Ryan em forma de consolo.

— Você também encontrará o amor amigo. — confortei-o.

— Ei, quem disse que estou amando? — Sansa arqueou uma sobrancelha — Estamos nos conhecendo... — deu de ombros — Mas podemos nos amar futuramente.

Ryan bufou alto e dei risada, batendo levemente no seu ombro.

— Só falta você dar uns pegas naquele Frederick... — Sansa moveu as sobrancelhas sugestivamente.

— ATA! — revirei os olhos — Ele é bonitinho, não vou negar... Mas é do tipo pegador sabe, que foge de ter algo sério. — fiz uma careta.

— Mas você não precisa ter algo sério, precisa? — Sansa sugeriu.

— Não... Eu acho! — inclinei levemente a cabeça.

Dar uns beijos em Frederick não seria ruim, a menos que ele beijasse mal, mas isso só saberia tentando. Porém, parecia que alguma coisa sempre me impedia de seguir nesse rumo, era como uma luz de alerta que piscava constantemente em minha cabeça gritando "PERIGO!".

Fiquei na casa de Ryan até perto do horário do jantar, quando Leila passou para me buscar. Nós nos despedimos, prometendo que seríamos melhores amigos para sempre. Sim, bem coisa de filme adolescente.

Sabia que estávamos crescendo e nossas vidas tomariam rumos diferentes, mas também sabia que éramos amigos de verdade, daqueles que não importa quanto tempo passe, as coisas não mudam, quando nos reencontramos parece que jamais estivemos afastados. Acho que essa sensação é uma das melhores da vida, a de que independente do que aconteça, quando você voltar, terá o que e quem encontrar.

No retorno para casa nós compramos uma pizza e comemos sentadas no chão da sala. Leila contou sobre seu dia de trabalho e mencionei rapidamente que Sansa estava saindo com um garoto. Tudo parecia normal e tão familiar, mas no fundo, minha mente gritava que no dia seguinte voltaria a Escola Real e era como se fosse entrar em outra vida.

Quando terminamos deixamos a louça na pia e retornamos à sala, para assistirmos juntas algum filme qualquer que passava na tv. Deitei a cabeça no colo de Leila e sorri quando senti os dedos passando pelos fios do meu cabelo, pensando como é bom estar em casa, mesmo que por pouco tempo.

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