America saiu do banheiro com os cabelos molhados. A garota usava uma blusa preta larga - sendo que a mesma estava desbotada e toda furada -, um shortinho de malha e meia de gatinhos. Ela deitou na cama, se forçou a dormir, mas o sono nunca chegava.
A garota girava o anel em seu dedo até ouvir o barulho de pedrinhas em sua janela. Ela correu até a mesma e viu os cabelos negros do namorado. Desceu o mais rápido que pode para abrir a porta dos fundos para o garoto.
- Nick! - Chamou.
- Você foi embora sem falar nada comigo. - Ele apareceu na porta com um sorriso encantador.
- Sinto muito. - Encostou o corpo de lado no batente da porta. - Eu estava com dor de cabeça, esqueci de lhe avisar que estava indo embora. - Mentiu.
- Tudo bem. Eu te perdoou dessa vez. - Brincou. - Vai me convidar para entrar?
- Minha avó vai me matar se eu fizer isso. - E ela a mataria mesmo. - Ela ainda não superou você ser filho de Lucian, ou eu ter entrado em uma guerra por você.
- Bem, acho que é a minha vez de encarar essa guerra por você. - Ele usou um tom sedutor, que a menina não o tinha o visto desde que se conheceram.
- É? - Provocou.
- E você duvida? - Ele se aproximou da garota.
- Me mostre então. - Sussurrou em um tom sedutor também.
Quando o garoto estava a poucos centímetros de America, um lobo grande - de pelo amarelado, como se fosse fios de ouro bem clarinho -, pulou em cima do rapaz.
- NICOLAS! - Berrou a namorada.
A garota fez uma bola de fogo ir contra o corpo do animal. Que saiu de cima do corpo do rapaz se debatendo.
- Você esta bem? - America correu até Nicolas, que logo começou a tremer e ficar menor. - Que? - A menina se afastou do corpo, enquanto o mesmo ganhava uma forma mais feminina.
- Não deveria ter machucado o seu lobinho. - Debochou Camila levantando do chão com braço quase todo na carne viva.
- Frego! - Berrou em espanto.
Não esperava que a mulher tivesse a ousadia de dar as caras, depois de ser descoberta. America estava pronta para contra atacar, mesmo que Frego não pudesse fazer nada, por causa do feitiço que protegia a casa. Os gemidos de dor, chamaram a atenção da menina, que reparou que o animal que tinha tomado forma humana. As suas costas estavam praticamente toda queimada na carne viva. Seu rosto estava virado de lado, e ele respirava com dificuldade.
- Devia ter visto a sua cara. - Sorriu de America, o que fez a menina voltar a sua atenção a ela.
- O que fez com Nicolas? - Indagou hostil.
- Nada... ainda. - Aquilo causava risadas na mulher. America queria estrangular aquela desgraçada. -Acho melhor você cuidar do lobinho. - Se desfez no ar, antes que a garota sussurrasse algum feitiço.
- Eu sinto muito. - Correu para perto do homem ferido. - Eu...
- Tudo bem. - Aquela voz rouca causou um arrepiou na garota.
- Tudo bem nada. - Respondeu, assim que saiu do transe, que a voz dele provocou. - Você precisa de atendimentos médico. - Assim que viu o rosto do loiro, percebeu que era o mesmo do hospital.
- Não é para tanto. - Ele começou a se levantar com certa dificuldade.
- Você esta sangrando e as suas costas estão muito machucadas. - America o ajudou a ficar em pé.
- Eu sou um lobo. - O tom era arrogante. - Posso me curar rápido. - A menina revirou os olhos.
- Lobo não é vampiro. - Retrucou. - Vem. - Começou a puxa-lo.
- Não precisa me levar ao hospital. - Tentou se soltar quase perdendo o equilíbrio.
- E não vou. - O segurou mais forte. - Vou tentar curar algumas feridas e fazer um curativo nisso. - Passou o dedo pelos cortes leves, provocados pela queda que deu em cima do corpo de Camila.
- Ai! - Gemeu.
- Medroso. - America sussurrou um feitiço rápido para enfraquecer a proteção da casa, para que o garoto pudesse entrar. - Vem. - O ajudou a entrar na casa.
America levou o garoto até a cozinha, colocou uma panela com água, depois voltou para fechar a porta dos fundos. Ela foi até o banheiro, fusou os armários em baixo da pia, pegou uma caixa de primeiros socorros e duas toalhas limpas. Voltando até a cozinha, encontrou o homem sem a camisa, sentado na cadeira, gemendo baixinho.
- Vejo que conseguiu tirar a camisa. - America colocou a de primeiros socorros em cima da mesa.
A menina foi em direção a geladeira e pegou alguns frascos. Pegou um copo, misturou o liquido do frasco verde com o rosa no mesmo. O homem observava a garota sussurrar várias palavras em latim. O conteúdo do copo ficou azul.
- Beba, enquanto limpo suas costas. - Ofereceu o copo ao rapaz.
- Obrigada. - Murmurou, em seguida, virou o copo com o líquido de uma vez.
- De nada. - Sorriu terno para ele.
Pegou duas bacias, colocou nas água gelada até a metade, depois tirou a panela com a água - já fervendo -, e despejou metade em um e o resto no outro. Pegou um embalagem de sabonete líquido, na caixa de primeiros socorros, e misturou em uma das bacias, em seguida, colocou uma toalha dentro dela. Já na outra, ela apenas colocou a toalha.
- Não vai passar álcool? - Indagou o loiro.
- Não. - Respondeu pegando a toalha com sabonete líquido.
- Por que? - Indagou novamente.
- Porque não vai limpar as bactérias que podem estar nas feridas. - Respondeu passando suavemente a toalha naquelas costas definidas, que estavam se regenerando.
- E água e sabão resolve isso? - Ele parece uma criança cheia de perguntas, pensou America sorrindo.
- É bem melhor do álcool. - A menina colocou a toalha de volta na bacia, deixando a água no tom vermelho. - Como sabia que eu está "em perigo"? -Pegou a outra toalha molhada para tirar os resquícios do sabonete.
- Quando a garota internada no hospital foi enfeitiçada por "Nicolas". - A garota o interrompeu.
- Enfeitiçada? - Indagou preocupada.
- Sim. Mas não se preocupe Genevieve foi resolver isso. - Respondeu calma.
- Sabe qual foi o feitiço? - As mãos de America eram leves e ágeis.
- Parece que derem um boa noite branca de neve. - Loiro estremeceu quando a mão de America tocou seu ombro.
- Não seria Cinderela? - A garota começou a repetir todo processo, agora, que as costas do homem estavam cicatrizadas.
- Que eu sabia, é a Branca de Neve que é enfeitiçada a dormir. - O tom de voz era brincalhão.
- E a Bela Adormecida. - Completou. - Gosta de contos de fadas? - Indagou, percebendo que o loiro teria que tornar banho para retirar o resto do sangue.
- Minha irmãzinha gostava, me fazia contar um sempre antes de dormir. - Sua voz tomou um tom triste.
- E por que ela deixou de gostar? - A garota estava curiosa.
- Ela morreu. - Aquilo doía muito. Não fala isso, naturalmente, para uma desconhecida.
- Sinto muito. - Despejou água das duas bacias na pia e começou a limpa-las.
- Tudo bem. - Sorriu amarelo.
- Já faz muito tempo? - Perguntou sem querer.
- Há 4 anos. - Nenhum feitiço, que America aprendeu, poderia curar essa ferida. - Ela tinha 11 anos.
- Eu sei como é difícil. Eu perdi meu pai, já vai fazer mais de um ano e minha mãe para o lado negro da força. - Ela entendeu o que Kriss havia dito sobre "nem tudo pode ser resolvido com um estalar de dedos".
- Deve ser difícil. - O loiro ainda tinha os pais, só não se falavam muito.
- E é. - America havia terminado de limpar as bacias. Guardou os frascos na geladeira. - Eu não sei o que fazer. Eu estou bem para todo mundo, mas é difícil. Eu não posso confiar em ninguém, pois pode ser alguém disfarçado tentando me atacar ou as minhas amigas. Tenho que guardar segredos e fazer coisas muito arriscadas sozinhas. - Ela começou a chorar na frente do loiro.
- Vem cá. - Ele se levantou e a envolveu em seus braços.
- Ai meu Deus. - America começou a ri, em meio, as lágrimas. - Eu estou me abrindo com um completo estranho.- Ela se encaixava tão bem nele.
- Que tentou salvar sua vida. - O loiro beijou topo da cabeça dela.
- E que falhou miseravelmente. - Brincou.
- Epa! Eu não estava contando que você fosse jogar uma bola de fogo em mim. - Usou um tom descontraído.
- Em minha defesa eu pensei que você fosse um capanga de Veythan. - A menina se soltou do abraço do homem.
- Veythan não trabalha com lobos. - O clima ficou sombrio. - E você, me deve desculpa.
- Desculpa, ahan.... - America mal sabia o nome do rapaz.
- Jordan. - Sorriu.
- Desculpa, Jordan. - Retribuiu o sorriso.
- Desculpada, America? - Os dois ainda estavam muito próximos um do outro.
- Sim. - Os olhos dos dois se fixaram um no outro. - Acho que esta na hora de você ir? - Sugeriu, desviando os olhos do loiro.
- Vou ficar. - Afirmou.
- O que? - Surpresa.
- Vai que aquela mulher volte. - Deduziu.
- Eu não sou uma donzela em perigo. - Retrucou, se aproximando do homem com os braços cruzados.
- Nunca imaginei que fosse. - Eles estava tão próximos novamente, que mais um centímetro, eles estaria se beijando.
America lembrou que precisava desfazer o feitiço para re-fortalecer a proteção da casa, quando foi se afastar de Jordan, se desequilibrou. Em um movimento rápido, Jordan envolveu a cintura da garota com as mãos. Os seus lábios não resistiram os dela.