As Sombras de Finley: Intenso

By AutoraKarinaOliveira

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Sempre há algo, sempre haverá algo na sua vida no qual você se arrepende. Talvez ainda não tenha acontecido... More

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E l e n c o
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DIA 2

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By AutoraKarinaOliveira

DIA 2

Escutei o familiar som do meu despertador. Suspirei profundamente esticando meu braço para pegar meu celular. Abri somente um olho e apertei na opção "soneca" do mesmo e voltei a afundar minha cabeça no travesseiro. Quando estava quase em um sono profundo, ele novamente voltou a despertar. Que tortura. Estiquei novamente meu braço e dessa vez o desliguei, virando meu corpo para cima e espreguiçando-me.

— Acorda, Natie. — murmurei com voz de sono, bocejando. Ela grunhiu virando o seu corpo para o outro lado da cama, se espreguiçando. — Não estava animada pra hoje? Então levante-se. — provoquei já que noite passada não parava de falar sobre hoje e a chegada dele.

— Não estou mais afim, prefiro dormir mais um pouco. — exclamou baixo com sua voz rouca de sono. Ri do seu estado sonolento criando forças do além para me levantar da minha cama quentinha. Hoje o dia amanheceu frio. Com muito custo Natalie também se levantou. Pegamos nossas coisas de banho para usarmos o banheiro, mas o encontramos em uma fila enorme.

— Droga. Estou apertada pra fazer xixi. — Natalie começou a fazer aquelas dancinhas com a perna quando você está apertado e precisa segurar o xixi.

Todas estão. — uma garota próxima respondeu com cara de poucos amigos.

— Não se preocupe, não vou furar fila. — Natalie rosnou cruzando seus braços na defensiva. A garota não disse mais nada, só deu uma olhada em Natalie de cima a baixo e depois voltou a olhar pra frente.

— Se comporte. — sussurrei em seu ouvido. Natalie adorava arranjar alguma confusão me colocando sempre em uma fria.

Quando finalmente chegou a nossa vez usamos o reservado e depois tomamos um banho, não dava pra enfrentar fila de novo se saíssemos daqui, perderíamos a hora da primeira aula. Enroladas no roupão, voltamos para o nosso quarto e começamos a nos arrumar. Enquanto eu secava meu cabelo com o secador, Natalie separava sua roupa que montou para o primeiro dia. Quase caí pra trás.

— Você vai usar isso? — perguntei olhando abismada para o body preto que usava com uma jaqueta de couro preta, calça jeans, bota de salto preta e milhares de acessórios brilhantes.

— Sim, por quê? — ela olhou para baixo analisando seu look. — Exagerado demais?

— Bom... É só uma faculdade, né?

— Não importa, todo lugar é uma passarela. — indagou animada. Dei risada e continuei a secar meu cabelo. Fiz meu inseparável rabo de cavalo e uma maquiagem leve definida em pó, blush, rímel e um gloss.

Depois que coloquei minha calça jeans, um tênis e uma blusa de mangas longas para me aquecer do frio, pegamos nossas bolsas e livros para a primeira aula do dia.

Ao andar ao lado de Natalie, nossas diferenças eram gritantes. Ela andava toda confiante arrancando suspiros de outros marmanjos por perto com seu rebolado e roupas estilosas, eu era uma completa desengonçada, fora meu jeans básico e tênis, mas ela não se importava, nem reparava nos olhares em sua direção — tanto os positivos quanto os negativos —, era desatenta e avoada, simplesmente andava tagarelando e gesticulando com os braços.

Quando nos aproximamos da entrada do campus da universidade, ficamos assustadas ao encontrarmos com vários paparazzi e fãs com cartazes.

— Esse povo não se toca? — esbravejei indignada.

— É o preço da fama. — disse Natie segurando minha mão antes de nos conduzir para a multidão. Quando finalmente atravessamos todas aquelas pessoas na entrada, soltei a mão de Natie para ajeitar minha mochila em meu ombro.

— Sobrevivemos. — ri da situação. — Coitado do Finley quando chegar.

— Agora está com peninha dele? — ela arqueou uma sobrancelha me fitando com humor.

Bufei.

— Não vou nem responder.

— Bom dia... Uou. — Aidan olhou para Natalie, perplexo. — Estamos no Fashion Week e eu não fiquei sabendo? — riu.

Natalie fechou sua cara rapidamente.

— Mesmo que você soubesse, continuaria com essas roupas bregas e essa cara de idiota que nem nascendo de novo para resolver. — respondeu ríspida divertindo Aidan. Ele adorava quando ela caía em suas provocações e Natie não se ligava nisso. Eu só ignorava os dois. Quando Aidan abriu a boca para revidar Natalie, ela o impediu começando um mini ataque epilético. — Ai meu Deus, é ele. — empolgada, ela apontou para a entrada. Olhei para onde ela estava apontando, as pessoas começaram a se aglomerar pegando seus celulares para registrar esse momento.

Matthew Finley estava entre nós.

Ele chegou estacionando sua Lamborghini preta fosca que parecia um Batmovel, a porta foi aberta para cima e logo tivemos o vislumbre dele. Os flashes começaram — tanto dos paparazzi quanto dos fãs —, Matthew rapidamente foi escoltado pelos seus seguranças para que conseguisse entrar no campus de forma segura. Suas fãs gritavam loucamente por ele, tentando chamar sua atenção, mas ele passava por todos de cabeça baixa cobrindo o seu rosto com as mãos por conta dos flashes incessantes.

Quando ele conseguiu entrar no campus, os seguranças permaneceram na entrada e ele continuou seu trajeto em direção ao grande prédio da universidade. Fiquei completamente sem ar quando ele se aproximou e pude ver em detalhes seus traços perfeitos. 

Era ainda mais lindo pessoalmente, tinha que admitir.

Ele estava usando uma calça preta, botas pretas, uma camisa vermelha com o nome da nossa universidade e com uma jaqueta preta por cima para se proteger do frio que estava naquela manhã. Seus cabelos escuros se encontravam em um perfeito topete, os traços do seu maxilar eram provocantes, seu nariz fino era impecável, sua pele era tão perfeita que suas bochechas chegavam a ficar rosadinhas por causa do frio.  

As pessoas ao redor — principalmente a mulherada —, observava toda aquela beleza em 1,85 de altura com seus celulares em mãos para que pudessem postar em suas redes sociais.

Quando Matthew foi se aproximando de onde estávamos, sua cabeça se levantou rapidamente encontrando com meu olhar sobre ele. Por um segundo ele iria desviar, porém ele permaneceu me encarando fixamente com suas íris azuis. Intenso. Essa palavra expressava bem como era ter seu olhar sobre você. A sensação foi estranhamente agradável. Assim que passou por mim, nossa troca de olhares foi cortada e ele voltou a seguir seu rumo de cabeça baixa, olhando para os seus pés.

Continuamos a observá-lo até ele subir as escadarias e entrar no prédio. Isso foi tudo invenção da minha cabeça ou realmente aconteceu?

— É ainda melhor pessoalmente, e eu achando que isso não era possível. — murmurou Natalie ainda olhando admirada por onde Matthew havia passado. — Ainda chegou causando de Lamborghini, o que foi aquilo? Ele exala sexualidade.

Ela estava completamente encantada pela presença de Finley, já era de se esperar, Natie era o tipo de pessoa que se impressionava com tudo.

— Foi impressão minha ou ele devorou Kate com os olhos? — Aidan ignorou tudo que Natalie disse com seu cenho franzido, desconfiado. Olhei para ele como se ele fosse um louco, mas ao mesmo tempo com um frio na barriga. Então não foi coisa da minha cabeça?

— Também reparou? Pensei que tivesse visto demais. — Natie disse me olhando e sorrindo. — Será que Kate fisgou o coração do bad boy Matthew Finley? — riu me provocando. 

Revirei os olhos .

— Vou ignorar vocês, vai que é doença. — murmurei passando por eles.

Sabendo que Aidan e Natalie me seguiam logo atrás, adentrei no prédio sentindo o familiar cheiro de livros e madeira que a universidade tinha.

Os corredores estavam lotados, odiava o início das aulas por esse motivo, você não conseguia passar entre as pessoas sem que se esbarrasse nelas. Despedi-me de Aidan e Natalie que foram para suas aulas e segui para a minha. Estava animada para essa aula, seria introdução à fotografia e eu amava tudo relacionado à fotografia.

Assim que entrei em sala, cumprimentei o professor que acabara de chegar e aguardava todos os alunos entrarem. Acomodei-me na cadeira do meio e observei todas as pessoas entrarem e procurarem seus lugares. Meus olhos se arregalaram quando vi Matthew Finley passar pela porta procurando com seus olhos um lugar para se sentar. As pessoas tentavam ter um comportamento natural com a presença dele ali, mas os sussurros logo começaram a crescer.

— Silêncio, pessoal. — ordenou o professor. — Procure seu lugar e sente-se, Finley. — esticou sua mão apontando para os lugares ainda vagos em sala. Matthew assentiu e pude ouvir um sussurro de "obrigado" saindo de seus lábios. Quando levantou sua cabeça, novamente suas íris azuis me encontraram. Um calafrio percorreu o meu corpo como se toda vez que seu olhar estivesse sobre mim algum tipo de conexão era feita. Ele subiu os degraus e escolheu a cadeira que ficava duas fileiras atrás de mim e, mesmo estando de costas para ele, eu ainda sentia a conexão. Ele ainda olhava para mim. Só queria saber o que se passava pela cabeça dele. — Sejam bem-vindos a mais um ano. Sou o professor David Lambert, aos que estão começando hoje espero que possam gostar da instituição. Hoje nossa primeira aula de introdução à fotografia será teórica, mas em breve estarei levando vocês para o estúdio para colocarmos todo o aprendizado teórico em prática. Sem mais delongas, abram suas apostilas.

Os dois tempos seguidos foram de como a primeira fotografia foi reconhecida em 1826 pelo francês Joseph Niépce, como segurar de forma correta uma câmera, suas funcionalidades como o uso do ISO, distância focal e ângulo de visão, zoom, uso especial (olho de peixe, macro e tilt and shift), focagem (automática ou manual), f-stop e velocidade, entre outras. No final da aula, percebi que usar uma câmera profissional era mais difícil do que eu esperava, mas com a prática eu chegaria à perfeição.

Com meu cotovelo apoiado sobre a mesa, olhei disfarçadamente para trás para saber como Matthew estava se comportando. Como eu esperava, seu corpo estava todo largado em sua cadeira prestando atenção em sua mão que girava uma caneta entre seus dedos de forma perfeita. Seus olhos azuis estavam vazios, seus pensamentos bem distantes daquela sala de aula. Quando ele ameaçou levantar sua cabeça e olhar em minha direção, virei meu rosto rapidamente e voltei a me concentrar no professor Lambert.

Ao final dos dois tempos de aula, Matthew se levantou rapidamente antes que o professor terminasse de se despedir da turma, sendo o primeiro a sair. Todos prestaram atenção na sua saída fugitiva, mas logo voltaram a fazer o que estavam fazendo. Quando saí de sala vi Matthew "congestionado" no meio do caminho por diversas pessoas que queriam falar com ele. Revirei os olhos. Esse povo definitivamente não tinham o mínimo do senso.

— Pessoal, se afastem. Já chega! — gritou o professor aparecendo logo atrás de mim. — Matthew é um aluno normal como todos vocês, agora se afastem. — ordenou mais uma vez e assim as pessoas foram se dissipando aos poucos. Passei por eles dando uma troca rápida de olhares com Matthew antes de seguir meu caminho. Ouvi brevemente o professor dizendo que Matthew podia contar com ele. Fiquei feliz por isso, Matthew precisava desse tipo de apoio.

Cheguei ao meu armário para fazer a troca dos livros.

— Me conta tuuuuudo. — pulei de susto com Natalie aparecendo do nada. — Soube que o Finley está na sua classe. — seus olhos estavam brilhando de empolgação. É claro que ela iria surtar, já deveria esperar por uma recepção assim.

— Não tenho nada pra contar, ele entrou em sala, se sentou como todos nós e assistimos à aula... Ou quase isso já que ele estava mais entretido com sua caneta. — murmurei devolvendo os livros da aula anterior para o armário e pegando os livros da próxima aula.

— Parece que você também prestou muita atenção na aula. — cantarolou em provocação com um sorrisinho em seu rosto.

— Prestei mesmo, e você deveria fazer o mesmo. Por que não vai trocar seus livros? Ao invés disso está aqui me fazendo perguntas idiotas. Até o intervalo. — bati meu armário e saí andando. Isso já estava começando a me irritar. Olhar para ele agora era um problema? Era mostrar interesse? Todos estavam com os olhos sobre Finley, não é um mistério pra ninguém.

Depois da aula de reportagem que tive logo em seguida, voltei a guardar meus livros em meu armário e fui para o enorme refeitório da universidade — que estava terrivelmente lotado. Peguei meu celular na bolsa para ver se tinha alguma mensagem de Natie ou Aidan.

Mensagem enviada por Natalie, às 1:10pm.

Eu e Aidan estamos guardando lugar em uma mesa quase no final do refeitório, venha pra cá.

Bloqueei a tela do celular e o joguei de volta na mochila, indo procurar por eles. Abri caminho entre as pessoas, andando de pouquinho em pouquinho, olhando para todos os lados, até que avistei Aidan balançando seus braços em minha direção.

— Já disse o quanto eu odeio o retorno das aulas? — indaguei jogando minha mochila sobre a mesa. — O mesmo esquema? — perguntei olhando para Aidan.

— O mesmo, vão lá vocês primeiro.

Eu e Natie pegamos uma bandeja e fomos pegar a nossa comida. Assim como no ano passado, Aidan ficava guardando nosso lugar enquanto nós duas pegávamos a nossa comida, quando voltávamos para mesa, Aidan saía para buscar a sua. Ou fazíamos assim ou ficaríamos sem lugar para almoçar.

Lembro o quanto passamos sufoco por conta disso nos nossos primeiros dias aqui, de um jeito ou de outro, acabamos aprendendo a manha. Tudo realmente era questão de sobrevivência e em universidade não era diferente.

— Como foram as aulas de vocês? — perguntei para ninguém em específico.

— A minha foi bem desanimada. — respondeu Aidan.

— A minha foi ótima, aprendemos técnicas novas de costuras. — Natie respondeu mais como uma provação do que realmente com convicção.

— Que legal. — ironizou Aidan. Natie sorriu em deboche para ele, mas não revidou. De repente as pessoas ao redor começaram a olhar para algo atrás de mim. Virei meu corpo e avistei Matthew entrando no refeitório conversando entre risos com Tyler, capitão do time da nossa universidade.

— Ótimo. — murmurei ainda olhando para a cena.

— Estou decepcionada, mas não surpresa. — disse Natie também olhando para a cena. Tyler levou Matthew até sua mesa repleta de outros jogadores onde todos o gloriavam como se ele fosse o novo Rei. — É claro que ele andaria com o grupo popular.

Tyler puxou algumas meninas que eram líderes de torcida e as fez darem uma voltinha para que Matthew pudesse dar uma conferida em seus corpos.

— Bando de babacas. — voltei minha atenção para a minha comida, era mais interessante.

— Já podemos ter uma ideia de como será essa festa de Tyler hoje, com certeza Finley estará lá. — disse Aidan.

Eu e Natie nos entreolhamos. Estava torcendo para que ela mostrasse algum arrependimento sobre a festa de mais tarde, mas pelo visto ela só estava preocupada com o fato de eu abrir a boca e falar demais. Não estava gostando nada de ter que esconder isso de Aidan.

— Com certeza, por que você acha que Tyler está o bajulando? Tyler não faz amigos dessa maneira, pra falar a verdade, Tyler não é amigo de ninguém. — bati o garfo com força contra o prato. Reparei que Natie e Aidan olharam-me estreitando os olhos. — O que foi?

— Parecia irritada com Tyler. — Aidan me olhou curioso.

— Você está bem? — Natie quis saber.

— É claro que estou. Só me irrito fácil com pessoas assim, só isso. — dei de ombros, não dando importância. Eles se mostraram convencidos, mas no fundo eu sabia que não estavam, mas resolveram deixar pra lá. Fiquei aliviada, não queria ter que reviver algo que não precisava ser revivido.

Eu e Natalie nos despedimos de Aidan antes de voltarmos para o nosso dormitório no final das nossas aulas. Mesmo sendo o primeiro dia de aula, já estava atolada de lições e textos para serem lidos.

— Finalmente acabou, começamos hoje, mas já quero as férias de volta. — Natie se jogou em sua cama. — Já sabe com que roupa irá hoje?

A festa. Por um segundo tinha me esquecido dela.

— Tem certeza que quer ir? Não estou me sentindo confortável em esconder isso do Aidan.

— De novo esse assunto? Fizemos uma promessa, lembra? Aidan já te arrastou pros lugares sem mim e eu não fiz drama.

— Mas é diferente de quando se está de férias, fora que ainda mentimos na cara dele em dizer que não iríamos.

— Kate, a promessa está feita, não tem mais como voltar atrás. Se der alguma merda eu assumo toda a culpa, estamos entendidas? Ótimo. — indagou sem esperar pela minha resposta. — Agora sobre as roupas, nada de jeans e tênis, é uma festa, não me faça passar vergonha. — ela se levantou e foi até o seu armário de roupas. — Vou ver alguma coisa aqui para você.

— Não mesmo. — sentei-me na beirada da minha cama para tirar meu tênis.

— Se você tiver algo bom nas suas coisas, ainda posso cogitar na possibilidade de você ir vestindo algo seu.

— Não vou usar suas roupas, não vou me sentir confortável.

— Vou entender isso como "Você tem razão, não tenho boas roupas". — murmurou revirando suas peças de roupa.

Revirei os olhos.

— Estou falando sério, não vou usar suas roupas.

— Eu estudo moda, Kate, quero ser estilista, o meu dever é agradar meu cliente, não vou vesti-la de uma forma que não seja o seu estilo pessoal, agora venha aqui, quero te mostrar algumas peças. — fui até ela quase me arrastando, já estava com medo antes mesmo de ver o que ela queria que eu usasse, mas iria confiar no seu lado profissional. — Como hoje está frio e mais tarde estará mais ainda, que tal esse casaco de blusa comprida levemente transparente, não esqueça que eu disse levemente. — reforçou o aviso me fazendo rir. Peguei a peça em minhas mãos analisando o tecido. — Por baixo você usaria esse sutiã branco. — jogou em cima de mim, tive que ser rápida para pegá-lo no ar. — E com essa saia de cintura alta com botões na frente, ela não é muito curta.

Analisei as peças em minhas mãos, a combinação era perfeita.

— Vou experimentar, se eu me sentir bem, irei com elas. — joguei as roupas sobre a minha cama e comecei a me despir de costas para Natalie. Quando estava toda vestida, fui até o espelho para conferir o resultado. Como ela disse, a blusa era levemente transparente, aparecia um pouco o sutiã, a saia de cintura alta era linda, seu comprimento deixava minhas coxas expostas na medida certa. — Preciso admitir. Você é boa, Natie, adorei tudo.

— Eu disse. — ela sorriu convencida. — Agora para tudo ficar perfeito, deixe esse cabelo solto hoje à noite. — puxou o prendedor do meu cabelo com meus fios loiros caindo sobre meu ombro.

— Tudo bem, só hoje. — me dei por vencida. Pelo menos em uma festa ele poderia estar solto.

Logo depois decidimos tomar um banho, não estávamos a fim de enfrentar outra fila enorme mais tarde. Quando me dei conta, as horas haviam passado e já estávamos a caminho da fraternidade do Tyler, usando saltos e de braços dados com Natalie para não cair. Quando estávamos próximas do local, o som alto já podia ser ouvido.

— Essa festa vai dar problema, olha a altura dessa música, e ainda nem chegamos. — resmunguei enquanto rezava para não cair nesses saltos.

— Será que dá pra ser pessimista? Seria um desastre se a nossa primeira festa acabasse com a polícia aparecendo.

Quando viramos a rua que dava para a casa da fraternidade, paralisamos. Havia milhares de carros pela rua inteira, muitas pessoas do lado de fora e luzes para todo lado.

— Se eu for presa, eu mato você. — murmurei antes de Natie me puxar pelo braço para continuarmos o nosso trajeto. Passamos pelas pessoas na entrada e então entramos na casa, era simplesmente enorme. — Puxa... Eles moram bem. — observei ao redor.

— Coloca bem nisso. — concordou Natie.

Com a música nas alturas, jogo de luzes, todos dançavam e pareciam se divertir.

— Ok, estamos aqui — começou Natie batendo palmas animadas — Qual é o segundo passo quando se está em uma festa? — ela ficou pensativa, quando ela olhou ao redor, avistou os copos vermelhos nas mãos dos estudantes e uma luz pareceu se acender em sua cabeça. — Oh, claro, bebidas, vou buscar e já volto, fique aqui. — saiu correndo entre a multidão sem dar tempo para que eu dissesse que não queria uma bebida.

Suspirei entediada e olhei ao redor. As pessoas já estavam loucas e não tinha nem uma hora desde o início da festa. Poderia estar assistindo netflix nesse exato momento. Saí do meu devaneio quando alguém esbarrou em mim derramando toda sua bebida sobre minha blusa que já era transparente.

— Olha por onde anda. — rosnou pra mim o rapaz que derramou a bebida. Ele estava falando sério? Eu levei um banho de cerveja e é ele que fica puto comigo? Ele deu sorte de ter saído andando, já estava irritada por estar ali, isso não facilitava em nada.

Olhei para minha blusa molhada com meu sutiã completamente visível. Droga. Tentei me cobrir com meus braços me afastando de todos, subindo as escadas daquela enorme casa. O segundo andar não tinha muitas pessoas pelos corredores, mas você sabia que tinha nos quartos, com os excessos de gemidos que se podia escutar dali. Fiquei aliviada ao ver que tinha uma varanda, a porta de correr estava entreaberta com a cortina voando contra o vento.

Abri a porta e depois a fechei atrás de mim, queria ficar em paz sem ninguém vindo me perturbar aqui. O vento estava frio, mas ajudaria a secar minha blusa de forma mais rápida.

Vai pegar um resfriado. — dei um pulo de susto e olhei para trás encontrando os familiares olhos azuis. Intenso. Engoli em seco antes que pudesse responder.

— Você quase me matou de susto. — disse olhando para a figura de Matthew Finley sentado no chão com suas pernas largadas, suas costas apoiadas na parede e com uma garrafa de Heineken em mãos. — Deveria ter avisado que estava aí. — murmurei com minha mão sobre o meu peito molhado, ainda sentindo ele disparado devido ao susto.

— Desculpe, não fazia parte dos meus planos que alguém também estaria aqui se escondendo. — ironizou dando um longo gole em sua bebida. Observei seu maxilar se contrair e o movimento que seu pescoço fazia ao ingerir a bebida. Balancei a cabeça e desviei a atenção. Até seu pescoço era sexy.

— Não estou me escondendo... — voltei minha atenção para ele. — Mas por que você está aqui se escondendo?

Seus olhos se desviaram dos meus.

— Tyler e sua tropa podem ser bem... — fez uma breve pausa em busca da palavra certa. — Inconvenientes quando eles querem. — Foi tudo o que disse sem entrar em detalhes. Não era uma novidade para mim, Tyler era o ser mais inconveniente que eu já tinha conhecido. — E qual é da roupa molhada? Alguma tática de vocês para pegar rapazes?

Arregalei meus olhos. Mas que merda, minha blusa. Voltei a tampar meu sutiã com meus braços, virando meu corpo para ficar de costas para Matthew.

— Hmmm, não, é que... — gaguejei — Um idiota derramou bebida em mim. Ai meu Deus, que vergonha. — lamentei sentindo minhas bochechas pegarem fogo de tanta vergonha. Matthew viu meu sutiã.

Pude escutar sua risadinha, mas então um silencio se instalou.

Achei que não estivesse mais ali, talvez tivesse percebido que seria melhor me deixar sozinha para que não me envergonhasse mais, porém senti algo grande e quentinho cobrir os meus ombros.

— Vista isso. — olhei para baixo encontrando as mãos perfeitas de Matthew me cobrindo com sua jaqueta de couro preta. — Se ficar aqui pegando todo esse vento com essa blusa transparente e molhada, ficará resfriada pela manhã.

Subi o meu olhar para o seu rosto que estava a centímetros dos meus. Seus lábios eram rosados e só agora olhando tão de perto que eu pude notar uma pinta logo abaixo do seu lábio inferior. Seus olhos eram ainda mais vibrantes vistos de perto e cada traço do seu rosto era perfeitamente moldado.

Depois de ajeitar sua jaqueta ao meu redor, ele pegou sua garrafa de cerveja no chão e saiu me deixando sozinha. Fiquei ainda embasbacada por alguns minutos antes de balançar minha cabeça e recordar meus sentidos. Maldito Pop Star atraente. Imagino o quanto deveria ser fácil para ele conseguir mulheres, afinal, olhe para ele, não precisava de esforço nenhum.

Fechei a jaqueta para me proteger do frio e então senti meu celular vibrar em minha cintura.

Mensagem enviada por Natalie, às 00:20am.

Onde diabos você está?

Natalie. Oh meu Deus, esqueci totalmente dela. Saí da varanda rapidamente e voltei a descer as escadas. A festa continuava a todo vapor e todos estavam ainda mais alterados com a bebida, isso porque era início da semana, já estava prevendo salas vazias nas primeiras aulas pela manhã.

Avistei Natalie olhando para todos os lados com dois copos em mãos, quando me aproximei ela veio como uma leoa para cima de mim.

— Onde se meteu? Já estava achando que alguém te sequestrou. — me entregou um dos copos que estava em sua mão.

— Desculpe, um idiota derramou bebida em mim e deixou minha blusa mais transparente ainda, subi para tentar secar. — senti os olhos de Natie sobre mim notando então a jaqueta. Que maravilha, como explicaria isso?

— E como conseguiu essa jaqueta? — franziu o cenho.

Por um momento fiquei paralisada, olhei ao redor em busca de alguma resposta quando avistei Matthew sentado em uma mesa com Tyler e seus amigos. Voltei a olhar para ela e tentei não mentir, somente omitir a verdade.

— Um rapaz viu minha situação e foi muito gentil em me oferecer sua jaqueta. Que bebida é essa? — fiz a situação parecer irrelevante, então me apressei em mudar de assunto olhando para o copo em minhas mãos e depois cheirando o conteúdo. Com certeza tinha vodca nisso.

— Despejaram várias bebidas em um balde cheio de frutas, eu só peguei e trouxe. — deu de ombros e bebericou a bebida, sua cara feia logo depois me fez preferir não experimentar.

Depois de muito insistir, aceitei dançar um pouco — apesar de estar envergonhada em estar com a jaqueta do Finley com ele presente no mesmo ambiente —, mas fiz o que Natie me pediu, apenas relaxar e curtir um pouco, mas toda essa coisa de "relaxar e curtir um pouco" se dissipou quando vi Aidan passar pela porta.

Droga! — exclamei alto mesmo que não desse para ouvir devido ao som alto. Abaixei entre as pessoas aglomeradas puxando Natalie junto.

— O que aconteceu? — olhou para mim sem entender nada sobre o que estava acontecendo.

— Aidan está aqui. — gritei sobre a música, mas estava tão alta que ela continuou me olhando sem entender. — Aidan. Está. Aqui. — gritei separadamente cada palavra.

— É só isso? Sério, Kate? Não. Me. Importo. — ela voltou a levantar seu corpo e a dançar, mas voltei a puxá-la para baixo.

— Nada disso, você que me colocou nessa, vamos sair daqui antes que ele nos veja. Não se esqueça do nosso combinado. Eu viria com você e Aidan não saberia. — dei um olhar duro para ela.

— Tudo bem. — revirou os olhos se rendendo.

— Vamos pelos fundos.

Demos as mãos e começamos a passar pela multidão agachadas recebendo alguns olhares curiosos, mas as pessoas estavam bêbadas demais para questionarem algo. Quando saímos pela porta dos fundos, nos afastamos da fraternidade para pedirmos um Uber fora do alcance de Aidan. Assim que o carro chegou, fiquei mais aliviada.

— Até que foi divertido, não foi? — ela sorriu empolgada.

— Nunca mais me peça para fazer algo do tipo. — foi tudo o que eu disse antes de voltar a olhar a paisagem pela janela. Natie continuou sorrindo presa em seu mundo feliz — ou no mundo alcoólico, tanto faz.

Se alguém me dissesse semana passada que hoje eu estaria saindo de uma festa da fraternidade do Tyler com uma amiga bêbada e usando uma jaqueta de um Pop Star que custaria milhões se eu vendesse no eBay, eu diria que essa pessoa estava completamente pirada.


SIMMMMM, ISSO ACONTECEU. Intenso com apenas o prólogo e 1 capítulo já se encontra no Ranking. Hoje está na posição 462 em romance (02/07/17), vamos torcer para que continue se saindo bem e que fique mais perto do #1. Estou vivendo nesse momento a melhor fase da minha vida com todas essas conquistas, MUITO OBRIGADA. 

Espero que tenham gostado desse capítulo, eu adoro ele, principalmente por ter a primeira interação do nosso casal Katthew♥

Até a próxima, Ka♥ 

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