DIA 31

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DIA 31


Acordei ouvindo a melodia de um violão. Virei meu corpo para o outro lado da cama e me espreguicei. Bocejando alto, me arrastei para fora da cama procurando pelo meu celular. Era um pouco depois das dez, isso significa que eu ainda tinha algumas horas com ele. Segui o som do violão até a sala, Matthew estava sentado no chão de costas para mim se apoiando no sofá com um caderno, folhas e canetas ao seu redor espalhadas pelo tapete enquanto ele brincava com as melodias. Pude ouvir ele sibilar algumas palavras, mas nada muito legível. Ele estava compondo uma música.

Eu nunca o tinha visto tocar antes, nem mesmo em vídeos, foi algo que eu simplesmente nunca parei para procurar, e, sendo bem sincera, não sei porque não o fiz antes. Matthew segurando um violão e cantarolando melodias era a visão mais linda que eu já tinha visto. Apesar de ele estar de costas, eu conseguia ter um vislumbre do seu rosto, e a forma como ele sentia cada nota, cada palavra, era hipnotizante. Parecia que ele estava conectado ao violão de alguma forma.

Matthew parou de tocar abruptamente e virou-se para mim, encontrando meus olhos. Sorri, sem graça por ter sido pega olhando pra ele.

Ele retribuiu o sorriso.

— Bom dia. Não vi que estava aí. — largou seu violão, se aproximando.

Quase faço um protesto por isso. Deveria ser um crime Matthew Finley não estar tocando violão.

— Não queria interromper. — eu o abraço quando ele se aproxima. — O que estava tocando?

— Algo novo. Fiquei inspirado para escrever, depois de muito tempo.

— Você toca tão bem. Posso ouvir o que estava compondo?

Ele pareceu hesitar por um momento, talvez seria demais invadir esse seu espaço; Quando pensei em dizer para deixar pra lá, ele segurou minha mão me conduzindo pela sala até onde o seu violão e seus rabiscos estavam. Sentamos sobre o grande tapete e ele pegou o seu violão. Eu sempre quis saber como era compor uma música. Olhei de relance para as folhas que estavam esparramadas, haviam vários rabiscos nelas, alguns eu simplesmente não conseguia compreender nada, era como se ele tivesse o seu próprio idioma na hora de compor, mas eu consegui ler pelo menos o nome da canção. Eu penso em nós.

— Ela não está finalizada, provavelmente eu farei algumas alterações, tudo bem?

Depois de assentir com a cabeça, ele se preparou para começar.


(Eu penso em nós)

Eu sinto que me meti em um problema

Porque eu penso em nós

Mas eu não sei se esse nós existe

Às vezes tudo parece estar errado

Às vezes tudo parece estar certo

Você olha para mim com adoração

Talvez eu não mereça esse olhar

Porque você não conhece todas as partes de mim

E eu não sei se mereço você

Mas você precisa saber



As Sombras de Finley: IntensoWhere stories live. Discover now