Você É Minha Cura

By dimecitou

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"O que era os desenhos? Pelo que eu entendi, eram diferentes maneiras de se matar. No alto da folha estava de... More

Antes de começar a ler...
Você É Minha Cura
A menina que pisou no meu all star
Tem alguma coisa errada com ela
Depressão não é só tristeza
Um sentimento chamado saudade
Ligando para a casa dos Grey
Elas se conhecem?
O primeiro ensaio
Hoje não é um bom dia para morrer
Guerra de travesseiros
A maquiagem
É importante ter amigos
Cupido?
As fases da chuva
Susto
Esse é o plano
Mudanças
Tocando no festival
O beijo
Eu te amo
A caixinha
Desculpas e perdões
Notícias ruins
Ciumes
Acostumando com a ideia
O dia de ir embora
Fim
A depressão
Antes de ir embora...

Não segure as lágrimas

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By dimecitou

Os meus olhos estavam fixados nos olhos de Emily. O que ela estava fazendo aqui? Realmente não esperava encontrá-la. Olhei para o pessoal da banda e percebi que não era apenas Emily que me encarava, eles também estavam me olhando. Estavam surpresos por eu ter deixado a guitarra cair, pois fez barulho. Ao voltar a minha atenção para Emily, ela me examinou por dois segundos, deu meia volta e correu.

— Emily! Espere! — Gritei no impulso.

— Não ligue para minha irmã, Charlie, ela é... Esquisita assim mesmo. Espera aí, você a conhece?

Irmã? Agora está explicado o motivo de eu a encontrar aqui. Bem que eu tinha notado os mesmos olhos azuis em Yuri.

— Fazemos aulas de Física juntos — respondi abaixando-me para pegar minha guitarra.

— E vocês conversam?

— Não frequentemente. Ela sempre está... Fugindo de mim.

Yuri me olhou com uma cara de dúvida.

— Geralmente são as pessoas que correm dela e não o contrário.

— É, ela fala que eu sou diferente das outras pessoas.

— Vocês são amigos? Faz tempo que Emily não tem amigos.

— Eu estou tentando ser, mas toda vez que vou conversar com ela, ou ela chora ou corre.

— É por causa da doença dela — ele falou meio cauteloso.

— Sei que ela tem depressão.

— Ei barulhentos, vamos lá para cima lanchar, creio que estão famintos — disse uma mulher com um sorriso meigo no rosto da porta da garagem.

Aquela deve ser a mãe de Yuri e Emily. Os olhos dela eram tão azuis quanto o dos dois. Ela está com um longo cabelo liso e loiro, suas roupas são modernas, mas transmite uma simplicidade de mãe. Aparentava ser jovem, mas podia ver sinais de cansaço na sua expressão. Com as mãos, ela colocou alguns fios de cabelo atrás da orelha e, com o mesmo sorriso meigo, reforçou o convite, falando que havia bolo de chocolate.

— Ah, vejo que arrumaram um guitarrista — a mãe de Yuri disse ao passarmos por ela na porta da garagem

— Esse é o Charlie, mãe — disse Yuri enquanto subíamos as escadas que davam acesso à casa.

— Prazer, Charlie, eu sou Kathy Grey.

Ao chegarmos à cozinha todos sentamos à mesa. Kathy fez questão de nos servir suco natural de laranja e fatias de bolo de chocolate.

— Mãe, sabia que Charlie conhece Emily? — Disse Yuri.

— Sério? — Kathy se virou para mim mostrando interesse.

— Fazemos aulas de Física juntos — disse mordendo o bolo.

— Já estava na hora dela fazer amigos. Talvez assim ela melhore.

— Faz sete meses que ela está assim, não é? — Ao dizer isso, Kathy parou o copo de suco antes de chegar a sua boca.

— Ela te contou? Tudo?

Como assim "tudo"? O que era esse "Tudo"? Imediatamente pensei no que Cristina me contara sobre Emily ser uma assassina e uma ladra.

— Nem tudo. Ela fugiu antes.

E nesse momento desviei meu olhar para porta da cozinha a tempo de perceber Emily dar um meio sorriso. E, ao perceber que eu vi, ela se irritou e saiu correndo dali.

Kathy virou-se e olhou para o vazio na porta. Ela olhou para mim.

— Emily, ela estava ali.

— Scott, Kaio, vamos lá para fora, mostrarei a vocês minha nova moto — disse Yuri.

— Só se você me deixar dar uma voltinha! — Exclamou Kaio levantando da cadeira.

— Só se for uma voltinha em torno dela, né — Ironizou Yuri também se levantando, juntamente com Scott.

— Você não quer vim, Charlie? — Perguntou Scott.

— Charlie, fique um pouco, preciso falar com você — disse Kathy enquanto eu estava levantando

— Tudo bem — sentei novamente.

Kathy quer falar comigo. Por não saber exatamente do que se tratava, eu fiquei tenso e um pouco nervoso. Ela olhou ao redor depois voltou sua atenção para mim.

— Então Charlie, eu quero falar sobre Emily — ela tornou a olhar ao redor.

— Diga.

— Você sabe que ela tem depressão, não é?

— Sim.

— Ela nunca teve amigos e depois de culpá-la por algo que ela não fez, ela entrou nesse estado, e a cada dia que se passa ela piora. E eu queria, Charlie, que você me fizesse um grande favor.

— Um favor? Qual?

— Se torne amigo de Emily. Tente conversar com ela, fazê-la querer se curar.

— Kathy, pode ter certeza que eu tentarei.

— Sério?

— Sim.

— Obrigada, Charlie. Eu temo que isso piore. Ela tem que tomar remédios controlados, mas desconfio que ela não esteja tomando. E também, ela já tentou se matar, e não foram poucas vezes, ela já está tentando métodos mais eficientes e não quero que ela tenha sucesso nisso.

— Será que eu posso ir vê-la?

— Oh, claro! Mas primeiro, você vai ter que atravessar a muralha dela.

— Como assim?

— A porta do quarto dela. Ela entra e se tranca lá dentro. E raramente você a vê andando pela casa.

— Fica lá em cima, no último andar? — Perguntei.

— Sim, a última porta do corredor.

Peguei as escadas, que deu acesso a um corredor, caminhei até a última porta. Eu fiquei frente a frente com ela. Eu suspirei fundo e bati.

— Emily?

Nada.

— Emily! — Tentei novamente batendo um pouco mais forte.

Não houve nenhuma resposta. Cerrei os punhos para bater na porta de novo quando ouvi o som da porta destrancando. Ela a abriu, seu olhar era fixo para baixo. O jeito do cabelo bagunçado, sem cuidado e as roupas debochadas eram as mesmas, ela é assim até na sua própria casa. E então, ela olhou para mim. Imediatamente seu rosto corou. Não podia me ver no espelho, mas tinha certeza que eu também.

— Oi — eu disse

— Oi.

— Posso entrar?

— Não — ela olhou para trás antes de responder.

— Minha Tardis, não sua.

Ela disse "Tardis"? Será que ela também assiste Doctor Who? É óbvio que sim, ela disse "Tardis"!

— Não vai nem me deixar saber se ela é maior por dentro? — disse com meio sorriso.

Ela ergueu o olhar.

— Você...

— Sim...

— É fã de Doctor Who?

— Sim. E você não é a única a ter uma Tardis, sabia. A porta do meu quarto é igual da Tardis.

— Não brinca!

— Sério.

— A minha não é — disse ela olhando para a porta.

— Ainda não vai me deixar entrar?

— Não!

— Por quê?

— Não confio em você. E além do mais, por que quer tanto assim ver o meu quarto?

— Desculpa, ok. Eu só queria ver como era seu espaço pessoal.

— Não é nada demais.

— Então por que não me deixa entrar?

— Por que não! E afinal, o que você faz aqui? — Ela passou para fora do quarto e o fechou.

— Eu vim para o ensaio da banda.

— Belo guitarrista você.

— Obrigado.

— Aaargh! Que ódio! — disse Emily colocando as mãos cobrindo o rosto.

— O que foi?

— Você! Suma daqui! Vá embora! Agora! — ela gritou histericamente.

— O que eu fiz?

Esperei pela resposta, mas ela não disse nenhuma palavra. Eu analisava Emily cuidadosamente. Seus olhos estavam cheios de lágrimas. Não demorou para que ela chorasse.

Eu não disse nada. Apenas toquei em seu ombro para demostrar que estava tudo bem. Ela ergueu o olhar para cima e encarou os meus olhos. Eu acenei com a cabeça e sussurrei um "Tudo bem, não segure as lágrimas". Ela colocou as mãos nos olhos e chorou ainda mais.

— Faz tempo que eu não... — ela se apoiou na porta e foi escorregando até sentar-se no chão — faz muito tempo que...

— Emily — disse calmamente me abaixando — vai ficar tudo bem. Eu posso ir chamar sua mãe se quiser... Ela pode ajudá-la...

— Eu não preciso de ajuda! — ela mudou seu estado emocional novamente, ficando nervosa.

Levantei-me e mantive o olhar nela. Sua cabeça estava apoiada na porta, os olhos estavam fechados, seus punhos estavam cerrados, de raiva. Deu-me um aperto no coração agora. Ela estava bem ali, como se fosse um filhote em meio a uma tempestade de gelo severa, e eu não sei como ajudá-la. Suas emoções estavam frágeis, como um cristal de gelo. Qualquer coisa que eu dissesse poderia quebrá-lo. Não sei o que falar nem fazer agora, eu estou sem alternativas a não ser sair daqui.

— Eu, já vou.

Ela continuou no mesmo lugar, do mesmo jeito, e sem ouvir e nem dizer mais nenhuma palavra eu me virei e caminhei rumo às escadas. Já no fim do corredor, eu olhei para trás. Meu olhar se encontrou com o dela por alguns instantes. Desviei o olhar descendo as escadas.

Depois disso, chamei Scott para irmos embora. Ele ficou mais uns dez minutos, logo se despediu do pessoal e fomos para casa. Quando cheguei, verifiquei se minha guitarra não havia sofrido danos com a queda. E por sorte, nem um arranhão.

Tomei um banho e desci até a cozinha. Abri a geladeira e peguei uma jarra de suco. Fechei a geladeira e quando me virei dei de cara com Janine. Aparentemente, levei um susto e quase deixei a jarra de suco cair no chão.

— Que susto, Janine!

— Desculpe, Charlie.

— Onde minha mãe está?

— No salão de beleza — disse Tania, nossa empregada, ao entrar na cozinha.

— E Cristina? — Perguntei colocando o suco no copo.

— No quarto.

— Ah — bebi um gole do suco.

Tania pegou um pano que estava no balcão e em seguida saiu da cozinha. Agora estávamos apenas eu e Janine no recinto. E então, vieram na minha cabeça mais algumas perguntas.

— Hoje eu conheci Kathy.

— Conheceu? — Ela ergueu o olhar.

— Ela é a mãe de Emily. Kathy é sua irmã?

— Não. Eu sou irmã do pai de Emily.

E agora eu começava a entender as relações familiares de Emily. Cristina já me falou isso, que Harry Grey, o pai de Emily, é irmão de Janine. Eu ainda estou intrigado com toda a história de assassinato e de Emily ser uma ladra. Eu não acredito nisso, creio que há partes mal resolvidas por aí. Eu tenho que voltar na casa de Kathy para perguntá-la, com certeza ela também tem sua versão para contar, e Emily também.

— Se eu fosse você, eu me afastaria dos Grey, principalmente de Emily.

— Não estou a fim — disse em um tom nada educado e acabei bebendo em um gole o suco que colocara no copo.

Saí da cozinha, eu agora havia me estressado um pouco com a Janine. Quem era ela para me dizer com quem devo conversar? Isso mesmo, ela é só a cozinheira, e não minha mãe. Eu não quero, não pretendo e nem vou me afastar de Emily.

Quando eu passei pela sala, Scott, que estava sentado no sofá me chamou.

— Afina minha guitarra depois, coloquei na porta do seu quarto.

— E desde quando eu tenho que fazer isso?

— Desde que papai colocou a ordem "Scott manda, Charlie obedece".

Detesto essa ordem. Eu estava estressado o bastante para tentar uma discussão sobre isso, então resolvi ir para o meu quarto. Quando estava subindo as escadas Scott me chamou novamente.

— O que foi?

— Amanhã vamos ensaiar de novo.

— Ok, que horas? No mesmo lugar?

— Uma hora da tarde, no mesmo lugar.

— Ah e Scott, por que não me disse que Emily era irmã de Yuri?

— E eu por acaso sabia que você a conhecia? Se você passe menos tempo brigando comigo e passando mais tempo conversando, você já estaria sabendo até da avó de Yuri!

Assenti em silêncio, voltei a subir a escada.

— Já chega de discussão por hoje.

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