Fools in love

By montgomry

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Do you think things would have been different if you had kids? (Meredith) * * * Após entrar em casa em um dia... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capitulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 48

Capítulo 47

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By montgomry

Derek havia chegado em Seattle pela noite depois de uma semana muito produtiva em D.C., mas desde o verão com Addison e as meninas, estar naquela cidade não o deixava mais à vontade. Quando chegava em seu consultório, pela manhã, como costumeiramente, Patrícia já estava o esperando com uma pequena pilha de papéis para que ele lesse e assinasse. Porém, quando ele estava voltando de sua temporada em D.C., aquela pilha poderia não ser tão pequena assim. O que o irritava.

Naquele dia, ele pegou os papéis com a secretária, adentrou sua sala sozinho, colocou as pastas sobre a mesa, sua bolsa no armário baixo que havia às suas costas e saiu dali para procurar algum trabalho para fazer. Não estava com paciência para passar aquele dia inteiro assinando papéis, então procurou formas de ocupar seu dia.

Não imaginava que era tão difícil conseguir um bom caso em um departamento sem ser o chefe dele. Nem mesmo sendo o chefe de cirurgias ele conseguia encontrar um bom caso em que pudesse operar na neuro. Como não acompanhava nenhum paciente pessoalmente, todas as cirurgias que sobravam pra ele eram de rotina, mas naquele dia ele estava disposto a fazer algo que o desafiasse. Para a sua sorte chegou um caso de atropelamento na emergência e ele se aproximou da maca que Amelia levava para a sala de trauma. Tentou ajudar, mas ela não lhe deu abertura.

- Porque você não me deixou ajudar? _ ele perguntou.

- Porque eu já estava cuidando disso, Derek. Não precisava da sua ajuda.

- Eu levaria a metade do tempo para resolver isso.

- Problema seu. Eu sou a chefe do departamento, eu distribuo os casos. Se você quiser ficar por aqui, eu sou a sua chefe.

Ele levantou uma das sobrancelhas cruzando os braços.

- Tecnicamente eu sou chefe dessa ala cirurgia inteira.

- Mas você não pode interferir diretamente no meu departamento. Então se você quiser trabalhar aqui...

- Amy, você é uma cirurgiã excelente. Não precisa ficar querendo provar nada _ ele disse.

- Eu sei disso e não quero provar nada pra você. Se enxerga.

- Se eu quiser a chefia desse departamento de novo, você não tem como competir comigo. Meu currículo detona o seu. Sou melhor que você.

- Poxa, Derek! Seu narcisismo não tem limites!

- Estou nessa há mais tempo e em um nível mais elevado que o seu! Fim de papo!

- Vai se foder! _ ela exclamou com o rosto bem perto do dele, como se estivesse cuspindo aquelas palavras.

Então se afastou e sumiu no corredor. April saiu apressada do quarto do mesmo paciente que Amelia tinha atendido, e tinha um tablet nas mãos.

- Pra onde ela foi? _ a residente perguntou.

- O que houve? _ Derek perguntou.

- Chegaram as imagens da tomografia pra ela.

- Deixa eu ver... _ ele disse estendendo a mão para pegar o tablet das mãos da residente.

- Eu acho melhor não.

- Kepner, eu sou o chefe de cirurgias!

Sem ter como se opor, April deixou que o chefe puxasse o tablet de suas mãos e ficou apenas o observando enquanto ele analisava as imagens.

- Temos um sangramento subdural para resolver e...

- Tem um aneurisma enorme aqui _ a residente disse apontando na imagem.

- Sim. E pelo visto ele está aumentando... Olha.

A moça apenas assentiu.

- Ok, marque uma sala de cirurgias e se paramente _ ele ordenou entregando o aparelho de volta pra ela.

- Certo. Eu vou falar com ela.

- Não, você vai operar comigo.

- Mas é o paciente dela.

- Ficou grande demais pra ela _ ele disse afastando _ Marque a sala de cirurgia.

April não soube o que fazer e apenas obedeceu.

***

O dia de Addison estava um pouco cansativo. As meninas não tiveram escola, ela tinha que assistir algumas apresentações na universidade, então teve que levá-las com ela. Elas ficaram sentadas ao seu lado no auditório, quase dormindo enquanto assistiam as apresentações dos jovens sem entender nada. Vez ou outra, algumas pessoas faziam comentários, Addison fazia comentários, mas elas estavam achando aquilo muito chato. Depois de algumas horas sentada na mesma posição, Ella começou a se mexer e se ajoelhou na cadeira para falar ao ouvido da mãe.

- Mami, eu quelo ir no banheilo...

- Espera um pouquinho, filha _ ela sussurrou.

- Mas eu quelia fazer pipi...

- Deixa só acabar essa daqui. A mamãe não pode sair agora.

Isabella voltou a sentar e colocou a mão entre as pernas.

- Tira a mão daí... _ Addison ordenou em um sussurro.

Ella obedeceu e cruzou as pernas. Após a fala do primeiro avaliador, todos aplaudiram, e uma avaliadora começou a falar.

- Mamãe, ele esqueceu de dá a nota dele... _ Katie comentou.

- É confidencial, filha. Ele vai anotar ali no papel e depois vai dá pra ela. Só o ultimo vai falar se ela foi aprovada ou não.

- Hum...

- Agola, mami... Eu vou fazer pipi nas calças... _ Ella disse.

- Filha, a mamãe não pode sair agora. Aguenta mais um pouquinho.

- Mas meu pipi num quer aguentar!

- Fala baixo...

- É sélio mami.

Addison contraiu os lábios. Sabia que deveria prestar atenção em cada palavra do que a banca estava dizendo, mas teve que voltar sua atenção para as filhas.

- Katie, presta atenção. Você saindo do auditório, você seguindo direto e entrando no primeiro corredor à esquerda, encontrará um banheiro ao fim do corredor. Leva a sua irmã lá porque a mamãe não pode sair agora.

- Primeiro corredor à esquerda...

- É. Qualquer coisa você me manda uma mensagem no seu celular. Não esquece de pedir pra ela lavar as mãos.

- Ok.

Ela ficou preocupada, observando as duas meninas saírem correndo do auditório, tomando a atenção de todos. Algumas pessoas riram e Addison fez uma negativa com a cabeça pedindo desculpas.

A avaliação continuou e depois de alguns minutos chegou ao fim. Mesmo preocupada com a demora das filhas, Addison subiu ao palco sorridente, parabenizou a aluna pela boa defesa e disse algumas palavras sobre a pesquisa que elas estavam realizando. Após agradecer às pessoas que haviam aceitado participar da banca avaliadora, ela convidou a todos para um coquetel que teria no salão ao lado do auditório. Então desceu o mais rápido e discretamente que podia para procurar pelas meninas. Elas estavam correndo no jardim.

- Katherine! Isabella! _ ela chamou.

As duas correram até a mãe.

- Porque vocês não voltaram? Eu fiquei preocupada!

- A gente estava esperando você sair _ Katie disse.

- Mas eu não mandei vocês me esperarem sair.

- Seu tabalho é muito chato.

Addison apertou os olhos para a filha mais nova.

- Vamos... Vocês estão com fome?

- Humrum...

- Tem uma lanchonete bem ali... _ Katie disse apontando.

- Não. Nós vamos comer ali no coquetel que a mamãe tem que participar. Fiquem comportadas.

As meninas reviraram os olhos ao mesmo tempo e seguiram a mãe até o pequeno salão que havia ao lado do auditório, onde as mesmas pessoas que assistiram à apresentação comiam, bebiam e conversavam. Os jovens que haviam apresentado os seus trabalhos, estavam agora mais sorridentes e descontraídos. Addison os cumprimentou rapidamente, em seguida andou com as filhas até o balcão onde algumas pessoas pegavam taças de bebidas e ajudou Isabella a sentar em uma das cadeiras altas. Ela pegou um sanduiche para cada uma das meninas e entregou a elas.

- Só isso? _ Isabella perguntou de forma sincera.

Stella Mills, que estava pegando uma taça de champanhe, riu baixo, deixando Addison sem graça.

- Mami, eu quelo figelante de limão também... _ a menina disse apontando para o copo da mulher.

Stella riu ainda mais.

- Filha, não é refrigerante. Isso é outra coisa que criança não pode beber.

- Elas são umas grancinhas... _ Stella comentou _ Lindas!

- Obrigada, dra. Mills.

- Então? Vocês vieram conhecer o trabalho da mamãe?

- Ela que obligou nós... _ Ella respondeu.

- Isabella! _ Addison repreendeu _ Não dê muito ouvidos ao que essa coisinha aqui fala, doutora.

- Você também é médica? _ Katie perguntou.

- Sou. E você? Vai ser médica também quando você crescer?

- Também. Mas eu ainda não sei de quê porque o meu pai é de cérebro e a minha mãe é de bebê. Então eu ainda não sei pra qual dos dois que eu vou seguir.

- Você pode ser nenhum e nem outro também. Você pode ser médica de outras coisas. Existem diversas especialidades.

- Se eu trabalhasse na NASA, eu poderia ser médica de alienígena, não poderia?

Stella riu e Addison acompanhou.

- Ela está com uma fixação com esse negócio de NASA _ explicou.

- E você é médica de quê? Eu já conheço médico de bebê, de criança, de cérebro, de mulher, de beleza, de osso, de coração...

- Nossa! Você conhece tudo isso?

- É que a minha mãe e o meu pai só têm amigo médico.

- Entendo. Eu sou médica como a sua mãe. A gente cuida do lugar onde os bebês ficam antes de eles nascerem, depois a gente pode cuidar dos bebês também.

- Médica de estômato _ Ella disse fazendo todos rirem de novo.

- Mas os bebês não ficam no estomago. Eles ficam em outro órgão _ disse Katie.

- Rabiga! _ Ella disse.

- É útero, filha.

- Isso! _ Katie exclamou.

- É... A gente é médica de útero também _ disse Stella.

- Mami, nós pode comer naquela lanchonete poque eu ainda com fome... _ Ella choramingou.

- Ok, vamos lá... Mas daqui a pouco a mamãe tem um monte de coisas pra fazer lá no laboratório e vocês precisam me deixar em paz _ Addison disse pegando a filha em seu colo _ Com licença, doutora.

- Toda.

Então ela saiu do salão com as filhas e levou-as até a lanchonete, onde elas se sentiram mais à vontade e felizes.

***

Amelia não acreditou quando procurou pelo seu paciente no quarto, estranhando a demora de April para levar até ela os resultados da tomografia, e foi informada de que Derek havia o levado para a sala de cirurgias há algumas horas. Ela nem ao menos esperou o elevador, subiu um andar de escada e correu até o centro cirúrgico em que ele estava para conferir aquilo com seus próprios olhos. Esfregou os braços com o máximo de rapidez e raiva e logo foi até a sala de cirurgias onde as enfermeiras aproximaram para paramentá-la.

- EU NÃO ACREDITO! _ ela gritou furiosa.

- Aspiração _ Derek pediu _ Amy, não precisa se paramentar _ ele disse sem tirar os olhos do que fazia.

- Claro que precisa! Quero está estéril para entrar aí e enfiar esse bisturi no seu olho!

Os funcionários ficaram surpresos em ver alguém se dirigindo a ele daquela forma. Depois de colocar as luvas, Amelia entrou e parou ao lado de April.

- Kepner, sai daí! Você está na minha lista negra agora.

- Mas foi ele que me colocou nessa posição péssima! _ a residente argumentou se afastando.

Amelia a empurrou e tomou seu lugar. Derek já estava fechando a cirurgia.

- Amy! Ele nunca teve chance. Eu entrei endovascularmente para resolver o aneurisma, mas ele está sangrando do novo.

- Eu estou vendo. Não sou cega. Cola de fibrina _ ela pediu esticando a mão.

- Porque a aspiração não está funcionando? Alguém pode trocar o recipiente?

- Amy...

- Eu estou vendo. 100 g de manitol, 125 de solu-medrol.

- Ele vai herniar _ Derek disse.

- Talvez não tenha tempo. Acho que ele nem está mais aqui _ ela disse jogando o que tinha em mãos no chão.

Derek era obrigado a concordar.

- Knox, cheque as pupilas _ ele ordenou.

O interno se movimentou e obedeceu.

- Fixas e dilatadas. Sem reflexo de Gag.

- Ele já deve estar com morte cerebral _ Derek disse.

Amelia lançou um olhar frio para o irmão e saiu da sala de cirurgias tirando o avental cirúrgico. Depois de alguns minutos sentada em seu consultório, ela pegou um gravador e começou a falar o quadro do paciente para posteriormente pedir que algum interno preenchesse o laudo do óbito.

- Homem de 35 anos, admitido após ser ejetado de uma moto sem capacete...

Derek entrou no consultório e fechou a porta sob o olhar cheio de raiva que ela lhe lançava.

- O que foi? _ ela perguntou depois de pausar a gravação.

- Eu posso fazer isso se você quiser...

- Você vai querer roubar até isso?

- Roubar? _ ele perguntou _ Eu só estou tentando ajudar você. Esse rapaz era causa perdida.

- Se era ou não, ele estava sob a minha responsabilidade e eu não pedi a sua ajuda! _ ela exclamou _ Eu não quero mais nenhuma intimidação desse tipo!

- Intimidação? Mas eu só estou tentando ser gentil.

- EU JÁ ENTENDI! _ ela gritou levantando-se _ Você era o rei da neurocirurgia nesse hospital, é o braço direito do presidente, está acostumado a ter tudo o que você quer, à hora que você quer, mas por alguma reviravolta do destino, a vida está mostrando pra você que as coisas não funcionam assim. O seu trabalho não deixa você ficar na sala de cirurgias como antes, a Addison não se deixou levar pelas suas vontades... Então agora você precisa se provar o rei do hospital, chutando os peões pra fora para se sentir melhor! Se sentir melhor porque, Derek? Por fazer o que você sempre faz? Ser incapaz de abrir mão das suas coisas em função das pessoas, por mais que você as ame? Você diz que ama a Addie, estava desesperado para que ela te aceitasse de volta, mas na primeira provação que a vida fez com você, você escolheu o seu cargo, a sua pesquisa, diante das suas filhas e da mulher que te aceitou de volta porque você foi lá pedir!

- Você, mais do que ninguém, deveria entender que essa pesquisa é o futuro da neurociência! Nós teríamos sonhado com isso na faculdade se soubéssemos que era possível...

- Já que você está tão certo disso, então pare de se culpar por não ter desistido! _ ela exclamou como se estivesse lendo a alma dele _ O mínimo que você poderia fazer é parar de andar por aí punindo as pessoas por uma escolha que você fez!

- Mas eu não fiz nenhuma escolha! _ ele disse _ Foi a Addison que fez uma escolha e me jogou contra a parede. Ela disse que estava tudo bem eu ficar, que não seria um problema. Mas justamente porque eu amo as minhas filhas e eu amo a minha esposa, eu estou me sentindo assim por estar aqui. Eu queria encontrar um jeito... Um jeito que beneficiasse nós dois, mas não tem. Eu quero o melhor pra ela, quero que ela tenha tudo o que sonhou, mas ser o chefe de cirurgias... Eu sei que isso não vai acontecer em Nova York.

Amelia fez uma negativa com a cabeça.

- Eu nunca dei um passo para trás na minha carreira, Amy! Nunca! Voltar pra Nova York significa dá um passo pra trás. Isso seria péssimo pra mim e eu não quero culpar a Addison por isso.

- Você consegue ser ainda mais ridículo do que você já é...

- Eu nunca me senti assim antes, mas eu sinto que ela está me forçando a fazer isso. Ela está me forçando a deixar o meu cargo aqui em Seattle e dá um passo pra trás.

- Eu sei o que é dá um passo pra trás. Conheço essa sensação. Estou me sentindo assim agora.

- Amy, eu não estou tentando...

- MAS VOCÊ ESTÁ FAZENDO! Pisando em mim para se sentir superior e a Addison... Você diz que quer que ela se realize, que ela realize os sonhos dela, mas desde que isso não interfira com você, não é? Isso não é justo! Você fica falando sobre ela forçar você a tomar atitudes, mas eu não estou vendo ela forçar você em nada! Você escolheu estar aqui! Você precisa assumir as suas escolhas!

- Eu estou tentando _ ele disse pausadamente.

- Eu sei. Todos estamos tentando, mas ninguém quer abrir mão de suas vidas. Ninguém deveria abrir mão das suas vidas. Não é?

Derek ficou em silêncio por alguns minutos, então saiu da sala da irmã. Quando voltou ao seu consultório, a pilha de papéis que Patrícia havia lhe entregue pela manhã continuava intocada. Ele jogou o corpo na cadeira confortável, olhou para o teto por alguns segundos, em seguida teve sua atenção tomada para a imagem de Addison e as filhas no porta-retratos sobre a sua mesa. Elas estavam sorridentes e só aquilo passava tranquilidade para ele.

"Você diz que ama a Addie, estava desesperado para que ela te aceitasse de volta, mas na primeira provação que a vida fez com você, você escolheu o seu cargo, a sua pesquisa, diante das suas filhas e da mulher que te aceitou de volta porque você foi lá pedir!"

As palavras de Amelia repassaram na cabeça dele. Então ele esticou o braço e ligou o computador. Mexeu por alguns minutos e começou a assistir à palestra que Addison havia dado na TED communication. Até aquele momento, ele havia evitado assistir àquilo. Por algum motivo, ver a ascensão de Addison o deixava pra baixo e o fazia lembrar que ele fora obrigado a entregar sua pesquisa sobre o Alzheimer, que de certa forma era a que ele mais confiava para lhe render sucesso profissional e prêmios. Provavelmente seria ele o indicado ao Harper Avery se houvesse continuado o trabalho.

"...E nós temos que conviver com isso diariamente, desde a escolha da nossa especialidade, até o exercício da nossa profissão. Os profissionais de fora, de outras áreas da cirurgia, acham que fazer medicina neonatal e medicina pediátrica, é fazer cirurgia em miniatura, mas na verdade..."

Após assistir todos os 40 minutos de palestra, Derek sorriu orgulhoso. Teve vontade aplaudi-la. Então desligou o computador e puxou o telefone de sua mesa para ligar pra ela. Não demorou mais que alguns segundos para a ligação ser atendida.

- Alô. Esse é o celular da mami... _ ele ouviu uma vozinha do outro lado da linha.

- Ella? É o papai...

- PAPI!!! _ a menina exclamou.

- Oi, meu amor. Tudo bem com você?

- Papi, poque vochê nunca mais ligou?

- Papai estava ocupado em D.C., meu anjo. Só agora eu estou em Seattle.

- Hum... Eu pensava que você tinha outa família e outas duas filhas.

Ele arqueou as sobrancelhas em surpresa.

- De onde você tirou essa ideia?

- Eu que vi em um filme.

- Filha, filme é de mentirinha.

- Eu sei.

- Cadê a sua mãe? Eu queria falar com ela...

- Ella? Com quem você está falando no meu celular? _ Addison perguntou adentrando à sala, onde a filha estava sentada sozinha no sofá.

Naomi a acompanhava.

- É o papi... Ele quer falar com vochê, pega.

Addison pegou o celular da mão da filha e sentou ao lado dela.

- Addie...

- Oi, meu amor. Tudo bem?

- Sim...

- A Katie estava louca pra falar com você, mas ela está dormindo agora...

- Mami, minha rabiga doendo... _ Ella disse sentando no colo da mãe _ Eu acho que é o meu útero.

Derek estranhou o comentário da filha.

- O que tem o útero dela, Addie? _ perguntou preocupado.

- Nada... Meu amor, não é o seu útero. É porque você tomou muito milk shake na lanchonete. Eu avisei pra você que doeria _ Addison disse passando a mão na barriga da filha _ Elas foram comigo para a universidade hoje e ouviram falar sobre útero _ ela explicou à Derek _ Aí agora ela acha que barriga e útero é a mesma coisa.

- Hum... Como é que estão as coisas por aí?

- Nós estamos bem... Nai está mandando um beijo pra você.

- Ah! Outro pra ela. Eu cheguei em Seattle hoje.

- Você estava em D.C.? _ ela perguntou.

- Humrum... Mas não deu para ir em Nova York. Desculpa.

- Não... Tudo bem. Eu entendo. Mas você está bem? Como está sendo o seu dia?

- Eu entrei em uma sala de cirurgias hoje...

Addison riu.

- Ótimo.

- E você levou as meninas para o seu trabalho...? _ ele perguntou, não querendo entrar em detalhes sobre a sala de cirurgias.

- Foi. Elas não tinham aula. Precisei levar as duas comigo. O que foi um desastre, Derek, você não pode imaginar.

- Mami, não seja fofoqueila! _ Ella sussurrou para a mãe.

Addison abriu os lábios arqueando as sobrancelhas, enquanto Naomi gargalhava.

- Você ouviu isso, Derek? _ perguntou.

Derek não deixou de rir do outro lado da linha.

- Você pode imaginar que nós estávamos lá assistindo à uma qualificação de uma defesa de tese e a Isabella ficou com vontade de fazer xixi, bem na hora em que eu não podia sair para levar?

- Hum?

- Aí eu peço pra Katie ir lá com ela e elas saem super discretamente correndo no auditório que estava em silêncio.

Ele riu novamente ao imaginar as filhas correndo. Em seguida os dois ficaram em silêncio.

- Addie... A sua pesquisa... Você nomeou de Montgomery Method? _ ele perguntou.

- Foi.

- Porquê?

Ela estranhou a pergunta.

- É o meu nome, não é?

- É... _ ele disse sem jeito.

- Porque? _ foi a vez dela de pergunta.

- Nada... É que... Isso é audacioso...

- Você acha?

- Principalmente para quem está encabeçando seu primeiro estudo de peso.

- Derek, não força. Você faria a mesma coisa. Eu lembro que você me falou sobre aquele de Alzheimer...

- Seria Montgomery-Shepherd Method. Você me ajudou bastante...

- Você quer que nomeie o meu como Montgomery-Shepherd Method? _ ela perguntou ironicamente.

- Claro que não, Addie! Não faz sentido...

- Concordo.

Ele ficou em silêncio e passou os dedos na testa.

- Addie... Eu... Eu não vou estar em D.C. Não vou poder ir para Boston acompanhar você na premiação do Harper Avery.

Ela havia ficado triste com a notícia dele, mas ficou em silêncio por alguns segundos. Tinha demorado para que ele lhe convencesse a usar os convites para a premiação e agora não ia mais poder ir.

- Ok _ ela disse o surpreendendo.

- Tem certeza? _ ele perguntou.

- Claro. Tudo bem. Eu vou só marcar presença mesmo. Você sabe... Duvido que eu possa ganhar.

- Não fala assim. Eu desejo muito boa sorte para você.

- Ok. Obrigada.

- Bom, agora eu tenho que desligar porque tenho muitos papéis para assinar, mas eu ligo pra vocês amanhã, ok?

- Tudo bem.

- Tchau.

Os dois desligaram a ligação e Addison voltou-se para Naomi, que já sabia que alguma coisa estava acontecendo.

- Ella, vem que a mamãe vai colocar você na cama. Me espera por um minuto, Nai?

- Claro.

- Mas eu não estou com sono _ a menina argumentou.

- Está sim. Vem.

- O que o meu papi disse?

- Que amanhã ele vai ligar de novo pra você. Agora vamos dormir.

- Você vai ler o Harry Potter?

- Não. Hoje é o dia da Katie e ela já está dormindo. Então me poupe de ler Harry Potter _ Addison disse _ Eu vou colocar você bonitinha na cama e você vai dormir.

- Mas você precisa contar uma história!

- Por favor, Isabella...

Ela subiu com a filha e colocou-a na cama. Ficou por alguns segundos acariciando seus cabelos, então saiu do quarto para encontrar com Naomi na sala.

- Ela dormiu? _ Naomi perguntou.

- Ainda não. Pode descer há qualquer momento... Você viu como a Katie não dá trabalho nenhum? Ela sempre foi assim independente, mas a Isabella... O Derek detesta quando ela quer dormir com a gente na cama.

Naomi riu.

- Eu posso imaginar porque ele odeia.

- Não. Não é nem por isso. Ela é espaçosa, se mexe muito.

- Falando em Derek... _ disse Naomi querendo voltar ao assunto que fez com que ela ficasse esperando a amiga.

- Ah! Falando em Derek... _ Addison disse como se estivesse lembrando de algo _ Ele ligou para avisar que não vai poder me acompanhar no evento do Harper Avery.

- Que pena! _ disse Naomi.

- É... Que pena.

Naomi apertou os olhos e olhou para a amiga.

- O que foi? O que você está pensando? _ perguntou.

Addison contraiu os lábios e se ajeitou no sofá, cruzando as pernas. Estava com vergonha do que estava pensando.

- Eu queria que ele estivesse lá comigo.

- Claro que você queria. Talvez se você pedisse...

- Não... Eu não vou fazer isso.

- Porque não, ué?

- Porque ele deve estar muito ocupado nesse dia. Por qual outro motivo ele não iria?

Naomi continuou em silêncio. Conhecia a amiga há tempo suficiente para saber que ela não pensava o que estava falando naquele momento.

- Nai, você acha que... Assim... Ele pode estar... _ ela respirou fundo _ Ele veio com uma conversa de que o fato de eu ter nomeado a minha pesquisa como Montgomery Method era muito audacioso...

- Ele disse isso?

- Disse. Você acha que o Derek pode está com ciúmes disso? Você acha que ele pode está com ciúmes de eu ter sido indicada ao Harper Avery e ele não, e que por isso ele não quer ir comigo?

- Ciúmes não é bem a palavra, não é? Nesse caso ele estaria com inveja mesmo... _ Naomi disse de forma sincera.

- Não...

- Addie! Você sabe que é isso, só não quer aceitar dentro de você. O Derek sempre quis chegar primeiro nas coisas, sempre foi muito competitivo. É dele, você não tem que se abalar com isso.

- Claro que não, mas... Quantas vezes eu deixei de fazer o que eu queria para acompanhar ele em eventos que ele achava importante?

- Mas também... Ele pode está ocupado de verdade.

- Eu espero que sim.

- Mami, vochê me deixou sozinha na cama... _ Ella disse descendo as escadas.

Addison revirou os olhos, fazendo com que Naomi gargalhasse.

- Bom, eu vou pra casa, Addie. Amanhã a gente se fala... _ disse despedindo-se da amiga.

- Ok. Boa noite.

- Boa noite.

- Você quer ser minha acompanhante no prêmio Harper Avery?

- Já que você faz tanta questão.

As duas riram. Depois que Naomi saiu, Addison voltou-se à filha e as duas subiram juntas. Dessa vez Addison levou a menina até seu quarto e deixou que ela dormisse ao seu lado na cama.

***

- Mami, eu vou com esse pa combinar igual que nem vochê _ Ella disse aparecendo no quarto da mãe com um vestido vermelho cor de vinho, que tinha uma cor aproximada do vestido que Addison usava em frente ao espelho do closet do pequeno apartamento que ela havia alugado durante aquele dia em Boston tendo em mente que o evento de premiação acabaria muito tarde, o que a deixaria sem condições de voltar para Nova York no mesmo dia.

- Filha, vai guardar esse vestido, porque eu já disse que vocês não vão. Eu nem vi você colocando isso na sua bolsa.

- Mas eu quelia...

- Katie, fecha aqui pra mim... _ Addison disse ficando de costas para que a filha fechasse o zíper de seu vestido.

A menina obedeceu.

- Eu já conversei com vocês e falei que vocês vão ficar aqui nesse apartamento com a Maya. Amanhã a gente sai pra comer alguma coisa gostosa e conhecer a cidade. Está aparecendo o meu sutiã aí atrás? _ perguntou.

- Não _ Katie respondeu.

- Você consegue fechar esse colar?

Katie subiu no banco largo e almofadado ao meio do cômodo e ficou por alguns minutos tentando fechar o colar de ouro branco que Addison usaria. Os cabelos ruivos dela estavam presos em uma trança holandesa muito elegante, com alguns fios caídos à frente.

- Porque é proibido você levar nós? _ Ella perguntou sentando ao lado dos pés da irmã.

- Porque vai acabar muito tarde e eu não quero ninguém dormindo no meu colo...

- Mas eu plometo...

- Não, Isabella! _ ela interrompeu _ Eu já disse que vou trazer uma lembrancinha para vocês de lá, não disse? Vocês querem que eu traga o quê? Docinhos?

- Eu quelia ver vochê ganhando o Oscar.

- Não é o Oscar, filha... E olha, eu nem vou ganhar, só vou por educação porque é feio não ir à uma festa em que você é convidado _ Addison disse _ Vai ser um evento muito chato, cheio de adultos conversando sobre assuntos chatos... Vocês iriam odiar. Você ainda não fechou, Katie?

- E porque vochê vai, se vochê nem vai ganhar?

- Porque a vida é assim mesmo. Nem sempre a gente ganha. Então, Katie?

- Já estou quase lá... Pronto! _ a menina disse quando enfim conseguiu fechar o colar da mãe.

- Você está precisando mesmo usar óculos.

Addison se olhou no espelho por alguns segundos e respirou fundo.

- Você está linda! _ Katie disse sorrindo.

- Obrigada, querida.

- Tá palecendo uma plincesa! _ Isabella disse.

Addison sorriu.

- Ah! Eu tenho uma coisa pra você! _ Katie exclamou como se estivesse lembrando de algo _ Espera um pouco que eu vou buscar...

- Ok.

A menina saiu correndo do quarto e em, alguns segundos, Naomi entrou ali.

- Addie... Uau! Você está deslumbrante! _ exclamou _ Eu estou até com vergonha de andar ao seu lado.

Addison fez uma negativa com a cabeça enquanto sorria.

- Você também está linda.

- Vamos? A gente já está cinco minutos atrasadas.

- Ah! Claro _ Addison disse _ Vamos.

Ela abaixou-se em frente à caçula, que estava cabisbaixa, e beijou o rosto dela, deixando uma marca vermelha de batom na bochecha macia.

- Desculpa a mamãe não poder levar você, ok? Daqui há alguns anos você vai entender.

- Eu quelo ir também... _ a menina choramingou.

- Não fica assim. Vamos levar a mamãe até a porta.

As três saíram do quarto e já estavam na sala quando Katie apareceu apressada.

- MAMÃE!!! Eu falei pra você esperar!

- Oh, meu amor... Desculpa.

A menina se aproximou da mãe e abriu, em frente à ela, a mão que estava fechada.

- Pra dá sorte...

Era um anel que Addison conhecia muito bem por ter visto por anos no dedo da sogra.

- Foi o papai que me deu e é a única coisa que eu tenho que serve em você.

Addison sentiu um arrepio passando em seu corpo e quase se emocionou.

- Obrigada, meu amor.

Ela se abaixou e deu um beijo demorado no rosto da filha.

- Eu vou ficar torcendo muito por você _ Katie disse.

- Obrigada. Mamãe te ama muito. Agora eu preciso ir.

- Boa sorte.

Addison deslizou o anel em seu dedo e enfim saiu com Naomi. Katie sentou ao lado da irmã e de Maya, quando olhou para o lado, viu que o celular da mãe estava sobre a mesa de centro.

- Ela esqueceu o celular dela.

Então ela voltou a atenção para o filme que passava na TV e ficou assistindo com a irmã. Nem percebeu que o celular estava recebendo uma chamada naquele momento.

***

Derek deixou o celular de lado e andou de um lado a outro no seu consultório, se perguntando se Addison tinha ficado chateada com ele a ponto de não atender suas ligações. Mark entrou sem que ele esperasse, trazendo duas garrafas de cerveja no jaleco. Ele colocou em cima da mesa e rapidamente se movimentou para fechar as persianas.

- E então? Ela já está lá? _ perguntou.

- Eu não estou conseguindo falar com ela no telefone.

- Cara, relaxa e toma essa cerveja. Ela deve está ganhando o Harper Avery _ disse Mark imaginando _ Ela tem grandes chances de ganhar, você sabia?

Derek deu um gole na garrafa que acabara de abrir.

- Você tem noção disso? Nós vamos definitivamente conhecer alguém que ganhou um Harper Avery!

Derek revirou os olhos.

- Você acha que ela ainda gosta ou sente alguma coisa por aquele ex-namorado dela? _ ele perguntou deixando Mark sem entender.

- Ex-namorado?

- Dr. Noah Barnes.

Mark pensou por alguns segundos.

- Eu nunca pensei que ela fosse apaixonada por ele _ respondeu de forma sincera _ Porquê?

- Ela convidou ele para acompanhá-la na premiação. Ele me pediu alguns dias de licença e hoje Arizona me contou que ele havia viajado para Boston e que...

- Pronto. Está explicado porque você está com essa cara _ Mark disse antes de dá mais um gole na bebida _ Você está com ciúmes.

- Não era para estar? Minha esposa, namorada, não sei o que a Addison pensa que ela é pra mim, convidou outro homem, o ex dela, para uma premiação importante...

- Espera aí, Derek. Você está dizendo que ela não convidou você?!

- Ela convidou, mas... Eu não pude ir _ ele mentiu _ Então ela foi lá e convidou outra pessoa...

- Você está literalmente com ciúmes. Vai ver ela fez isso de propósito, para provocar você.

- Não faz o tipo dela fazer qualquer coisa de propósito.

***

- Ainda bem que você veio _ Addison disse segurando a mão de Noah, que estava elegante ao seu lado _ Minhas mãos estão suando...

- Estou vendo... Calma. Respira fundo.

Ela obedeceu. O salão estava lotado com pessoas muito bem elegante e vez ou outra a iluminação do flash de um fotografo se destacava. Naomi percebeu que a amiga já havia tomado três taças de vinho, antes de pegar mais uma da bandeja do garçom que passava novamente à sua frente.

- Addison, vai com calma...

- Eu já falei pra ela _ disse Noah.

- Vocês, que são pessoas que me conhecem, sabem que eu preciso de muito mais que uma garrafa de vinho para ficar bêbada _ ela disse _ Essa safra é ótima demais para um evento.

Mexeu um pouco as mãos para movimentar o liquido no fundo da taça, em seguida deu mais um gole.

- A essa altura eu já estou arrependida de não ter trazido as meninas. Elas estariam falando alguma coisa engraçada para divertir a gente.

Noah sorriu ao imaginar.

- Estariam mesmo.

- Com licença. Addison, esse é Steven Sogem, de Stanford, ele está encantado com a sua pesquisa _ disse Vivian Carlsmith ao aparecer ao lado dela _ Ele gostaria de conhecer você.

- É um prazer... _ Addison disse apertando a mão do homem grisalho à sua frente.

- O prazer é todo meu. Eu estava falando com a dra. Carlsmith sobre a pesquisa que você desenvolveu. É um verdadeiro avanço para a medicina neonatal. Quando aquelas estruturas puderem ser fabricadas... Você já pensou em qual periódico você irá publicar?

- Eu ainda preciso revisar bastante para saber em qual ela se encaixa.

- Science! _ o homem sugeriu empolgado _ Publique na Science.

Addison arrepiou-se e sorriu sem jeito.

- Eu não sei se é um trabalho tão grandioso assim para que a Science venha a querer publicá-lo.

- Vai por mim. Esse trabalho merece ser informado na revista de maior alcance. O peso do seu trabalho publicado na Science seria incalculável.

Addison sorriu. Então uma das pessoas que trabalhavam no evento aproximou-se do pequeno grupo e informou que a premiação aconteceria em alguns minutos. Junto com o arrepio que percorreu seu corpo, Addison sentiu uma reviravolta muito forte em seu estomago. Aproveitou que todos estavam de costas para ela, seguindo em direção à grande passagem para o salão principal, e virou toda a taça que tinha em mãos. Então parou de caminhar, abriu sua bolsa para pegar o celular e ligar para Derek, mas não encontrou o aparelho ali.

- Merda!

- Senhora, por favor... _ uma jovem elegante sugeriu que Addison deveria entrar.

Ela sorriu contra a sua vontade e entrou no salão muito elegantemente decorado. Haviam muitas mesas e cadeiras ocupadas por muitos médicos renomados, ela conhecia a maioria de vista. Continuou caminhando, procurando a sua mesa, evitando olhar muito em volta, imaginando que Bizzy e Captain poderiam estar ali como em todos os anos.

Quanto mais ela andava em meio àquelas intermináveis mesas redondas, mais seu coração acelerava. Não podia imaginar que sentaria tão próxima ao palco, em evidencia, até que visse Naomi de pé, balançando o braço delicadamente para acenar pra ela. Ela acelerou o passo e finalmente sentou ao lado da amiga e Noah. Ao centro da mesa havia uma pequena placa com o seu nome.

Addison Montgomery, M.D., F.A.C.S., F.A.C.O.G.

(Nominate)

Ela esticou o braço e pegou um dos petiscos que tinham ao centro da mesa. Naomi apontou discretamente para uma direção, em que a amiga olhou rapidamente, acreditando que, por algum milagre, Derek estivesse ali para lhe fazer uma surpresa, mas o que os olhos dela realmente encontraram foram Bizzy e Captain, ocupando uma mesa, conversando sorridentes com alguns médicos, entre eles Vivian Carlsmith, a chefe de cirurgias do hospital em que Addison trabalhava em Nova York e sua amiga pessoal. Ela ficou por alguns segundos olhando os pais, admirando a capacidade deles de atuação em frente às pessoas que não sabiam sobre a vida silenciosa que eles levavam em uma mansão em Connecticut.

Dentro de alguns minutos as luzes diminuíram tomando um tom de vermelho rosado muito fraco. Todos os convidados já estavam sentados em suas respectivas mesas e não havia mais movimentação de ninguém. O ponto mais iluminado do salão era um palco não muito alto, onde havia um púlpito de vidro com a logo marca da Harper Avery Foundation. Ao lado do mesmo, sobre um púlpito menor, iluminado por uma luz branca como algo de muito valor em um museu, estava o troféu médio de cristal, em formato de um prisma obliquo, em que era possível ver que havia algo escrito ao meio. Addison sabia que as frases sempre variavam, por ter ficado por horas, quando criança, observando os dois prêmios de seu pai enfeitando uma das estantes do escritório dele em casa. Naquele momento, de onde estava, não conseguia ler o que estava escrito naquele.

Ela não precisou do telão que estava posicionado em um ponto alto do salão para ver quando uma mulher negra, de curvaturas muito belas, trajando um vestido verde elegantíssimo, atravessou o palco desfilando sob os aplausos de todos e parou em frente ao púlpito. Ela tinha os cabelos ondulados em um castanho claro e um bom humor que Addison conhecia muito bem desde criança. Era Catherine Avery.

- Boa noite a todos... _ ela disse com uma voz charmosa.

Então apoiou as mãos no púlpito e começou a falar como se olhasse nos olhos de cada uma das pessoas presentes naquele evento.

- Cirurgia é a mais ousada e destemida das áreas de curar. O prêmio Harper Avery tem o objetivo de celebrar aqueles que destruíram obstáculos, mudaram a direção e inventaram o futuro de como viver, curar e prosperar. Acreditamos que os cirurgiões que estão aqui nessa noite, estão redefinindo a medicina para as futuras gerações. E é sempre pensando nisso que todos os anos chamamos para entregar o prêmio Harper Avery ao vencedor, uma das mentes que já foram premiadas em noites como essa e que fizeram suas grandes contribuições para a ciência e a medicina. Essa noite, gostaria de chamar aqui a dra. Vivian Carlsmith, chefe de cirurgias do Mount Sinai Hospital em Nova York, que já ganhou dois prêmios Harper Avery por seus trabalhos com estrutura cardíaca de fetos na fase primaria de gestação.

Vivian subiu ao palco sob o aplauso de todos. Ela ajeitou os cabelos finos e curtos que caiam em seu rosto, em seguida cumprimentou Catherine. Seu corpo muito magro, quase desapareceu diante das curvas da mulher, mas ela logo se colocou em frente ao púlpito e agradeceu pelas palmas. Uma jovem aproximou-se dela e entregou-lhe um envelope. Ao abrir, Vivian quase não conseguiu disfarçar. Ela colocou-o sobre o púlpito e voltou-se para o microfone.

- A mente cirúrgica precisa ser sempre inspirada, sempre fazendo as perguntas mais difíceis. Eu acredito que o prêmio Harper Avery é uma celebração disso, sobre o tipo de mente que eu vi na premiada dessa noite, mesmo quando ela era apenas uma interna.

Naomi e Noah sorriram, enquanto Addison continuava com o mesmo semblante ansioso. Ela ainda não havia se dado conta de que Vivian estava falando dela, tamanha era a sua ansiedade.

- Senhoras e senhores, eu tenho a honra, muita honra de verdade _ ela salientou _ E orgulho de apresentar pra vocês a ganhadora do Harper Avery desse ano _ disse Vivian _ dra. Addison Forbes Montgomery.

Nesse momento, ao ouvir seu nome, Addison sentiu algo muito forte lhe atingir e seu coração acelerar ainda mais. Ela não imaginava que aquilo fosse possível. Uma luz forte foi colocada sobre a mesa dela, enquanto todos aplaudiam. Ela levantou-se, cumprimentou Naomi e Noah sem ouvir nenhuma palavra do que eles lhe disseram, então dirigiu-se até o palco, ouvindo os aplausos como se eles estivessem muito longe e sorriu ao cumprimentar Catherine Avery e sua mentora, que já lhe aguardava com o prêmio em suas mãos. As duas se abraçaram fortemente.

Vivian chegava a lagrimar tamanho era o seu orgulho e sensação de dever cumprido. Quando se afastaram, Addison limpou com o polegar as lágrimas discretas que marejavam os olhos de sua mentora e finalmente pegou o prêmio de suas mãos. Tentou ler a frase que estava escrita pra ela, mas àquela altura sua cabeça estava há mil e ela não conseguiu se concentrar naquilo. Colocou-se em frente ao púlpito e varreu o salão com os olhos para olhar os convidados.

Os outros indicados, lhe olhavam com aquele olhar de quem se achava mais merecedor e que estava se esforçando ao máximo para sorrir; "Os cirurgiões não têm espirito esportivo..." ela lembrou. Ao passar os olhos pela mesa dos pais, que também era uma das primeiras, sorriu em ver Captain mandando beijo para ela, como fazia quando ela era criança e ele ia assistir suas apresentações de piano na escolinha de artes; já Bizzy, por mais que tentasse, ela sabia que ela estava tentando, não conseguia parecer fria, ela estava realmente orgulhosa da filha e não conseguia disfarçar aquilo.

- Obrigada, dra. Carlsmith. Obrigada a todos _ Addison disse finalmente começando a falar _ Para ser sincera, eu não preparei nada. Não acreditava que eu fosse subir nesse palco essa noite.

As pessoas riram baixo.

- Por isso eu não sei muito bem a quem agradecer e estou morrendo de medo de esquecer alguém. Outro dia mesmo eu estava revisando o meu artigo sobre esse trabalho para publicação e travei exatamente nessa parte do agradecimento, porque a gente sempre acaba por esquecer alguém, mas vamos lá. Esse é sempre um momento muito difícil _ ela continuou _ Primeiramente eu gostaria de agradecer à dra. Carlsmith. Eu não estaria aqui sem a sua orientação, incentivo e apoio. Ela sempre dizia, quando eu ainda era uma interna no programa de cirurgias, que bastava uma pessoa, uma paciente, para mudar a sua vida inteira pra sempre. Para mudar suas perspectivas, mudar seus pensamentos, para forçar você a reavaliar tudo o que acha que sabe, para fazer você se perguntar as perguntas mais difíceis. Você sabe quem você é? Você entende o que aconteceu com você? Você quer viver assim? Quando eu conheci Sean Patruchi, ela não pode estar aqui essa noite, ela vinha de um histórico muito comovente de uma mulher que tenta engravidar e não consegue, como tantas outras no mundo e o que mais me comoveu na história dela foi o fato de que ela queria ter aquela filha, por mais que todos os especialistas em medicina fetal e neurocirurgia dissessem a ela as limitações do bebê e que a criança não poderia viver por muito tempo. Eu era uma residente na época, jovem, com aquela mente ideológica, que eu acredito que todos nós já tivemos um dia, e resolvi fazer exatamente isso: seguir os conselhos da minha mentora. Resolvi desafiar tudo o que eu já sabia e tentar olhar além; tentar fazer de uma forma eficaz tudo o que a gente tenta fazer todos os dias em uma sala de cirurgias, que é driblar a morte, porque nós somos apaixonados pela vida. Eu nunca pensei que esse trabalho tivesse dado certo até que me falarem de um blog em que Sean Patruchi colocava o desenvolvimento da sua filha Gwen e ela relatou, de forma muito emocionada, o dia em que a Gwen começou a andar e isso foi algo muito emocionante pra mim e me fez retomar o trabalho com espinha bífida. A isso, ao retorno desse trabalho, eu agradeço muito ao dr. Noah Barnes, que esteve ao meu lado me apoiando da forma mais carinhosa e paciente possível. Claro, que eu não posso deixar de agradecer à essa paciente, Sean Patruchi, por ter acreditado em mim, confiado na minha intuição e se deixado operar por uma residente. Ela foi uma das primeiras cirurgias à solo que eu fiz e talvez a primeira que não era um parto.

As pessoas riram.

- Bom, se eu soubesse que aquela cirurgia tinha sido tão bem-sucedida, eu teria transformado em artigo e publicado em um periódico de medicina na época. Seria audacioso uma residente publicando uma pesquisa daquela como trabalho individual em uma revista, mas também seria divertido ver a cara dos meus colegas de programa em ver que justo eu havia ascendido daquela forma. As pessoas não te levam muito a sério quando você é mulher é um programa de cirurgia, muito menos quando você escolhe uma especialidade de mulherzinha. Acreditem, essas coisas ainda existem. O que é um absurdo olhar pra trás e ver que dra. Carlsmith passou por isso, dra. Avery passou por isso, eu passei por isso, muitas das cirurgiãs que estão aqui presente passaram por isso e talvez minhas filhas venham a passar. Não que eu esteja designando que minhas filhas serão cirurgiãs também, é claro _ ela disse fazendo os convidados rirem novamente _ Elas vão ser o que elas quiserem. Mas o fato é que, em qualquer profissão, nós mulheres temos que trabalhar duas vezes mais para chegar até púlpitos como esses, para receber prêmios como esses e etc... No entanto, eu tenho que confessar, enquanto eu estava sentada ali, esperando por aquele resultado, eu estava pensando: É claro que eu não vou ganhar, eu sou a única mulher indicada...

"E estava esperando alguém chegar para me confortar..." ela pensou lembrando de Derek.

- Mas agora que eu estou aqui, estou pensando exatamente, que tinha que ser eu. Estou pensando em tudo o que eu sacrifiquei, tudo o que eu superei para estar aqui essa noite. Então, acima de tudo, eu dedico esse prêmio às minhas filhas, Katherine e Isabella, e a todas as mulheres cirurgiãs que vierem depois de mim. Eu não ganhei o prêmio Harper Avery, eu o conquistei. Obrigada.

As pessoas se levantam para aplaudir. Addison desceu do palco com o troféu na mão e ficou por horas recebendo os cumprimentos de todos na festa que aconteceu após a premiação.

***

Quando chegaram ao apartamento que alugaram, Naomi e Addison dirigiram-se, cada uma ao seu quarto. Addison desceu dos sapatos aliviando seus pés, assim que fechou a porta, então deixou sua bolsa sobre um móvel e sorriu para as meninas que dormiam na cama de casal. Antes de andar até o banheiro e tirar a maquiagem, ela pegou seu celular que estava ao lado do de Katie em uma mesa e viu que havia uma chamada de Derek. Não fazia ideia de que horas era aquela em Seattle, mas retornou à ligação, que logo foi atendida.

- Addie, como foi? _ ele perguntou antes que ela dissesse qualquer coisa.

- Eu... Eu tenho um Harper Avery, Derek.

- Parabéns!!! _ ele exclamou fazendo com que ela sorrisse _ Eu sabia que você ia ganhar! Parabéns!

- Obrigada... Eu acho que no fundo eu sabia também. Eu acordei você? _ ela perguntou tirando os anéis de seus dedos.

- Não... Você acha que eu ia conseguir dormir antes de falar com você? Addie, eu estive pensando e eu acho que é certo que eu volte pra Nova York, não é? Ficar perto de você e das meninas...

- Você quer isso? _ ela perguntou.

- É o certo... A gente ficar junto.

- Não estou perguntando se é o certo. Estou perguntando se você quer isso _ ela disse.

Derek ficou em silêncio.

- Nós já conversamos sobre isso, Derek. Está tudo bem você aí e nós aqui.

- Mas eu não sinto que esteja tudo bem. Eu quero ficar perto de vocês. Se deixar meu trabalho aqui e voltar pra Nova York for a solução, eu posso voltar pra Nova York.

Addison contraiu os lábios.

- Não vem... _ ela disse.

- Hum? _ ele perguntou sem entender.

- Você vai ficar me cobrando o tempo todo por esse grande sacrifício que você vai fazer por mim e pela nossa família _ ela respondeu de forma sincera _ Como você acha que eu posso lidar com essa pressão que você vai colocar em cima por uma decisão que você vai tomar?

- Pressão? Eu não vou colocar pressão nenhuma em cima de você.

- Eu conheço você, Derek... Não fica se culpando por nada. Está tudo bem. Fique em Seattle.

- Todos estão esperando que eu prove o meu amor por você. Então eu posso ir pra Nova York, pra Boston ou pra onde você quiser e ficar assistindo você brilhar.

- Está vendo? Você está me culpando. Eu não quero que você vá pra Nova York. Fiquei onde você está e continue pensando na sua carreira, Derek! Eu quero que você seja feliz. Eu não vou deixar de gostar de você porque nós estamos longe um do outro. Agora eu não admito que você tome uma decisão de voltar pra Nova York, como se estivesse fazendo um sacrifício, e fique em casa, me fazendo sentir culpada por uma decisão sua. Eu decidi hoje que eu vou parar de me sentir culpada e parar de comparar as minhas conquistas com as suas. Se as minhas conquistas estão aqui na costa leste, é aqui que eu vou ficar; se as suas estão na costa oeste, é aí que você tem que ficar. Só... _ ela coçou a testa _ Vamos ficar longe do caminho profissional um do outro.

- Uau! Você falou como a sua mãe agora!

Addison arqueou as sobrancelhas ficou em silêncio por alguns segundos.

- Tchau, Derek.

- Addie...

- Outro dia a gente se fala...

- Addie, espera...

- Agora não...

- Eu sinto muito pelo o que eu disse sobre a sua mãe _ ele disse interrompendo-a sabendo que ela não havia gostado daquele comentário que escapuliu da boca.

- Porquê? É o que você pensa _ ela disse.

- Eu falei sem querer...

- Você falou sem querer o que você pensa? _ ela perguntou _ Se você queria me magoar, conseguiu. Então simplesmente assuma...

- Será que você pode me ouvir?

- Você não podia fazer nada pior do que me comparar com ela porque com isso você quer dizer que eu sou fria, ambiciosa, egoísta, péssima esposa e uma mãe terrível! Eu já entendi.

- Addie... Eu adoro o jeito com que você distorce as coisas! _ ele disse ironicamente.

- Você realmente acha que eu pareço com a minha mãe? Acha? Então agora eu vou ter que ficar me sentindo culpada por isso também? Além de fazer você pensar em desistir da sua carreira...

- Eu desistiria por você.

- Ah! Você desistiria por mim? _ ela perguntou rindo ironicamente _ Mas eu não estou pedindo isso pra você, eu não quero que você faça nada por mim. Você pode ficar onde está. Pelo amor de deus pare de se sentir culpado, Derek! Está tudo bem!

Então ela desligou a ligação e deixou o celular de lado. Depois de respirar fundo algumas vezes, Addison sentou na cama ao lado de Katie e acariciou os cabelos da filha mais velha. A menina se mexeu na cama e abriu os olhos lentamente.

- Mamãe... Você chegou...

- Cheguei, meu amor _ ela disse beijando a testa da filha _ Vocês comeram direitinho?

- Sim.

Katie se movimentou para sentar na cama, mas logo Addison deitou-a novamente.

- Não precisa sentar, não. Já está bastante tarde. Volte a dormir.

Ella começou a se mexer com a movimentação e também acordou.

- Oi, mami...

- Oi, bebê _ Addison disse beijando o rosto da menina.

- Já de manhã? _ Ella perguntou.

- Não, ainda não está de manhã não.

- Como é que foi lá? _ Katie perguntou.

- Foi uma festa com um monte de adulto chato como eu falei, mas olha...

Ela pegou o troféu que havia deixado sobre um móvel e mostrou para as filhas.

- A mamãe ganhou o prêmio Harper Avery.

As duas meninas sorriram e puxaram o corpo da mãe para abraçá-la.

- Parabéns, mamãe _ Katie disse.

- Obrigada, querida.

- E o papi tava lá? _ Isabella perguntou.

Addison deixou o troféu de lado e engoliu em seco.

- Não, meu anjo. Seu pai não estava lá não.

- Mas eu pensei que você ia encontar com ele...

"Eu também..." Addison respondeu em pensamento.

- Não... Seu pai está em Seattle, lembra?

- Porque a tia Nai foi com você e o papai não? _ Katie perguntou

Addison ficou em silêncio por alguns segundos, então abaixou o rosto próximo ao das filhas e acariciou as bochechas macias delas com as mãos.

- Porque é assim mesmo.

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