Você É Minha Cura

By dimecitou

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"O que era os desenhos? Pelo que eu entendi, eram diferentes maneiras de se matar. No alto da folha estava de... More

Antes de começar a ler...
Você É Minha Cura
A menina que pisou no meu all star
Tem alguma coisa errada com ela
Depressão não é só tristeza
Um sentimento chamado saudade
Ligando para a casa dos Grey
Elas se conhecem?
Não segure as lágrimas
Hoje não é um bom dia para morrer
Guerra de travesseiros
A maquiagem
É importante ter amigos
Cupido?
As fases da chuva
Susto
Esse é o plano
Mudanças
Tocando no festival
O beijo
Eu te amo
A caixinha
Desculpas e perdões
Notícias ruins
Ciumes
Acostumando com a ideia
O dia de ir embora
Fim
A depressão
Antes de ir embora...

O primeiro ensaio

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By dimecitou

E nesse momento, eu me senti bem. De alguma forma eu também sabia que Emily estava sentindo o mesmo. Ela continuava a chorar. Sua cabeça estava encostada em meu ombro.

— Você é meu primeiro amigo — ela disse quase em um sussurro.

— Você nunca teve amigos?

— Não.

— Nem mesmo antes da depressão?

— Esse foi um dos motivos que me levaram à depressão. Não ter amigos.

Uma lágrima desceu em meu rosto. Deve ser triste não ter amigos. Eu tenho poucos amigos, mas me orgulho deles. São poucos mais os melhores que eu poderia ter. Gregg é um exemplo.

— Você não tem irmãos ou primas?

E foi aí que me lembrei de Cristina. Eu preciso perguntar sobre ela.

— Eu tenho um irmão.

— E prima? Cristina é sua prima, não é? — aproveitei a chance.

Emily desencostou a cabeça dos meus ombros e me encarou nos olhos.

— Como sabe disso? Você andou me investigando, é isso?

— Não! Cristina está na minha casa.

— E o que ela faz lá?

— A mãe dela mora lá.

— Janine mora lá? — percebi que ela estava começando a se irritar.

— Ela é nossa cozinheira.

Emily assentiu em silêncio. Ela encostou-se à parede apoiando a cabeça nela. O que será que aconteceu entre Janine, Cristina e Emily? Por que será que Cristina a chamou de ladra? Emily roubara algo? Eu não sabia. Parece que quanto mais resposta eu tenho, mais perguntas aparecem.

Um minuto se estabeleceu até eu olhar uma marca no pulso dela. Pareciam marcas de pequenos cortes.

— Você andou tentando se matar, Emily?! — disse pegando em seu pulso.

Ela imediatamente recuou. Puxou o braço se libertando da minha mão. Ela levantou-se depressa e saiu correndo em direção à porta. Levantei-me e corri em direção a porta também, mas acabei tropeçando nas mesas da sala. Quando cheguei à porta eu olhei para os dois lados do corredor. Emily não estava em nenhum dos dois. Eu havia estragado tudo. Estávamos indo tão bem, até eu ver as marcas...

Decidi deixá-la sozinha agora. Eu podia procurá-la. Eu sei que eu iria encontrar. Conheço essa escola de cima para baixo. Eu estudo tempo suficiente aqui para saber que não tem muitas chances de se esconder. Sei que há câmeras espalhadas e monitores nos corredores. Eu consigo driblar essas defesas da escola, mas creio que ela não. Esse é o primeiro ano de Emily aqui. Ela não se sairá bem no requisito correr de mim.

Voltei para sala, por sorte a professora me deixou entrar. Todos os olhares se voltaram para mim. Ouvi alguns deboches e algumas perguntas, mas não dei importância. Sentei-me em silêncio na frente de Gregg.

— O que foi aquilo, cara?

— Cristina e Emily são primas.

— E?

— E eu não sei o que está acontecendo. Não faço a mínima ideia do que aconteceu entre as duas. A coisa toda envolve a mãe de Cristina também.

— Vai lá e pergunta a Cristina.

— Ontem eu perguntei sobre o assunto. Falei sobre Emily e tive a impressão de que ela a conhecia. Então aprofundei no assunto e ela não quis falar.

— Agora, mudando de assunto, e a banda?

— O que tem a banda?

— Já tem nome?

— Não sei.

— Como não sabe, é a sua banda!

— Não. É a banda do Scott.

— Mas a partir do momento que você faz parte dela, ela também é sua.

— Pode até ser. Não me encontrei com a banda ainda. Vamos ter o primeiro ensaio hoje, às cinco horas.

— Posso ir?

— Não.

— Deixa?

— É na garagem do Yuri. Nem sei onde isso fica. Vou com Scott.

— Ok, então. Estou escrevendo umas músicas para vocês.

— Sério?

— Sim.

— Continue escrevendo, e se agradar eu e o resto da banda, você participará dela.

Três e meia, e enfim, acabou. Saí da escola olhando para todas as direções na fatídica tentativa de achar Emily. Ela não estava em nenhum lugar.

Cristina estava atrás de mim, até que ficamos lado a lado. Ela não disse nada. Avistei o meu motorista encostado na porta do carro. Assim que ele nos viu, entrou e ligou o carro. Entramos também.

Eu estava do lado de Cristina, estava um clima esquisito ali. Não falamos nada, mas eu sabia que a partir do momento em que eu atravessei aquela porta da sala atrás de Emily, uma nuvem negra estava entre a gente, nos distanciando cada vez mais.

Quando chagamos em casa, fomos tomar café. E a nuvem negra permanecia ali. Comemos em silêncio, apenas trocando olhares. Janine, Scott e mamãe não estavam ali. Eu aproveitei que estávamos apenas nós e resolvi falar.

— O que foi?

— O que foi? Você foi atrás dela!

— Sim eu fui! E daí?

— Idaí que ela é...

— Estão falando de quem? — Interrompeu Janine.

— Um menino que estou interessado na escola.

Ela se levantou olhando para mim, torcendo para eu não falar realmente de quem estávamos falando. E como eu sou um cara que não costuma mentir, às vezes, decidi contar a verdade.

— Não, Janine. Estamos falando de...

— Charlie! — Gritou Cristina, com uma cara de preocupação.

Levantei da cadeira e caminhei em direção a ela. Eu já estava me irritando com esse joguinho de silêncio, chegou a hora de resolver isso.

— Vem, precisamos conversar — disse puxando o braço de Cristina.

Fomos até o jardim, eu me sentei na grama e ela também.

— Bem, agora você vai me esclarecer algumas coisas.

— Não tenho que falar nada com você.

— O que aconteceu com nossa amizade?

— Você a rompeu no momento em que você foi atrás dela.

— O que está acontecendo, Cristina? Conte-me, eu preciso saber.

— Não!

— Se você não vai falar, então eu vou buscar respostas com sua mãe.

Já estava me levantando da grama quando ela segurou meu braço.

— Tudo bem, eu te conto.

— Comece, eu estou ouvindo — disse me acomodando na grama.

— Emily Grey é sim minha prima. Ela é filha do único irmão da minha mãe, o Harry Grey.

— Até aí tudo bem.

— Sim, a coisa complica quando Harry Grey mata o meu pai! — vi uma lágrima surgir do olho de Cristina.

— O quê?

— Sim ele o matou, há sete meses, e Emily o ajudou.

Essas palavras pesaram mais que as outras. Então, pelo que Cristina estava falando, Emily era, além de uma ladra, uma assassina. Eu fiquei perplexo. É difícil de acreditar em uma coisa dessas.

— Você tem certeza?

— Ela estava lá, próxima à cena do crime.

— E o pai dela?

— Ninguém soube onde ele estava depois do crime que cometeu.

— E por que você a chamou de ladra?

— Isso que ela realmente é, uma ladra. O pai dela sempre foi à ovelha negra da família, ele não trabalhava. Ele roubava.

— O pai dela que era ladrão. Isso não torna Emily uma ladra.

— Ela roubou uma coisa preciosa de mim.

— O quê?

— A única lembrança que eu tinha do meu pai. Um colar de ouro que meu pai me dera. Eu não a perdoo por isso.

— Eu sinto muito. Mas acho que você não deveria julgá-la assim.

— Ela matou meu pai! Você quer o quê?

— Eu não quero brigar com você, então vamos encerrar o assunto por aqui.

— É o melhor a fazer.

Depois disso, fui para meu quarto. Deitei na cama e coloquei meus fones. A música é uma coisa poderosa e excepcional na minha vida. Ela me acalma, faz superar os momentos difíceis e, particularmente falando, me faz viver. Mesmo com os fones altos, era impossível não pensar em Emily agora. Será que é verdade o que Cristina disse? Emily é uma assassina? E também é uma ladra? Eu não queria acreditar, eu preciso ouvir a versão de Emily antes de julgá-la.

Agora me lembrei de ter ouvido Janine falar da morte do pai de Cristina. Ela nunca disse o motivo nem como. E muito menos quem. Janine veio trabalhar aqui ainda quando Cristina era um bebê. Ela a deixou com o pai em Manhattan, e depois que ele morreu, Cristina foi estudar em um colégio interno, onde passou a morar.

O caso todo me intrigava. Emily Grey passou a me intrigar ainda mais. Há apenas alguns dias, eu a conheci na escola e a achei completamente maluca. Depois de descobrir que ela tinha uma doença, eu passei a me preocupar, e agora com esse lance de ladra e assassina, Emily passou a ser a prioridade dos meus pensamentos. A cada vez que eu pensava nela, a vontade de vê-la era ainda maior.

Eu acabei sendo pego pelo sono. Só fui acordar com as batidas frenéticas de alguém na minha porta.

— Nem as hordas de Genghis Khan conseguiram atravessar as portas da TARDIS! Então desista! — gritei meio sonolento.

— Charlie!

Então reconheci a voz, era Scott. Olhei para o relógio, faltavam dois minutos para às cinco.

— Você esqueceu?

— O ensaio da banda! — Bati minha mão na testa, mais forte do que eu esperava.

Levantei-me rapidamente.

— Eu já vou! — Gritei para Scott

Fui ao banheiro lavar meu rosto. Corri para trocar de roupa e depois dei um jeito no meu cabelo.

— Anda, Charlie!

— Já vou! — Disse pegando minha Guitarra.

Abri a porta. Scott parecia bravo comigo, mas nem importei.

Vinte minutos depois, chegamos à casa de Yuri. Como Scott já era "de casa" foi logo entrando, e eu indo atrás. Segui-o até a garagem. Yuri e Kaio já estavam lá.

— Estão Atrasados — disse Kaio.

— Fale isso para o Charlie.

— Então ele aceitou ser o guitarrista?

— Sim — Scott respondeu.

— Oi.

Cumprimentei tentando ser simpático e para quebrar o gelo, pois eu não estava sentindo ali um lugar aconchegante para mim. Eu não os conhecia direito e Scott não fazia diferença ali. Apesar de ele ser meu irmão, parecia um desconhecido juntamente com eles. Yuri e Kaio pareciam ter a mesma idade que Scott.

— Então, vamos tocar o que primeiro? — Perguntou Scott.

— Eu e Yuri compomos uma melodia. O toque ficou muito legal, mas não temos letra.

— Eu tenho um amigo que pode escrever letras para gente. Aliás, ele já está escrevendo.

— Ótimo, Charlie.

— Toque algo aí, Charlie — disse Scott.

— Vamos ver se Charlie é tão bom quanto Scott diz — falou Yuri.

Scott falou que eu sou bom? Nunca imaginei que Scott fizesse elogios sobre mim. Até porque eu não faço dele.

Então eu comecei a tocar My Heart do Paramore. Eles direcionaram os olhares para mim. E sem dizer uma palavra, Yuri começou a tocar sua bateria e Kaio o baixo. E aí eu percebi que eles conheciam e sabiam tocar a música. Não demorou muito para Scott começar a cantar. Estava muito diferente da Hayley Williams, claro, mas estava até legal.

Ao fim da música todos aplaudiram.

— Você é excelente, Charlie!

— Vocês que são.

— Vamos de novo?

— Sim, mas dessa vez, Scott, tente não desafinar muito. Não cante no ritmo da Hayley, se você cantar no seu próprio ritmo ficará melhor e, galera, no refrão podem cantar também. E Kaio, você sabe dar aqueles gritos como tem horas que na música aparece, então faça. Ok?

— Sim — dissemos para Yuri.

E então, começamos.

I am finding out that maybe I was wrong. "começou Scott"
That I've fallen down and I can't do this alone

Stay with me, this is what I need, please?

Sing us a song and we'll sing it back to you
We could sing our own but what would it be without you?

I am nothing now and it's been so long
Since I've heard a sound, the sound of my only hope

This time I will be listening.

Sing us a song and we'll sing it back to you

"comecei a cantar baixo essa parte."


We could sing our own but what would it be without you?

This heart, it beats, beats for only you
This heart, it beats, beats for only you.

"Todos começamos a repetir essa parte logo após Scott cantá-la"

This heart, it beats, beats for only you.

"E nessa parte Kaio deu aquele grito rouco, que ficou muito foda."


My heart is yours

This heart, it beats, beats for only you.

"Kaio continuou a cantar com o grito rouco junto com Scott."


My heart is yours
(My heart, it beats for you)

This heart, it beats, beats for only you
My heart, my heart is your heart
(It beats, beats for only you. My heart is yours) "E aqui eu comecei a cantar"
This heart, it beats, beats for only you
My heart, my heart is yours
(Please don't go now, Please don't fade away)
My heart is yours
(Please don't go now, Please don't fade away)
My heart is yours
My heart is yours
(Please don't go now, Please don't fade away)
My heart is yours
My heart is...

Aquilo ficou melhor do que o esperado. Ao final, comemoramos. Apesar de eu e Scott já termos uma boa sintonia na música, devido ao fato de que sempre tocamos juntos para irritar o papai, a sintonia ali foi incrível com o restante da banda, o que nos surpreendeu por ser a primeira vez que todos tocamos juntos. Isso foi algo importante para quebrar o gelo entre mim e os rapazes. Começamos a conversar sobre a música e como podíamos melhorar na próxima vez que a cantarmos. Passei o olhar pela garagem, ao perguntar se eles tocavam sempre ali. E foi aí que eu deixei minha guitarra cair quando percebi que os olhos azuis de Emily me encaravam lá da porta da garagem.

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