Crosswords

由 kcestrabao

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Lauren é responsável por fazer as palavras cruzadas do mais importante jornal de Nova York. É uma mulher que... 更多

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由 kcestrabao


Camila POV

Há algum tempo atrás

Lei da atração, o universo é composto de energia, em nós ela são nossos pensamentos e sentimentos. O simples ato de pensar e ponderar, é moldar nossa própria realidade. Nosso consciente se foca na realidade e ponderações, nosso subconsciente interage com a energia do universo, logo toda a energia que você direciona ao universo, em subconsciência e consciência, é igualmente semelhante a energia que ele lhe devolve, o universo é interativo, responde teus sentimentos, sendo eles bons ou ruins, sem se importar em qualifica-los.

Ele não irá lhe questionar se o que sente é bom ou ruim, ele apenas leva a sua energia em consideração e devolve muito mais do mesmo. Se direciona-lhe cargas negativas, ele explodirá a ti, cargas negativas, se direciona bondades desregradas, ele será ainda mais louco em devolver-lhe explosivas bondades ainda mais desregradas.

Como penso tanto e sinto tanto, posso citar que subconsciência é incontrolável. Você não pode controlar o desejo por alguém quando isso lhe vem ao pensamento, mesmo que aquilo seja errado, mesmo que tenha limites e que religiosamente você tenha crença de que pecados precisam ser expurgados a todo custo, mesmo que tente policiar ao máximo as energias que envia ao universo quando porventura, como eu, transborde tanta coisa e ao mesmo tempo não se permita ter nada.

"E, se tua mão direita te fizer pecar, corta-a e atira-a para longe de ti; pois te é melhor que um dos teus membros se perca do que todo o teu corpo seja lançado no inferno." Matheus, versículo 30. Essa não sou. Santa Sara Kali poderá fazer-me pagar por meus intensos pecados. Mas essa não pode e nunca poderá ser eu.

Por nosso subconsciente pecamos e não nos livramos do pecado, apenas continuamos seguindo nossa vida, acreditando que fazer algo bom aqui, ou ali, possa poupar-nos de um futuro julgamento final tão intensamente rígido de abertura para falhas. Pecadores, todos nós somos pecadores. Mas não posso citar que não temos salvação.

Eu buscarei a minha, um dia.

Ou eu simplesmente posso aceitar receber toda a energia que meu subconsciente enviou ao universo até aqui, de volta e lidar com a intensidade das coisas.

Suspirei inclinando meu olhar sobre o livro que segurava em mãos, me focando no gramado da universidade de Nova York. Tanta gente correndo de um lado ao outro, mas não era exatamente naquilo que eu me ligava, e sim no jovem recostado com um livro em mãos, lendo completamente compenetrado.

Para cada homem que já estive até aqui, eu sempre sentia a estranha sensação de que era errado, de que não deveria ser. Era o que me colocava ainda mais faminta por conseguir mais, eu sou viciada no que é errado. Eu sempre fui desde que me entendo por gente.

Sara Kali me deu um dom, dom da coerção. Até certa idade, considerei que era um bom dom, em minha infância eu pedia por coisas ínfimas, não era como se o que eu pedisse fosse destruir algo, ou alguém, era quase puro. Quase...

Agora, bem, as coisas estão em posições elevadas, sinto que me dar esse dom, era uma maneira que ela arranjou para me testar, testar meu controle, testar minhas capacidades de saber que tenho tudo em mãos, mas que não devo ter nada por puro altruísmo universal. Sinto que ela não me dará outras oportunidades, ela apenas me deu isso, e eu uso das piores maneiras possíveis, não é positivo, é lascivo, e eu gosto. Meu dom é sedutor, ele me atraiu a um ponto que não tenho volta, como uma faca afiadíssima, com sua face cortante voltada ao meu rosto, lamina essa que eu me curvaria e percorria com a língua, sem medo algum de me cortar.

Não tenho medo de perigo, de me ferir, cortar, perder ou me machucar. Medo tenho é de viver na mesmice de um ciclo, de nunca me renovar e reencontrar, de não sentir a flor da pele, tudo o que eu tenho a disposição para sentir, eu quero tudo. Tudo. E se por querer tudo me fosse destino no inferno ficar.

No inferno então, eu ficaria.

Atualmente

Narrador POV

Keana suspirou, o braço na tipoia se apoiando em sua barriga. Lucy parecia tão profundamente silenciosa, o que chamou a atenção da jornalista. Desde o momento em que chegou pela manhã, seu semblante era abatido. Apenas citou que seu plantão era na manhã seguinte. Era noite quando a médica apareceu na sala do apartamento, arrastando os passos, as roupas casualmente coladas ao corpo.

- Você parece tão silenciosa e diferente. – Keana falou olhando para Lucy que sentou ao seu lado no sofá. Ela deu um longo suspiro, pensando profundamente na monotonia que o dia havia sido para a jornalista que havia ficado em seu silencio, sabendo que Lucy evitou por todo dia estar em sua presença.

No final era apenas negação.

- Coisas... – Quase não saia sua voz.

- Quer compartilhar algo? – Keana sugeriu a olhando. Lucy evitava seu olhar, o olhar na mesa de centro da sala, só podia ouvir o barulho baixo da tv. Relutou sobre falar algo demais, mas havia pensado tanto durante todo o dia.

- Ela foi embora. – Mordeu o lábio inferior contendo a voz de sair falando. Keana franziu o cenho, entendendo que as coisas estavam em perspectivas mais intensas do que achava que poderia estar.

- Como assim embora?

Lucy curvou os lábios, doía pensar na situação ainda, mas pensou tantas coisas nas horas que teve de silencio em seu quarto...

- Canadá, simplesmente se foi.

- E vai desistir assim, tão fácil?

Aquela fala de Keana, fez a médica a olhar, os olhares que trocaram foram profundos o suficiente para que se mantivessem por alguns segundos.

- Não havia algo que eu tenha que desistir, eu e ela não tínhamos nada, era alguém importante, que me deixou ensinamentos, eu aprendi com ela desde o primeiro dia em que nos vimos, é diferente... – Sua voz se arrastou. Keana parecia não compreender as negações da medica. Algo nela foi impulsivo o suficiente para que seus lábios se movessem a perguntar.

- A mulher da foto, o que aconteceu?

Lucy suspirou, abaixando o olhar. Era irônico que logo Keana perguntasse sobre Veronica. Em seu íntimo, Lucy pensou em negar, mas não negou a informação.

- O pai dela era como o seu, só que diferente das aceitações, o pai dela renegava a sexualidade dela, mesmo ela sempre tendo feito tudo o que ele queria, seja a faculdade, ou como vivia, os amigos que tinha, sempre fazia como ele queria, foi só estar comigo que tudo mudou, ele não aceitava que ela fosse lésbica. Desde que ela fizesse o que ele queria, ele sempre a apoiaria e amaria. – Lucy apertou o maxilar, o olhar castanho a frente. Keana suspirou, sentindo a familiaridade da situação, era diferente, seu pai nunca se mostrou satisfeito com nada que ela já fez, mesmo. Nada dela nunca foi o suficiente para fazê-lo elogiar, ou mostrar que a amava. Sempre a odiou, desde criança, desde sempre onde sua memória pudesse tocar.

- Isso tudo te faz me ajudar, está comigo aqui, agora, por pena? – Perguntou sem se conter, uma sensação estranha a nauseou como se só estes sentimentos mesmo que fossem fortes o suficiente para remeter compaixão a alguém a ponto de ficar ao seu lado para seja o que for.

Lucy abaixou o olhar, nem ela sabia ao certo o que Keana representava.

- Emily, me mostrou coisas até aqui, mesmo que nosso contato tenho sido tão pouco, eu aprendi algumas coisas com ela, eu preciso seguir aqueles conselhos, onde eu tenho mesmo que parar de buscar por histórias alheias que me alimentem de algo, que me tirem a atenção de pensar no passado, eu preciso tomar as rédeas da situação, da minha vida, e parar de correr atrás apenas de problemas constantes para que eu tenha que cuidar. ­– Ansiedade lotava suas palavras. Keana se remexeu inquieta.

- E eu sou isso, apenas problemas para você? – Perguntou arqueando a sobrancelha. Lucy a olhou, lascivamente.

- Eu não tenho dó de você, Keana. Você é uma mulher muito bonita, e apesar de tudo é ousada, e isso te torna atraente. – Lucy falou com convicção.

- Então é apenas físico? – A jornalista a interrompeu.

- Não é apenas coisa física, há coisas demais, é muita loucura, eu não quero que entenda como compaixão por dó, eu não posso mentir que vi Veronica em você, na sua situação, mas a minha história com ela se encerrou, no momento em que ela se foi, foram aquelas feridas que ficaram e se fecharam. Você só me balançou nessa corda bamba intensa para convergir para um passado, me lembrando a sensação de como era estar lá. Não sinto as mesmas sensações que eu sentia quando estava com ela, cada história traz suas cargas, e se eu for coesa o suficiente eu tenho que me colorir, eu tenho que parar de resolver problemas de cada canto e tentar me deixar ficar em um só lugar mediante a uma só decisão. – A voz falhou, Keana sentia uma sensação estranha de compreensão, como se realmente estivesse entendendo o que Lucy queria dizer ao pé da letra.

A médica se desencostou do sofá e entrelaçou os dedos sobre o colo, olhando para Keana de um jeito que nunca havia olhado anteriormente, não até aquele ponto. A jornalista assumiu o risco, retribuindo seu olhar confusamente, torpe por tantas informações em tão pouco tempo.

- E vai deixar sua história com sua amiga terminar assim? Tão precocemente mesmo com ela lhe ensinando tanto em tão pouco tempo? – Keana insistiu em perguntar, não compreendia os nãos e adoraria os compreender. Lucy suspirou, umedecendo os lábios.

- Nossa história sequer havia começado para que tivesse fim, se ela me deixou aquilo, se ela me deixou aquela mensagem se é isso que eu tenho que fazer... – Pausou, movendo o corpo, se aproximando de Keana, as mãos a envolvendo pela cintura, perto o suficiente para que seus rostos se alinhassem. A jornalista ofegou, surpresa, sentindo os lábios de Lucy tomar os seus em uma lenta cadência que a fez suspirar antes de retribuir o beijo.

Era um beijo sôfrego lotado de exaspero e ofegos, os lábios pareciam implorar por mais que fosse o toque de piedade que pretendia. Keana afastou um pouco dos lábios dos dela, olhando para Lucy que a envolvia firmemente, as mãos se apertando em suas vestes.

- Então me trouxe para sua casa para se aproveitar de mim?

Lucy sorriu de canto.

- Sim, acabou de descobrir meu maior segredo.

E por um momento Keana sorriu, era uma mistura de satisfação com malicia que não lhe preenchia os lábios por anos, fazia tanto tempo que aquele exato tipo de sorriso não lhe tocava que ficou impressionada com a sensação vertiginosa que lhe preencheu ao voltar a beijar Lucy, mais intensamente, sentindo os dedos rebeldes da médica deslizar a alça de sua blusa sobre seu ombro.

Sabiam bem os caminhos que percorreriam, e ao certo era o que tinham de necessário para que fizessem bem um passo adianta no futuro. Lucy estava certa de que agora lotaria seus dedos de firmeza para desenhar sua própria história, sem correr em círculos. E Keana precisava apenas de um guia, que lhe tocasse entre os dedos e lhe empurrasse pelo caminho para que seguisse adiante.

No final de tudo, se encontraram uma na outra, e eram exatamente disso que precisavam.

Lauren POV

Dia seguinte

Suspirei ao acordar naquela manhã. Camila estava em pé, na borda da cama, me olhando diretamente, eu me sentei no colchão, coçando meus olhos e tentando achar alguma definição nas vistas. Ela vestia uma baby-doll rosa, os cabelos caindo sobre os ombros enquanto seu rosto de pós sono parecia reluzir com a bandeja de prata em mãos.

- Café da manhã na cama. – Falou casualmente. Eu sorri, um pouco surpresa demais.

Última manhã com ela antes de viajar. Dei uma batidinha no colchão ao meu lado. Ela sorriu ainda mais, contornando a cama e se acomodando ao meu lado, colocou a bandeja entre nós duas e me olhou, eu não contive de colocar uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha, focando maravilhada nela.

- Café, e Camila's? Onde conseguiu? – Perguntei, satisfeita. Ela deu de ombros.

- Pedi para minha mãe que trouxesse e deixasse algumas aqui em casa, logo aqui está, posso até fingir que fui eu. – Deu de ombros. Eu sorri, abaixando meu olhar para o prato lotado de tortinhas tão atraentes ao paladar.

- Vamos? – Sugeriu. Eu assenti, capturando uma delas e mordiscando. Era sempre como se fosse a primeira vez quando mordiscava aquela tortinha de chocolate, sempre uma nova sensação. Ela fez o mesmo, colocando um pouco de café em uma das canecas para mim, eu agradeci corando ao vê-la me olhar profundamente.

- Eu quero dizer que não queria que fosse ao aeroporto comigo hoje. E antes que pense em paranoias e tudo o mais, eu só não quero me sentir em uma despedida, Okay? Eu me preocupo com você no aeroporto, só, enquanto eu viajo para longe. – Falou baixinho. Eu pausei com a tortinha, pensando sobre aquilo.

É direito dela pedir que eu não fosse, e eu compreendo seus sentimentos de despedida. Talvez ela estivesse sentindo muito mais disso do que eu pelo simples fato de que eu simplesmente só queria a ver bem e aceitaria tudo que fosse destinar a aquilo. No final, despedir-me brevemente dela aqui, pode soar menos doloroso do que ir ter vestígios dela até o último segundo. Mesmo que de maneira masoquista eu ainda possa pensar naquilo.

- É isso mesmo que quer? Certeza? – Perguntei relutante. Ela assentiu, tocando em minha mão, os dedos apertando os meus.

- Não posso suportar a ideia de que seria uma despedida, não quero me despedir de você porque eu vou voltar, e eu não gosto disso, atrai coisas ruins, eu preciso de motivos para sempre voltar, me despedir tira um deles. Pense que eu só estou no outro lado da cidade e que não pode me ver porque eu estou ocupada empilhando livros, soa positivo? – Perguntou inclinando o rosto. Eu assenti, sorrindo sem me conter para sua adorabilidade em me falar coisas bonitas.

- E quando estiver frio?

Ela sorriu, pousando a caneca sobre a bandeja e se rastejando para aproximar de mim, as mãos me envolvendo a cintura para nos aproximar.

- Eu vou te aquecer por pensamento. – Algo na maneira que ela falou aquilo me fez queimar internamente, uma leve sensação de formigamento me preenchia.

- Apenas me ligue, e eu estarei contigo o tempo todo.

Eu assenti para sua sugestão, a envolvendo pela cintura para que sua proximidade me fizesse ainda mais confortável. Entrelacei seus dedos nos meus, olhando para nossas mãos juntas, como um quebra cabeça em seu encaixe perfeito.

- Quando voltar as coisas podem mudar um pouquinho, Lauren Jauregui. – Sua fala me fez estancar, os tons lotados de promessas eram evidentes. Eu me foquei em seu rosto, o cintilar de seus olhos e seu sorriso de canto me fez arquear a sobrancelha. Ela não citou, apenas voltou a pegar a caneca e levar aos lábios, ainda me citou que queria ver Jor El. Nos despediríamos em meu apartamento. Eu ainda trabalharia hoje, depois que ela se fosse eu me enfiaria naquela sala no New York Post para sugar toda a produtividade de mim.

No final era apenas ansiedade em vê-la ir.

Narrador POV

Normani listou alguns projetos em uma só pasta, para que pudesse conversar com o braço direito na agencia. O olhar percorreu sua mesa, a procura das chaves do carro, mas logo pausou na tela do computador na página inicial de notícias do google. Se apoiou na mão livre, olhando para a forma feminina que tanto conhecia.

"Hansen vai novamente ao Pulitzer e dessa vez com indicação a categoria de Serviço Público, a categoria mais importante do jornalismo, que não leva apenas seu nome, mas o nome do New York Times consigo. História sendo feita?"

Sorriu orgulhosamente ao olhar a notícia. Sabia profundamente que Dinah iria conseguir aquele prêmio. E consolidaria na direção do jornal. Ficava orgulhosa sobre aquilo, mesmo que a esse ponto não tivesse direitos sobre sentir orgulho ou não de Dinah.

Acompanhou por tanto tempo a evolução da ex noiva, que ver como agora ela recebia os frutos de tanta luta a fazia bastante feliz.

No outro extremo da cidade, no New York Times, Keana Issartel entrava em sua sala, respirando fundo um pouco aliviada por ter conseguido voltar. Mesmo com o braço ainda imobilizado, estava se propondo a voltar, com o apoio total de Hansen. Até mesmo Ally Brooke foi até sua sala naquela manhã, se dispondo a ajudar no que fosse necessário para que fizessem um bom trabalho naquele jornal.

Sentada a sua mesa, se pôs a pensar. Lucy que havia a levado até ali, e garantiu que levaria todas as manhãs para que não corresse riscos de cruzara com o pai no meio do caminho. Ela sentia compaixão por aquela preocupação, principalmente depois da última noite em que estiveram juntas. Juntas de verdade. Era a primeira vez no dia que se permitiu pensar naquilo de verdade.

Se sentiu bem noite passada, tão bem que poderia até crer que fosse miragem.

Ao pensar no pai, sempre lhe remetia a uma intensa angustia de assuntos inacabados. Sabia que era claro que ele faria de tudo para tirar exatamente cada coisa que ela ainda tinha, e sua batalha interna era conseguir ter forças e sagacidade o suficiente para não cair naquela armadilha. Por outro lado, se sentia tão confusa sobre Austin acusando-a, pedindo a todo sms que fizesse o que tinha que ser feito.

Pensar em Lauren e na bibliotecária que sequer conhecia a fez suspirar. Não interessava a vida amorosa das outras pessoas, e assumir um risco profundo para destruir o que havia de bom entre duas pessoas a angustiava agora, por compreender que não queria fazer aquilo, que era tão errado tentar escalar sobre alguém a aquele ponto. Precisava de mais quantas surras para entender que não podia mais fazer aquilo?

Só precisava descansar e se recompor, e sabia que Lucy poderia lhe dar aquilo a aquele ponto, e era onde se permitia ficar por todo aquele momento. Uma hora a verdade viria a tona de qualquer forma, sabia que Normani estava pagando o preço por algo que não havia cometido, e antes de qualquer coisa, ou qualquer pessoa. Normani foi a mulher que sempre veio lhe estender a mão para ajudar, pedindo para que saísse das garras do pai, sentia-se tão orgulhosa por ter conseguido dar um passo tão grande, não ter a melhor amiga para compartilhar dsquele feito e entristecia muito mais do que outras situações aborrecedoras.

Precisava fazer a coisa certa.

Lauren POV

Eu a olhava se abaixar e conversar algo baixinho com Jor El, não havia mais muito para onde fugir. Iria de taxi ao aeroporto, antes apenas passaria na cafeteria da mãe para se despedir. Já estava completamente pronta para viajar. Seu carro ficaria aqui, no estacionamento do meu prédio, no fundo eu apenas entendi como um pretexto para que quando chegasse ela fosse vir até a mim para pega-lo. Eu gostei desse pretexto.

A chave ficou no pequeno ganchinho de chaves, e ficaria ali por seis meses. É interessante entender a perspectiva das coisas, eu estou tão ansiosa para isso. Ao vê-la se levantar e alinhar a longa saia eu suspirei.

- Sua conexão será onde? – Perguntei. Ela sorriu dando de ombros.

- Madrid, serão quase três horas de conexão. – Falou se aproximando, eu assenti a olhando.

- Não se esqueça de me avisar quando chegar, tudo bem? – Pedi. Ela assentiu, tocando na base de minhas costas, me beijando nos lábios, eu prolonguei o beijo, entreabrindo meus lábios para que sua caricia lenta me acalentasse o peito. Aquecia. Toquei em seu rosto, segurando seu rosto entre minhas mãos, depositando selinhos sobre seus lábios a olhando de pertinho.

- Aproveite, huh? – Pedi. Ela assentiu, me abraçando apertado. Eu me permiti fechar meus olhos apreciando do seu aperto em mim, de seu perfume me impregnando as roupas, do toque suave de sua pele contra a minha. Nós nos veríamos em breve, isso é certo.

- Vá na cafeteria de minha mãe, não deixe de aparecer por lá, ela adora sua presença. – Pediu. Eu assenti, não deixaria, sinto tantas ligações com Camila quando estou com Sinuhe. Ela abaixou o rosto, beijando meus dedos e pousando um delicado beijo sobre meu anel.

- Vamos? Desça comigo. – Pediu. Eu olhei para Jor El, e apenas disse um sim baixinho, entrelaçando nossos dedos a olhando pegar a bolsa sobre o sofá. Algo bem intenso acontece dentro de mim, mas não sei bem definir o que é, uma mistura louca de ansiedade com algo mais intenso do que aquilo.

Kevin ainda cuidava de suas malas quando nós descemos no saguão de meu prédio. Ela se despediu dele como se fossem bons velhos conhecidos e o taxi já esperava. Era o que tinha que ser, afinal. O jovem rapaz motorista do taxi a ajudou com as bagagens e ela se virou, estávamos na calçada. Me deu seu intenso olhar castanho lotado de ternura e sorriu de canto.

- Vejo você em seus sonhos, querida. – Proferiu como se fosse uma promessa. Eu senti minha nuca se arrepiar ao vê-la me dar uma piscadela, percebendo as íris enegrecidas. Tentei falar algo à altura, mas ela negou com o rosto, me calando a ponto de compreender que usava de sua coerção. Aproximou me roubando um longo último beijo. E separou nossos dedos, lento, tão lento... Entrou no taxi, batendo a porta atrás de si. Eu olhava um pouco perplexa demais para o que estava acontecendo em minha cabeça à aquele ponto.

Deu-me um último tchauzinho através do vidro e se foi, me fazendo respirar fundo, de cenho franzido, olhando para o taxi se distanciava. Apertei meus braços cruzados sentindo momentaneamente meu coração em meu peito alucinado.

O poder de cigana de Karla Camila.

Narrador POV

Camila estava focada no horário de embarque sobre sua cabeça no grande painel digital, 45 minutos, abaixou o olhar para a tela do telefone, se pudesse pensar em boas lembranças para levar por seis meses, então era uma boa imagem, tirou aquela foto na noite em que foi convidada para comer com Lauren e seus pais, Clara que tirou. Estavam sentadas no sofá da sala de Lauren, Jor El estava sobre as pernas de Camila, que sorria, tocando as mãos lotadas de anéis na fronte macia do cachorro, a postura ereta e altiva.

Sua elegância estava exemplar até em seu portar, sentar, falar, coisa de criação.

Lauren, ao seu lado, sorria mais contida, havia mais pureza no olhar, a mão direita tocando na patinha de Jor El. A fotografia perfeita para lembranças, era o papel de parede da latina que sorriu perdida nas lembranças.

- Camila, aí está você. – Ela moveu o olhar surpresa, se deparando com um Austin ofegante. Ela franziu o cenho o olhando.

- O que faz aqui? – Perguntou sem deixar a ponta irritante dominar sua voz. Ele alisou o blazer cinza, a olhando.

- Eu fiquei sabendo hoje que iria viajar, não podia deixar que fosse dessa maneira sem a ver. – Falou engolindo rápido. Ela se levantou, olhando a sua volta, a mão tocando na pequena bagagem de mãos, a colocou na cadeira que estava sentada, segurando apenas o celular em mãos enquanto o olhava.

- Você não tem que estar aqui.

Ele negou, respirando fundo, havia algo em sua postura que dizia muitas coisas.

- São tantas coisas que eu preciso dizer antes que vá, estará indo por tempo demais, muitas coisas podem acontecer nesse período que ficará fora. – Ele falou colocando as mãos nos bolsos da calça. Camila franziu o cenho, não era da conta de Austin o que ela fazia ou deixava de fazer, e sabia disso.

- Austin... – Ela iria falar, mas ele a interrompeu.

- Eu sei que tem alguém, tudo bem, eu entendo isso, não vou falar sobre isso, não diretamente, só pensei que seria injusto ir dessa maneira sem entender que querem o mal dela. Eu estou aqui, muito realmente para citar isso, não como um pretexto, mas para dizer que eu me importo com a sua felicidade. – Ele falou rápido. Camila o olhou de olhos cerrados.

- Do que está falando?

- Sobre Lauren Jauregui, não é? Não estão juntas? – Ele deu ênfase.

Camila pensou sobre aquilo por segundos.

- Sim, nós estamos. O que quer com isso? – Ela estava desconfiada, nada tirava de sua cabeça a mensagem que ele enviou na manhã em que ela ficou com Lauren pela primeira vez, sentia sim uma extrema insegurança sobre as atitudes do homem, e não confiava nele a tanto.

- Eu não quero nada, eu só me importo com você, em meu coração eu ainda te amo, mesmo que diga que não, que acabou, eu amo, não vai mudar. Você irá para longe, vai ficar distante de tudo, de passado, de presente, até do futuro mais próximo. O que eu quero que entenda aqui, é que eu me importo pelo o seu bem e posso lutar por ele até onde eu quiser. – Falou repentino.

Camila cerrou o olhar para aquele comportamento.

- Austin, não...

Ele se negou.

- Quando eu entrei no New York Times para fazer um acordo de fornecimento com a Dinah Jane Hansen, eu tive contato com uma das suas funcionárias, ela foi muito capciosa, pensou em cada coisa antes de fazer. – Ele falou prático. Camila ainda não entendia o ponto em que o rapaz queria chegar, mas se silenciou, deixando que falasse.

- Seu nome é Keana Issartel. Ela que tirou Lauren Jauregui daquela empresa. – Falou rápido, o olhar indo pela a extensão do aeroporto. Camila pausou o olhar nele, pensativa sobre possibilidades. Sua mente se projetou para todas as informações que tinham sobre tudo a aquele ponto.

Conhecia o nome de Keana Issartel, Ally havia falado sobre aquela mulher, a viu uma única vez na vida, no dia em que Lauren invadiu a sala de Hansen para conversar e ambas ficaram na sala de Ally, tendo uma conversa honesta. Ally apenas citou que Keana, como muitas outras não gostavam muito de Lauren, Ally não foi além, nem especifica.

Era claro que tinha sentido.

Logo Camila se pôs a pensar no período longo em que Hansen demorou para voltar atrás, tão longo quando aquele período que foi tempo o suficiente para Lauren ser contratada por Mariele. Não fazia sentido. Ela focou silenciosa em Austin. O que ele estaria ganhando com mais alguma mentira? Ceticismo seu?

- Porque está me falando isso agora? – Perguntou desconfiada. O peito à mil ao ter a mente projetada para Lauren se negando a falar quem havia lhe falado sobre ser ela a responsável por sua contratação. Aquela lembrança sim, lhe ferveu o sangue instantaneamente.

- Eu pensei que seria tarde demais dizer algo como isso, só não queria ser injusto com toda a situação. Você deve gostar muito de Lauren, sei que tudo pode soar injusto, só quero dizer que eu estou aqui para te proteger também. E se é com Lauren que vai ficar, então que façam o melhor por vocês mesmas. – Falou dando de ombros. Camila umedeceu os lábios, olhando para o painel sobre sua cabeça. 35 minutos.

- Você fala sério, Austin?

Ele assentiu frenético.

- Foi ela que colocou os envelopes na gaveta de Lauren, certeza? Como sabe exatamente? – Ela voltou a perguntar completamente desconfiada. O homem bufou, parecia realmente resignado com a acusação.

- Ela tentou me envenenar contra a situação, queria me colocar contra Lauren também, usava você de pretexto, ela só envenena as pessoas, me arrependo sim das coisas que fiz, porque sei que tudo o que ela faz é veneno, mas não estou nessa, não estou mesmo Camila, falo a verdade, não podia te deixar ir pensando que Lauren pode ficar à mercê dessa louca aqui. Eu me importo com sua felicidade. – Ele falou.

Camila respirou fundo, tocando na bagagem de mão para se mover.

- Hey, onde vai? – Ele perguntou confuso. Ela não respondeu, puxou a bagagem com força se movendo.

- Camila está me assustando, o que vai fazer?

Ela se negou a responder, caminhou em direção as escadarias que davam acesso a entrada do aeroporto. O homem a seguia de perto, a olhando mover com irritação. Tocou em seu braço, o que a fez olhar para ele completamente irada.

- Me solte.

Ele soltou no mesmo momento, a olhando completamente assustado. O tom de voz dela foi firme o suficiente para tremer de medo.

- O que fará?

Ela puxou o braço, passando pelas portas de vidro automáticas, acenando para um senhor de taxi. Ele pegou suas bagagens e Austin olhava tudo chocada demais para acreditar ser verdade, mesmo que no fundo soubesse que suas intenções estivessem dando em resultados positivos.

- Camila... – A chamou. Foi em vão, ela não respondeu, apenas entrou no táxi, olhando freneticamente para o motorista.

- Onde? – Perguntou atencioso. Ela bufou, olhando através do vidro para Austin, paralisado em seu estado de choque.

- New York Times, na oitava avenida, por favor seja rápido. – Pediu. O homem assentiu, ligando o carro. Camila tentava respirar fundo e colocar alguma coesão na cabeça, mas a aquele ponto vinham tantas dúvidas intensas porque sabia que no fundo era verdade. Austin não mentiria sobre aquilo, e todas as provas estavam direcionando a um só sentido.

Em seus frenéticos pensamentos ela se perdeu, só se deu de súbito ao avistar a fachada brilhante e resplandecente. Ela olhou para o motorista.

- Pode me esperar por alguns minutos?

Ele olhou para ela através do retrovisor.

- Vou ter que deixar o taxímetro rodando.

Ela deu de ombros.

- Não me importo, apenas alguns minutos.

Ele assentiu.

Music on* Sweet Desire – Young Kato

O corpo frenético de Camila saiu do taxi, pisando rapidamente nas escadarias do New York Times. Ao passar pela recepção, recebeu um "hey" da recepcionista, que nada lhe devolveu, caminhando em direção ao elevador. As conspirações internas eram tão ensandecidas que ninguém poderia a parar a aquele ponto.

Os andares se passaram tão alucinantes quanto a sua vontade. Moveu o corpo, a saia longa lhe dando brechas para pisar sobre os saltos rapidamente, seguramente como sempre fazia ao dar suas passadas largas, olhando de um lado ao outro. Ao passar pelo o corredor dos cubículos de vidro, Ally Brooke viu o vestígio alucinado da cigana possessa passando como furacão pelo o corredor, e se ergueu de sua cadeira, saindo porta a fora, tentando descobrir exatamente o que estava prestes a acontecer.

E parecia mesmo coisa de destino, no outro extremo do corredor. Hansen saia do elevador presidencial, compenetrada em um envelope em mãos, era coisa importante, mas, ainda mais importante que aquilo, era a bibliotecária com a expressão completamente irada caminhando pelos os corredores de seu jornal. Até que ela empurrou a porta com toda a força que tinha, entrando completamente ofegante na sala de Keana.

Hansen e Brooke se entreolharam e caminharam rapidamente percorrendo toda a distância do corredor, entrando atrás de Camila, que já estava próxima o suficiente de Keana para alinharem estatura de maneira ameaçadora. Os olhos castanhos enegrecidos de Camila cintilaram e ela moveu, elevando o queixo para a jornalista, que em sua postura defensiva, tinha o braço na tipoia.

O maxilar apertou.

- Quem é você? O que faz aqui? – Keana perguntou de cenho franzido, a olhando completamente confusa. Algo na áurea de Camila a fez se sentir tão ameaçada que a voz pouco saia da garganta, olhando para ela completamente atenta para algum movimento violento ou furtivo que lhe custasse algo.

Camila moveu o rosto, algo na atitude era tão delirantemente rastejante e manipulador que Keana a olhou confusa, abaixando o olhar por seu corpo. Tentando entender quem era a estranha e o que ela pretendia.

- Camila Cabello. Pode não me conhecer... Mas sabe bem o que eu faço aqui. – Proferiu a olhando de perto. Não havia um pingo sequer de temor por tudo o que poderia acontecer. Hansen se aproximou, tocando no ombro de Camila para conter alguma tensão ou ato de violência, Camila não lhe jogou um único olhar. Completamente focada em Keana e nada mais que aquilo.

- Vamos ter uma conversa. Coisa de mulher para mulher, agora.

☼ 

Fim do Livro I

Twitter: @kcestrabao  

☼  

Prévia do Livro II

Lauren caminhou prédio a dentro, os pesos cansados de seu corpo colaboravam para a sua total falta de animação aquele dia. Talvez fosse a sensação de que agora, naquele momento Camila estava em um avião em direção a Europa e não voltaria por seis meses. Olhou para Kevin que parecia animado.

- Hey... Kevin.. – O cumprimentou dando-lhe o melhor sorriso que podia. O homem pareceu perceber que ela não estava tão enérgica como nos outros dias.

- Olá, menina, parece cansada, está se alimentando devidamente? – Não era invasivo, bastava-lhe apenas preocupações. Ele meio que sabia dos motivos, uma visita recente havia lhe contado que Lauren ficaria um pouco diferente nos próximos meses, tudo isso por causa de uma ausência.

- Oh... Não, apenas trabalho, nada demais... – Ela arrastou a voz, dando de ombros, a bolsa sobre o ombro direito. Sabia que naquela noite não teria nada para fazer, logo se atrasou em subir, apoiando a mão delicadamente na borda do balcão de Kevin.

Ele a analisou melhor, experiência sempre ditava algumas coisas.

- Sabe, eu posso dizer que tente descansar, os dias podem parecer mais longos por motivos bobos em nossas vidas, então tente aproveitar a tediosidade destes dias longos com coisas que lhe faça feliz, torne esse ócio do tempo, coisas produtivas que te faça feliz. – A aquele ponto, ela se focou nele, surpresa pela repentina fala do homem.

- Obrigada... Kevin... – Falou, pausou, lhe dando um sorriso honesto e contido. Abaixou o olhar para a bolsa.

- Não agradeça, sempre aqui, caso precise de uma conversa, estou aqui. – Falou gentilmente. Ela sorriu, agradecida por ter ouvido aquilo naquele momento. Assentiu, dando a si uma dose de coragem para subir o elevador e entrar em seu apartamento. Tinha Jor El, e ele seria seu maior companheiro por esse tempo.

Music on* Wings - Birdy

- Vou subir, nos vemos. – Gesticulou ansiosamente. O homem assentiu, sorrindo satisfeito ao ver a forma feminina se mover em direção ao elevador. Ele se focou nas portas se fechando. Lauren se recostou na parede metálica, cansada, os braços cruzados frente ao corpo. Segundos de puro silencio, até sair, pisando cansadamente sobre as botas e parando frente a seu apartamento.

O olhar curiosamente se abaixando sobre a única forma delicada de uma rosa frente a sua porta. Franziu o cenho, olhando por toda a extensão do corredor. Era como se buscasse por alguém que não encontraria, era certo. Se abaixou, tocando no caule da flor, olhando um pequeno bilhetinho fixo próximo a base da flor. Sua primeira reação foi desdobrar o bilhetinho, olhando para a escrita em caneta.

"Dia um sem você. Vou sentir sua falta."

Lauren franziu o cenho, reconhecia a grafia de Camila. Voltou a olhar por todo o corredor. Não havia mais ninguém que não fosse ela. E foi quando entendeu que ela havia deixado aquilo ali apenas para a recordar de que sentiria sua falta. Deu um sorrisinho honesto, levando a rosa ao nariz, aspirando profundamente. Os dedos se perdendo no caule da rosa.

Também sentiria muita falta, já sentia desde aquele momento. Encarou a rosa por alguns segundos, perdida no padrão vermelho vibrante. Empurrou sua porta ao destrancar e entrou em seu apartamento, sendo recebida logo de cara por Jor El, que veio ao seu encontro. Ela se abaixou, o pegando nos braços enquanto caminhava por todo seu apartamento em busca de vaso de flores para a colocar.

Ao conseguir pousar a rosa solitária na agua, levou a mão a cabeça peluda de Jor El, acariciando, olhando para o vaso de flores. Única, solitária, ali. Ele lambeu sua bochecha, parecia tão conectado a falta de Lauren que a acariciou dando o seu melhor por afeto. Ela sorriu, o abraçando.

Eram reféns do tempo agora.

Normani Kordei estava completamente compenetrada em novos catálogos de moda, tentando a qualquer custo encontrar algum defeito visível nas páginas coloridas que estavam em suas mãos. Seu trabalho exigia aquele nível crítico que só ela poderia dar, e foi com aquela compenetração que ela se perdeu no que fazia e não se atentou aos passos que ressonavam pelo longo corredor que dava acesso a sua sala, os saltos batiam rapidamente no piso.

A porta se abriu com um só movimento e uma Dinah ofegante pairou na entrada, levando as mãos aos fios loiros. A estilista ergueu o olhar surpresa com a presença. Sua primeira reação foi se erguer de sua cadeira, engolindo com dificuldades ao se focar em Dinah.

- Hey, o que aconteceu? – Perguntou relutante sobre os ofegos de respiração da jornalista. A loira a olhou em silêncio. Até que negou com o rosto, várias vezes. Normani sentia uma estranha ansiedade.

- Dinah? Algo? – Voltou a perguntar, e em meio a sua preocupação, contornou sua mesa, pairando ansiosamente há alguns metros de distância de uma Dinah ofegante e silenciosa.

- Você é uma idiota, de bom coração. – Dinah falou cerrando o olhar. Abaixou o olhar, empurrando a porta atrás de si, colocou sua bolsa de lado, sobre uma poltrona e caminhou em direção a Normani, pairando frente a frente com ela, os olhares se alinhando. Normani não sabia definir exatamente o que estava acontecendo, mas as evoluções de uma negação eterna para aqueles devidos passos eram animadoras a ponto de fazer seu peito entrar em êxtase profundo.

- O que aconteceu? – Perguntou perdendo os olhos pela expressão da ex noiva. Dinah não a respondeu. Não com palavras, apenas a puxou pela cintura, colando seus corpos e roubando-lhe os lábios em um desesperador e intenso beijo voraz, as mãos se apertando na cintura da estilista a colando com firmeza contra seu corpo.

Normani só conseguiu corresponder à altura quando seu torpor se passou e ela retribuiu a intensidade do beijo com ainda mais vontades, não compreendendo a reação de Dinah, mas se sentindo completamente em um puro e intenso êxtase ao compreender que caminhavam para uma loucura ao sentir os dedos firmes de sua jornalista, desabotoando com violento mover, os botões de seu blazer.

Depois de tanto, iria para onde Dinah a quisesse levar, faria o que a jornalista quisesse que ela fizesse. Não estava mais em uma posição que lhe corromperia as sanidades, só se deixou levar por suas vontades, ignorando as consequências para que viessem depois.

Fazia frio em Vancouver, 47 F° marcavam nos ponteiros de termômetros espalhados pela cidade. Emily Bett tinha uma vida diferente quando voltava para seu país e cidade natal. Os país tinham poder aquisitivo que lhe garantia uma vida de classe média, a mãe psicóloga, o pai cirurgião. Era o que poderia citar como família perfeita, e sua volta foi devido a tudo aquilo.

A mãe, por toda a experiência, sempre se agarrava a oportunidade de pedir que a filha voltasse daquela aventura louca de ter ido viver em York, em meio a bairros perigosos, se aventurando em uma vida que no final, nunca foi para ela. Emily, tão confusa sobre as frustrações silenciosas que habitavam seu coração, aceitou a proposta de voltar, de entrar na academia de artes, de investir em si por algum tempo que lhe tirasse da cabeça todo aquele silencio.

Estava tão acostumada a ter tanto em sua cabeça, que logo não conseguir lidar com tanto silencio gritando a cada espaço a colocava quase louca. Já não era Amanda, ou Phoebe, não conseguia ser Rachel e sequer Diana. Era apenas Emily, algo que vinha tão naturalmente, como uma brincadeira dela para si mesma, se perdendo um pouco da realidade cruel do mundo, se tornou pó, por dias não desenhava.

Sua mãe, ao avista-la, primeiro se aliviou, mas como experiência psicológica própria, sabia que algo veio errado, que a sua menina tão alegre e efusiva, tão excêntrica e falante, estava o completo oposto daquilo, primeiro, pensou sobre abusos, pensou todas as coisas erradas que uma mãe pensaria aliada a uma análise mais profunda que sua experiência profissional lhe dava, mas Emily disse que nada aconteceu, que só se sentia muito confusa.

A matriarca Rickards faria tudo com as próprias mãos se pudesse, mas seguindo sua ética profissional, pediu de todo o coração que Emily se permitisse procurar uma psicóloga para que conversassem. Sua mãe explicou que não precisava se preocupar com julgamentos, ir em um psicólogo não era sinônimo de loucuras ou de grandes desastres, era importante ter aquele apoio, seja por se sentir confuso, ou por se sentir muito triste, ou ansioso, eram tantos tópicos que abordavam a necessidade de ter uma consulta com um psicólogo, e a mulher, mais do que ninguém sabia daquilo. Pediu com delicadeza que ela se permitisse procurar alguém.

Era aquilo que resumia o presente, os olhos azuis confusos se estendiam pela recepção, olhando ansiosamente para a porta recém-aberta.

- Senhorita Rickards? – A voz a chamou. Ela se levantou da cadeira, caminhando ansiosamente. Os dedos gelados se apertando confusamente. Ao entrar na sala, a primeira coisa que avistou foi a mulher se elevando de uma poltrona de couro em tom marrom. Ela tinha os cabelos em um Chanel cumprido, a blusa de botões alinhadas em tom azul escuro, saltos, tirou os óculos de grau acenando simpaticamente para que Emily se acomodasse em uma das poltronas.

- Bom dia Senhorita Rickards, pode se sentar e ficar à vontade. – A voz cadenciada proferiu. Emily sentou-se, entrelaçando as mãos sobre o colo, sentindo o olhar castanho nela. A psicóloga cruzou as pernas, se acomodando na outra poltrona, analisando o comportamento nada efusivo de Emily.

- Bom dia, é... Doutora? - Relutou em responder. A psicóloga lhe deu um breve sorriso se negando. Estava compenetrada desde o segundo em que Emily entrou em sua sala em analisar exatamente o que estava lidando até a aquele ponto.

- Peço que lidemos uma com a outra com menos formalidade, o que acha? – A psicóloga sugeriu. Emily assentiu.

- Sou Emily. – Falou rápido, como se falar apenas aquele nome não fosse nada usual em sua vida, e fala-lo agora, de primeira, para uma pessoa que sequer conhecia fosse estranho e mecânico demais. A psicóloga assentiu, intrigada sobre algumas ações que ainda naquele ponto já haviam lhe chamado a atenção.

- Alguns adoram meu sobrenome, Dobrev, mas apenas me chame de Nina, Okay?

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