"Bom dia, meu amor!"
Anahí
Acordei de madrugada com Alfonso fora da cama. Preocupada, me levantei e assim que vi que ele não estava no banheiro, sai do quarto. A luz saindo por debaixo da porta branca chamou minha atenção e me aproximei. Abri a porta com cuidado e espiei lá dentro.
Meus olhos marejaram quando vi Alfonso pintando um quadro de Verônica, mas ao contrário da menina adormecida naquela cama, nesta Verônica estava de pé e sorrindo. Entendi na hora que essa é a imagem que Alfonso acredita que teria da irmã se não fosse o passado dele.
Quando fui fechar a porta pra voltar pra cama, a porta rangeu, me denunciando. Alfonso se virou na mesma hora. Achei que ele fosse ficar furioso comigo, mas tudo o que ele fez foi sorrir e estender a mão pra mim. Envergonhada e um tanto sem graça, me aproximei e segurei sua mão.
- Acho que minha esposinha, sentiu minha falta. - sorriu.
- Sim, senti. - envolvi os braços em torno da cintura dele e o abracei.
Alfonso apoiou o queixo no topo da minha cabeça e suspirou.
- É um bonito retrato. - sorri me afastando dele e admirando a pintura.
- Em raras exceções sonho com ela assim. - Alfonso suspirou, olhando o desenho.
- De verdade? - sorri, surpresa com suas palavras.
- Sim... É como eu queria que ela fosse.
- Está tarde, há quanto tempo você está aqui pintando?
- Não conseguia dormir, então assim que você adormeceu vim pra cá.
- Entendi, você não quer voltar pra cama? - perguntei preocupada com ele.
- Tudo bem vamos, não quero que minha esposinha fique preocupada comigo.
Meu sorriso aumentou de tamanho consideravelmente. Sem resistir fiquei na ponta dos pés e o beijei. Quando voltamos pra cama, Alfonso me abraçou e em segundos ele apagou e eu enfim adormeci.
Sophie
Encarei Verônica na cama, enquanto esperava a transferência de chamada.
- Por que vocês têm que ser tão lerdos às vezes? - suspirei entediada.
- Gutierrez na linha.
- Oh finalmente, aqui é Sophie Herrera quem está falando.
- Olá Sophie, como tem passado? Por que está me ligando tão cedo?
- Preciso dos seus serviços. - sorri.
- Em que posso ajuda-la dessa vez Sophie? - o detetive respondeu, quase podia vê-lo sorrindo.
- Preciso que encontre uma moça. Uma jovem prostituta que se envolveu com meu filho alguns anos atrás.
- Você sabe o nome dela?
- Não, mas tenho uma foto da época em que se envolveu com meu filho, acabei de enviá-la a seu e-mail. Preciso que a encontre o mais rápido que conseguir. - respondi.
- Há quanto tempo ela se envolveu com seu filho?
- Há alguns anos, não sei bem quantos ao certo. Em torno de quatro anos. - respondi.
- Está bem Sophie, farei o possível para encontrá-la, o mais rapidamente possível. - respondeu.
- Ótimo, farei a metade do pagamento hoje à tarde e o restante quando você encontrá-la e eu me certificar de que é a pessoa que estou procurando.
- Como quiser Sophie.
- Ótimo, aguardo seu telefonema. Conto com sua ajuda para encontrá-la e também com sua discrição. Boa tarde. - respondi e desliguei.
Anahí
Acordei mais uma vez com a sensação da cama vazia, sem Alfonso perto de mim. Sentei na cama e a porta do quarto se abriu. Meu marido entrou só de cueca e trazendo uma bandeja de café da manhã.
- Bom dia, meu amor.
- Bom dia! - sorri ainda sem acreditar que esse homem era meu marido. - Como você está, amor?
- Eu estou bem, não se preocupe. - Alfonso se inclinou na minha direção e beijou minha testa.
Meu sorriso aumentou quando ele sentou e colocou a bandeja no meu colo.
- Morangos?
- Sim, morangos com chantilly como você gosta. - sorriu, pegou um com o garfo e estendeu na minha direção.
Não pensei duas vezes antes de abocanhar o morango e sorri. Meu celular na mesinha começou a tocar e fiquei tensa ao ver o nome na tela.
- É sua mãe.
- Mas logo cedo? - Alfonso bufou.
- Oi sogrinha, tudo bem? - atendi e coloquei no viva-voz.
- Olá minha norinha preferida, onde você está? No apartamento de Alfonso?
- Isso, mas ele está no banho agora, você quer falar com ele?
- Na verdade, gostaria de te convidar para almoçar hoje, em compensação à ontem à noite que não deu certo. Alfonso melhorou da dor de cabeça?
Alfonso cerrou o punho e tentei manter o tom da minha voz o mais neutro possível.
- Ah sim está bem sim, perfeitamente bem e acho que não vai haver problema algum almoçar com você.
- Ótimo, passo na empresa que horas para irmos juntas?
- Meu almoço é da meio-dia há uma e meia. - respondi. - Passa na empresa esse horário.
- Combinado, vamos sozinha certo? Não que eu tenha algo contra almoçar com meu filho, mas é que gostaria de lhe conhecer melhor, pelo jeito que a coisa está indo, logo você será minha nora.
Encarei a aliança que Alfonso havia me dado e isso arrancou um sorriso dele. Me perguntei se Sophie ia ficar feliz se soubesse que já nos casamos.
- Tudo bem, Alfonso está cheio de trabalho e não poderá ir com a gente. Nos vemos então na hora do almoço. - sorri, como se ela pudesse me ver.
- Combinado. - Sophie sorriu e logo desligou.
- Já vou te avisando que Jhon vai com você.
- Contando que ele não se sente à mesa com a gente. - dei de ombros e peguei mais um morango.
- Você está tentando me provocar? - Alfonso estreitou as sobrancelhas.
- Eu? Claro que não. - menti, negando com a cabeça.
- É bom pra você que não. - ele sorriu com malícia se inclinou na minha direção e me beijou.
Suspirei, envolvendo os braços em torno do pescoço dele e quase perdemos a hora de ir pro trabalho.
Alfonso
Assim que chegamos na garagem do prédio, quase atrasados, avistei Jhon e fui direto até ele.
- Vou ter que lhe pedir uma coisa hoje.
- Pode dizer senhor. Bom dia, senhora Herrera. - ele cumprimentou Any rapidamente.
- Bom dia, Jhon. - Any sorriu.
- Minha esposa, irá almoçar com.... A minha mãe. - respondi sentindo uma bola se formar na minha garganta ao dizer aquilo. - Preciso que você a acompanhe, mas observe as duas de longe, com discrição.
- Sim senhor.
- Qualquer coisa que acontecer você entra em contato comigo. - avisei.
- Sim senhor, entendi. Mas não se preocupe, não vai acontecer nada com sua esposa.
- Agradeço Jhon. Agora vamos direto pra empresa.
- Sim, senhor! - ele assentiu.
Assim que nos dirigimos até o carro Any me encarou.
- Jhon tem o próprio automóvel dele?
- Sim, melhor um veículo a mais em caso de emergências. E não se preocupe com ele, nem vai parecer que ele está no restaurante com vocês. - respondi.
- Eu não me importo, só não quero que a sua mãe desconfie de algo.
- Não se preocupe ela não vai desconfiar. - pisquei pra ela e beijei seu rosto.
- Espero mesmo que ela não desconfie. - Any suspirou, era nítido que ela estava nervosa.
- Foi você quem quis assim, meu amor. - abri a porta pra ela e entramos.
- Não fui eu quem quis assim, sua mãe ta me obrigando a agir desse jeito. Mas não se preocupe comigo ta?
Assenti sabendo que não ia conseguir não me preocupar com ela, mas como não tinha escolhas, liguei o carro e fomos em direção à empresa.
Anahí
Quando dá o horário do almoço quase dei um pulo quando a porta se abriu e Sophie apareceu. Estava usando um vestido vermelho justo e decotado que ia até a altura de seus joelhos. Seus cabelos estavam ondulados e chegando à altura dos ombros. Estava linda e potencialmente perigosa.
- Como está sogrinha? - sorri me levantando.
- Bem, vamos ao nosso almoço? - sorriu.
- Claro, vamos sim. - sorri, assentindo.
Sai da minha sala e entrei no elevador com uma sensação estranha de pé atrás. Quando chegamos ao hall do prédio, atravessamos a catraca e vi que um táxi nos esperava.
- Onde vamos almoçar?
- Não se preocupe, será aqui perto. - sorriu, colocando os óculos de sol.
Olhei pra trás, fingindo que admirava as ruas e fiquei aliviada quando vi o automóvel de Jhon, vindo discretamente atrás de nós.
- Algum problema, querida? - Sophie sorriu.
- Não, nenhum. - respondi forçando um sorriso.
Quando chegamos ao restaurante, fomos direto pra mesa. Assim que nos sentamos, um garçom veio nos oferecer o vinho. Deixei Sophie escolher um de sua preferência.
- Querida vou ao banheiro e já volto está bem?
- Ok! - assenti e sorri.
Sophie se levantou e foi na direção do banheiro, atraindo inúmeros olhares masculinos enquanto passava. Será que na idade dela eu faria sucesso assim também?
Encarei a bolsa dela, pendurada na cadeira. Dei uma espiada e quando não a vi, peguei a bolsa antes que perdesse a coragem. Abri o zíper da bolsa e vasculhei dentro dela, em busca de alguma coisa, mesmo sem saber o que. Foi quando vi três frascos de remédio. Os frascos eram de vidro e não tinham nomes, apenas comprimidos, cada um de uma cor.
Dando mais uma conferida, peguei um comprimido de cada vidro, puxei o guardanapo e embrulhei os remédios ali. Devolvi a bolsa de Sophie à cadeira e guardei os comprimidos que tinha roubado dentro da minha bolsa.
Assim que me ajeitei, ela ressurgiu vindo do banheiro e acenou ao me ver. Sorri e acenei de volta.
- Vamos fazer um brinde querida? - ela sorriu, sentando em sua mesa.
- Um brinde à que? - perguntei curiosa.
- Há nós duas. Tim-tim? - ela ergueu sua taça.
- Tim-tim! - entrei na dela e brindamos.
Ela sorriu e fiquei me perguntando se deixar a bolsa na cadeira foi um descuido ou uma armadilha.