Tratado dos Párias- O rei reb...

By IsabelaAllmeida

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Tiago sempre abominou o tratamento as mulheres no reinado de seu pai. Viu sua mãe virar escrava e suas irmãs... More

À primeira vista
Dívida de rua
Novo lar
Reencontro
Preconceito
Convite inesperado
Conselho que não dá conselho
Desconforto
Guia Daniel
Trégua
Uma despedida
Conserto destrutivo
Uma visita
Confraria Anarquista
O espião...
Cascas Vazias
Um encontro nada amistoso
Nada como esperado
Vila dos orfãos
Confissão inesperada
Menina Esperta
Sentimento maduro
Sem tato com o coração
Atitude Ousada
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Abordagem

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By IsabelaAllmeida


Achei por um momento que teria tempo, que poderia fazer um bom projeto para apresentar, mas assim que o dia chegou, mesmo antes de sair da cama ouvi a voz grave de Tiago.

— O quê? Quando isso?

Fiquei quietinha na cama, com medo até de respirar e ele ouvir, o que claro, era um medo idiota, mas meu pai podia ouvir, eu acho...

De todo modo eu não queria um confronto quando ele soubesse do meu passeio com Daniel pela vila dos Procriadores. E tudo isso pela sua reação ao meu passeio ao museu, então de alguma forma agora eu temia sua explosão.

— Você permitiu isso, André?

Me encolhi ainda mais ao prever o futuro tão lindamente quando ouvi as palavras, Procriadores, templo da sacerdotisa e algumas outras que me indicava que meu pai, aquele fofoqueiro, estava contando tudo a Tiago.

Tentei demorar o máximo possível a sair debaixo das cobertas, mas isso já estava se tornando ridículo, eu não podia me enfurnar no quarto o dia todo, e o rei não parecia disposto a sair daquela sala até ter o gosto de me repreender por meu passeio, ou até por minha ideia...

Levantei e me arrastei carregada de desânimo para me lavar, depois de pronta abri a porta e tremi ligeiramente quando a fechei, me senti exposta sem a proteção do quarto, contudo, apesar do meu receio, desci as escadas com passos firmes e o olhar altivo de quem é inocente sobre qualquer discussão ocorrida antes de eu descer.

Tiago me sondava a cada passo, em seus olhos estava um misto de ira e algum tipo de fascinação gulosa que me deixou desconcertada. Já meu pai olhava para Tiago como um predador que espera uma distração da presa para atacar. Isso também me pareceu esquisito, era como se eles tivessem entrado em um tipo estranho de acordo em relação a mim, mas claro que eu não ia abusar da sorte, minha ideia era simplesmente arrumar um jeito de sair dali o quanto antes. Por isso fiz um cumprimento educado enquanto rumava apressada para a cozinha.

— Bom dia, Tiago. Espero que esteja em um bom dia.

A ira que até então estava em seus olhos pareceu sumir e eu quase sorri triunfante, chamá-lo pelo nome tinha funcionado para uma trégua. Pelo menos isso.

— Bom dia, Amélia.

Com um suspiro aliviado eu alcancei a cozinha sem maiores transtornos, pelos vistos não haveria uma discussão como pensei. Senti com alegria o aroma gostoso de chá e peguei uma xícara, mas parei com ela no ar quando senti a cozinha ficar menor. Meu corpo respondeu a um chamado invisível e me virei, ali estava Tiago encostado à porta, me olhando insondável.

Rapidamente voltei às costas e praguejei mentalmente, ele era teimoso, claro que não ia ceder tão fácil. Sem encontrar saída peguei outra xícara e o bule de chá e coloquei na mesa, sentei e não o convidei a fazer o mesmo já que ele parecia se ofender com qualquer tratamento formal dedicado a ele quando estava em casa.

Levantei os olhos quando levei a xícara à boca e quase a derrubei com o choque da maravilhosa visão. Ele sorria tão lindamente que não pude resistir e acabei retribuindo com um sorriso tímido. Agora entendia porque ele parecia chateado no primeiro dia, o teimoso rei queria ser tratado normalmente desde o inicio e eu não sabia claro, mas se isso servia para tirar dele um sorriso daqueles, então tinha valido a pena a ousadia.

Sem dizer nada ele sentou e se serviu. Ficamos com o olhar focado no líquido fumegante. Sorvi um gole pequenino um tanto estranha por essa paz silenciosa e ele fez o mesmo. Logo foi ele quem quebrou o silêncio.

— André me disse que ontem você visitou a vila dos Procriadores e que tem planos para o templo.

Assenti um tanto surpresa por ele estar calmo ao abordar o assunto. — Achei que aquele templo poderia ser usado de alguma forma para ajudar essas pessoas.

Ele bebeu mais um pouco sem tirar os olhos dos meus. — E o que tem em mente?

— Uma escola ou quem sabe algo mais.

— E como seria isso?

— Não sei ainda, preciso pensar, mas gostaria de seu apoio, de ajuda.

Tiago suspirou resignado, depositou a xícara na mesa e me encarou sério. — Se me prometer que não irá mais a vila dos Procriadores eu vou ajudar. Mas não a quero mais lá, Amélia.

Isso era melhor do que uma discussão e pior do que simplesmente um sim.

— Eles não são perigosos, só estão famintos e corrompidos, o que eles precisam é serem vistos como pessoas, assim vão descobrir que são valiosos para o crescimento do reino, senão aquele lugar sempre será uma vila perigosa para qualquer pessoa.

Tiago estalou a boca não dando atenção aos meus argumentos. — Me prometa sem discutir que não irá mais lá, e eu ajudarei em sua ideia para o templo.

— Mas por quê?

Ele sequer fingiu que era um pedido, estava tentando me fazer obedecê-lo. Eu poderia, para evitar uma discussão, simplesmente aquiescer em concordância, mas eu queria saber o motivo disso, saber por que ele não estava disposto a um diálogo e só queria me impor obediência baseado em uma troca.

Tiago percebendo que eu não estava disposta a me submeter a sua vontade sem uma devida explicação, levantou e levou a mão aos cabelos os despenteando, parecia estar tentando buscar calma, mas pelo seu jeito eu duvidei que estivesse conseguindo.

— Não vou permitir isso.

Imaginei argumentos mais contundentes como resposta a minha pergunta, ou mesmo um motivo que me fizesse entender sua imposição, mas dizer que não ia permitir? Então eu não era livre como qualquer outro?

Fiquei sem ação pela surpresa, e ele ficou ali me olhando sério, como se fosse um pai cobrando com o olhar a malcriação da filha e esperando ela se explicar. Agora com o sangue aquecendo minhas veias pela raiva que me subia, me vi apontando um dedo para ele e o mandando calar a boca porque ele não mandava em mim, no entanto, a resposta foi mais educada.

— Não estou pedindo permissão e sim pedindo ajuda, se não pode ajudar, peço que não atrapalhe, muito menos tente negociar uma troca comigo.

Tiago não pareceu abalado com minhas palavras e me olhou firme. — Não posso e não vou permitir isso.

Não vou permitir... Novamente isso! Agora quem levantou foi eu.

— Não vou admitir que me diga o que devo ou não fazer, majestade. Não quando tenho um pai que já faz essa função, e ao que eu me lembre, as mulheres do reino são livres. Ou era uma mentira a proclamação das novas leis?

Isso pareceu o ofender e ele desviou da mesa e parou próximo a mim.

— É tolice se meter em perigos desnecessários. Uma mulher bonita como você chamaria atenção em um lugar como aquele. Você é frágil, não saberia se defender dos tipos que tem naquela vila. Entende agora porque não a quero lá? A vila da procriação é um lugar perigoso SIM, e não quero que se meta em problemas.

Terminando aquele sermão ele manteve os olhos fixos nos meus, não... Eu não entendia, quer dizer que por ser bonita eu estava proibida de andar por ai? Bonita... Então ele apreciava minha aparência? O quão ruim isso me parecia agora? Não sei, mas ele continuou me encarando, esperando sei lá, um sim senhor vossa majestade eu entendo, mas não ia dar esse gosto, ele precisava ouvir umas poucas e boas.

Pensei em um monte de coisas a dizer, mas estávamos tão próximos que por um momento me deixei namorar cada parte de seu rosto tão perto do meu... Lindos olhos estrelados... Machista de olhos estrelados... Um cretino autoritário com os olhos cheios de estrelas que quase me distraiu, quase...

Sem dizer nada desviei da muralha de músculos a minha frente e segui para a porta, mas ele segurou meu braço de maneira brusca, e logo, como se lembrasse que estava passando dos limites ele suavizou o aperto.

— Quem é esse Daniel?

— É da sua conta? — Rebati com tanta raiva que esqueci que estava falando com o rei.

— Vou descobrir de um jeito ou de outro, então é melhor me dizer.

Puxei meu braço e o empurrei com raiva, claro que nem fiz mossa, já que ele sequer moveu um passo para trás.

— É apenas um garoto, deixe o em paz!

Saí para a sala pisando duro e ele veio atrás.

— Muito bem! Se ele é o problema, darei um jeito nele!

*.* Ótima semana :D Aqui não tem dia definido para sair capítulos viu? Beijinhos!

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