O Filho Do Meu Patrão (Romanc...

By qojorgeop95

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Me chamo John Kennedy e tudo começou quando conheci o filho do meu novo patrão. Alto, forte e muito bonito, J... More

O Filho do Meu Patrão
Prólogo
1.Sobre Mim
2. Demitido
3. Secretário Pessoal
4. Surpresas
5. O Filho Do Patrão
6. Desejo Perigoso
7. Herói
8. Presente De Desculpas
9. Doce Vingança
10. Colega De Trabalho
11. Jogo Perigoso
12. Me Desculpe
13. Alguns Medos
14. Escolhas
15. Erros Ou Acertos
16. Ficha Suja
17. Eu Te Amo
18. Redenção
19. Do Céu ao Inferno
Mary Kennedy (Small Chapter)
20. Visita Surpresa
21. Medos e Preconceitos
22. Cuidado
23. Verdades Reveladas
24. Eu Não Te Amo
25. Covil dos Abutres
27. A Queda Part. 1
28. A Queda Part. 2
29. Fique
Uma Ligação Inesperada (Smal Capter)
30. Felizes para Sempre
31. Primo Kennedy
32. Bem-vindos a Porra do meu Noivado, Viados
33. Um Possível Romance
34. Um Possível Romance Part 2
35. Sem Promessas, Sem Decepções
36. Feridas
37. Pelos seus Pensamentos, Um Beijo
38. Sacrifícios
39. Sombras
40. Desejos Lícitos
41. Carla Findy
42. Carla Findy Part. 2
43. A Caça e o Caçador
44. Ultimato
Júnior Louis (Small Chapter)
45. Verdades Óbvias
John Kennedy (Small Chapter)
46. Despedidas
47. Ao Pôr-do-Sol (Extra Chapter)
Touch
Agradecimentos
Curiosidades
Playlist Spotify e YT Music (YouTube)
Almanaque Ilustrado de O Filho do Meu Patrão
3 Mil Vidas: Primeiro Capítulo

26. Negócios

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By qojorgeop95


Eu tenho pesadelos todos os dias. Eles aparecem nas horas mais frias da noite, me fazendo gritar de medo. Mas não se trata de apenas sonhos ruins, são lembranças misturadas com fantasias. Vozes assustadoras chamando meu nome. Quase todas conhecidas. São como ecos no escuro sussurrando ao me chamar.

Primeiro, eu estou no maldito estacionamento onde tudo aconteceu. Aquela sensação, uma triste lembrança do meu coração batendo de pânico faz com que o pesadelo se torne ainda mais assustador. Eu já estive ali tantas vezes durante meses todas as noites, mas é o desespero que sempre faz o sonho se tornar algo novo quando eu revivo tudo. Caminho pesarosamente e o mais quieto que consigo, porém o local é uma zona vazia demais para que um simples passo se passe despercebido. Então eu paro e os ecos dos passos continuam me fazendo perceber — mais uma vez — que não estou só. É assim que começa, eu sei disso, de alguma forma eu sei.

Duas figuras surgem da escuridão, seus rostos estão desfocados como se fossem algum tipo de aberração. Eu tento me concentrar em suas faces mas é como se houvesse uma nata em meus olhos impedindo de visualizá-los.

Instintivamente eu dou alguns passos para trás, eu sinto o perigo, eu juro que sinto.

"O que vocês querem" quero perguntar, mas minha voz some. É aquele maldito desespero tomando conta de meu corpo. É o medo daquilo que vai acontecer ou, em uma realidade, já aconteceu. É a indignação de como o mundo algumas vezes pode ser injusto e cruel.

O resto acontece tão rapidamente quanto eu posso perceber: eles se aproximam e me dão um soco no estômago, eu caio e então recebo diversos xingamentos e chutes. Nesse momento eu só quero me encolher o máximo possível e sumir.

Então de repente tudo fica estranhamente silencioso e calmo. Levanto a cabeça, estou todo ensanguentado mas não há dor. Em minha volta as luzes se acendem revelando diversas pessoas batendo palmas e olhando para uma única direção, acompanho o olhar das pessoas e atrás de mim está meu patrão em um tipo de nomeação.

"Viva o novo governador do Ceará" grita um senhor e todos aplaudem. Parecem não me notarem ali no chão, no centro de tudo.

Então o Sr Louis pede silencio com um gesto e começa a falar:

"A partir de hoje eu estarei encarregado pessoalmente de me livrar de todas essas merdinhas que infestam nosso estado" ele me olhou severamente, de um jeito que eu nunca tinha visto antes e depois apontou em minha direção.

"Como esse aí" disse ele. Todos os olhares desconhecidos focaram em mim. Como um exército enfurecido eles começaram a vir em minha direção, seus rostos começaram a ficar desfocados.

O grito foi inevitável, mas normalmente era a única forma de sair de um pesadelo como aqueles. Anna já estava acostumada porém sempre aparecia em meu quarto assustada. Talvez ela tivesse medo de algum dia estre esses sonhos eu tentar me matar ou algo do tipo.

Ela me acalmou. Disse que estava tudo bem.

— Eu achei que com o passar do tempo esses pesadelos sumiriam, mas não está John. Você precisa procurar alguma ajuda.

Eu acariciei o rosto dela. Suas olheiras eram como um reflexo das minhas.

— Me desculpe — as lágrimas caíram.

— Shiiih. Não é culpa sua. É só uma fase. Vamos passar por ela juntos, tudo bem?

Fiz que sim com a cabeça. Eu estava grato por ter ela na minha vida. Enquanto eu abraçava minha melhor amiga, me lembrava do sonho e do pedido de Júnior. Eu nem deveria escutá-lo. Não depois de tudo que ele tinha feito. Mas e se Júnior tivesse razão?

Meu patrão era um homofóbico isso ninguém podia negar. O verdadeiro motivo pelo qual eu comecei a me relacionar com seu filho foi por uma vingança boba depois que ele tinha dito aquelas coisas idiotas pra mim. Se arrependimento matasse.... Bom, provavelmente não estaria morto porque como eu sou um filho da puta, não tenho nenhum arrependimento de ter me envolvido com o filho do meu patrão. Ódio, rancor, ressentimento sim, mas arrependimento de fato não tenho, não agora.

O Sr. Louis era um homem muito influente e um famoso advogado, vencendo inúmeros casos famosos quase todos envolvendo escândalos de políticos e líderes religiosos. Apoio político não vai faltar, isso é óbvio.

No fundo eu sei que Júnior tem razão, seu pai é um homem rigoroso e preconceituoso que ao chegar em um cargo tão importante como é o de Governador, vai tornar a vida de muita gente um inferno inclusive a minha. Mas será que ele tem razão também quando diz que eu sou o único que pode detê-lo?

Nos dias que se seguiram eu vi Júnior apenas uma vez. Não sei o que estava acontecendo mas eu acho que meu patrão estava designando o filho dele para outros setores ou alguma coisa assim. Isso foi bom por vários motivos. Vê-lo ainda me causava dor e também, de certa forma eu devia uma resposta pra ele. Uma resposta no qual não tinha.

Meu patrão foi mais algumas vezes naquela cede onde os políticos se reuniam para decidirem suas estratégias. Em algumas dessas reuniões eu não podia entrar e em outras eu tinha o acesso livre. Notei que nas vezes em que eu podia entrar de uma forma estranha e peculiar todos já possuíam suas verbas muito bem distribuídas. Era óbvio que ali a corrupção corria solta e descaradamente eminente.

Se eu não fizesse nada de certa forma eu seria o cumplice de todos aqueles nojentos. Eu me senti um lixo ao pensar naquilo. No fim do dia eu já tinha uma resposta, ou quase tinha. Uma mensagem de um numero estranho chegou no meu celular.

Me encontre nesse local daqui uma hora JL

Havia um link no final da mensagem indicando o local, era bem longe. Respirei fundo, peguei um taxi e fui me encontrar com Júnior.

O bairro eu conhecia, mas tenho certeza que Júnior não. Era um dos mais perigosos de Fortaleza e a noite ficava ainda mais aterrorizante. O filho do meu patrão marcou em uma lanchonete incrivelmente feia e nojenta. O lugar fedia a mofo e gordura.

Ao entrar o vi sentado de costas com um cassaco sobre a cabeça. Percebi que era aquele porque o cassaco eu tinha dado pra ele logo depois que saí do hospital como forma de agradecimento. Caminhei lentamente voltando minha atenção em minha volta: as mesas estavam sujas e juro por Deus que eu vi larvas andando em uma delas. Me sentei e o encarei. Ele estava todo misterioso. Parecia estar com medo de estar sendo seguido ou algo do tipo porque toda hora olhava pela vidraça procurando alguém. Júnior parecia estar ficando louco.

— Ótimo lugar — disse ironicamente.

— Procurei no Google locais para se fazer negócios em Fortaleza e o primeiro lugar foi este.

Fazer negócios?

— Desde quando arruinar a carreira política do seu pai virou um negócio?

Júnior não conseguia fazer contato visual comigo. Culpa? Vergonha?

— Eu preciso de sua resposta — exigiu ele.

— Vou dar a minha resposta, desde que você dê as suas — eu parecia forte, mas por dentro eu estava em pânico.

— O que você quer saber? — perguntou ele como se realmente fosse necessário. Seu rosto focado na vidraça.

— Nem precisa dizer o quanto você mudou esses meses. Eu quero saber o porquê?

— Sinto muito, mas não há nada a ser dito quanto a isso.

Antes que eu pudesse abrir a boca para contestar a garçonete apareceu.

— O que vão querer? — perguntou a mulher sem um pingo de animação na voz.

— Nada obrigado — disse Júnior rispidamente.

Ops.

— Escuta aqui garotão, se vai ficar com essa bundinha gostosa sentada aí, vai ter que pedir alguma coisa. Isso aqui não é praça pública, esses lugares são pra clientes que vão pedir algo.

Acho que Júnior e eu fizemos a mesma pergunta ao olhar em volta e não ver ninguém: que clientes?

— Certo — disse Júnior ainda mais ríspido — quero um suco de melancia.

— Tá de brincadeira com a minha cara? — o tom de voz da mulher se alterou.

— Vamos querer uma porção de batatas fritas e duas cocas — disse eu antes que a garçonete desse na cara dele.

A mulher anotou o pedido furiosamente, fuzilou Júnior por meio segundo e depois saiu.

— O.K. O que eu disse de errado? — ele quis saber.

— Você realmente nunca veio para essas bandas da cidade, não é mesmo?

Ele balançou a cabeça negativamente.

Era óbvio isso. Júnior não sobreviveria um dia sozinho por essas regiões da cidade. Eu e Anna tivemos uma breve experiência de morar nessa região por alguns meses. Por isso eu digo, Júnior não sobreviveria muito tempo aqui.

— Então quer dizer que você não vai me falar porque você tem agido tão estranho esses meses?

— Eu te chamei aqui por outro motivo.

— Foda-se seu motivo — eu não alterei meu tom de voz, mas eu fui bem rude.

Ele continuou a olhar o nada. Aquilo foi me dando nos nervos.

— Custa você olhar pra mim pelo menos?

Nada. Júnior nem sequer piscou. Foi a gota d'água pra mim. Me levantei e fui em direção à porta. Estava farto daquilo tudo. Uma hora a gente se cansa, certo?

Uma mão não muito desconhecida me segurou. Uma voz mais conhecida ainda pediu para eu ficar. Eu queria ter o poder de dizer não. Queria ter essa autoridade sobre o meu coração.

Sentamos na mesa novamente. Dessa vez Júnior olhou em meus olhos e disse:

— Eu preciso da sua ajuda mais que tudo. Eu sei que te magoei, eu sou um filho da puta por ter feito isso. Mas eu não te procuraria se não fosse sério. Você é o único que pode me ajudar.

Respirei fundo algumas vezes, talvez mais vezes do que era necessário.

Eu preciso da sua ajuda mais que tudo.

Aquelas palavras pareciam vir de um sonho adormecido. Tudo aquilo na verdade parecia um sonho, desde a mensagem até aquele exato momento com Júnior implorando por minha ajuda.

E quando eu precisei da sua ajuda, Júnior? Onde você estava?

Parte de mim queria ajuda-lo mais que tudo. Essa parte ainda o amava. Já a outra, queria apenas sair daquele lugar que fedia a gordura e nunca mais vê-lo. Essa parte também o amava, porém estava magoada demais para se importar.

Eu só aceitei me encontrar com Júnior porque queria respostas. Saber sobre nós, mesmo sabendo que o "nós" não existe mais. Era o que eu mais ansiava naquela hora, saber porque o filho do meu patrão mudou da água pro vinho. Talvez se eu aceitar ajudá-lo, em algum momento ele resolva me contar.

— Está bem — digo, dessa vez esperançoso.

— Você aceita então? — ele parecia surpreso.

— É o que estou dizendo. Sim, eu aceito.

— Obrigado — sua voz, pela primeira vez em meses, é veludosa, limpa. Todas as partes divididas em dúvidas e sentimentos dentro de mim se mexeram ao ver um fragmento do meu Júnior naquele instante.

— Não agradeça — tenho que parecer forte, penso — não estou fazendo por você — minto mais pra mim do que pra ele.

Júnior assentiu, aceitando minha suposta verdade. Logo depois a garçonete chegou com a porção de batatas fritas e as cocas. Ele não fez questão das batatas, apenas da coca. Depois pagou, disse que manteria contato e se foi me deixando sozinho, mais uma vez.

Enquanto Júnior saía pela porta, me perguntei quantas vezes mais ele partiria meu coração.

Eu nem tive coragem de contar à Anna sobre meu encontro repentino com Júnior, eu sei que ela não aprovaria. Na mente dela, ele passou do status de "namorado fofo" para "doença de todos os seus males". Eu não tiro a razão dela por pensar assim. Então decido não contar absolutamente nada para minha melhor amiga, pelo menos por enquanto. Pelo menos ter certeza no que essa história de cumplice do cara que me magoou e salvador da pátria LGBT vai dar.

Digo para mim mesmo que estou topando fazer aquilo para evitar dar o poder para um preconceituoso como o Sr. Louis. No fundo faço isso por todos nós, pessoas consideradas "diferentes" pela sociedade. Porém, ainda mais no meu interior faço por Júnior.

Me odeio por isso. Me odeio por sentir algo tão forte por ele, mesmo já quebrando a cara. É estranho esse sentimento que as pessoas chamam de amor, uma hora salva, outras condena a gente de várias formas. E ultimamente ando tão dividido, como se sempre houvesse apenas duas opções, uma onde contém o filho do meu patrão e a outra que não o contém. É confuso, angustiante e estranho.

Tive que acordar 4 horas da manhã. Motivo: meu patrão mandou eu ir pra casa dele. Eu estava morto de cansaço, mas antes estar cansado do que desempregado. Peguei um táxi e meia hora depois cheguei. Haviam várias pessoas reunidas no escritório do Sr. Louis, alguns rostos eu reconhecia das reuniões que meu patrão vai no covil dos abutres toda semana, outros eu nunca tinha visto.

Júnior estava no fundo do escritório, atento. Nossos olhares se cruzaram por um breve momento, o suficiente para eu notar do que aquilo se tratava. O Sr. Louis estava traçando seu plano político para o por em prática. Eu sabia que aconteceria, mas não imaginei que seria tão rápido. Como eu era o responsável pela sua agenda, anotei e tive que sugerir os horários propícios para suas visitas como candidato a governador. Em outras palavras, sua agenda ficou lotada de compromissos. Isso era preocupante, ali eu notava a proporção de tudo. Seria uma tarefa quase impossível impedir o inevitável. Júnior pareceu notar isso também.

— Acho que não temos a menor chance de impedir seu pai ser o governador — sussurro. Estamos tendo um breve momento na cozinha, minha mente quer puxar lembranças, mas eu a mando parar.

— Ainda que seja menor, ainda temos uma chance. É só saber agir — diz ele.

Eu o observo de perto pela primeira vez em meses. Seu rosto mudou muito, suas olheiras profundas, provavelmente iguais ás minhas se acentuam aos primeiros raios solares. Mas há algo em seu olhar, uma pequena chama que identifiquei noite passada quando ele disse obrigado. É o meu Júnior ali, lutando para ficar vivo. Lutando para sobreviver ao novo Júnior rude e sem coração.

Ele também me olha com intensidade, e lá está nossa boa e velha conexão eletromagnética. Isso é bom. Isso é ruim.

— Porque está fazendo isso? — nunca de fato fiz essa pergunta à ele, pois sempre procurei outras respostas. Mas agora quero saber.

— Já disse. Muita gente vai estar em perigo.

— Isso eu sei. Pessoas como eu. Mas porque você quer ajudar? Porque se importa?

Ele quase deu um sorriso. Quase.

— Há muitas coisas com o que me importo, John. Principalmente com aquelas pessoas que vão estar sobre os domínios do Sr. Louis. Pois eu sei como é ser controlado por ele. Não desejo isso pra mais ninguém.

— É só isso? — e lá está minha voz manhosa, implorando para que não seja apenas isso.

Droga John, porque você tem que se humilhar tanto ainda?

Ele demora um segundo para me responder. Ele vai ceder, penso. Mas então ele me diz de uma forma curta e firme antes de voltar para o escritório:

— É só isso.

Por incrível que pareça, meu coração se parte em mais fragmentos. Pedaços mais pequenos e mais afiados, cortantes e penetrantes. Machucam ainda mais de uma forma surreal. Eu quero chorar mas engulo o choro e ergo a cabeça. Preciso manter o foco, preciso seguir em frente.

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