3. Secretário Pessoal

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Acordei cedo, vesti uma roupa social e sai. Cheguei no escritório no qual tinha uma entrevista trinta minutos adiantado. Me colocaram em uma sala com várias poltronas e uma TV. Provavelmente a sala de espera. Não tinha notado na primeira vez que tinha entrado aqui o quanto todo aquele lugar era grande, mas agora observando atentamente percebi o quanto era exageradamente enorme.

— Senhor John Kennedy, queira me acompanhar, por favor — diz uma loira alta quando entra na sala de espera. O escritório é bem amplo e claro com um monte de salas e corredores, um labirinto humano. A segui até ao elevador e depois ao fim de um corredor do último andar. A sala estava aberta já, a mulher fez um gesto para que eu entrasse. Na porta estava escrito "Sr Louis". A sala era escuta, muito diferente dos corredores do escritório porém era exageradamente amplo. Dava uns três apartamentos que eu moro ali.

Havia um homem sentado atrás de uma escrivaninha de madeira. O Sr Louis possuía cabelos grisalhos que não correspondiam com seu rosto, apesar da aparência cansada, jovem ainda. Se tivesse uns quarenta anos, seria muito.

— Entre e sente-se. Feche a porta, por favor — disse ele.

Me sentei em uma das cadeiras desocupadas em frente à escrivaninha. A última vez que estive em uma situação parecida, havia sido demitido.

— John Kennedy. Vinte anos, nascido em Colatina, ES — disse o Sr Louis enquanto segurava meu currículo.

— Sim senhor, eu mesmo.

— Então me conte, Sr Kennedy, porque veio de tão longe? Seus dados mostram que estudou no interior do Brasil.

— Bom... — não estava nervoso, apenas surpreso. Aquilo era uma entrevista de emprego ou uma consulta com o psicólogo? — vim para cá com a expectativa de um futuro melhor — menti. Sabia que era errado mas não iria me abrir para um estranho.

— Hmm — resmungou ele. Não tirava os olhos do meu currículo em suas mãos — você não tem nenhuma experiência em escritórios, não é mesmo?

— Não senhor.

— Mora com a família? — perguntou.

Agora tinha quase certeza, tinha entrado no prédio errado. Aqui era uma sala de psicologia e não advocacia.

— Como é? — estava mais uma vez surpreso com a pergunta que não esperaria.

Ele olhou pra mim, desviando seu olhar por alguns segundos do currículo.

- Me desculpe, Sr Kennedy. As perguntas são direcionados diretamente com o cargo, então, se puder responder...

— Moro com uma amiga — respondi, um pouco desconfortável — vim para Fortaleza com ela. Minha família...

O Sr Louis levantou a mão para que eu parasse. Já estava ficando estressado com tudo aquilo.

— Você fala espanhol. Tem alguns cursos administrativos. Possui curso de informática. Sabe para que cargo está concorrendo, Sr Kennedy?

Neguei com a cabeça. Apenas tinha entregado meu currículo e ido embora, nunca imaginei que se interessariam por mim, quanto mais me chamariam para uma entrevista.

— Ser meu secretário pessoal. Isso inclui horários de pico e horários fora da grade de trabalho. Preciso de sua total disponibilidade. E se concordar, terá que contar mais sobre você. Saiba que vai entrar e sair de minha casa muitas vezes ao dia, seja para pegar algum relatório ou documento e não costumo deixar desconhecidos frequentarem meu lar. Por isso preciso saber mais de você, como histórico profissional, se tem algum antecedente criminal,talvez até precise ligar para seus pais. Você, será meu braço direito e esquerdo. Fará minha agenda, cuidará de meus compromissos. Será que é capaz, Sr Kennedy?

— Quanto é o salário? — perguntei. Me incomodava um pouco a parte que ele dizia precisar ligar para minha mãe, mas não tinha nada a esconder...

Ele deu um sorriso. Até então só tinha visto um homem de cabelos grisalhos sentado atrás de uma mesa enorme me fazendo perguntas desnecessárias. Agora ele poderia ser meu futuro chefe. Mais que isso, sinto que esse emprego me daria muito trabalho, literalmente. Teria que ter algum retorno financeiro.

— Um bom valor, eu garanto. Fora as horas extras. Dinheiro não será problema.

Gostei da última parte sobre dinheiro não ser problema.

— Então quando eu começo? — perguntei.

— Vamos com calma Sr Kennedy. Vamos fazer um teste. Uma semana e ver se você aguenta a pressão — disse o Sr Louis, apesar de sério, seus olhos brilhavam.

Fizemos um pré acordo, começaria na segunda-feira. Uma semana de teste, e se tudo ocorresse o emprego seria meu. Voltei pra casa feliz e bem disposto. Anna chegou mais cedo, já que era sábado.

O Filho Do Meu Patrão (Romance Gay)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora