27. A Queda Part. 1

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Há paixões que vem e vão. Algumas te marcam pelo resto da vida, outras, desaparecem com o tempo. Depois de algumas desilusões, eu costumava achar que amar era uma fraqueza humana. Conhecer Júnior me fez repensar esse conceito. Meu amor por ele era tão forte que, eu poderia viver mil anos e durante esses mil anos o amaria na mesma intensidade. Um sentimento forte como esse deveria desconstruir todos os pré-conceitos criados pelas pessoas como desconstruiu o meu. Mas não é bem assim que funciona o mundo. O ser humano depende um do outro para sobreviver, mas se tornou um ser muito solitário se tratando de tentar entender o próximo.

Muitos de nós sabem bem o que isso significa. Famílias destruídas, relacionamentos corrompidos. Toda vez que eu penso sobre isso, uma parte de mim morre.

Por mais que eu tentasse fugir, ali estava eu sempre voltando para Júnior. E olha que eu tentei muitas vezes fugir dele, mas no final eu acabava no calor de seus braços e isso era bom. As vezes havia arrependimento, mas no fundo nunca houve de fato uma culpa. Eu adorava nossos jogos, adorava a maneira como ele tentava controlar tudo. O sexo, o tom safado, nossos corpos ligados como um. Será que um dia recuperaríamos toda aquela intensidade que vivíamos um pelo outro?

O parque à noite estava lotado, era sexta, então as pessoas aproveitavam o final de semana para se divertirem em um local quase público. O banco parecia o melhor local para esperar ele, infelizmente naquele lugar dava para ter uma ampla visão das pessoas se divertindo, felizes, o contrário do que eu estava sentindo no momento. Não me leve a mal, eu sempre desejei o melhor para pessoas desconhecidas, mas quando estamos realmente péssimos, a felicidade dos outros machuca.

Esperei mais de meia hora até Júnior aparecer encapuzado. Naquela noite faziam uns 40 graus, então é óbvio que estranhei. Mas ele usava o capuz para se esconder de pessoas e não do frio. Eu tinha entendido isso no nosso último encontro. Só não tinha entendido de quem ele se escondia tanto.

— O presidente do partido vai amanhã no escritório para se tornar oficial a candidatura dele — Júnior parecia um pouco desesperado, ou, talvez, ofegante.

— Oi para você também — disse rispidamente.

— Oi — sua voz foi macia e distorcida.

— Seus locais de reunião estão ficando cada vez mais interessantes.

— John, você escutou o que eu disse?

— Até à algumas horas atrás minha audição estava funcionando perfeitamente, então você sabe a resposta.

Ele respirou fundo, impaciente.

É, eu sei. Estava bem grosseiro hoje. Até pensei em pedir desculpas, mas aí lembrei que estava assim por culpa dele.

Como ele não disse nada, continuei:

— Descobrimos nosso alvo.

— Como assim? — Júnior ainda não tinha entendido minha linha de raciocínio. Tão bonito, tão lerdo.

— Se queremos que a campanha do seu pai não dê certo, temos que cortar as fontes. Nunca ouviu falar no ditado "cortar o mal pela raiz"?

— Deixe-me ver, você está propondo arrumar uma maneira de romper a aliança dele com o partido?

Notei que Júnior não chamava o Sr. Louis mais de pai. Estranho....

— Exatamente — afinal de contas, ele não é tão lerdo assim...

— E como faremos isso?

— Como, eu não sei, mas já tenho ideia por onde começar...

O Filho Do Meu Patrão (Romance Gay)Where stories live. Discover now