Acordei tarde, estava sem paciência pra encarar o bastardo na mesa do café da manhã.
Eu tinha coisas importantes pra fazer hoje. Fiz Sarah levar um bilhete para Agnes, marcando um encontro.
Fiquei um tempo encarando a porta do quarto, decidindo se já era seguro sair.
-Você está viva, afinal- Kol e abriu a porta de repente, me pegando de surpresa.
-Infelizmente não posso ser morta – disse o observando, ele não tinha nenhum hematoma, isso era bom - você esta bem?
-E que te pergunto- ele me analisou – o que Klaus fez com você?
-Nada – disse, voltando a encarar a porta.
-Klaus estava fora de si ontem - ele não desistiria tão fácil, infelizmente- quando você me beijou então...
-Ele me...puniu – fiz careta, bloqueando qualquer lembrança de ontem- não vai acontecer de novo.
-Você parece...traumatizada - Kol riu- mas se te conheço bem já armando algo.
-Talvez- dei de ombros- preciso de uma carona.
-Você quer mesmo uma carona comigo depois de ontem?
-Sem festa ou beijo dessa vez – garanti, Deus me livre o bastardo me punindo de novo.
-Isso é bem triste- ele negou com a cabeça, fingindo estar decepcionado- vamos, antes que Klaus volte.
...
Kol me deixou na loja de roupas e foi pra algum bar, alegando que já tinha passado tempo demais comigo e que Klaus poderia desconfiar.
Roupas novas, essa era a desculpa perfeita, ninguém desconfiaria de quem estaria me esperando lá dentro.
Escolhi algumas peças aleatórias e segui para os provadores. Agnes estava sentada em um dos sofás azuis daquela ala, a minha espera.
-Elizabeth, é bom finalmente conhecê-la pessoalmente- ela sorriu, apertando minha mão.
-Me chame de Liz- me sentei ao seu lado- eu não tenho muito tempo, então vamos direto ao ponto. Eu quero matar Klaus ou aprisioná-lo, contando que ele sofra muito, estarei satisfeita.
-Bem direta você, nós temos o mesmo objetivo então - ela sorriu- você tem um plano?
-Sim, é aí que você entra - expliquei - você vai trazer Mikael de volta a vida.
-Isso requer muita magia e...
-Você não vai reviver ele da verdade – passei quase uma noite pensando nesse plano, daria certo - só preciso que Klaus pense que você vai. O bastardo vai ficar furioso e Elijah vai voltar para ajudá-lo, ele nunca abandonaria os irmãos numa situação dessas.
-Você quer trazer mais um original pra cidade?- seus olhos se arregalaram.
-Todos eles sabem que Klaus estava com o grimório, eles discutiram bastante por isso – eu presenciei toda a conversa, pelo menos me valia de algo agora- e com a possibilidade de Mikael matá-los, tenho certeza que vão culpar o bastardo.
-Você acha que isso será o suficiente?
-É preciso apenas uma fagulha para aquela família queimar - sorri, eu assistiria eles queimarem com prazer - Klaus vai agir como um idiota, e acabar fazendo merda. E os outros estarão afastados o suficiente para não perceber seu desaparecimento. Não sei se tem uma maneira de mata-lo, mas...
-Há um feitiço no grimório Esther, ele tem algumas peculiaridades, mas funcionaria no hibrido - ela estava começando a confiar no meu plano - ele entraria num sono profundo, preso numa dor agonizante, um eterno pesadelo.
-Parece maravilhoso – disse empolgada - quando você diz peculiaridades...?
-Algumas gotas do sangue dele.
- Isso eu posso conseguir- disse, sempre quis esfaquear Klaus mesmo.
-Você sabe que isso tudo é bem arriscado -ela alertou - se o hibrido ao menos duvidar de você...
-Ele não vai.
-Tome cuidado- ela se levantou, indo em direção a saída dos fundos- manterei você informada.
...
Coloquei as compras em cima da minha cama, não comprei nada muito extravagante. Segurei o vestido vermelho, observando seus detalhes.
-Tenha certeza que ficará lindo em você – sua voz me causou arrepios.
- As pessoas costumam bater antes de entrar- disse, me recusando a olhar em seus olhos.
-Esta é minha casa, então....- ele deu de ombros.
-Você saiu com Kol hoje- ele acusou.
- Como você ficou sabendo?- se ele desconfiasse do que eu fiz...
-Sei de tudo que acontece na minha cidade - ele disse, entrando no quarto.
Nem tudo, ou nós não estaríamos tendo essa conversa. Tremi só de imaginar o tipo de punição que receberia se ele descobrisse a verdade.
-Foi só uma carona- garanti.
-Eu sei, você aprendeu a lição – ele disse se aproximando- você está irritada comigo?
Neguei, mas acabei recuando alguns passos pra trás. A sua proximidade me deixava...quente.
-Eu não mordo, Sweetheart – ele sorriu presunçoso- a não ser que você queira.
-Não me importo o suficiente pra me irritar - disse, minha coragem encobriu meu desconforto.
-Você mal consegue me encarar – ele me encurralou contra a parede- posso ouvir seu coração acelerado.
-Isso não significa nada- disse, mas já estava ficando ofegante.
Ele sorriu, e se eu não estivesse tão ocupada em me manter respirando normalmente, eu teria acerto um belo soco em seu rosto. Ele ergueu a mão, estava prestes a acariciar minha bochecha.
-Não toque em mim – deixei toda minha raiva naquelas palavras.
-Não foi o que você disse ontem- ele sorriu.
-Você é um cretino, seu bastardo idiota – gritei, tentando sair de perto dele, mas ele me manteve presa ali - eu odeio você.
-Você sabe que isso não é verdade, já provei isso- ele se inclinou, diminuindo quase toda a distancia entre nossas bocas – admita a verdade, Sweetheart.
-Você é tão iludido- murmurei.
Por um momento, acreditei mesmo que ele se afastaria, mas então senti sua respiração quente contra o meu pescoço, me causando arrepios por todo o corpo.
-Você tem um cheiro tão bom - ele sussurrou- imagino se seu sangue também é.
-Sai do meu quarto – minha voz estava falhando- agora.
-Você tem certeza que é isso que quer?
Fechei os olhos, absorvendo o máximo a sensação que seus lábios causavam na minha pele. Aquilo era tão absurdamente bom.
Não...
Eu não podia ceder a ele novamente. Reuni toda a minha racionalidade de volta, e me concentrei.
-Sim – disse, fazendo meu melhor pra soar carinhosa - por favor?
Ele se afastou um pouco, me encarando surpreso. Soltei a respiração ruidosamente, me sentindo aliviada.
-Você me surpreende cada vez mais, Sweetheart- ele sorriu abertamente.
Era estranho vê-lo tão feliz por um simples "por favor". Sem aquele olhar irônico e a pose arrogante, ele era quase...atraente.
-Isso merece uma comemoração - seu tom era estranhamente gentil - esteja pronta as sete.
Assenti, concordaria com qualquer coisa se isso o tirasse do meu quarto.
Ele sorriu um ultima vez, e saiu do quarto. Quase me senti culpada, quase. Mas eu não voltaria atrás agora, teria minha liberdade de volta, nem que precisasse destruir Klaus para isso.
No final das contas, as coisas ficariam bem. O bastardo merece tudo o que vai acontecer.
Eu teria minha vingança. Era isso que eu queria, certo?