De trás pra frente

Par Yleinom

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Bastou a falta de inibição que o álcool causava ao correr livremente pelas veias, e em um piscar de olhos ela... Plus

• Prólogo
• Primeiro capítulo
• Segundo capítulo
• Terceiro capítulo
• Quarto capítulo
• Sexto capítulo
• Sétimo capítulo
• Oitavo capítulo

• Quinto capítulo

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Par Yleinom

A comemoração do aniversário de Noah com os amigos não agradava em nada mamãe, que mesmo com muita insistência não conseguiu convencer o mesmo a dar apenas uma festa para os familiares. O único motivo de eu marcar presença era que segundo Leah não seria nada gentil faltar, visto que nenhum outro familiar havia sido convidado por de acordo com Noah: se tratar de uma festa para jovens.

A casa de Dylan parecia estar cheia o bastante para as pessoas esbarrarem uma nas outras a cada passo. Thomas entrelaçou seus dedos aos meus, me conduzindo no meio da multidão que se espremia no primeiro andar. Eu forçava minha visão em busca de rostos conhecidos, realmente haviam muitos.

Franzi o cenho ao notar Liam em uma rodinha de garotos um pouco afastada, reconheci todos que estavam com ele, eram jogadores do time de futebol. Estranhei sua presença, Zoe nada me dissera sobre ir a festa.

— Não saia daqui, vou buscar algo para bebermos — Thomas anunciou, falando alto em meu ouvido devido ao volume da música.

Apenas concordei com um aceno, e o acompanhei se misturar no meio das pessoas.

Passei algum tempo observando o comportamento dos que estavam ali, uns pareciam bêbados demais para se darem conta de seus atos. Um exemplo clássico de toda festa era Mia, que sempre exagerava na bebida e acabava se arrependendo quando voltava a sobriedade. Me permiti dar risada quando em um movimento rápido ela quase caíra da mesa de centro onde dançava.

Não me recordava da última vez que havia estado sóbria em uma festa. Agora poderia ver o lado bom, ao contrário de mim, todos os presentes não se lembrariam de praticamente nada no dia seguinte.

— Cerveja para mim e suco para a senhorita — Thomas falou, se aproximando e estendendo um copo, que eu previa que transbordaria pela enorme quantidade de líquido.

Fiz careta, o pegando da sua mão.

— Tudo que eu queria era uma dose de alguma coisa bem forte, estou realmente precisando de algo do tipo — choraminguei, encostando a cabeça em seu ombro.

Diante do seu silêncio voltei a observar a festa, tentando ver se encontrava Zoe.

— Você sabe se Zoe está aqui? — perguntei incerta, depois de algum tempo varrendo o local a sua procura.

— Provavelmente não, acho que Liam veio sozinho — respondeu sem muito interesse, bebericando a cerveja em seguida.

Soltei um suspiro frustado, sentia que estávamos nos afastando a cada dia. Pensei em lhe mandar uma mensagem, mas abortei a missão por não saber o que dizer.

— Não precisa ficar colado em mim o tempo todo — sussurrei em seu ouvido, encarando seus amigos que estavam próximos de nós. — Vá se divertir com eles — ordenei, vendo que os garotos pareciam se divertir o bastante para tombarem a cabeça para trás ao gargalharem.

Não queria que Thomas perdesse toda a festa por se sentir obrigado a me fazer companhia. Sabia o quanto ele adorava festas, ainda mais sendo o aniversário do seu melhor amigo.

— Eu disse que não iria te deixar sozinha. — Seus olhos se prenderam a mim.

— E eu estou te dizendo pra ir se divertir um pouco com seus amigos — argumentei, terminando com o nosso contato físico.

— Estou me divertindo aqui com você — retrucou, se endireitando no sofá e passando o braço pelos meus ombros, me puxando para si novamente.

— Não me parece nada divertido estar aqui sentado comigo — resmunguei um pouco irritada. — Vai lá, eu vou ficar bem aqui — exclamei, soando convincente.

Thomas fechou os olhos, respirando fundo, tentava manter a calma diante da minha insistência.

— Já volto senhorita que odeia ser contrariada. — Recebi um leve beijo na têmpora e em seguida o observei se afastar de mim.

Algum tempo se passou desde que ele se afastara, ainda o tinha em meu campo de visão. Thomas parecia aproveitar a festa entre um shot e outro que levava até seus lábios.

A alternância de cores das luzes e o volume alto da música estavam me causando um leve mal-estar. Resolvi ir até banheiro a fim de jogar uma água em meu rosto. Lancei um olhar para Thomas, o notando entretido demais para perceber minha ausência, resolvi não incomoda-lo.

Argh! — grunhi ao abrir a porta do banheiro e dar de cara com alguém debruçado sobre o vaso sanitário.

Subi os degraus sentindo meus passos vacilarem. Escorei na parede e prendi o ar em meus pulmões ao chegar no topo da escada. Minha visão estava um pouco escurecida, talvez devesse ao fato de no segundo andar as luzes não piscarem mais.

Girei a maçaneta da porta que eu deduzia ser o outro banheiro e ela estava trancada.

Bufei frustada.

A segunda porta do corredor foi aberta com facilidade, tateei a parede em busca do interruptor. Fechei os olhos assim que a claridade os incomodou, cocei os mesmos, tentando acabar com o desconforto. Ao abri-los não tardei em reconhecer o quarto de Dylan, já tinha estado ali outras vezes.

Caminhei até o banheiro, ainda sentindo a indisposição me incomodar. Abri a torneira, molhando as mãos e as passando em minha nuca, numa tentativa falha de dissipar o desconforto.

Escorei meus braços na pia assim que mais uma vez minhas pernas vacilaram e minha visão se escureceu por alguns segundos.

Assustei ao ouvir o barulho da porta sendo aberta, fiquei estática. Ouvi passos duros se aproximando, até uma imagem se formar no reflexo do espelho.

— Não sabia que você estava aqui — uma voz rouca exclamou, não aparentando estar tão alterada pela bebida. — Você esta pálida Samantha — Liam acrescentou, se aproximando.

Soltei a respiração de uma vez, não tinha me dado conta que tinha a prendido assim que notei sua presença.

— Não é nada de... — não fui capaz completar a frase. Um enjoo repentino fez com que eu sentisse minha garganta arder e um líquido viscoso fosse posto para fora.

Senti uma de suas mãos envolverem meu cabelo em um improvisado rabo de cavalo, enquanto a outra acariciava minhas costas. Me senti pior ao reconhecer seu toque, era como um choque, nada agradável.

— Tem certeza que está tudo bem? — indagou.

Nada respondi. Permaneci mais alguns segundos debruçada sobre a pia, à espera de mais uma onda de enjoo, mas nada aconteceu. Levantei a cabeça, encarando meu rosto no espelho, o olhar de Liam estava preso ao meu reflexo.

Abri a torneira, fazendo uma concha com as mãos e as levei até meu rosto, o molhando. Gargarejei um pouco d'água, tentando espantar o gosto ruim presente na minha boca. Em seguida me virei de frente para Liam, o fazendo soltar meu cabelo.

Era a primeira vez que a gravidez me trazia algum explícito sintoma, e era justo quando Liam estava presente. Nada acontecia a meu favor.

— Quer que eu chame seu irmão? — perguntou, me encarando.

Balancei a cabeça negativamente, caminhando até o quarto. Ainda sentia que minhas pernas estavam moles . Respirei fundo ao ver que Liam continuava parado no mesmo lugar.

— Bebeu demais? — tentou soar descontraído.

— Antes fosse — resmunguei sem pensar.

— Ãn? — grunhiu.

Agradeci aos deuses por ele não ter entendido. Tudo que eu menos precisava no momento era depositar um pouco de desconfiança em Liam.

— Nada — gaguejei, me sentando na cama.

— Vou buscar um copo de água para você — anunciou, caminhando até a porta.

— Não precis... — nem completei a minha frase ao não vê-lo mais dentro do quarto.

Estava odiando sua preocupação. Assim que ele saiu Zoe tomou meus pensamentos, mesmo não tendo nenhuma segunda intenção entre nós, eu me sentia uma completa vadia por estar em sua presença.

— Melhorou? — Liam indagou, assim que pus o copo ainda pela metade em cima do criado.

Parecia haver um bloqueio entre nós, nossa conversa não fluía em nenhum momento. Pisar em ovos, essa era uma expressão que se encaixa perfeitamente.

— Uhum. — resmunguei, correndo os olhos pelo quarto, tentando não deixar nossos olhares se cruzarem.

A música alta do andar debaixo era capaz de adentrar ao quarto, não nos deixando em um completo silêncio. Meus pensamentos vagavam na criança que eu carregava em meu ventre, me perguntava qual seria a reação de Liam acaso descobrisse. Nenhuma reação vinda dele parecia positiva ao meu ver, ainda não fazia a mínima ideia sobre o que aconteceria no dia de amanhã.

— O que você veio fazer aqui? — minha curiosidade não me deixou em paz até eu proferir tais palavras.

— Vim buscar uma garrafa de vodka que Dylan escondeu aqui no quarto — respondeu, afundando a cama ao meu lado.

— Você não entendeu a minha pergunta. O que você está fazendo aqui na festa? — esclareci. — Você e Noah não tem o que possamos chamar de amizade — acrescentei.

— Não é motivo para não poder vir em uma festa na casa do meu amigo — respondeu, frisando a palavra amigo. — E se você quer saber de Zoe, nós tivemos uma discussão boba por ela não querer vir.

Fiquei em silêncio, não tinha nada para dizer. A única coisa que eu queria era que ele desse o fora daquele quarto, sua presença chegava a me sufocar.

O toque do seu celular preencheu o quarto, observei Liam olhar a tela e fazer uma careta.

— Tenho que ir. — O celular continuava tocando insistentemente. — Tem certeza que vai ficar bem? — perguntou, preocupado?

— Tenho — respondi simplesmente. Recebi um olhar indecifrável antes de vê-lo se levantar e caminhar até a porta.

— Obrigada — murmurei, antes de ouvir o barulho da porta sendo fechada. Não tinha a vaga noção se ele havia escutado.

O mal-estar físico deu lugar ao mal-estar psicológico, a presença de Liam não me trazia bons sentimentos.

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