Jogo de Máscaras

Par AliceHAlamo

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Não era para ser difícil ou perigoso, era para ser relaxante e prazeroso, apenas isso. Que ironia... Como se... Plus

Capítulo 1 - Vista sua Máscara
Capítulo 2 - Tire sua máscara de inocente
Capítulo 3 - Tire sua máscara de puritano
Capítulo 4 - Vista sua máscara de bom amigo
Capítulo 5 - Vista sua máscara de bom partido
Capítulo 6 - Tire sua máscara de cara paciente
Capítulo 7 - Vista sua verdadeira máscara
Capítulo 8 - Vista sua máscara de felicidade
Capítulo 9 - Tire sua máscara de insegurança
Capítulo 10 - Vista sua primeira máscara
Capítulo 11 - Tire a máscara dos outros
Capítulo 12 - Vista sua máscara de enfermeiro
Capítulo 13 - Tire sua máscara de frieza
Capítulo 14 - Vista sua máscara de Mentiroso
Capítulo 15 - Vista sua máscara de protetor
Capítulo 16 - Vista sua máscara de Sasuke
Capítulo 17 - Vista sua máscara de honestidade
Capítulo 19 - Vista sua máscara de Apaix-..., quer dizer, de viciado
Capítulo 20 - Vista sua máscara de cumplicidade
Capítulo 21 - Tire sua máscara de sob controle
Capítulo 22 - Tirem suas máscaras sociais
Capítulo 23 - Vista sua máscara de traído
Capítulo 24 - Tirem suas máscaras de protegidos
Capítulo 25 - Vista sua máscara de bom entendedor
Capítulo 26 - Vista sua máscara de ingênuo
Capítulo 27 - Vistam suas máscaras de aliados
Capítulo 28 - Tire sua máscara de encurralado, ainda há saída
Capítulo 29 - Vista sua máscara de John Dillinger
Capítulo 30 - Tire sua máscara de amigo leal
Capítulo 31 - Vista sua máscara de desespero
Capítulo 32 - Vista sua máscara de Giselle
Capítulo 33 - Vista sua máscara de precaução
Capítulo 34 - O cair das máscaras

Capítulo 18 - Tire a máscara do seu adversário

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Par AliceHAlamo


Sasuke notou muito bem como os ombros de Naruto caíram, a cabeça se inclinou levemente e os olhos se estreitaram quando a palavra "noiva" foi dita. O tom de voz também mudou. Não havia mais cordialidade, havia uma frieza educada, um distanciamento, como se qualquer semelhança entre eles, por serem os amantes, não existisse mais. Impossível não ficar curioso com aquilo. Significava que Naruto havia se ofendido com a possibilidade de Kiba ter uma noiva? Ele achava que Kiba tinha que ter qualquer lealdade para com a primeira dama?

Não fode, Sasuke pensou enquanto se forçava a se manter indiferente.

Se fosse isso... Sasuke respirou fundo. Se fosse isso, o que Naruto pensava sobre o "relacionamento" dele com Neji? Era por esse motivo, essa fidelidade, que Naruto tanto recusava a aceitar que Neji Hyuga era um cretino desgraçado? Ou pior, Naruto o amava?

Péssima hora para pensar naquilo, claro. Não devia pensar no quanto a possibilidade de Naruto amar Neji o irritava quando estava sentado no confortável sofá de couro de uma sala que era maior que sua cozinha, sala e quarto juntos. O piso era de mármore, e o valor da tecnologia reunida apenas naquele cômodo já superava em muito tudo o que Sasuke tinha dentro e fora de sua casa. Veterinário? Como um simples veterinário, com uma clínica na periferia vivendo num bairro isolado, teria uma casa que valia mais do que Sasuke ganharia a vida toda?

— Ok, quem são vocês? — Kiba perguntou depois que a empregada deixou uma bandeja com três copos d'água na mesa de centro.

— Hitsu e Sen — Sasuke respondeu, polidamente, colocando a mão discretamente no bolso para dar play no gravador do celular. — Somos da...

— Trabalhamos para a campanha de Neji Hyuga ­— Naruto o interrompeu, sério. — Por isso estamos aqui. Gostaríamos de saber como o seu relacionamento com Ten-Ten Hyuga está e quais as chances de ele atrapalhar a campanha.

Kiba riu, sarcástico, e olhou para o teto antes de olhar, debochado, para Naruto.

— Só isso? Porque se for só isso que querem saber, podem sair da minha casa, eu e Ten-Ten não temos mais nada.

— Terminaram? — Sasuke ficou surpreso. — Bem, entendo... Deve ser difícil ser o amante, não é?

— Como é? — Kiba elevou a voz. — Escute aqui, seu merdinha, eu amava aquela mulher!

— E ela ama você — Naruto deixou escapar.

— Ama? — Kiba riu, sem humor, e passou a mão pela boca e queixo. — Ama? — repetiu mais alto. — Não, ela me amava, mas não ama mais. Se amasse, ficaria do meu lado, não me trocaria por aquele filho da puta engomadinho toda vez que o celular dela tocava, toda vez que ele aparecia com um problema, que a campanha desandava, que os acordos não davam certo, que a mídia ou a polícia chegavam perto demais dos esquemas dele e do tio dele!

Sasuke conteve o sorriso e fingiu um suspiro cansado, passou a mão pela testa e encostou-se melhor no sofá.

— Neji é mesmo um cretino — falou, irritado, atraindo a atenção de Kiba. — Eu não sei como ela o aguenta. Eu passo cinco horas do meu dia com ele para acertar os detalhes da campanha e já quero me matar. Imagine ela que tem que viver sob o mesmo teto!

— No começo, era mais fácil. — Kiba balançou a cabeça, inconformado. — Ela não gostava dele, mas se tornaram amigos, só isso. Ele tinha um amante qualquer, e eu e ela podíamos continuar juntos. Eu sabia que ia ser difícil, que não poderia tê-la por completo enquanto ela não ajudasse Neji a atingir os objetivos dele, mas concordei em esperar. De deputado a vereador, de vereador a prefeito. Toda vez que ela conseguia ajudá-lo, surgia uma nova meta, um novo objetivo!

— Algumas pessoas não se contentam com o que já tem, não é? — Sasuke disse em concordância. — Esse cara já é herdeiro de uma fortuna, a mulher dele também é rica, mas parece que nunca é o bastante! Veja os esquemas e acordos em que o nome dele está aparecendo!

— Exato! — Kiba exclamou como se finalmente alguém o entendesse. — Eu disse a Ten-Ten que não era uma boa ideia... Avisei mais de uma vez que ouvir Hiashi nunca trouxe nada de bom para o casamento dela! Mas ela não ouviu, e Neji teme o tio, ou sei lá! Tudo o que aquele lá diz, ela e Neji acabam tendo que concordar ou ele dá um jeito de arruinar um sonho deles, de machucar alguém de quem gostam, de obrigá-los a entrar no esquema.

Sasuke viu Naruto se mexer desconfortável naquela hora e tocar discretamente as costelas assim como Kiba passou os dedos pela marca de corte em uma das mãos.

— Hiashi os chantageia — Naruto afirmou baixo, e Kiba riu.

— Não que eles não merecessem, não é? Quando tiveram a chance de cair fora, recusaram. Eles sabiam onde estavam entrando, com quem estavam jogando, só não sabiam de fato jogar. E olha que Ten-Ten é a mulher mais inteligente que conheço.

— Eles se recusaram a sair? — Sasuke perguntou, sutil, torcendo para que Kiba continuasse a falar.

Kiba assentiu, o olhar vago como se estivesse imerso nas memórias. Ele bebeu um gole d'água e acariciou o pelo do cachorro que subiu no sofá.

— É fácil de entrar nesse mundo corrupto de Hiashi, o difícil é sair. No primeiro convite, aquele bastardo devia ter recusado. Quando Ten-Ten me contou que Hiashi queria desviar dinheiro da reforma urbanística do centro da cidade, eu mesmo fui falar com Neji. Invadi a casa deles e soquei tanto aquele idiota que os seguranças tiveram que me expulsar de lá. Eu pedi a Ten-Ten que convencesse Neji a não seguir o tio. Eles não precisavam daquele dinheiro! Mas os dois pareciam cegos, seduzidos pela vida, pelo poder, pela influência que Hiashi tinha. E esse foi só o primeiro esquema. Depois — Balançou a cabeça, incrédulo. —, tive que assistir aquele filho da puta posar de homem exemplar, cidadão de bem, o prefeito que se importa com a cidade. Parece até piada de mau gosto. Além disso, o trato com o diabo estava feito. Quando quiseram parar, Hiashi já tinha muita coisa para usar contra eles e já ambicionava cargos ainda mais altos para Neji, como se colocar o sobrinho neles fosse uma forma de amenizar o fato de ele mesmo não ter conseguido.

— Corrupção é uma bola de neve, a coisa só aumenta, só piora. Quando você vê, já está se afogando nas mentiras, cercado por inimigos e por aliados que podem a qualquer hora te entregar, se pressionados. — Sasuke pegou o copo da bandeja e aproveitou para beber enquanto, disfarçadamente, estudava as reações de Naruto ao seu lado, ele estava muito quieto.

— Se fosse só a corrupção... — Kiba murmurou e sorriu melancólico. — A política te transforma. Ten-Ten nunca foi uma pessoa perigosa, sabe? Ela era doce... gentil, sempre esperta, mas se importava com os outros.

— E... ela deixou de se importar? — Naruto perguntou, hesitante, torcendo em seu íntimo para que a decepção que o assolava não passasse por sua voz.

— Sabe como é, não? Você faz inimigos, a mídia desconfia, alguns aliados caem... Ela começou a limpar a sujeira de Neji ao mesmo tempo em que criava um muro ao redor dele para mantê-lo seguro e fazia de tudo para garantir que ninguém chegasse perto dessa barreira. Quando vi, ela já falava de quem precisava subornar, se tinha como infiltrar alguém na revista x ou no canal y. As coisas evoluíram de um jeito alarmante, numa velocidade que eu não acompanhei.

— Ah, é sempre assim.... Políticos são todos iguais. — Sasuke estalou a língua no céu da boca, ignorando os olhos azuis de Naruto que o encaravam, perdidos. — Já posso até imaginar quantos ela subornou para manter o segredo dele a salvo.

Kiba assentiu e repousou os braços sobre os joelhos, a cabeça caída, os olhos fixos no chão.

— Subornou, assustou, intimidou! Ela perdeu a cabeça! Virou outra pessoa. Ainda mais depois que uma revista publicou algo sobre mim e ela... Ela surtou! Aquele maldito Hiashi veio me ameaçar, subornou aquela revista e sabe-se lá mais o que! Depois, ela ainda veio me dizer que eu deveria manter um namoro falso para despistar as atenções de nós... Dá para acreditar?

— E você fez. — Naruto falou, ríspido.

Kiba franziu o cenho e encarou Naruto. Por um momento, Kiba achou que o conhecia de algum lugar, mas Sasuke interferiu antes que ele pudesse perguntar qualquer coisa:

— Pelo menos, vocês são discretos... Neji não toma tanto cuidado.

— Ele acha que é intocável — Kiba debochou. — Mas não é... Um jornal publicou sobre ele, eu lembro. E foi por isso que terminei com ela...

— Por causa de Neji? — Naruto não entendeu.

— Um jornal publicou sobre ele e o amante, uma notícia simples, uma foto que nem dava ver muita coisa. Só que Hiashi ficou possesso, parece que o jornalista responsável pela área já vinha perseguindo Neji há um tempo. Ten-Ten veio para cá às pressas e extremamente nervosa, disse-me que teria que resolver isso antes que Hiashi se irritasse e assumisse o caso. Ele é perigoso, ela sabe disso e estava com medo que sobrasse para Neji. Então, usou um dos capangas dele, um que é amigo dela, e organizou uma invasão na casa do jornalista. Ela me garantiu que ele não estaria na casa, que era só para assustar e, se desse, pegar o notebook dele para ver se tinha mais alguma coisa que incriminasse ou expusesse Neji. Só que não foi bem assim! Depois, eu soube que tinha gente na casa! Sai falou para ela que um imbecil que estava com ele atirou em um cachorro e que, depois disso, perceberam que tinha uma mulher lá! A sorte é que Sai tem consciência e ordenou que todos fossem embora, que a mulher provavelmente não tinha visto nada! E, depois, pa- — O celular de Kiba tocou, interrompendo-o. — Com licença, um momento.

Naruto assentiu, em choque, e Kiba se levantou para atender a ligação em outro cômodo. Piscou, abrindo e fechando a boca ao encarar Sasuke e ligar todos os pontos.

— Sas-...

Sasuke levantou a mão, sem olhá-lo, pedindo que esperasse. Tirou o celular do bolso e finalizou aquela gravação, certificando-se de armazená-la no aparelho. Recolocou o celular no bolso e se recostou no sofá, olhando fixamente para o teto enquanto o coração batia rapidamente contra o peito. Era isso então? A invasão, o tiro, tudo era obra da primeira dama? Sakura realmente estivera em perigo por aquilo? Então, as drogas...? Olhou para Naruto, encarando-o como se estivesse diante de um quebra-cabeças. Se sua casa tinha sido invadida quando Konohamaru publicou sobre Naruto e Neji, o que tinha feito para ser demitido? Neji sabia que estava saindo com Naruto e quis se vingar desse modo? Não era uma má teoria, seria eliminar dois problemas: mantê-lo longe de Naruto e do jornal para que não publicasse mais nenhuma notícia. Ah, Itachi surtaria só de imaginar algo assim... Além disso, como Ten-Ten sabia que não estaria em casa no dia? Alguém do jornal a tinha informado. Quem? Qualquer um. Deidara havia se vangloriado a todos que finalmente tinha conseguido lhe arrancar de casa para um "happy hour", e Konohamaru estava lá também, ele ouvira, tinha certeza disso.

— Era minha noiva — Kiba disse ao retornar ao cômodo. — Ela está chegando. Se não se importam, acho que já expliquei bem que eu Ten-Ten não temos mais nada, não vou prejudicar o maridinho dela.

Naruto assentiu, sem saber o que fazer, preocupado mais com a aparente calma de Sasuke que com o tom de escárnio de Kiba. Como Sasuke conseguia se manter tão sereno ao saber daquilo? Como mantinha aquela máscara, aquele personagem sem nem titubear?

— Tudo bem, obrigado de qualquer forma — Sasuke falou e se levantou, segurando o capacete. — Posso fazer só mais uma pergunta?

— Claro. — Kiba massageou a nuca, começando a acompanhar as visitas até o portão que escondia a bela casa.

— Esse jornalista, soube que ele foi demitido. Foi a primeira dama também?

— Demitido? — Kiba o olhou como se não soubesse daquilo. — Da última vez que falei com Ten-Ten, ela disse que ele tinha sido rebaixado de cargo, só isso, ela estava até contente por ter resolvido esse assunto de forma rápida e sem envolver Neji. Não sabia que ele tinha sido despedido.

— Neji não sabia?

— Ela achou que ele estava ocupado demais já lidando com Hiashi, o escândalo do hospital, os acordos com a oposição, a proteção aos políticos que poderiam entregá-lo, essas coisas. Por isso, ela que cuidou do jornalista, mas, pelo que sei, ela só o fez ser rebaixado, nada além disso.

Sasuke assentiu e, então, sorriu cordial ao estender a mão.

— Muito obrigado pela cooperação.

— Não foi nada. — Kiba apertou a mão dele. — Podem avisar Neji que, apesar de desejar que ele perca, não vou contribuir para isso.

Sasuke concordou e saiu da casa junto de Naruto. Subiu na moto e colocou o capacete, esperando que Naruto fizesse o mesmo.

— Podemos ir para a sua casa? — Sasuke perguntou quando sentiu os braços de Naruto em volta de sua cintura, mas sem a firmeza de antes. — Preciso pensar e conversar com você sem Itachi por perto.

— Claro...

O trajeto só não foi em total silêncio porque Naruto tinha que explicar caminho para Sasuke, mas, mesmo assim, a voz saía baixa. Naruto não queria conversar, queria pensar. Kiba tinha dito muita coisa, e era muito para absorver, porém a pior parte era perceber que a invasão à casa de Sasuke tinha sido sua culpa. Quase havia matado a cachorra dele, e Sakura! Tinha colocado Sakura em perigo! Tudo porque insistira em acreditar em alguém que, certamente, não merecia sua confiança. Neji havia mentido desde o início praticamente, e Ten-Ten... Meu Deus! Como ela podia ir tão longe?

Assustou-se com a mão de Sasuke sobre a sua, segurando-o com firmeza.

— Segure-se direito! — Conseguiu ouvi-lo, irritado, através do capacete quando Sasuke o impediu de cair em uma curva.

Engoliu em seco e apertou os braços em torno da cintura dele, cerrando os punhos e desviando o olhar quando Sasuke parou diante de um semáforo. Da mesma forma que na ida, a mão de Sasuke pousou sobre a sua, os dedos percorrendo a pele e se infiltrando entre seus dedos até os entrelaçar. Quis retirar a mão, porém não achou forças para aquilo. Suspirou, apoiando o capacete nas costas de Sasuke.

Quando pararam na frente de sua casa, Naruto demorou para reconhecer o local e quis se bater ao lembrar de que Gaara estaria ali. Desceu da moto e pediu que Sasuke esperasse para ele pegar o controle da garagem dentro da casa.

Abriu a porta. Sua vó e Gaara conversavam na sala diante da televisão, quer dizer, ela falava e Gaara soltava um ou outro comentário. Aproximou-se, a expressão cansada sendo facilmente percebido pelos dois.

— O que houve? — Gaara perguntou, direto.

— Antes de qualquer coisa, prometa que vai confiar em mim e esperar até que eu possa explicar tudo depois — pediu ao bagunçar o cabelo. — Sasuke está aqui.

— Quem é Sasuke? — Tsunade perguntou.

— Um amigo — Naruto respondeu depressa e mandou um olhar de censura a Gaara.

— Um amigo de quem não gosto — Gaara completou enfático. — O que ele está fazendo aqui?

— Precisamos conversar — respondeu. — Só isso, eu juro — completou diante do olhar de descrença. — Assim que ele for embora, eu prometo explicar tudo.

— Tudo bem — Tsunade decidiu. — Vai deixar o homem lá fora? Mande-o entrar ao menos. Venha, Gaara, prometeu me ajudar com a janta.

Naruto sorriu para a vó e trocou um rápido olhar com Gaara, garantindo que lhe contaria tudo o que ele quisesse saber depois. Buscou o controle da garagem e quando o usou para abri-la, encontrou Sasuke já esperando para entrar.

— Você demorou — Sasuke disse ao estacionar a moto.

— Tem gente em casa. Se importa?

— Vamos poder falar a sós?

— Sim.

— Então não me importo.

Naruto assentiu e abriu passagem para que Sasuke entrasse na casa enfim. Conduziu-o para o quarto sem dar a chance de Gaara aparecer para interrogar o jornalista, e seu nervosismo com certeza foi notado por Sasuke.

— Problemas? — Ouviu-o perguntar ao fechar a porta.

— O amigo que está aqui hoje é como Hinata, lembra-se dela? — Naruto coçou a cabeça.

— Ah, entendo, ele também não gosta de mim então.

— Algo assim — Naruto murmurou.

Sasuke olhou o quarto. Bagunçado demais para o seu gosto. Livros de faculdade espalhados na cama, mesa e estante, várias fotos em um pequeno mural preso à parede, sempre de Naruto junto de Hinata e o outro amigo. A cama era grande, centralizada e perto do armário embutido de madeira escura. Sorriu ao achar alguns gibis e mangás organizados num pequeno armário de vidro ao canto.

— Agora acredita que Neji é corrupto? — perguntou ao se virar para Naruto e, sem saber por que, sentiu prazer em fazer aquele questionamento e ver a decepção nos olhos azuis.

— Eu já sabia disso... já tinha descoberto parte, sobre o hospital digo... — Naruto suspirou e se sentou na cama. — Descobri quando falei com ele se é o que quer saber. Só não sabia... do resto.

— E ainda assim o ama?

Naruto ergueu a cabeça e encarou Sasuke. Os olhos negros o observavam com certa... raiva? Irritação? Não soube definir, mas Sasuke, com toda certeza, não parecia calmo naquele momento mesmo que se esforçasse para parecer indiferente. Havia algo nos olhos negros, na forma como a voz saíra ou na postura, algo que lhe dizia que a ideia de amar Neji deixava Sasuke fora de sua habitual calma. Quis provocar, tentar algo para acabar com o clima pesado, porém não dava... A lembrança de que tinha sido culpado pela invasão voltou, impedindo-o.

— Não amo Neji, não preciso o amar para me importar ou acreditar nele, Sasuke. Conheço Neji há alguns anos, quando ele não estava... quando ele ainda era alguém digno de confiança.

— Então por que se ofendeu quando Kiba falou que tinha uma noiva?

— Você não conhece Ten- Ten... Ela amava Kiba, de verdade! — enfatizou. — Conheço Neji de antes do casamento deles, ele me falou tudo sobre ela, sobre Kiba, depois a conheci pessoalmente, falei com ela! Ela amava Kiba, queria ficar com ele, e Neji a ajudava nisso. Não fiquei ofendido. — Riu, sem humor. — Como não sabia por que eles terminaram, achei que ele estava sendo insensível com ela. Olhe, há muito nessa história, só acredite quando digo que Ten-Ten era capaz de fazer tudo, até de fugir no dia do casamento se tivesse tido como, para ficar com Kiba.

— E agora ela faz isso por Neij — Sasuke rebateu, indiferente.

Naruto engoliu em seco e as mãos mexeram na barra da camisa inconscientemente.

— Pelo menos, já sei quem invadiu minha casa. Um mistério a menos.

— Eu... sinto muito por isso.

— Sente muito?

Naruto bagunçou os cabelos e, por fim, afundou o rosto nas próprias mãos. Sasuke o olhou, confuso, sem entender o motivo daquilo. Depois de cinco segundos sem que Naruto se pronunciasse, resolveu se aproximar e sentar-se ao lado dele. Podia ouvir claramente a respiração dele, ver como o corpo subia e descia com ela, os hematomas que já desapareciam da pele bronzeada, a tensão dos músculos da face que ele tentava esconder. Como não pensava muito antes de agir, sua mão já estava perto do cabelo de Naruto antes que se desse conta e, mesmo quando percebeu, não recuou. Deixou algumas mechas entre os dedos e os desceu pela lateral do rosto até o queixo em um pedido mudo para que Naruto o olhasse.

— Por que essa cara? —perguntou assim que Naruto o encarou. Olhos baixos, expressão de arrependimento ou seria culpa?

— Eu estava naquele almoço com Neji. Invadiram sua casa porque você aprovou a matéria sobre meu caso com Neji! — Naruto falou exasperado.

— E daí?

— Como assim e daí? — Naruto praticamente gritou.

— Eu até sei onde quer chegar e foi por isso que falei para conversarmos aqui, longe de Itachi, porque ele pensaria o mesmo que você agora. Entretanto, a verdade é que, se não fosse aquela matéria, seria qualquer outra. Eu tenho uma pasta de arquivos no computador só com o nome Neji Hyuga e suas prováveis ligações com outros políticos.

— Isso não mudo o fato de eu ter sido responsável pelo que ocorreu — Naruto sussurrou.

— Você é responsável por ter se envolvido com um idiota, só isso. — Sasuke revirou os olhos. — Sei fazer inimigos sozinho, não tire meus créditos por isso, ok?

Naruto riu, sem acreditar no que ouvia, e respirou fundo. Sasuke era incompreensível... E talvez fosse isso que contribuía para continuar tão interessado nele.

— Acha que ele foi o culpado por sua demissão?

— Depende do quanto ele sabe. Eu já havia sido rebaixado e não cheguei a publicar mais nada sobre ele, tudo o que tinha eram uns rascunhos no computador, mas ninguém teve acesso a isso, o computador ficou na minha casa, sempre comigo. Contudo, um amigo me disse que ele é extremamente ciumento quando o assunto é você.

— Você ganhou dele no leilão duas vezes... Não, não tinha como ele saber que era você no quarto, Jiraya preza, muito, pelo sigilo naquele lugar. Neji é descuidado, por isso todos sabem que dorme comigo.

— Então, as chances de ele ter sido responsável pela minha demissão caíram um pouco. Só que isso nos leva novamente à estaca zero — Sasuke refletiu. — O bom é que tenho uma confissão gravada para processar a primeira dama e, se ela ama mesmo ou amava Kiba, duvido que ela o desminta ou que queira que esse caso venha à público. Já imaginou o que aconteceria com a candidatura de Neji se saísse agora mesmo um escândalo da primeira dama tendo mandado silenciar um jornalista?

— Vai processá-los?

— Não agora. Vou esperar até descobrir o responsável pela minha demissão também. Depois de garantir que tudo esteja a meu favor, aí sim fodo eles. — Sorriu de canto e se virou para ficar frente a frente a Naruto. Tocou o curativo mal feito no supercílio dele e o tirou com cuidado para avaliar o machucado. — Agora, que tal me dizer por que se encolheu todo quando Kiba disse que Hiashi é ameaçador? Foi ele? Isso aqui — Passou o dedo com cuidado sobre o pequeno corte que já estava bem melhor. — foi ele mesmo? Lembro que tínhamos apenas uma suspeita, mas você agiu como se tivesse certeza na casa de Kiba.

Apesar do momento ser sério, e Naruto saber que não era hora para seu coração acelerar com aquele toque tão singelo, não pôde controlar. A mão de Sasuke estava fria, mas queria senti-la do mesmo jeito. Com a correria, com tudo o que estava acontecendo, a última vez que pudera ficar a sós com ele havia sido há algum tempo já, e, com Itachi por perto, nem ao menos se sentia confortável para beijá-lo. Sentia falta daquilo. É, não fazia sentido nem tinha motivo para aquilo, mas sentia falta do toque, do cheiro e do gosto de Sasuke...

Ignorou a dúvida no rosto de Sasuke pela falta de resposta e segurou a gola da camisa dele para puxá-lo para si e beijá-lo sem esperar permissão para tal. Gemeu satisfeito sem perceber e o corpo relaxou quando a língua de Sasuke tocou seus lábios e adentrou sua boca. A respiração quente tocava seu rosto, o beijo se intensificava à medida que Sasuke se aproximava mais e mais, empurrando-o para trás.

Sasuke queria continuar a conversa, óbvio que queria, desejava respostas, porém o olhar desejoso que Naruto tinha lhe lançado, o modo como o beijou como se não pudesse mais se controlar eram demais para não corresponder e começar a deitá-lo na cama. Não iriam muito longe, sabia disso, precisava ir para casa, mas isso não o impedia de se colocar com cuidado sobre Naruto e beijá-lo com toda a maldita saudade que seu corpo sentia do dele.

As mãos de Naruto foram para a nuca de Sasuke e arranharam de leve a pele. Gemeu dolorido quando Sasuke apertou sua cintura, perto das costelas trincadas, e isso fez com que se afastassem minimamente, olhando-se.

Sasuke sentou-se sobre os quadris de Naruto e o olhou analiticamente. Abriu os botões da camisa que ele usava e expôs o tórax e o abdômen com os machucados. Tocou cada um, prestando atenção na reação de Naruto. A aparência já havia melhorado. Os hematomas, de roxo tinham passado a uma cor verde-amarelada, e demoraria mais uns vinte dias para sumirem por completo. Tempo para as costelas também se recuperarem.

— Quando vai ter que voltar a trabalhar? — perguntou.

— Semana que vem... — Naruto respondeu.

— Não consegue mais tempo? Vai se machucar se voltar semana que vem. — E, como se para provar o que dizia, tocou de leve as costelas dele, vendo Naruto fazer uma careta.

— Posso tentar, mas não é certeza. Não se preocupe com isso. — Forçou um sorriso. — Não estou tão mal assim, Sasuke.

— Hm.

— É sério — Naruto disse, tentando soar convincente enquanto Sasuke se levantava da cama.

— Claro que é. — Sasuke sorriu debochado. — Fique longe de Neji. Não acho que Hiashi vai pedir apenas para te baterem na próxima vez. Kiba também pareceu preocupado quando falou dele. Vou pesquisar para ver se acho alguma coisa ligando Hiashi a casos de agressão, intimidação ou o que for.

— Sasuke, não! — Naruto se sentou rapidamente. — É assim que você arruma inimigos. Esqueça Hiashi. Eu vou falar com Neji pessoalmente e dar um fim nisso antes que ele vá até a Akatsuki novamente. Enquanto isso, esqueça Hiashi. Você ainda tem que pesquisar sua demissão, não é? Foque nisso. Hiashi não é um problema enquanto eu ficar longe de Neji.

Sasuke assentiu e voltou a se aproximar da cama, ignorando o celular que vibrava de novo no bolso. Segurou o rosto de Naruto e se inclinou, deixando os lábios próximos aos dele.

— Não faça nada estúpido.

— Olha quem fala... — Naruto sorriu e ergueu um pouco o rosto para selar novamente os lábios. — Precisa ir?

— Itachi já está ligando. Daqui a pouco, ele aciona Sakura e Deidara para ajudarem a me procurar.

— Ah, tudo bem... — Naruto sussurrou, concordando, apesar de seus braços já estarem em volta do pescoço de Sasuke.

Sasuke quis rir e o beijou, fingindo não ouvir a razão que o mandava se afastar logo. O celular? Continuava a vibrar no bolso. A pressa? Inexistente. A vontade de ir embora? Inexistente. A consciência? Inexistente. O gosto de Naruto? Em sua boca. O cheiro dele? Em suas roupas. O toque dele? Em seu corpo. E era assim que queria, era assim que gostava, era assim que faria permanecer enquanto pudesse.



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