Isabella
É tão bom estar em casa com a minha família! Ainda sinto um pouco de dor, mas o doutor disse que é normal. Hoje é o ultimo dia de aula, depois de muita conversa os meus pais e o meu irmão, eles me deixaram ir, parece que eu vou me quebrar se eu for pra lá novamente. Já pronta, desci as escadas com Zeus em meu colo, me sentei à mesa.
— Achei que tivesse desistido — Júnior revirou os olhos.
— Desistir não é comigo, maninho — peguei uma xícara.
— Cachorro na mesa não, Isabella — meu pai me repreendeu.
— O Francis vai ti levar pra escola, hoje eu não tenho nenhuma cliente pra ir — minha mãe avisou.
— Tchau, Zeus — fiz carinho em seus pêlos.
— Está pronta, Isa? — Francis perguntou.
— Sim! Tchau, família! — me despedi em voz alta para eles me ouvirem.
— Quer que eu ti busque no final da aula? — Francis parou o carro em frente à escola.
— Não, eu vou embora com o Thiago e com o Alan.
— Ok, qualquer coisa me liga. Tchau, Isa! — acenou.
Acenei de volta e fechei a porta. Entrei no colégio, é como se tudo voltasse a minha mente olhando para esses corredores, mas eu amo essa escola mesmo não tendo os melhores momentos aqui, mas hoje é o último dia.
— Desculpa, professor! Achei que a turma estava sozinha — me desculpei quando entrei sem bater na porta, ele estava no fundo da sala com os alunos.
— Não se preocupe, hoje vocês estão liberados para fazer o que quiserem, mas nada de quebrar a sala — concordei, soltando uma risada.
— Achei que não fosse vir pra escola — Thiago comentou.
— Por meu pai e Júnior, eu não viria, mas eu não queria perder o último dia — sorri.
— Oi, pequena — Erick beijou minha testa.
— Oi, Erick — beijei sua bochecha.
— Estão animados para a formatura? — o professor questionou caminhando para a frente da sala.
— Quem não fica animado sabendo que vai se formar e sair da escola? — Marcelo perguntou sendo óbvio.
— Você não vai fazer faculdade?
— Aff, tem faculdade ainda, tinha me esquecido.
— Acho que você não tem cérebro, mano! Como a pessoa pode esquecer da faculdade? — Júlio zombou o amigo.
— Álcool demais danifica o cérebro — todos riram da piada de Thomas.
— Quem já tem uma faculdade em mente levanta a mão, os que estão indecisos não erguem — erguemos as mãos — Que bom que a maioria quer fazer faculdade, eu como professor, fico muito feliz — sorriu.
— Acho que o único professor que vamos levar como lembrança é o senhor, porque os outros não foram do meu agrado — Marcelo falou.
— Dessa vez ele usou o cérebro — Daniel brincou, me levantei e fui até Cecília me sentando ao seu lado.
— Eu fiquei muito preocupada com você — suspirou.
— Erick disse que você queria ir no hospital, mas o Daniel não deixou, sorte que você tem ele do seu lado. Como está a Alyne? — passei a mão em sua barriga, já estava bem visível.
— Bem, amanhã eu vou fazer o ultrassom! Quer ir comigo? — assenti.
— Claro, só me lembra de falar a hora, eu comprei duas roupinhas pra Alyne. Amanhã você vai estar em casa?
— Depois das cinco eu estou em casa.
— Ok, eu vou nesse horário — me despedi dela e voltei para o meu lugar.
— Vamos no shopping comigo amanhã às duas? — Agatha olhou para mim.
— Sim, vai comprar vestido?
— Vou, estou em dúvida do modelo.
— Nada de vestido curto — Thiago olhou sério para ela.
— Eu não gosto de vestido longo e nem muito curto também — deu de ombros.
— O meu é no meio da coxa mais ou menos — expliquei.
— Eu acho desnecessário ser traje formal, eu odeio terno e gravata — Samuka bufou.
— Eu tambem, é como se eu estivesse indo pro meu casamento — Alan falou e nós rimos.
O bom do último dia é que a gente fica todas as aulas conversando. Saímos pro intervalo e os meninos foram para o refeitório, eu e a Agatha fomos no banheiro. Quando saímos, por coincidência, nossos celulares apitaram juntos, peguei o meu e era um novo e-mail que havia chegado.
— Eu vou para Nova York! — falamos em uníssono.
— Eu não acredito! Me belisca? — deu alguns pulinhos, vibrando com a notícia.
— Acho melhor um abraço! — nos abraçamos.
— Eu não estou acreditando ainda — olhou para a tela do celular.
— Nem eu! Se eu estiver sonhando não me acorde, por favor — sorriu.
— Eu preciso comer alguma coisa, se não, vou desmaiar de tanta felicidade — saiu me puxando para o refeitório.
Tem como não ficar feliz sabendo que seu sonho vai se realizar? Acho que não, não tenho nem palavras pra descrever a minha felicidade.
— O que vocês estão aprontando? — Thiago olhou para Agatha e para mim.
— Depois a gente conversa, amor — bebeu um pouco de suco.
— Já sei o que quer conversar. Parabéns! — saiu da mesa.
— Droga! — foi atrás dele.
— Vocês vão pra Nova York? — assenti.
— Recebemos há alguns minutos o e-mail — lhe entreguei meu celular.
— Fico feliz por ti, pequena — Erick me abraçou de lado.
— Que bom, Erick! — afaguei seus cabelo.
Mesmo ele dizendo que ficou feliz da pra perceber que não, só espero que Thiago e Agatha se resolvam, não quero eles brigando, mas ele também não pode impedir que ela vá.
— Você quer ir lá pra casa hoje? — Erick passou os braços em volta da minha cintura.
— E o que você tem em mente?
— O que eu tenho em mente é proibido para menores — sussurrou no meu ouvido.
— Erick! — o repreendi dando um tapa em seu braço.
— Desculpe! Eu estava pensando em um filme, pipoca, chocolate, sei lá, a gente vê o que faz — sorriu.
— Está bem! Vai ter alguém na sua casa?
— Não, vamos ter a casa só pra nós dois — me deu um selinho.
Eu e Erick sozinhos? Eu confio nele, mas eu não sei se estou preparada para o que pode acontecer, mas sei que ele vai respeitar se eu não quiser.
— Aonde você vai, Isabella? — Júnior me perguntou, eu fiz de tudo para ele não me ver passando pelo corredor, mas não adiantou nada.
— Vou passear! — respondi, ele saiu do escritório.
— Passear onde? — arqueou uma sobrancelha.
— Eu vou visitar a Cecília! — menti, eu era péssima nisso.
— Você está aprontando, Isabella! Você não vai encontrar aquele moleque, né? — franziu a testa.
— Quer saber? Eu vou encontrar o Erick sim! Tchau, Júnior! — passei por ele, descendo as escadas.
— Você é uma trouxa, Isabella! Parece que gosta de sofrer! — esbravejou.
— Se eu sofrer, vou dizer que me avisou, Júnior! — bati a porta de casa.
Passei a mão pelos cabelos, o prendendo com um lacinho, respirei fundo e fui andando mesmo para a casa do Erick.
— Oi, pequena! Você está bem? — Erick fechou a porta atrás de mim.
— Sim — sorri de lado.
— Vem, vamos escolher um filme — pegou na minha mão, me levando para o seu quarto.
— Eu amo esse! — mostrei na tela da televisão o filme Um Amor pra Recordar e Erick negou.
— Esse é mais legal! — selecionou Esposa de Mentirinha e eu me deitei na sua cama.
— Depois vamos assistir o que eu falei — concordou.
— Você e a minha cama fazem uma bela dupla — sorriu.
— Ata! Você diz isso para todas! — brinquei.
— Todas quem? Acha que outras garotas já entraram no meu quarto? — se deitou ao meu lado.
— Eu não duvido!
— Você está muito enganada! Você é a única garota que já entrou no meu quarto, minha mãe e a minha irmã não conta.
— Estou surpresa!
— Minha mãe me mataria se eu trouxesse alguma garota aqui.
— Então é melhor eu ir embora, não quero que você morra.
— Com você é diferente, ela ti conhece — me puxou para deitar a cabeça em seu peito.
— Vou confiar nisso, então — ergui meu rosto para olhá-lo.
— Por que eu não consigo me lembrar de onde conheço esses olhos? — fez carinho em meu rosto.
— Acho que você pode estar me confundindo com algum olho que esbarrou contigo por aí — brinquei.
— Não sei, eles são muito familiares — beijou meus lábios.
Me aconcheguei em seu peito e decidi prestar atenção no filme. Será que ele não vai se lembrar de quando me conheceu? Se bem que faz tempo e aquele beijo só foi mais um na lista dele, não deve ter sido tão especial para o Erick, como foi para mim.