Isabella
Tem coisa pior que acordar com o dia chuvoso e com cólica? Eu nem quero ir na escola, mas tem um trabalho importante para entregar hoje. Eu ainda não consigo acreditar no que o Erick fez, sei que não temos nada sério, mas ele disse que me amava, se ele gostasse de verdade de mim não teria ficado com outra garota.
Não estou com fome. Desci as escadas já pronta com a minha mochila nas costas e fui pra sala de jantar, meus pais já estavam tomando café.
— Não vai tomar café, filha? — minha mãe perguntou.
— Não, eu estou com cólica, vou tomar remédio — assentiu.
Entrei na cozinha e Violeta com o Fracis estavam conversando sobre alguma coisa.
— Precisa de alguma coisa, Isa? — assenti.
— Aonde está o remédio de cólica? — peguei um copo de água.
— Está aqui — me entregou e eu agradeci.
Tomei o remédio com a água, peguei uma maçã e me despedi deles seguindo para a escola. A minha dor não é muito forte, mas incomoda, cheguei e já fui direto pro meu armário.
— Por que não respondeu minhas mensagens? Eu fiquei preocupada! — Agatha chegou apressada.
— Desculpa, eu nem peguei meu celular ontem e hoje eu esqueci ele em casa.
— O Erick não ficou com aquela menina e depois ele com o Diego brigaram e aí levou quatro dias de suspensão — falou tudo rápido.
— É claro que ele ficou com a menina, Agatha. Eu vi quando ela sentou no colo dele — fechei o meu armário.
— Então, você saiu antes, ele até se aproximou dela mas quando ia beija-la falou algo e jogou ela no banco — explicou.
— Por que está me contando isso?
— Porque eu vi como você ficou ontem, pode negar falando que isso não lhe afeta, mas eu sei que você gosta do Erick.
— Tudo bem, obrigada por se preocupar comigo — abracei ela.
— Cheguei, eu estou com sono — Alan passou o braço nos meus ombros.
— O dia de hoje é aquele que a sua cama implora pra você ficar deitada nela — concordei com a Agatha.
— Leva a minha mochila pra sala que eu vou encher a minha garrafinha de água — entreguei pro Alan.
Sai antes dele reclamar. Enchi a minha garrafinha e estava voltando para sala quando vi Diego em um canto colocando o telefone no ouvido, me escondi pra ele não me ver.
— Fala, chefe! ... Tudo certo, a Isabella brigou com o Erick ... Ele não ficou com a garota, mas a Isabella não sabe disso e os amigos dela não vão contar, eles não querem ver ela sofrendo por causa daquele imbecil ... Ela ficou bem triste ... Certo, eu vou preparar as coisas ... Falow! — encerrou a ligação e saiu sem me ver.
— O que está fazendo aqui? — Samuka me deu um susto.
— Não me assusta assim — coloquei a mão no peito sentindo o meu coração acelerado.
— Desculpa, pode responder a minha pergunta ou precisa ir pro hospital? — zombou.
— Eu preciso falar com o Erick! — sai andando.
— Como assim? Você não está brava com ele? — veio atrás de mim.
— A Agatha me contou do Erick, mas não é sobre isso que vou falar com ele.
— Essa hora ele deve estar dormindo — olhou a hora no celular.
— Eu acordo ele, é rapido o que eu tenho que falar — entrei na sala — Entrega o meu trabalho pro professor, a minha cólica piorou — entreguei para a Agatha.
— É melhor você ir ao médico.
— Também acho, depois eu ligo pra você — me despedi dela e do Alan.
— Aonde você pensa que vai? — Thiago me parou no corredor.
— Eu estou com com cólica e vou embora — tentei parecer convincente.
— Você não está escondendo nada de mim, né? — me encarou desconfiado.
— Claro que não, agora eu tenho que ir — abracei ele.
— Eu vou a tarde na sua casa para ver como você está — beijou minha testa.
Está uma chuva fraca. Fui até o ponto de táxi e passei o endereço, ele me deixou em frente a casa do Erick. Karina estava na escola, então ele deve estar sozinho em casa dormindo, toquei a campainha e uma senhora atendeu.
— Olá, o que deseja? — sorriu simpática.
— Oi, eu preciso falar com o Erick. Posso?
— O meu neto está dormindo, mas eu posso dizer que você passou por aqui — disse calma.
— Fala para ele me ligar assim que acordar? Diz que é a Isabella.
— Isabella? Entra, querida! — me puxou para dentro.
— Me conhece? — questionei confusa.
— Eu estava louca pra conhecer a garota que roubou o coração do meu neto. Eu sou a Rose, avó do Erick — estendeu a mão.
— É um prazer conhecê-la! Eu não roubei o coração do seu neto — apertei sua mão e ela riu.
— Erick é apaixonado por você, Isabella, eu nunca vi os olhos dele brilhando quando fala de uma garota — sorriu.
— Vó, com quem você está falando? — Erick perguntou enquanto descia as escadas vestindo só uma calça de moletom.
— Com a sua namorada — olhou para ele.
— Pequena? Aconteceu alguma coisa? — veio até nós.
— Podemos conversar? — assentiu.
— Vamos no meu quarto — pegou a minha mão.
— Se precisarem de mim, estou na cozinha — Rose avisou.
Erick me levou até o seu quarto, me sentei na sua cama e ele se sentou na minha frente, deixei a minha mochila no chão ao lado do criado-mudo.
— Eu sei que você veio falar sobre... — o interrompi.
— Diego ti ameaçou dizendo que ia contar sobre nós dois para o Leonardo? — arquei uma sobrancelha.
— Como sabe? — franziu a testa.
— Eu ouvi o Diego falando no telefone sobre a garota que você beijou ou eu pensei que beijou — revirei os olhos.
— Como sabe que ele estava falando com Leonardo?
— Leonardo gosta que chamem ele de chefe, Diego o chamou assim um dia no acampamento, só que eu muito lerda não liguei as coisas.
— Diego disse que se eu não ficasse com a garota ele iria contar ao Leonardo e você sofreria as consequências, mas mesmo com todas as ameaças, eu não consegui ficar com a garota.
— Vou ter que descobrir quando o Leonardo vai voltar, tenho que estar preparada — me levantei.
— Para isso vai ter que continuar fingindo pra aquele imbecil do Diego que não sabe de nada — se levantou vindo até mim.
— E se eu não conseguir? Odeio mentiras!
— Calma, pequena, você vai conseguir — beijou o topo da minha cabeça.
— A gente tem que continuar longe um do outro para o Diego não desconfiar — passei meus braços na sua cintura, o abraçando.
— Eu faço esse sacrifício, mas a gente pode se ver as escondidas — me deu um selinho.
— As escondidas?
— O escondido é sempre mais gostoso — sorriu me pegando pela cintura.
— Erick, eu estou com cólica, já tomei remédio, mas ainda não passou a dor — fiz careta.
— Desculpa, vem deitar aqui comigo — me puxou para a cama.
— Eu tenho que ir para casa.
— Tem não. Sei que não vai voltar para a escola e ficar em casa sem fazer nada, é preferível dormir aqui comigo, bem quentinho — me cobriu com o edredom.
— Eu tenho que aprender a dizer não para você — fiz carinho no seu rosto.
— Não precisa aprender — beijou a ponta do meu nariz e suspirou — Eu não fiquei com aquela garota — murmurou.
— Eu sei, a Agatha me contou tudo — expliquei.
— Não estou falando da garota de ontem e sim da sorveteria. Eu acabei passando por lá um dia e ela estava na porta, perguntou o porque de não ter ligado e ai eu falei que eu não estava disponível e ela veio com aquele papo que não era ciumenta e blá, blá, blá... Ela pareceu não gostar de levar um fora e falou que isso não ia ficar assim, então ela inventou essa história de irmã.
— Por que não me contou isso antes?
— Não consegui um momento para dizer, sei que deveria ter falado antes, mas... — o interrompi com um beijo.
— Vamos esquecer isso, é passado — assentiu sorrindo.
Me acomodei na cama deitando minha cabeça em seu peito. Thiago tinha razão, eu não poderia ter confiado em Diego! Por que sempre eu tenho que me enganar com as pessoas? Eu sou muito burra! Tenho que descobrir o mais rápido possível porque a Kath e a Lívia correm perigo, mesmo elas tendo me enganado não quero que nada de mal aconteça as duas.