Atrasado, de novo.

By venyum

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"Tá atrasado, de novo!" Essas devem ser as palavras que Humberto mais ouve em seu dia a dia. Realmente, você... More

Nota do Autor + Personagens
Capítulo 1 - Prazer, atrasado.
Capítulo 3 - Prazer, química.
Capítulo 4 - Prazer, basquete.
Capítulo 5 - Prazer, diretoria.
Capítulo 6 - Prazer, olho roxo.
Capítulo 7 - Prazer, Julieta
Capítulo 8 - Prazer, Dave Paris.
Capítulo 9 - Prazer, aniversário.
Capítulo 10 - Prazer, ingressos.
Capítulo 11 - Prazer, sermão.
Capítulo 12 - Prazer, GPS.
Capítulo 13 - Prazer, Holi.
Capítulo 14 - Prazer, decepção.
Capítulo 15 - Prazer, desconhecida.
Capítulo 16 - Prazer, travesseiro.
Capítulo 17 - Prazer, sonho.
Capítulo 18 - Prazer, Moto Taxi.
Capítulo 19 - Prazer, feriado.
Capítulo 20 - Prazer, Romeu.
Capítulo 21 - Prazer, camarim.

Capítulo 2 - Prazer, timidez.

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By venyum

Parecia que mesmo quando eu tentava chegar na hora, alguma coisa acontecia e eu acabava me atrasando de qualquer forma, talvez fosse algo do destino e eu não gostava nada disso.

Após receber a mensagem, comecei a correr de volta pra casa, incrível como eu conseguia me esquecer das coisas e só lembrar quando ja é quase tarde demais.

Ao chegar na minha rua, consegui avistar uma garota esperando na frente do portão e que provavelmente ia me dar um sermão em poucos minutos.
Legal que ela achava que eu ia sair de casa quando eu nem havia chego ainda.

- Alice! - Chamei.

- Mas hein...Você não estava em casa? - Perguntou ela.

- Ah, é uma longa história, eu estava na aula e aí perdi a hora e depois...

Naquele exato momento senti algo estranho vindo do céu caindo no meu ombro.
Alice começou a rir e eu ainda não havia entendido o que acabara de acontecer.
Quando olhei para meu ombro percebi que os pombos que geralmente ficam no telhado de casa deixaram um presente lá.

- MAS O QUÊ? - exclamei.

Péssimo pra mim, legal pra ela que não parava de dar risada.

- Parece que está com sorte! - disse ela.

- Se isso é sorte, não quero nem saber o que é azar. - respondi.

Alice continuava rindo e eu adorava fazer ela rir.
Seu riso era contagiante e logo eu estava rindo de mim mesmo, seus longos cabelos ruivos e olhos verdes sempre me encantavam.
E eu achando que ela ia ficar brava pelo meu atraso.

- Desculpa o atraso, espera eu me arrumar?

- Vai rápido garoto. - Disse ela, ainda rindo da minha cara.

Fui correndo pro banheiro, tomei um banho de 5 minutos, depois me arrumei no estilo "The Flash".
Vestia uma calça preta, camisa e blusa brancas, tênis preto e claro, meu chapéu que eu adorava.

Pela segunda vez no dia, minha mãe me perguntava porquê a pressa e eu como sempre dizia que estava atrasado pra um compromisso.
Disse a ela que ia sair com Alice e ela ainda me descolou uma grana.
(Valeu mãe 👍)

Disse pra mim tomar cuidado e voltar logo.

Saindo de casa, Alice disse:

- Adorei seu chapéu.

- Também adorei o seu. - Ela também usava um chapéu, da cor vermelha, enquanto o meu era cinza escuro.

- Então, onde quer ir hoje? - Perguntei.

- Que tal um açaí? Depois vamos no lago. - Sugeriu ela.

Assenti e fomos andando até o açaí.

Alice nunca foi muito fã de açaí, ela dizia que tinha gosto de terra.
Mas depois de várias tentativas, consegui fazer ela experimentar.
E claro, depois que ela descobriu que podia colocar leite ninho e leite condensado no açaí, acabou adorando e me chamando pra tomar açaí todos os dias.

Começamos a conversar sobre o dia de cada um, desde a escola onde haviamos combinado de sair. Falei a ela como foi meu atraso na aula de manhã, também falei sobre o atraso no ensaio e ela sempre me dava uns sermões acompanhados de gargalhadas por causa das minhas babaquices.

Chegando no açaí ela pediu o maior copo de açaí que tinha.
E claro, pediu com leite ninho e leite condensado.

- Tem certeza que consegue tomar tudo isso? - Perguntei.

- Claro que consigo! Tá achando que vai sobrar pra você tomar? - Disse ela.

- Merda... - resmunguei.

- Passei pelo Teatro hoje, como está se saindo com o papel de Romeu? - Perguntou ela.

- Não muito bem, é mais difícil do que eu pensava, eu não tenho muita facilidade pra fazer papéis desse nível, mas eu consigo melhorar Alice.

- Claro que consegue, assim que criar juízo na sua cabeça e levar isso a sério. Olha só pra você, é o Romeu que chega atrasado.

- Meu professor me disse isso também, ele acredita que eu posso fazer o papel tranquilamente, mas até agora ainda não consegui incorporar o Romeu.

- Você consegue Humberto!
Lembra, na arte de atuar, primeiro necessitamos sentir cada sentimento. Romeu e Julieta é uma história de amor, você sente amor por alguém? - Perguntou ela.

Lendo até aqui, você já sabe, ou já deve desconfiar do óbvio.
Eu gostava pra caralho da Alice, o era atoa que nos viamos todos os dias há mais ou menos uns 5 anos.
O problema era relacionado a mim e a minha idiotice de nunca conseguir falar isso pra ela achando que a resposta será negativa.
Sendo assim, minha resposta foi:

- É, acho que sim. - Respondi, olhando pra baixo.

- Então o que precisa fazer é passar essa emoção pro personagem, ser natural.
Quando você estiver no palco, já não é mais você, é Romeu e ama Julieta.
Eu sei que consegue fazer isso, e no dia eu vou estar lá pra assistir.

Olhei pra ela, com um leve sorriso, Alice conseguia levar meu astral lá em cima, e de repente naquele momento eu agradeci por ter ela por perto.

- Obrigado Alice, isso vai me ajudar muito.

- Pode contar comigo, não vou te desapontar. - Disse ela rindo e tomando seu açaí.

Passamos mais um tempo conversando sentados em um banco de frente pro lago.
Estava uma leve ventania que era muito agradável, porém já estava tarde, então nos levantamos em direção a casa dela que não era muito longe da minha, apenas duas ruas abaixo.
Sempre acompanhava ela para ter a garantia de que ela chegasse bem em sua casa.

- Foi ótimo sair com você, obrigada Humberto! - Disse ela.

- Obrigado pelos conselhos! - Respondi

- Imagina, você vai tirar se letra! Até amanhã de manhã! - Ela me deu um beijo no rosto e abriu a porta de sua casa.

- Até...

Ela ja estava fechando a porta e mais uma vez eu estava indo embora insatisfeito, querendo dizer algo a mais.
Então eu a chamei:

- Alice!

Ela abriu a porta de novo e disse:

- Oi.

Por um momento tive coragem, que logo sumiu assim que ela voltou sua atenção a mim.
Minha boca estava aberta mas as palavras que eu queria dizer simplesmente não saíam.
Então eu apenas disse:

- Na próxima vez, juro que não vou me atrasar.

Ela abriu um leve sorriso e então fechou a porta, e eu fiquei puto comigo mesmo:

- De novo... - disse a mim mesmo.

Perdi mais uma chance de falar a verdade, mas apesar disso, cheguei a conclusão de que não importava como fosse o meu dia, se eu havia me atrasado ou não, Alice sempre fazia eu me esquecer de tudo e toda vez que nos encontrávamos eu sentia uma paz interior que não era capaz de sentir com mais ninguém.
Sentia que não me faltava mais nada.

Sair com ela compensou toda a correria e o estresse do dia, voltei pra minha casa com um sorriso no rosto.

Ao chegar em casa, meus pais estavam assistindo TV juntos e toda vez que meu pai sabia que eu havia saído com uma menina, ele fazia a mesma pergunta;

- E aí filho! Pegou?

- Qual é pai.

- Brincadeira, espero que tenha curtido.

Dei um beijo de boa noite nos meus pais e fui direto pra cama.
Antes de dormir chequei algumas mensagens e então vi o horário: era 23:56.
Eu estava atrasado até mesmo pra dormir, já sabia que iria acordar 6 horas da manhã morrendo de sono e que provavelmente teria que dormir nas duas primeiras aulas pra compensar.
Mas de repente não estava me importando mais com isso, havia feito um desafio a mim mesmo: tentar não me atrasar.
E a partir de agora, iria chegar no horário.

Eu só não queria me atrasar pra dizer o que sinto...

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