Solstício de Inverno

By LilithBlackLune

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A atmosfera fica tensa e todos se calam num silêncio sepulcral para que Rachel anuncie: "O Cajado guia o... More

Capítulo 1 - Colina Meio-Sangue
Capítulo 2 - Apatia
Capítulo 3 - Destino
Capítulo 4 - Conhecendo o Inimigo
Capítulo 5 - Profecia
Capítulo 6 - Alma da Liberdade
Capítulo 7 - Flor Que Não Se Cheira
Capítulo 8 - Um Velho Amigo
Capítulo 9 - O Acordo
Capítulo 10 - Plano de Guerra
Capítulo 11 - Brincando com Fogo
Capítulo 12 - Distração Mortal
Capítulo 13 - Obstáculos
Capítulo 14 - A Língua dos Dragões
Capítulo 15 - O Segredo da Foice
Bate-papo com a Lilith
Capítulo 16 - O Iceberg
Capítulo 17 - Cruel
Capítulo 18 - Desafeto
Capítulo 19 - Inimaginável
Capítulo 20 - Vínculo
Capítulo 21 - A Possibilidade
Capítulo 22 - Quebrando o Gelo
Capítulo 23 - A Exceção
Capítulo 24 - Experiência
Capítulo 25 - Queda Livre
Capítulo 26 - Por Água Abaixo
Capítulo 27 - Fugitivos
Capítulo 28 - (Des) Lembre-se
Capítulo 29 - Caçadora
Bate-Papo Com Um Pinguim
Capítulo 30 - Armadilha
Capítulo 31 - Revolta
Capítulo 32 - Inesperado
Não É Capítulo, Mas É Importante!
Capítulo 33 - A Brecha na Armadura
Capítulo 34 - Anistia
Capítulo 35 - Desistência
Capítulo 36 - Fúria
Capítulo 37 - De mal a pior
Capítulo 38 - Aliança
Capítulo 39 - Gritos no Vazio
Capítulo 40 - Heroína
Capítulo 41 - Persuasão
Capítulo 42 - Inimigos
Capítulo 44 - Pesadelo
Capítulo 45 - Memória
Capítulo 46 - Distante
Capítulo 47 - Dádiva
Capítulo 48 - A Calmaria Antes da Tempestade
Capítulo 49 - Sem Escolha
Capítulo 50 - Avançar
Capítulo 51 - Linhas de Frente
Capítulo 52 - Espírito de Guerra
Capítulo 53 - Súplica
Capítulo 54 (Parte I) - Os Ventos de Outono
Capítulo 54 (Parte II) - Flecha Selvagem.
Capítulo 55 - A Flor Que Não Tem Espinhos
Capítulo 56 - Falha
Capítulo 57 - Coração Congelado
Capítulo 58 - Estratégia
Capítulo 59 - A Rainha e o Sacrifício
Capítulo 60 - Solstício de Inverno
Epílogo
AGRADECIMENTOS
Novidades: Solstício 2?
Notas de Esclarecimento
Resultado do Desafio do Equinócio
Acorda! Tá dormindo?!

Capítulo 43 - Planos

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By LilithBlackLune


Notas iniciais: Não contavam com a minha astúcia? [de postar tão rápido]



Elsa*


Arregalo os olhos, tropeçando ao recuar. Meu pulso acelera e engulo seco.

Eu sei, tenho coragem de encarar a lendária Piper McLean, mas me sinto ameaçada por um pré-adolescente magrelo com metade do meu tamanho. Entenda: eu posso até ser imune ao poderoso Charme dos filhos de Afrodite, mas fogo é outra história...

— Hiro, pare com isso agora! — Mas Tadashi também está se afastando, sem tirar os olhos dos dedos flamejantes do caçula.

Uma Piper sorridente se curva atrás de Hiro para sussurrar em seu ouvido:

— Vai deixar o seu irmão continuar mandando em você desse jeito?

Até os sapatos do pequeno filho de Hefesto começam a fumegar, os lábios torcidos, repuxados de ódio.

— Ela tá certa, você tá sempre mandando em mim!

— Você é burro ou o quê, miolo-mole?! — Vanellope vocifera, mais irritada que assustada. — Não tá vendo que ela foi... Tipo, akumatizada?!

— Sua amiguinha também nunca está do seu lado — Piper faz um biquinho triste, murmurando para o garoto. — Ela nunca te levou a sério, está sempre rindo de você, te desprezando. Não deveria gostar dela, querido, deveria odiá-la!

Os olhos de Hiro parecem queimar com a mesma intensidade das suas chamas, mas vejo que ele está hesitando, me fazendo ser urgente em dizer:

— Você não quer fazer isso — deixo a Apatia se estender pela minha voz, como tentáculos frios, como um anti-Charme. — Vanellope é sua amiga e o seu irmão se preocupa com você, porque não quer que nada de ruim te aconteça, como...

Como aconteceu a Anna, fica implícito no ar.

O fogo se abranda, mas não sou nada se comparada a Piper.

— Não dê ouvidos a ela — retruca —, no fundo você sabe que Tadashi só veio para essa missão porque sabia que Elsa também estaria aqui... Ela enfeitiçou o seu irmão, Hiro, e é em parte culpa dela Tadashi pegar no seu pé.

A camiseta do garoto começa a fumegar, soltando um cheiro forte de tecido queimado.

— Deveria odiar todos eles — Piper continua entredentes —, deveria queimar todos eles.

Os olhos do filho de Hefesto literalmente ficam em chamas e em segundos Hiro é um cometa flamejante disparando em alta velocidade em nossa direção, uma bola de fogo que atravessa a janela repentinamente num salto, uma fração de segundo depois que pulamos para fora da varanda como gatos assustados.

Claro que eu tinha que ser a mais lenta.

Hiro é um meteoro que me empurra contra o chão, queimando a grama ao meu redor, minha pele, me fazendo soltar o arco em reação. Nem a chuva é capaz de abrandar suas chamas, como se Urano ordenasse que as nuvens se calassem para dar vantagem ao meu oponente.

Vapor sobe no ar com um chiado, resultado do choque térmico entre fogo e gelo, gelo que se formou sobre a minha pele instintivamente e o machuca mesmo que eu não queira – não consigo controlar, minha natureza fria o ataca sem pudor.

Só que mesmo tendo metade do meu tamanho, a raiva o fortalece, seu calor infernal e insuportável. Sua mão incandescente paira a centímetros do meu rosto, tentando me alcançar enquanto forço seu pulso para trás, o chiado prolongado e agonizante do contato entre nossas peles, meu coração dispara.

Não ficamos nesse impasse por muito tempo. Um vulto vermelho arranca o semideus de mim, que grita ao sumir para o céu num borrão escarlate que me faz rolar no chão com o impulso, me sujando inteira de lama e folhas secas. Acima de mim, os berros apavorados de Hiro, que é sacudido no ar pelo dragão em chamas que tenta livrá-lo do Charme e salvar o dia.

Desvio os olhos da cena quando um brilho prateado cintila a poucos metros de mim. Estico o braço para alcançar Eleutheria, mas alguém chuta o bracelete para longe. Piper.

Ela corre e salta para ficar de pé em cima da cerca que delimita a propriedade, gritando:

Parem! — A explosão do Charme em sua voz é tão massiva e violenta que tenho impressão de que até as gotas de chuva ficaram paralisadas no ar por uma fração de segundo antes de voltarem a cair.

Se nem os espíritos e ninfas da chuva resistem àquele poder, imagine os semideuses. Vanellope fica petrificada com o taco de beisebol a cima da cabeça, em posição de ataque. Tadashi tropeça e para antes que possa alcançar a filha de Afrodite. Até mesmo Ralph e os dragões se tornam estátuas.

Jack se ajoelha rápida e cautelosamente ao meu lado, me ajudando a levantar. Me concentro no jeito que a chuva deixa seus cabelos espetados, num tom cinzento como as nuvens do temporal, preciso me distrair para não sentir a tortura picante que o fogo deixou. Nunca senti uma agonia tão insuportável, a dança ardente na minha pele me faz querer gritar e espernear e chorar, mas preciso me contentar só com dentes travados e olhos lacrimejantes.

McLean, porém, não me dá o luxo de pausar para descansar. De pé em cima da cerca, ela parece uma comandante em cima de um pódio, a voz impregnada pelo Charme.

— Eu não sou o inimigo aqui! — Ela declara, se virando para Tadashi em sequência. — Frost está roubando a sua garota, você vai deixar?! Ela não sabe que o Guardião é um idiota, mas você sabe! Faça alguma coisa! Acabe com ele!

— Não caia nesse truque — imploro desesperada, mas o semideus já havia cedido ao feitiço.

Jack bufa, aborrecido, me soltando em seguida.

— Eu cuido disso num segundo, floquinho. — Ele pisca o olho para mim, se virando e tomando posição defensiva com o cajado.

Ele vai de encontro ao semideus que corre feroz em sua direção como um Touro de Colchis criado pelo próprio Hefesto.

Agora, Piper se dirige aos que restaram: o ciclope, os dragões e a filha de Mercúrio, todos petrificados esperando pelas ordens. Apesar de ser imune ao Charme, até eu sinto o poder das mentiras da filha de Afrodite ao abrir a boca e exclamar:

— Quione não está ao lado dos olimpianos agora, como também nunca esteve durante a guerra contra Gaia; Elsa é uma traidora calculista e perigosa assim como a mãe! Não podem deixar que a filha de Quione impeça a missão de vocês, não podem deixar que ela acabe o mundo congelado, não podem deixar que ela saia viva daqui! — Como ela, sua própria voz é histérica, subindo uma oitava a cada palavra, os olhos loucos arregalados da neurótica que ela é ao berrar: — Ataquem!

Meu coração martela rápido e forte contra as costelas ao notar que a pequena legião se vira raivosa para mim.

Enquanto isso, ao pular de cima da cerca para o chão, Piper McLean estica os lábios num sorrisinho, acenando com os dedos numa breve despedida e recuando até ser engolida pelas sombras das árvores. Ela corre e some para dentro da floresta, me deixando com o pequeno exército furioso.

Meu bracelete, longe demais; meu Guardião, ocupado. Não vai ser uma luta justa.

— Espero que goste de gelatina — ao sorrir, Vanellope me lembra da versão psicótica de Nico di Angelo —, porque é assim que os seus ossos vão ficar.

Mal sabe ela que meus ossos já são gelatina.

Ralph estala o pescoço com um ruído alto; os dragões sibilam, me encarando como sua próxima refeição ao se moverem sinuosos como uma serpente píton.

Lembro-me de Anna, de como a acalmei no ônibus para Nova York. Penso em como livrei um punhado de semideuses do encanto de Drew, tanto tempo antes. Me concentro em como Hans não conseguiu me enlaçar na teia que é o seu Charme.

Estufo o peito de ar até o limite, soltando devagar pela boca.

— Acabou — sinto a atmosfera esfriar. — Não vamos mais lutar por hoje.

O dragão Alfa é o primeiro a sair do transe, mais rápido do que entrou, sacudindo a cabeça e piscando os olhos azuis. Meu coração acelera, incentivada.

— Piper foi enlouquecida por Lissa — prossigo, meu tom cristalino e estéreo como o de Quione. — Ela não sabia o que estava fazendo, como vocês também não sabem o que estão fazendo agora...

Boop!, como uma bolha de sabão estourando, o Charme se desfaz com uma agulha fria de Apatia.

Não preciso terminar de falar, os dedos de Vanellope fraquejam e ela larga o bastão no chão. Ralph coça a cabeça. O dragão cinzento ronrona como um gato tonto. Mas ainda não terminei. Me viro para Tadashi, seus cabelos e ombros cobertos da neve que ele nem parece notar ao tentar tomar o cajado de Frost.

Minhas palavras são gélidas, calmas.

— Tadashi — minha voz desliza como um nevoeiro —, Jack Frost não é seu adversário.

Gradualmente, ele para de fazer força e de ranger os dentes, piscando com as sobrancelhas unidas, como se acabasse de despertar.

Ficamos todos parados debaixo do chuvisco fino, olhando uns aos outros emocionalmente esgotados. O silêncio do nosso fracasso só é interrompido quando Hiro cai do céu no meio de nós com um baque seco, como um fruto maduro caindo da árvore.

— Ai — ele diz estirado no chão, as roupas praticamente carbonizadas, soltando fumaça.

O dragão vermelho pousa ao lado dele, aproximando o focinho do semideus e farejando para checar se está vivo. Feito isto, banha o garoto com um sopro flamejante.

Hiro ergue o polegar, com focos de incêndio pelo corpo todo.

— Valeu. — Então seu braço desaba.

Vanellope chega perto com uma careta, a franja molhada grudada nas bochechas. A cabeça dela pende para o lado, observando antes de cutucar o filho de Hefesto com o pé. Ele resmunga algo sem nexo.

— É, ele vai viver — ela dá de ombros, girando no calcanhar e se afastando.

Antes que alguém diga qualquer coisa, Tadashi dá o primeiro passo na direção por onde Piper escapou.

— Precisamos ir atrás dela.

— Não. — Me curvo para pegar seu boné aos meus pés, caminhando até ele para lhe entregar. — Vamos seguir em frente.

Ele toma o boné da minha mão, colocando-o na cabeça.

— Temos que ir atrás dela, Elsa, eu tenho que ir atrás dela — insiste. — Ela é a minha missão, trazer de volta os semideuses desaparecidos é a minha missão.

Dou mais um passo à frente, falando firme.

— Não vamos conseguir vencê-la agora, Tadashi, Piper foi a carta na manga de Lissa. A última Campeã não é uma lutadora como Nico, Percy ou mesmo Jason, até ouso duvidar de que use uma arma de forma decente, mas ela nos vence fácil, sem precisar pegar numa espada. O que a gente precisa é de...

— Reforços? — Jack aponta o outro lado do terreno, para onde um amontoado de semideuses se agrupa.

Eles seguem o aviãozinho de papel que pousa nas mãos de Vanellope.

Encolho os ombros.

— Eu ia dizer "estratégia", mas isso também serve.

A primeira coisa que ouço é a risada de Flynn Rider.

— Parece que vocês foram atropelados pelo gado sagrado de Apolo! — Ele não perde a chance de debochar, apesar de parecer apavorado por montar o pégaso que tentou mata-lo, e que provavelmente só o deixou montá-lo graças a filha de Afrodite que o cavalga.

O cavalo alado relincha e, num sobressalto, Flynn se segura firme ao redor de uma Rapunzel que rola os olhos, como se o filho de Hermes atrás dela fosse seu fardo.

— Pela chapinha de Afrodite, Rider! — Ela reclama, o cabelo molhado dois tons mais escuro. — Vai acabar quebrando minhas costelas!

— O QUE ACONTECEU? — Soluço grita.

Vanellope coloca uma mão na cintura.

— Piper aconteceu.

Soluço faz uma careta, colocando a mão em concha ao lado do ouvido, como um velho surdo.

— O QUÊ?!

— PIPER MCLEAN! DESSE TAMANHO, COM PENAS NO CABELO — A garota berra de volta, gesticulando. — PIROU NA BATATINHA, ARRUMOU CONFUSÃO E FOI EMBORA.

Vendo a dinâmica entre os dois, Astrid faz uma careta, retirando os tampões dos ouvidos e anunciando:

— Soluço, não precisa mais usar isso! Já podemos ouvir em segurança.

— Chegamos tarde — Annabeth desce de Blackjack com ajuda do namorado, também retirando os tampões dos ouvidos. — Piper, é claro. Por isso pediram para não escutarmos nada.

Percy franze o cenho.

— Isso foi bem "dãã"... Ai! — Exclama depois de receber um peteleco da filha de Atena, mas ele está sorrindo.

Sinto um puxão delicado na cintura – é o cajado de Jack me fisgando para ele. Cambaleio em sua direção, me deixando levar sem resistir, ainda que minhas palavras demonstrem o contrário.

— Temos que bolar um plano, temos que traçar uma rota, precisamos de um lugar para ficar e...

— A única coisa que você vai fazer agora é descansar, mocinha. — Ele brinca, me liberando do anzol para me segurar com os próprios braços. — Já chega por hoje.

Solto uma risada.

— E aí está ela, a minha babá!

— Encare isso do jeito que quiser — ele diz —, mas se lembre de quem foi que a sua mãe deixou no comando.

Eu não o contestaria nem se quisesse. Agora que meu sangue esfriou, começo a sentir cada ferimento que cobre meu corpo. Nenhum deles, porém, é pior que as queimaduras. Desconfio de que nenhum outro semideus iria senti-las tão insuportáveis como eu sinto: mais um dos "privilégios" de ser filha de Quione. Me pergunto se com Hiro acontece o mesmo, mas com efeito contrário, se meu gelo arde mais nele que em qualquer outra pessoa.

Somos ligeiros em nos afastar da cabana Cherokee e dos seus totens assustadores, seguindo Percy que nos guia para onde passaremos a noite. Não ousamos a viajar por céu. A chuva parou, mas o tempo permanece fechado no cinza, se recusando a nos dar um raio de sol sequer. Não que eu me importe.

Já é noite quando finalmente invadimos o celeiro de alguém, contando com a audácia de Flynn para destrancar o cadeado com um dos muitos grampos de cabelo de Vanellope. O lugar tem um cheiro no ar que faz meu nariz coçar, mas não tenho coragem de reclamar. Vai que a deusa Tique resolve mudar nossa sorte.

— Valeu pela força, parceiro — Jack agradece o dragão Alfa, me estendendo a mão para me ajudar a descer das costas do lagarto branco, que comunica alguma coisa com um rosnado baixo. — Tá vendo, Elsa? Até ele entende.

— Obrigada — já estou no chão ao falar, uma pontada de orgulho na voz —, mas realmente não precisava ter me carregado o caminho todo. — Termino a frase olhando para Frost.

O dragão, porém, fica do lado dele, rosnando em resposta.

Viro minha atenção para a movimentação no meio do celeiro.

— Certo, vamos ter tempo de sobra — Annabeth falava para os outros ao redor dela, as mãos na cintura. — O templo da Guardiã fica longe, mas acho que vamos conseguir.

Tenho a impressão de ver Jack enrijecer ao meu lado, tenso.

— Seria mais fácil se tivéssemos um mapa... — Rapunzel comenta consigo mesma.

É a minha deixa para alcançar do bolso interno do casaco o que roubei na tenda do pretor do Acampamento Júpiter.

— Que tal esse mapa? — Sacudo o papel, que se estende com pelo menos um metro de comprimento.

Está amassado, meio rasgado pela umidade da chuva e chamuscado pelo confronto com Hiro, mas continua a exibir em toda sua glória o desenho da região, detalhando melhor a parte do Texas, com enfoque crucial de uma parte destacada.

Soluço aponta o dedo nessa direção.

— Isso é a...?

— A ilha flutuante de Éolo — um sorriso vitorioso cruza meus lábios —, o desenho detalhado do lugar onde ela está agora, com os prováveis locais onde as tropas de Urano devem nos esperar numa emboscada nos desertos do Texas.

Mas Annabeth toca num pedaço distinto do papel.

— Estamos aqui — seus olhos cinzentos e tempestuosos seguindo a rota que faz com o indicador —; Mnemosine, ali.

— Meio dia de caminhada — Soluço observa preocupado.

— Poucas horas, se formos voando — Hiro sugere, emendando rapidamente. — Baixo. Poucas horas se formos voando baixo, longe do alcance de Urano e tal...

Depois disso, deixo Annabeth estudar o mapa com Soluço, Astrid e Tadashi. Não quero me preocupar com isso agora. Percy se joga num monte de feno e passa o tempo conversando com Blackjack e um cavalo velho da fazenda. Flynn e Vanellope disputam alguma espécie de jogo enquanto que Hiro e Rapunzel assistem. Ralph está calado num canto, enviando um aviãozinho para Nico e as semideusas que o acompanharam para o Acampamento Meio-Sangue.

Finalmente, reparo a silhueta do Guardião do lado de fora pela porta entreaberta e logo meus pés caminham em sua direção, me distanciando do movimento e do calor no celeiro.

— Você está quieto demais — constato ao chegar perto. — O que está aprontando?

Um riso brota no canto dos seus lábios ao olhar para mim, antes de voltar a contemplar a noite, quase completamente escura se não fosse pela lua que insiste em aparecer dentre as nuvens.

— Nada, eu só... — Ele tira a mão do bolso do moletom, passando o braço por cima do meu ombro e me puxando num abraço. — Só estou pensando, em como as coisas podiam ter sido diferentes. Se Quione não tivesse me abençoado, se eu nem sequer tivesse tido a chance de salvar Emma daquele lago ou...

Ele não termina de falar, mas minha mente viaja. Jack iria continuar sendo um camponês, provavelmente iria se casar e ter quatro, cinco filhos. Faço uma careta. Pensar nisso é estranho.

— Já tentei visitar minha irmã no Mundo Inferior — admite. — Não deu muito certo.

— Não conseguiu entrar?

Ele sacode a cabeça, negando.

— Quase não consegui sair, mas não foi esse o problema. Ela já tinha escolhido voltar. — Vendo a confusão estampada no meu rosto, ele explica. — Você sabe, voltar à vida, uma nova vida. Isso geralmente acontece. As almas bebem do rio Lete para se esquecer de quem eram e reencarnar, aprender coisas novas, recomeçar. — O Guardião solta uma risada sem humor. — Desculpe, não sei porque estou falando isso.

Franzo o cenho, balançando a cabeça.

— Tudo bem, você sente falta da sua irmã. É normal.

— Sabe, se a gente sobreviver... — Ele limpa a garganta, corrigindo o "se". — Depois dessa confusão toda, vou procurar por ela.

Abro um sorriso antes de lhe dar um rápido beijo na bochecha.

— Eu vou ajudar você — prometo. — Se tivermos a sorte da titânide das memórias simpatizar com a gente, pode até ser que ela devolva as lembranças da sua irmã sobre vida antiga dela, quando a acharmos.

Os olhos de Jack se perdem novamente na linha do horizonte, pensativos; o vento noturno bagunçando os cabelos pálidos sempre desalinhados. Seu rosto é indecifrável, qualquer coisa que esteja se passando em sua cabeça é um enigma pra mim. Eu acho que fiquei encarando por muito mais tempo do que devia, porque seus olhos me flagram lhe observando, então ele procura desviar a atenção para qualquer outra coisa.

— Vamos entrar — ele já está me puxando para dentro —, precisamos dormir, foi um dia muito longo.

A última coisa que eu quero, apesar de exausta, é dormir. Eu mal fechava os olhos e já era assombrada por pesadelos, mas sigo Jack para dentro sem contestar. Tem muita coisa acontecendo, talvez devêssemos ficar sozinhos com nossos pensamentos por enquanto. Em breve iremos descobrir os segredos escondidos nas lembranças roubadas de Percy e Nico. E juntando isso ao mapa de Hans, saberemos de praticamente todas as emboscadas de Urano.

As expectativas para o dia de amanhã só não são maiores do que a ansiedade ao saber que agora faltam apenas quatro dias para o solstício de inverno.

Quatro dias para tentar sobreviver e salvar o mundo.

Quatro dias para salvar Anna.



***

AAALÔO!?!

Só eu que estou ansiosa? Acho que consigo acabar a fanfic até o final desse mês! Oh my gods, será?! Gente, o que eu vou fazer quando Solstício acabar? Não acho que a história precise de uma continuação... Mas não vamos falar nisso agora.

Vocês gostaram do capítulo? Perdoem os erros e, pf, votem se estiverem gostando, isso é muito importante pra história e pra mim também <3

Prometo que a Piper ainda vai dar o que falar hahah E a Merida-Sumida também vai voltar com tudo, quando voltar.

Ahhh, e o grupo tá mais animado e divertido do que nunca! Tem várias pessoas novas e legais entrando por lá, por que você também não participa, hum?

Enfim,

Tchau, tchau, borboletinha!

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