Isabella
As minhas férias até que foram legais, mas poderiam ter sido mais se eu pudesse viajar e tal, é um saco você sair e saber que tem gente ti vigiando de longe. Hoje é o primeiro dia de aula, eu deveria estar bem animada, mas me acostumei a acordar tarde e agora estou com preguiça.
— Bom dia, dorminhoca! Quase fui ti chamar — minha mãe brincou.
— Bom dia — murmurei entediada.
— Que animação ótima para a volta às aulas — meu pai zombou.
— Quem vai me dar carona pra escola? — olhei para os dois.
— O seu pai pode, Francis vai me levar na casa de uma cliente.
— É bom eu ti levar porque eu preciso conversar com você — assenti.
— Seu pai acha que você e o Erick estão namorando — me engasguei com o suco.
— Eu que ia conversar com ela, amor — olhou para a minha mãe.
— Desculpe, não consegui segurar, as palavras são mais fortes que eu e estou curiosa sobre esse assunto.
— Eu e o Erick não temos nada, somos só amigos — expliquei, tentando os convencer.
— Tem certeza? Vou conversar com o Breno, mas promete que quando arrumar um namorado eu vou ser o primeiro a saber?
— Às vezes eu acho que o seu pai faz o papel de mãe, eu que vou ser a primeira a saber, Raul.
— Para vocês dois! Quando eu arrumar um namorado os dois vão saber ao mesmo tempo, ok? — assentiram.
Fui no meu quarto terminar de me arrumar, meu pai já estava me esperando, ele me deixou na frente da escola e eu sai do carro depois de me despedir dele. As notícias já devem ter se espalhado porque as pessoas estão me olhando estranho. Abri meu armário e Agatha parou ao meu lado se encostando nos armários.
— Bom dia — falou com uma voz de sono.
— Bom dia! Está do mesmo jeito que eu — fechei a portinha do armário.
— Por que é tão dificil voltar às aulas? — choramingou.
— Estou me fazendo essa pergunta — rimos.
— Para uma pessoa que está sendo vigiada pela polícia, você está muito animada — Kath se aproximou com Karina.
— Se eu tivesse culpa em alguma coisa, provavelmente eu estaria me descabelando, mas como sou inocente, não é preciso ficar com medo — falei.
— Essa polícia não serve para nada, você deveria estar presa pelo que fez — saiu furiosa e Karina foi junto.
— Essa garota acha que manda em todo mundo — revirou os olhos — As inscrições para a faculdade vão começar em novembro, estou muito ansiosa e confiante — apertou as mãos juntas.
— Eu também, as vagas são mínimas, mas eu estou torcendo para duas delas serem nossas — sorri.
— Vamos conseguir, amiga — sorriu.
— Cadê o Thiago? — começamos a caminhar pelo corredor.
— Acordou atrasado, daqui a pouco ele chega — respondeu mexendo no celular.
— Eu preciso da minha cama — Alan reclamou assim que entramos na sala.
— Podem tirar a cara de sono, porque hoje nós temos uma festa pra ir — Samuka olhou para nós, ele estava animado.
— Bom dia, pequena — Erick beijou minha bochecha.
— Bom dia, Erick — sorri de lado.
— Quem é louco de fazer festa em plena segunda-feira? — Thiago chegou perto de nós.
— Nossos jogos vão começar quarta, então fazemos uma festa antes e depois dos jogos acabarem — Samuka explicou.
— E você vai comigo — Erick olhou para mim.
— Eu não vou mesmo — falei rápido.
— Por favor, pequena. A festa começa às oito e a hora que você quiser ir embora, eu ti levo pra casa — fez cara fofa.
— Eu não gosto de festa, Erick.
— Eu ti pego às sete e meia, se não estiver pronta eu a levo com a roupa que está vestida — disse desafiante.
— Você não seria capaz — provoquei.
— Não pague pra ver — aproximou seu rosto do meu.
— Como sou teimosa, vou pagar pra ver — encarei seus olhos escuros.
Ele sorriu me dando um selinho e se sentou em sua cadeira. As aulas passaram normalmente tirando o fato de algumas pessoas ficarem me olhando no horário do intervalo, de resto foi normal igual aos outros dias.
Quando era quinze pras sete eu tomei um banho lavando o cabelo, vesti uma lingerie e hidratei meu corpo com creme, escovei os dentes e sequei meu cabelo e me deitei na cama.
— Você é teimosa mesmo, em? — Erick entrou do nada no meu quarto.
— Eu disse pra você que não ia — passei a folha do livro que estava lendo.
Ele parou ao lado da cama e tirou o livro da minha mão, em um movimento rápido me colocou sobre os ombros como se eu fosse um saco de batata.
— Me solta, Erick! — distribui alguns tapas na suas costas.
— Eu ti avisei e esses murros não estão doendo nada — riu enquanto descia as escadas.
— A minha roupa é muito curta, você não vai gostar quando eu atrair todos os olhares da festa — ele parou de andar.
— Você tem dez minutos para se arrumar, de preferência coloque uma saia longa — me colocou no chão.
— Você não manda em mim — o encarei séria.
Subi para o meu quarto e fui direto pro closet, peguei uma saia rodada de renda e uma blusa branca de alça e salto nude. Fiz uma maquiagem simples e borrifei um pouco de perfume, pendurei uma bolsa no ombro e sai do quarto.
— Estou pronta, podemos ir — parei em sua frente.
— Qual a parte da saia longa você não entendeu? — se levantou.
— E qual a parte do: Você não manda em mim, você não entendeu? — caminhei até a porta.
— Você está perfeita! Vou ficar de olho em ti a noite toda — me abraçou por trás beijando meu pescoço.
— Você vai ficar de olho em mim até a primeira garota se jogar pra cima de ti — fehei a porta e guardei a chave no esconderijo.
— Isso é o que nós vamos ver — abriu a porta do carro e eu entrei colocando o cinto.
Eu não estava a fim de ir nessa festa, mas eu também quero me divertir, aproveitar meus dias de paz. Chegamos em frente a uma casa bem bonita com um som alto, Erick abriu a porta me dando a mão para sair do carro.
— Desde quando é cavalheiro? — arquei uma sobrancelha.
— Às vezes eu sou, mas não se acostuma — beijou minha bochecha.
Erick entrelaçou nossos dedos e entramos na casa, ele cumprimentou algumas pessoas até chegarmos na mesa que estava nossos amigos.
— Arrasou, gata — Agatha sorriu.
— Nem sei porque estou aqui — me soltei do Erick e me sentei ao seu lado.
— Relaxa, Isa! Quer um pouco? — Alan me entregou um copo.
— Não, obrigada — lhe entreguei de volta.
— Vamos pegar uma bebida para nós, Isa — Agatha me puxou para se levantar.
— Eu vou junto com vocês — Thiago disse.
Fomos até o bar improvisado, pedi uma caipirinha porque não acho muito forte, me sentei nas cadeiras que tinha em frente ao balcão, Thiago foi dançar com a Agatha. Passei os olhos pela sala cheia de pessoas dançando, até que eles pararam em um canto onde o Erick estava se pegando com uma loira, eu disse que ele não iria cumprir o que falou.
— Oi, Bella — Diego se sentou ao meu lado.
— Oi, Diego! Por que não falou comigo nas férias? — me virei pra ele.
— Pulei na piscina e esqueci que o celular estava no bolso, então para não ouvir meu pai falando na minha cabeça eu resolvi esperar pra comprar outro aqui, então fiquei sem celular as férias inteira — revirou os olhos.
— Eu também já derrubei meu celular dentro da piscina, quase que eu morri — ele riu.
— Eu não, já estava na hora de trocar mesmo — rimos.
— Vocês vão ficar ai sentados? Vamos dançar, galera! — Júlio já estava bem animado.
— Cara, você já bebeu demais — Diego tirou o copo vazio da mão dele.
— Claro que não, só bebi duas doses de vodka — passou o braço pelo meu ombro — Sabe, Isabella, eu acho que você devia partir pra outra, o Erick é um imbecil que não ti valoriza, ele não a merece. Estou dizendo isso porque o conheço e você não merece alguém que lhe troque por uma loira, mesmo ela sendo bem gostosa — balbuciou.
— Obrigada, vou pensar nos seus conselhos — sorri de lado.
— Você é linda, Isabella, qualquer um nessa festa ficaria feliz só de conversar com você. O Diego mesmo, ele é um mané, mas gosta de ti — falou baixo.
— Eu acho que você já bebeu demais — Diego tirou o braço dele do meu ombro.
— Ui, que pegada — foi impossível não rir.
— Acho melhor levar ele para tomar um banho frio — me levantei.
— Me ajuda tirando as pessoas do caminho — assenti.
Passar por toda aquela multidão foi bem complicado, Júlio estava falando as coisas sem sentido e era muito engraçado, eu não conseguia parar de rir. Subimos as escadas e Diego apontou para uma porta, abri a mesma e era um quarto.
— Assim que eu gosto, garota de atitude — Diego o jogou na cama.
— Amanhã eu soco a sua cara — entrou no banheiro.
— Que agressiva — Júlio falou rindo.
— De quem é esse quarto? — perguntei ao Diego quando ele saiu do banheiro.
— Dele mesmo, Julio e Marcelo moram aqui, eles dividem a casa — explicou.
Diego o arrastou até o banheiro, passou uns minutos Júlio saiu cambaleando um pouco, logo atrás o Diego veio rindo.
— Eu vou morrer — se sentou na beira da cama com as mãos na cabeça.
— A única coisa que vai acontecer é uma dor de cabeça muito forte amanhã, vou deixar o rémedio mais a água aqui no criado-mudo — Diego encheu um copo de água.
— Vou dormir, só espero amanhã acordar vivo — se deitou na cama.
— Tchau, boneca, dorme bem — Diego zombou.
— Eu amo vocês também — rimos.
— Vamos, Bella, só espero não ter mais nenhum morrendo lá embaixo — abriu a porta.
Sai logo em seguida, só tivemos uma surpresa ao ver Erick saindo de outro quarto com a mesma loira que estava beijando lá embaixo. Que nojo!
— O que você está fazendo aqui com ele? — apontou para o Diego.
— Eu não lhe devo satisfação — tentei passar por ele mas o mesmo segurou meu braço me impedindo.
— Solta ela! Tá maluco? — Diego puxou seu braço para me soltar.
— Não se mete, o meu assunto é com a Isabella — rosnou furioso.
— Não tenho nenhum assunto para falar com você agora, Erick — me afastei dele.
— É claro que não tem, está muito ocupada com o Diego, você é igual a todas mesmo, deveria se valorizar mais — ele quase gritou.
— Respeita a Isabella, seu desgraçado — ouvi a voz do Diego.
— Eu vou embora — sai andando.
— Eu ti levo — Diego veio atrás de mim.
— Tem um motel baratinho no caminho, usem proteção — Diego parou de andar e foi até o Erick.
— Isso é pra você aprender a respeitar as pessoas, seu imbecil — socou a cara dele.
— Não vale a pena, Diego! Não me dirija mais a palavra, Erick — sai puxando o Diego.
— Isabella, volta aqui, por favor — ouvi o Erick me chamando, mas continue andando.
— Aonde vocês vão? — Marcelo questionou quando passamos pela porta.
— Obrigada pelo convite, a festa estava ótima — agradeci tentando não demonstrar minha voz de choro, fui na frente enquanto Diego falava com ele.
— Ei, Bella, não fica assim! Aquele imbecil não merece uma lágrima sua, você é uma garota incrível — disse quando paramos perto de um carro.
— Obrigada, Diego! — beijei sua bochecha.
Entramos dentro do carro. Ele me deixou em casa, agradeci e caminhei até a porta, acenei e ele saiu com o carro, peguei a chave e abri a porta, tirei meu salto e fui pro meu quarto. Se eu soubesse que essa noite acabaria assim, não teria nem saído de casa.