My little, sweet and loyal Em...

By Marta___Tata

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Dipper Pines acabara de ser despejado de casa. Sem ter para onde ir e acolhido por um homem macabro, agora t... More

A história de como eu fui totalmente apanhado por um triângulo - Literalmente.
The Madness
Well, hello "Persons who I need to work with"
Trust no one, é confiar numa ruiva relaxada e num cara que parece um texugo.
Impressão minha, ou eu entrei num jogo de provocações com o meu inimigo?
Tornando-me praticamente um escravo, parte 1
Motivos porque eu odeio o oxigenado triangular demónio
Eu fui praticamente morto por quem?!
Okay then. Let's play, Cipher
O demónio mais sem sentimentos da história toda!
O oxigenado dorito está a virar-me a cabeça ao contrário!!
Num só capítulo eu tirei boas notas, humilhei e descobri uma loli misteriosa.
Pacífica - Uma menina com um sorriso tão falso como o seu segredo.
As memórias de Bill Cipher.
Um beijo, várias memórias, muitos segredos e um sentimento - CONFUSÃO!
Um verdade ou desafio com amigos retardados... O que pode correr mal?
Um suco de limão, tomando juntamente com Cipher.
Se achavam que a minha vida estava confusa, então ainda não leram este capítulo.
Yahooo!! Vejam um capítulo super-ultra-mega DIVERTIDO! ...Ou então sofrido.
A peça final do meu puzzle de teorias.
E o traidor é.... Tambores, por favor!
Literalmente... Estamos todos lixados. Enfim. Que tal uma missão suicida?
A batalha final. E o final épico.
O registo de Pines.
Algumas curiosidades finais do livro!
A pedido de leitores.

Um plano feito por Mabel e uma personagem principal cu doce. Nada de novo.

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By Marta___Tata


Não valia mais a pena negar.

Eu estava perdidamente apaixonado pelo maior demónio das galáxias; Tanto que até a minha irmãzinha, com os seus grandes olhos verdes e perspicazes conseguiu entender que eu nutria sentimentos que me iam condenar.

Ah, e se iam.

Sempre que o via, caminhar até mim com um ar relaxado mas sempre com aquela mania de superior e convencido, a rasgar um sorriso enorme e a chamar-me de Pinetree, com aquela voz grave e sedutora, sem ao menos se esforçar, o coração saltava-me do peito, o chão parecia feito de manteiga de tanto que eu parecia que ia cair e a respiração acelerava-se, assim como a minha vontade de o amar. De o beijar. De o abraçar.

...Estar apaixonado é mesmo meloso. Ew.

" – Mabel, eu não estou apaixonado pelo oxigenado!!". – Gritei, mais alto do que pretendia e sentindo o sangue subir-me à face.

" – Maninho, tu não me enganas. Podes enganar qualquer pessoa desta casa; Mas garanto-te que a mim não".

Libertei um suspiro derrotado, voltando a olhar para o teto, perdido em pensamentos.

" – Como é que isto... Foi acontecer?!". – Berrei a última parte, completamente desesperado e quase a deixar cair o pote. – "Isto é muito grave, Mabel! E demasiado doentio! Estar apaixonado por um demónio todo poderoso e que, anteriormente, nos infernizou a vida para destruir o mundo?! Por favor!".

Ela gargalhou um pouco, fazendo um ar levemente perdido.

" – Bem... Talvez estejas só confuso. Quer dizer, vocês nunca se beijaram ou tiveram contacto assim, mais íntimo!". – E ela gargalhou. O seu riso morreu, aos poucos, quando viu a minha cara de culpado a olhar para a janela. – "...Certo...?!".

" – Mabes, e-eu...". – Engoli em seco, olhando-a lentamente. – "Talvez... Já nos tenhamos beijado, assim... Uma vez ou outra...?". – E libertei, por fim, um sorriso amarelo. Ela fez um enorme facepalm.

" – De todas as pessoas, Dipper, tu eras a última que eu esperaria cair numa armadilha de sentimentos e admitir, ainda por cima!".

" – Eu sei! Por isso é que estou preocupado!!". – Gritei novamente, dando um duplo facepalm na minha cara, desesperado. – "Eu não sei até que ponto ele está a dizer a verdade; Ainda por cima, o nosso histórico é bem complicado!".

" – ...Ou tu fazes para ser complicado". – Murmurou Mabel, levemente pensativa. Desviei o olhar para ela, abrindo aberturas nos dedos, já que estava com as mãos no rosto. – "Quer dizer... Eu tenho medo dele. Muito. Demasiado. Mas, para tu, sequer, ficares apaixonado por alguém e ainda por cima o Bill? Depois do que ele fez? Ou das duas uma: Utilizou uma boa magia ou mudou drasticamente!".

Suspirei bem fundo, amaldiçoando-me mentalmente.

" – O que eu faço agora, Mabel..?". – Sussurrei, num tom de voz murcho. Ela rasgou um sorriso enorme e malicioso, mostrando o aparelho. – "...E eu não gostei, nem um pouco, desse sorriso".

" – Bem... Está na altura de montar-mos um plano!!". – Berrou, desencantando um papel e uma caneta de um inferno qualquer. Depois, começou a escrever e desenhar durante dois minutos, voltando a mostrar o suposto plano, a uma tinta azul escura. – "Ta daaa!".

" – No mínimo... Artístico". – Provoquei, gargalhando em seguida da confusão que estava no papel. Ela revirou os olhos e começou a explicar.

" – Este aqui é o Bill, esta sou eu...". – E ela foi apontando, para me ensinar quem era quem no desenho. Não perguntei porquê, mas ela era um unicórnio. – "Okay. Sabes que a festa é em seis dias, certo?".

" – Yap". – Respondi, agora levemente interessado no que ela tinha em mente.

" – Okay... E essa é a melhor oportunidade para tu lhe esclareceres o que sentes!". – Berrou a última parte, deixando-me completamente vermelho.

" – C-Como assim?! Eu? A admitir que gosto dele?! Nem. Morto!". – Falei muito alto de volta e sentando-me na cama, cruzando os braços.

Ela revirou os olhos, pronta para me socar.

" – Ouve-me. O Bill vai à festa, com toda a certeza, assim como toda a gente... E tudo o que temos de planear é uma forma de vocês dançarem juntos e tu admitires os teus sentimentos!".

Desviei o olhar para a janela, com um ar de derrotado.

" – Mabel, eu realmente não sei se isto vai resultar... Quer dizer, ele é um demónio e eu um humano e eu realmente não sei se quero nada sério. Além disso, isto vai passar; Eu sei que vai. Com o tempo, eu vou esquecê-lo".

A cara que ela fez, em seguida, foi de pura raiva e vontade de me matar.

" – Tu só podes estar a brincar!". – Disse meio alto, chateada. Colocou-se de pé e cruzou os braços. – "Vais ficar, para sempre, nisto? A mesma coisa sempre e sempre?!".

" – A-Ah?". – Murmurei, muito surpreso com a sua atitude. Eu achei que ela fosse aceitar essa desculpa.

" – Com a Wendy, foi a mesma coisa! Nunca tomaste atitude, apesar de ela ser mais velha e não teres tido nenhuma hipótese. E, talvez, se tivesses tomado muito mais cedo, ela teria reparado em ti agora. Já pensaste nisso?!".

Senti uma facada no coração, só de imaginar o Cipher, muitos anos depois, com outra pessoa e ficarmos apenas... Amigos.

" – Além disso!". – Ela interrompeu-me os pensamentos, claramente frustrada. – "Não acho que estejas certo. Desculpa, mas desta vez não concordo!".

" – Mabs, calma, por favor...!". – Pedi, num tom mais baixo do que achei que fosse falar. Ela respirou fundo, ficando séria e, agora, com um olhar de preocupação.

" – Eu estou mesmo preocupada contigo, Dipper". – Admitiu. – "Se ficares para sempre assim, não duvido nada que nunca consigas evoluir nas tuas relações amorosas e ficam sempre... A meio. Ou até mesmo no início!".

Desviei o olhar para o chão. Ela estava recheada de razão.

Mas eu...

" – E eu também sei que tens medo disto tudo...". – Murmurou, fazendo-me rapidamente olhá-la, surpreso. Ela libertou um leve sorrisinho. – "Achas que não percebi? Dipper, se eu estou apavorada de viver no mesmo sítio com ele, imagino tu que estás apaixonado! Mas o amor não escolhe e não é lógico como a matemática ou os mistérios e códigos que adoras desvendar. O amor é diferente".

" – E é por isso que não me dou bem com ele...". – Deixei escapar.

" – Olha, eu vou dar-te tempo. Mas, se não me disseres nada até Sábado, eu prometo nunca mais tocar neste assunto, porque eu sei de alguém que vai pedir para dançar com ele, na festa".

" – O quê?!". – Gritei, num salto desesperado e ficando completamente pálido. – "Quem?!".

" – Não posso dizer. Essa pessoa pediu-me para não.. Dizer a ninguém". – Murmurou, muito baixinho. – "Então, acho melhor pensares com calma, mas um pouco rápido; Porque podes perdê-lo para sempre".

Imaginei-o a namorar com qualquer um daquela mansão. A Charlie, Carlie, Wendy, Pacífica, até mesmo Mabel, Soos, Lunger, Atlantic, Robbie e Gideon.

Demorei um pouco a imaginar um a um, mas acabei com a pessoa que eu mais queria – Comigo e com ele.

Os dois a continuar naquele relacionamento entre o ódio e amor, sempre a chamar-mos nomes um ao outro, mas sem ter vergonha de dar as mãos pelos corredores e a gargalhar tão alto que só se ouvia Atlantic a reclamar; Ou até mesmo provocar o Gideon, sempre que ele nos tentava espiar e acabava se denunciando por cair ou pelo enorme cabelo cebolento dele.

E, ainda assim, eu amava-o.

Nada podia negar isso.

" – Tens razão...". – Murmurei, a olhar para os meus lençóis da cama. – "Eu tenho medo de tudo isto. Estou a dar em louco! Quer dizer, eu odeio-o, de verdade!". – Comecei a desesperar um pouco e a esbracejar. – "Primeiro, odeio aqueles malditos lábios dele, quando sorriem de forma fofa ou sedutora ou lá o raio que a parta e, para completar, aqueles caninos afiados que só quero sentir num beijo! E, depois, também odeio imenso aquele cabelo lindo, que adoro provocar a chamá-lo de oxigenado, apesar de eu ainda pensar que é! Ah, e os olhos dele são tão... Argh! Nojentos e sedutores, parece que me vão devorar e...".

" – Okay". – Interrompeu-me, com cara de bunda. – "Eu devo ser mesmo um saco apaixonada".

Sorri ironicamente, cruzando os braços.

" – Imagina".

Depois de um tempo, ela teve de ir – Mabel só tinha vindo para me contar sobre os planos da festa, mas pelo meu estado, achou melhor fazê-lo num momento que estivesse mais concentrado.

E eu fiquei ali, já sem o sol e o quarto escuro, a pensar no que fazer.

Avançar ou recuar?

Se eu avança-se, poderia dar em dois cenários extremos – Ele retribuía os sentimentos, não me iria usar apenas por diversão ou se satisfazer (Eu já nem sei o que ele quer de mim!) e assumiria alguma coisa séria, ficando os dois juntos, nesta relação entre amizade, amor e ódio para sempre – ou – Ia rir da minha cara, provocava-me para o resto da minha vida a pavonear-se de ter vencido o jogo de provocações e a minha vida tornaria-se num autentico inferno; Fora a alternativa de ele nunca mais me falar –.

Se recuar, tenho a garantia absoluta que nada acontece e aquele amor estagna por ali; Embora nada me garanta que ele não arranje alguém no futuro. E ver o meu loiro oxigenado com outra pessoa é a maior tortura que ele me poderia oferecer.

Era demasiados desfeitos para apenas duas grandes opções, que poderiam mudar o rumo da minha vida amorosa e eternamente na friendzone e forever alone, sem nenhum relacionamento na vida; Ou tornar-me a pessoa mais feliz do mundo.

Ou lá onde nós estamos.

Violet disse-me que ele só pode ler pensamentos e ela sentimentos... Ou seja, ele não saberá o que sinto por ele, a menos que pense nisso.

Não é assim tão complicado, eu acho.

Mentira, é.

Mas ainda sobrava a outra questão – Ele beijou Lunger e pisou-me, praticamente, os sentimentos, sem querer saber.

Lembrar-me disso foi como uma facada fria no estômago, fazendo-me amarrotar alguns lençóis da minha cama, a olhar para o teto. Infelizmente, Mabel confiscou-me o pote de gelado para me impedir de deprimir e eliminou todas as músicas da Adele que eu tinha.

Automaticamente, os pensamentos dele e Lunger juntos voltaram à tona – Eles a rirem, demasiado abraçados; O beijo que Bill lhe deu, no desafio e o meu coração despedaçado em mais de 3654 pedaços (Mais do que aquelas maneiras malditas de morrer que eu fixei. Idiota); E ainda quando fui embora, sem ele sequer notar ou perguntar por mim, enquanto lhe beijava o canto da boca.

Relembrar-me dessas memórias tortuosas só me trouxe mais vontade de chorar.

Caramba. Ter o coração partido é assim? Mas que bela merda.

Fechei lentamente os olhos, pronto e decidido para adormecer.

Pelo menos, só o teria de o ver amanhã.

...

...

...

Ou então não.

" – Hey hey hey, Pinetree!!". – Gritou a todos os pulmões, aparecendo literalmente do nada, ao lado da minha cama. Abri muito os olhos, dando um salto da cama pelo susto; E, assim que os abri, ele acendeu todas as luzes na força máxima só para me ver sofrer, enquanto gargalhada.

" – Porra, Cipher!". – Resmunguei, irritado e a tapar os olhos. – "Podes fazer o favor de sair da minha vista?!".

A gargalhada dele morreu aos poucos, formando uma cara levemente triste.

" – Não... Quer dizer, eu achei que pudesse-mos passar parte do domingo juntos e...".

" – Vai à merda". – Murmurei, virando-me de costas para ele. – "Não gosto da tua companhia".

Os ombros dele descaíram, enquanto o seu olho descoberto parecia aguentar as lágrimas das palavras duras que lhe enfiavam a dor no peito.

" – D...Desculpa, eu não quis...".

Mas não respondi, ignorando-o.

Bill prendeu os lábios um no outro, formando uma linha muito fina e respirando fundo bem baixinho, para se controlar.

" – Eu... Eu acho melhor ir embora". – Murmurou, por fim, numa voz arrasada.

" – É. Acho melhor mesmo tu ires embora". – Confirmei, com voz de tédio e ironia.

Ouvi-o engolir em seco, num suspiro e indo lentamente me direção à porta, apagando todas as luzes automaticamente.

Eu sabia que ele não se tinha teleportado para eu o impedir de ir embora, no caminho até à saída.

Mas, mesmo assim, eu não o fiz.

" – Se quiseres...". – Sussurrou tão baixinho que tive dificuldades em ouvir, quando agarrou a maçaneta da porta e a abriu um pouco. O seu olhar cravou-se no chão, de lado. – "Não precisas de vir trabalhar para mim amanhã. Nem o outro dia. Nem o outro. Vem apenas... Quando quiseres e voltares a ser o Dipper de antes".

E saiu, a fechar a porta atrás de si.

...

...

...

...

...

...

...

" – Okay, agora a sério!!". – Gritou, voltando a entrar rapidamente no quarto, passado. – "O que raios te deu na cabeça?!".

Automaticamente, as luzes abriram na força máxima, novamente e eu grunhi de raiva.

" – O que seria?!". – Resmunguei, sentando-me na cama, ainda de pijama e ficando frente a frente a ele. – "Tu brincaste, literalmente, com a minha cara!".

" – Tu só podes estar a... Argh!". – Gritou o mais alto, cruzando os braços. Os seus olhos que eu tanto amava começaram a juntar-se a um vermelho vivo, formando um leve alaranjado. – "Primeiro, tu vais embora sem me dizer nada e ficas todo amuadinho durante o jogo por causa de um beijo e eu é que estou a brincar contigo?!".

" – Desculpa...?!". – Exclamei, levantando-me e ficando completamente ofendido. – "Primeiro de tudo, foste tu que provocaste isto! Fazes aquela cena toda do banheiro, tornas-te a pessoa mais irresistível de sempre e depois fazes-me aquilo? O que é que tu tens na cabeça?!".

" – O que seria, otário?". – Gritou novamente, agora ganhando uma tonalidade completamente avermelhada no olhar. – "Tu é que me usas-te e estás para aí a reclamar! Achas mesmo que não fiquei ofendido por me teres deixado ali, para trás, sem nem sequer avisar ou criar uma desculpa melhor?!".

" – Desculpa lá? Brincar com sentimentos?! Me poupe, se poupe e nos poupe, Cipher!!". – Berrei de volta, completamente enfurecido e fora de mim, cerrando os punhos. Sentia a face ficar vermelha de tanta raiva que eu sentia. – "Pelo menos, eu não beijo outros à tua frente, sendo que estamos a começar a ter um relacionamento diferente!!".

E um grande e profundo silêncio surgiu naquele quarto, completamente desconfortável.

A tonalidade dos olhos do mais alto evaporou-se, automaticamente e voltou ao normal, deixando uma cara surpresa. Os dois ficamos com as respirações rápidas pelos gritos da discussão; Embora eu começasse a ficar nervoso pelo que eu tinha acabado de dizer.

Mas ele não se importou nada com isso.

" – Espera aí... Mas eu não beijei ninguém, Pinetree".

Fiz uma cara tão confusa e surpresa como a dele. Depois, voltei a ficar irritado e aproximei-me dele, espetando-lhe o indicador no peito a cada palavra que eu dizia.

" – Se me queres enganar, vais ter de fazer melhor! Achas mesmo que sou parvo e não te vi a beijares o Lunger no desafio do Soos? Eu estava entre vocês os dois!!".

Ele levantou as sobrancelhas e levantou as mãos, virando as palmas das mesmas para mim.

" – Mas... Eu beijei-te a ti. Não a ele".

Olhei-o nos olhos, ficando ainda mais irritado.

" – Para de me mentir!". – O meu corpo ficou muito direito, tentando ficar mais alto que ele; Falhei miseravelmente.

" – Dipper, ouve-me". – Murmurou sério. Senti um arrepio na pele toda quando ele me tratou pelo próprio nome. – "Estás a ver?". – E apontou para a sua cartola. – "Não se mexe. Eu estou a dizer a verdade".

A minha cara de enervação desfez-se lentamente, sendo substituída por espanto e surpresa.

" – Mas... Eu vi-te. Beijaste-o e ficaste o resto da noite completamente abraçado a ele".

" – Eu... O quê? Olha... Argh!". – Exclamou, irritado consigo mesmo. – "Eu não sei o que te deu, mas eu beijei-te e tu ficaste completamente envergonhado. Mas é verdade, eu estava a falar com o Lunger quando sumiste, do nada, mas a uma distância normal. E eu achei que tivesses ficado chateado por ter feito aquilo à frente de toda a gente e...".

Inclinei lentamente a cabeça para o lado, já sem entender mais nada.

" – Okay, isto está estranho". – Admiti. – "Eu sei perfeitamente quando me beijas e aquilo não foi, de todo, a sensação de um beijo".

Mas, aos poucos, ocorreu-me uma ideia. Uma ideia que me fez mergulhar numa água gelada, tal e qual ao mesmo tempo que ele por pensarmos no mesmo, ao mesmo tempo.

Olhámos lentamente para os olhos um do outro, apavorados. Depois, chegamos à conclusão também ao mesmo ritmo, afirmando em uníssono.

" – Alguém alterou as nossas memórias!".

Andei lentamente para trás, sentando-me na cama e a olhar para o nada, demasiado chocado para falar.

" – Então... O traidor estava... Ali à nossa frente. Naquela rodinha...".

" – Exato". – Murmurou Cipher, posicionando o indicador e o polegar encostados ao queixo, com o primeiro à frente e o outro abaixo. Ele ficava extremamente sexy assim e o corpo completamente vincado.

" – Mas... Era o Atlantic. Eu tinha a certeza que...!".

" – Impossível". – Respondeu o outro, cortando-me e com um suspiro. Depois, colocou as mãos na cintura, a olhar para o teto. – "Para alterar as nossas memórias todas e ao mesmo tempo, é preciso alguém ser mesmo bom em magia para o fazer e estar perto de nós, no mínimo; Atlantic estava no quarto. E sem nós perceber-mos? No mínimo, surpreendente".

" – E muito invulgar". – Admiti, levantando uma sobrancelha. – "Não percebeste nada de suspeito?".

Ele negou com a cabeça

" – Admito que não estou a gostar nada da ideia do traidor estar entre o grupo de amigos que eu mais amo". – Murmurei, perdido em pensamentos.

" – ...E esse traidor parece querer separar-nos".

Olhei lentamente para ele, com um olhar tão horrorizado quanto o dele.

" – Porquê...?". – Murmurei, com os lábios a tremer.

" – Bem... Não sei". – Admitiu, muito baixinho e ainda na sua pose de Sherlock Homes. – "Mas eu não gosto nem um pouco da ideia de haver um motivo para isso".

" – Mas... Mas para quê separar-nos? Somos todos amigos!!". – E joguei-me para trás, na cama e ficando deitado de barriga para cima e todos os membros do corpo estendidos, semelhante a uma estrela do mar.

" – Sobrou-nos poucas pessoas, Pinetree...". – A voz sedutora de Cipher soou perto da entrada e eu tive de respirar fundo e manter a calma para não o puxar para cima de mim. – "Ou os irmãos Brownie, ou o Soos, ou Wendy, ou Lunger, ou Pacífica ou a Mabel".

Levantei uma sobrancelha, inclinando o pescoço para a frente, ainda deitado.

" – Ou eu".

A abelha olhou para mim e riu um pouco.

" – É claro que não és tu, Mason".

Semicerrei os olhos.

" – Oxigenado...!".

" – Além disso...". – O dorito encolheu os ombros, indo na minha direção lentamente e ignorando a minha cara de raiva. Depois, sentou-se ao meu lado e imitou-me a pose, ficando deitado da mesma forma, ao meu lado e a observar o teto branco. – "Eu confio em ti mais do que qualquer outro". – O demónio olhou bruscamente para mim. – "É essa a palavra que vocês usam, não é?"

Corei um pouco e assenti, olhando-o lentamente e perdendo-me nos seus olhos.

E ficamos assim um pouco tempo. Apenas a olhar para o olhar um do outro, hipnotizados e a tentar acalmar as respirações, por estar-mos deitados numa cama lado a lado.

Cipher pegou delicadamente no meu rosto, indo lentamente na direção do mesmo com a cabeça. Decidi fazer o mesmo e fechar lentamente os olhos e abrir ligeiramente a boca, deixando uma respiração muito calma escapar.

E foi aí que ele deu-me o melhor beijo da minha vida.

Rapidamente, assim que os nossos lábios se tocaram, ele puxou-me para si e colou completamente os nossos corpos, segurando-me pelas costas para ter a certeza que eu não me ia afastar. Já eu segurava-lhe na face, aprofundando o beijo e para ter a certeza que ele não ia escapar de mim.

O beijo era complicado de explicar, mas ele parecia mexer tão delicadamente os seus lábios suaves, com medo de me ferir a boca, num beijar tão lento e hipnotizante que teria ficado ali, para sempre.

As respirações começaram a ficar mais rápidas quando senti o toque dele levemente na minha bunda. Levantei uma sobrancelha, pegando na mão dele e subindo para as minhas costas, afastando-me um pouco.

" – A sério?". – Perguntei, ironicamente. Ele libertou um sorriso amarelo e encolheu os ombros.

" – Valia a pena tentar".

Revirei os olhos e beijei-o agora eu, dentre uma gargalhada divertida. O polígono seguiu o exemplo, dando várias mordidas entre o beijo que eu estava a delirar.

" – Hey hey, Dippy Wipp...".

Rapidamente, paramos o beijo e olhámos de olhos muito abertos uma Mabel que estava a entrar no quarto, de rompante, outrora a saltitar e agora de olhos muito arregalados e toda vermelha.

" – D..:Desculpa, e-eu...". – O rosto dela ficou mais vermelho que nunca. – "P-Podem continuar, eu não vou interromper!!".

" – M-Mabel, não estás a interromper nada!". – Gritei muito alto, todo nervoso e levantando-me rapidamente da cama, na direção dela para a impedir que fosse embora. Cipher levantou-se, levemente contrariado e cruzando os braços.

" – Por acaso até estás, Shooting Star".

E pronto. Não preciso de continuar para saberem como foi o resto da tarde.

[...]

Era segunda feira.

Estava a andar pelo corredor, ainda a bocejar, em direção ao quarto do idiota quadrado (Ele odeia quadrados), para o acordar.

...Até que senti alguém roubar-me o relógio tão rapidamente do pulso que nem tive instinto rápido, devido ao sono.

" – H-Hey!!". – Gritei, ao ouvir dois risos de cúmplices e a correr à minha frente. – "Parem já aí!".

E, para minha surpresa, eles obedeceram.

Mas, quando se viraram para mim, senti um arrepio na espinha.

" – Tu... Consegues ver-nos?". – Perguntou o loiro, completamente surpreso.

" – É claro que consigo!". – Disse meio alto, tentando disfarçar o susto que estava a sentir na hora.

" – Mas... Eras o único que não conseguias..". – Murmurou o outro azulado, ao lado do loiro.

Era o Bill e o Will, mais novos.

O Bill mais novo suspirou, devolvendo-me o relógio.

" – Sou o Billy. Este aqui, ao meu lado, é o Willy. Somos as miragens do passado do Bill". – Admitiu, derrotado e afundando as mãos nos bolsos.

" - Miragens...?"

" – Ele sente saudades do seu passado, então, criou-nos com a sua magia para reviver um pouco de como ele era antes, enquanto dorme. Ou seja, ele literalmente sonha com as nossas aventuras!".

Abri a boca para falar, mas Billy interrompeu-me.

" – Lembras-te dos gémeos que não conseguias ver, no teu primeiro almoço aqui?".

Os meus olhos foram abertos muito lentamente e cada vez mais, assim que me lembrei.

" - Não nos conseguias ver por algum motivo que tu não sabes e...".

Billy foi interrompido por uma cotovelada do irmão.

" – Pois é..". – Murmurou Willy, forçando a voz e, depois, olhando para mim. – "Não te preocupes. Quando o Bill acordar, nós desaparecemos... Menos na festa!!". – Gritou, agora entusiasmado.

" – Exato! Ele vai fazer uma magia qualquer para nos manter acordados ao mesmo tempo que ele para atormentar-mos o cebolinha!".

" – ...Se o cebolinha for o Gideon, eu amo-vos".

Eles gargalharam, completamente animados.

" – Vamos roubar o chapéu do Soos outra vez?". – Sugeriu o Billy, animado.

" – Vamos!". – Gritou o outro, desaparecendo pelo corredor fora.

Nesse dia, eu e ele sabíamos que eu já tinha conhecimento dos gémeos.

Mas decidimos não tocar no assunto, porque, quando o acordei, bastou eu dar-lhe a mão e sorrir-lhe, para dizer que estava tudo bem.

[...]

Mabel tinha criado um plano completamente elaborado para hoje.

O dia da grande e primeira festa que Mabel organizou.

" – Okay, Dipper!". – Exclamou a minha irmã, com um sorriso e a ajeitar-me a gravata de nó mal feito ao pescoço. – "Relaxa e respira fundo. Nada vai correr mal!".

" – E se ele não gostar do que eu disse? E se ele aplicar alguma das formas de morrer em mim..?!". – Sussurrava constantemente, começando a transpirar.

" – Para com isso!!". – Gritou a menina, sacudindo-me, como se fosse um pano do pó. – "Não vai acontecer nada! E para de transpirar porque acabaste de tomar banho e eu quero que ele te veja de terno a sério!".

Olhei-me lentamente ao espelho, percebendo o que ela queria dizer – Parecia que ia para um jantar mesmo de gala, com um terno e gravata preto e camisa branca.

" – Achas que ele...?". – Murmurei, levemente vermelho nas maçãs da cara. Ela assentiu, positiva e colocando as mãos na cintura.

" – Acredita. Ele vai".

Libertei um suspiro, para tentar aliviar os nervos, de forma falha.

" – Okay". – Disse, sério. – "Vamos lá a isto".

[...]

O plano era simples.

Enquanto todos estavam divertidos a conversar e assim, iria passar uma música lenta. E seria a minha oportunidade perfeita para eu dançar com um Cipher, a um canto, para ninguém perguntar por nós e eu esclarecer os meus sentimentos.

Simples..., murmurei, em pensamentos. Simples só se for para ela!

E eu já estava sentado numa cadeira da festa, encostada à parede e a beber um copo de água, completamente arrependido por ter alinhado nisto.

Mais nervoso ainda por eu ainda não o ter visto.

" – Dipper!". – Chamou-me uma voz feminina, fazendo-me gritar de susto e acabar por entornar o copo de água no chão. A mesma gargalhou e eu olhei, revelando ser Wendy, agora com o cabelo novamente longo. – "Wow! Estás um máximo!".

Corei do elogio, dando uma risada nervosa.

" – Obrigado. Tu também estás!".

Era verdade; A ruiva usava um vestido verde e simples, tal e qual como ela, mas que lhe acentuava as curvas e Robbie, lá ao fundo, não parava de babar a olhar para ela.

" – Pst!". – Chamei. Ela olhou-me confusa e eu apontei para um canto, onde Robbie estava, de forma nada discreta. – "Acho que ele quer dançar contigo...".

" – Tsc, Dipper!". – Reclamou, irritada. – "Eu não quero mas nada com o Robbie desde que ele...".

" – Olha". – Murmurei, agora sério e assustando-a um pouco. – "A Mabel ensinou-me uma lição que eu levei para a minha vida amorosa: Toda a gente merece uma segunda oportunidade. E acho que o Robbie está incluído. Além disso, está mais que dito nas vossas testas que se amam, embora ele tenha feito porcaria no passado. Fez? Sim. Muita...". – E libertei um leve sorriso para a ruiva. – "O Cipher também fez e eu tornei-me, assim, um ini-amigo dele".

Ela revirou os olhos, empurrando-me de leve.

" – Eu já entendi tudo, idiota. Não precisas de continuar".

E revirei os olhos, cruzando os braços.

" – Não, Wendy. Eu não gosto del...".

E a voz morreu-me quando ele entrou, parando a minha respiração.

Pela primeira vez, via-o vestido formalmente e sem ser o traje habitual – Um terno preto e branco, semelhante ao meu, mas com uma gravata borboleta, e a roupa acentuava-lhe a forma do corpo; Acompanhado do seu sorriso descontraído e o andar convencido, deixavam-me com dificuldades a respirar. Pelo que entendi, apesar de ser bem magro, tinha mais músculos que eu por debaixo daquele terno que eu queria muito tirar.

Ah. E eu só não babei porque tentei recompor-me, com uma tosse forçada.

" – 'Ah, Wendy, é claro que não gosto dele! Só me babo de o ver a entrar de terno numa festa!'". – E fez uma voz esganiçada, caindo em gargalhada, enquanto eu resmungava, vermelho.

" – Correção, não babei. Quase".

" – Então admites!!".

Afundei-me mais na cadeira, de braços cruzados.

" – Não ias deixar-me em paz mesmo...".

A gargalhada dela morreu quando viu Robbie virar costas e começar a sair da festa, ficando visivelmente preocupada e sem saber o que fazer. Então, levantei-me e fiquei atrás dela, empurrando-a de leve na direção dele.

" – Olha". – Comecei, afundando as mãos nos bolsos. – "Eu não o suporto. De verdade. Mas tu gostas dele e ele gosta de ti; Além disso, ele está arrependido. Qual é o mal?".

Wendy sorriu de forma fraca para mim, abraçando-me rapidamente.

" – Obrigada, Dipper. Eu vou... Falar com ele".

E andou em passos rápidos na direção do ex-namorado.

Sorri discretamente, até me assustar, mais uma vez, com uma voz feminina.

" – Maninho!!". – Gritou Mabel, aos saltos. Ela usava um vestido rosa coberto de várias faixas arco-íris com estrelas e uma pequena tiara presa aos seus cabelos. – "Tu acabaste de dar conselhos de amor?!".

Corei imenso, desviando o olhar.

" – N...Não". – Murmurei. – "Só me baseei em ti e...".

" – Eu odeio-te". – Reclamou, semicerrando os olhos. – "Deste-lhe exatamente os mesmos conselhos que eu te estou a tentar dar há uma semana".

Fiquei pensativo e era verdade.

"Todos merecem uma segunda oportunidade".

"Ele fez bosta? Fez. Muita. Mas está arrependido e vocês amam-se...".

"Ele está arrependido"

"Segunda oportunidade"

Fiz um forte facepalm, percebendo o quão idiota eu tinha sido nestes dias.

" – Fez-se luz...?". – Murmurou a minha gémea, com um sorriso malicioso. Revirei os olhos, na brincadeira e com um sorriso idiota nos lábios.

" – Vai-te ferrar, idiota".

" – Mabel!". – Chamou Pacífica, do outro lado do grande salão. – "Preciso de ajuda com as bebidas!".

" – Já vou!". – E começou a correr para o outro lado, gritando-me a meio do caminho. – "Volto já, Dippy Wippy!!". – E espetou os dois polegares para cima, de forma positiva.

Suspirei, com um sorriso enorme nos lábios, observando o salão, agora, com mais calma.

Era completamente azul e branco; Enorme. Recheado das melhores comidas e aperitivos que a mansão poderia apresentar, com decorações requintadas e bastante elaboradas, mas todas no mesmo tom.

Consegui ver as gémeas Brownie entrarem com o irmão mais novo, de mãos dadas às duas e no centro, com um pequeno terno azul, aos saltinhos. Charlie parecia completamente animada e extrovertida, enquanto Carlie, envergonhada por estar de vestido 'tomara que caia' (Nah. Tomara que não caia mesmo, menos para o Soos) verde bem claro e com leves tons de rosa, assim como os seus cabelos. A sua irmã, Charlie, tinha o peito mais coberto por um vestido rosa bem claro, mas de mini-saia.

Pacífica tinha um longo vestido roxo, mas o mais simples do local – Acho que ela já teve a sua dose de riquezas e requintes para a vida.

Os rapazes, estavam todos muito semelhantes uns aos outros; Nada de novo. Os gémeos Willy e Billy passavam por todos os balcões de aperitivos e pareciam estar a criar um plano maquiavélico para chatear alguma vítima nova. E tomara que não seja eu.

Mas o meu coração parou e disparou, por esta ordem, quando cruzei o olhar com o dele, deixando as suas orbes douradas incrívelmente irresistíveis, de um olhar rasgado e felino, selvagem.

O sangue subiu-me à face e eu tremi a espinha completamente, sentindo uma leve falha nas pernas e os lábios trémulos, com medo de estar mal. E se o cabelo estivesse desarrumado ou mais que o normal? Ou se estivesse mal vestido?

Mas ele sorriu. Um sorriso que, ao longe, significava desde um 'olá' caloroso a um 'amo-te muito', dependendo se a pessoa estava apaixonada ou não.

Um amo-te era tudo o que eu queria, naquele momento.

Abanei a cabeça para os lados, olhando para baixo, ainda mais vermelho. Respirei fundo três vezes e voltei a olhá-lo, pronto para ir ter com ele.

Mas ele estava distraído, a falar com Atlantic, Lunger e Carlie. Então, a abelha deu uma risada tão descontraída e sexy que me deixou com um nó no estômago.

...Eu não era capaz.

Eu não me ia declarar.

Deixei os ombros descaírem, derrotado. Num suspiro um pouco pesado, decidi ir comer qualquer coisa antes que Soos devorasse tudo da mesa dos aperitivos.

" – Oh! Hey, dude!". – Exclamou o maior, com quase todas as empadas de frango na boca. – "Tudo bem?".

" – Vai andando...". – Murmurei, sem grande animação e pegando num brigadeiro. Depois, encostei-me à mesa e olhei para todos animados e a rirem, divertidos. – "Porque não estás com ninguém?".

Soos pareceu ficar envergonhado.

" – É que... O terno que eu escolhi acentua um pouco a minha barriga, dude. Não quero que a Carlie me veja assim...".

Olhei-o, muito surpreso. O Soos nunca foi de ligar nada para a aparência, nem mesmo para uma menina.

Sorri-lhe, confiante e dando-lhe uma cotovelada no ombro.

" – Se ela gosta mesmo de ti, acredita, é pelo que tens dentro de ti e não por fora. Vai lá! Puxa-a para dançar!". – Incentivei.

" – Nah... Não sei dançar". – Murmurou o maior, ainda mais em baixo que antes, a olhar para o chão azulado.

" – E daí? Aprendem os dois juntos. Eu também não sei e vou convidar o...". – E a voz morreu-me, negando com a cabeça. – "Digo, eu convidaria alguém se eu quisesse!".

" – Mesmo com medo de fazer figura de idiota...?".

" – Mesmo assim. Ela vai gostar de ti de qualquer forma; Além disso, ela gostaria muito mais de ter a primeira festa em grande cá da mansão passada contigo do que com o Atlantic... Não?". – E apontei para o Atlantic, que lhe oferecia a mão para dançar. Mesmo sem esboçar qualquer reação, notava-se o seu desconforto.

Soos, muito atrapalhado começou a andar em passos rápidos até ela, virando-se para mim a meio do caminho, com um sorriso enorme e a gritar:

" – Obrigado, dude!".

E, momentos mais tarde, via-se ele a dançar com Carlie, os dois entre risos, sempre que ela lhe pisava o pé ou ele tropeçava.

Deixei um sorriso bobo brincar-me nos lábios, imaginando-me ali com o demónio mais perigoso, sexy e divertido das galáxias e um amor de pessoa, quando queria.

Eu sei. É errado eu o amar.

Mas o que posso eu fazer? Negar-me e negar-me constantemente? E no que isso vai adiantar?

Não vou parar de o amar perdidamente por isso. E eu quero; Acreditem. Mas, mesmo que tentasse, não conseguia.

Suspirei, arrancando outro brigadeiro da mesa de aperitivos e jogando-o na boca. Todos estavam divertidos e com companhia (Inclusive Atlantic) menos eu.

Mabel andava de canto a canto, enquanto verificava tudo da festa e acompanhada da melhor amiga, Pacífica, aos saltos e super animada, assim como a loira; Soos e Carlie, de vez em quando, paravam de dançar para beber qualquer coisa e rirem os dois, animados; Wendy e Robbie a um canto, a sussurrar coisas um para o outro e a rir timidamente; Gideon, irritado, a ser provocado por Billie e Willie, já que Carl parecia tentado a apertar o cabelo da cebolinha menor; Charlie e o oxigenado que dominava-me os pensamentos pareciam falar animado de qualquer coisa que estava morto de curiosidade para saber e Atlantic apenas foi para um canto, a meio da conversa, ler qualquer coisa.

Espera aí, pensei. Onde está o Lunger?

Olhei em volta e observei-o a um canto da mesa de bebidas, animado e a tentar, de forma desajeitada, segurar em quatro copos ao mesmo tempo.

E bem no momento que ia deixar cair um, eu segurei a tempo, com um sorriso.

" – Precisas de ajuda, pirralho?". – Provoquei. Ele riu um pouco, dando uma cotovelada leve em mim.

" – Talvez". – Respondeu. – "Não queres vir ter connosco? Estou com o Atlantic, Charlie e Bill!".

Engoli em seco, transportando o peso de um pé para o outro.

" – Acho que passo...". – Murmurei, muito baixinho. Ele levantou uma sobrancelha.

" – Estranho. Tu estarias, no mínimo, pronto para criticar o Master. O que se passa?".

Suspirei baixinho, forçando um sorriso e dando-lhe palmadas nas costas.

" – Nada demais. Coisas de mais velhos!".

E ele revirou os olhos.

" – Lá por ter cara de... Mais novo, talvez de quinze anos, não quer dizer que, talvez, seja da tua idade!".

" – Pois, pois... Olha, eu sou muito pouco desenvolvido para a minha idade e até eu pareço mais velho!". – Brinquei, pegando noutro copo, para o ajudar. – "Queres que te ajude a levar? Depois eu volto para o meu sítio habitual".

E comecei a andar. Porém, notei que ele ficou parado no mesmo sítio, com cara de cúmplice.

" – Oh no..". – Murmurei, imitando a expressão de Mabel. – "Carinha de quem está com um problema".

" – E dos grandes...". – E pousou delicadamente os dois copos que tinha na mão na mesa branca de bebidas, coçando a nuca. – "Dipper, e-eu... Estou a gostar de alguém".

Abri os olhos de espanto e levantei muito as sobrancelhas, surpreso.

" – Wow". – Assobiei. – "Quem me dera ter a tua coragem para admitir assim, de caras".

" – O quê?".

" – Nada. De quem?".

O moreno mais baixo ficou levemente desconfortável, a olhar em volta.

" – Tudo bem". – Disse. – "Já percebi. Não queres dizer, mas queres ajuda?".

" – Exatamente...". – Murmurou, com a face já a sentir o sangue nas bochechas.

" – Ouve...". – Comecei, animado. – "Já ajudei a Wendy e o Robbie, o Soos e a Carlie e agora é a tua vez! Que tal chamares essa pessoa para dançar?".

" – M-Mas e se... Negar?". – Murmurou, completamente nervoso. Para o tranquilizar, desarrumei-lhe os cabelos todos, a gargalhar.

" – Tentas de novo, para a próxima. Eu levei muitos foras da Wendy, no passado, mas não desisti, apesar de ter parado de gostar dela! E se não der, tentas mais uma vez. Não é o fim do mundo!".

Ele sorriu de orelha a orelha, pegando rapidamente as duas bebidas da mesa.

" – Obrigado, Dipper! E já não vou precisar dessas aí, nas tuas mãos!".

E correu, aos saltos. Fiquei levemente confuso, mas abanei a cabeça e acabei por ficar com uma, pousando a outra na mesa e sentei-me numa cadeira, apenas a observar.

Por algum motivo, eu não tinha coragem de ir com ele.

" – Cambada!!". – Gritou a voz de Mabel, alta, num microfone. – "Está na hora do slow! Peguem um par!".

E, para piorar, era agora que o meu suposto plano devia estar em prática.

Num suspiro, levantei-me, decidido. Eu ia conseguir. E eu ia ter com ele!

Mas, a meio do caminho, não o encontrei.

...Espera aí. Onde é que ele está?

E o meu coração desfez-se em dois, assim que o vi dançar com Lunger.

[...]

Eu queria ir embora. Agora.

Mas se eu fosse agora, a Mabel vai ficar triste. Ela pediu-me para ficar, no mínimo, um pouco mais.

Quase deitado na cadeira e ver todos divertidos, a rirem juntos e Lunger, completamente animado a falar com Bill, fez-se um clique na minha cabeça.

O Lunger estava a falar do oxigenado antes.

Num suspiro completamente arrasado, bebi o resto da água que tinha no meu copo, afinal, estava com sede.

Porque é que eu não tomei atitude mais cedo...? Eu queria tanto, mas tanto tanto tanto ter dançado com ele, no lugar do Lunger, entre gargalhadas divertidas e...

Deixei cair os ombros, a olhar para o chão.

Ele nem sequer tinha dado pela minha falta, na festa.

" – ...Lá isso eu notei, Pinetree".

E dei um salto, completamente assustado e deixando cair, mais uma vez, outro copo, num berro abafado.

" – A-Abelha! Estás aqui!". – Afirmei, surpreso.

Ele levantou uma sobrancelha, levemente irritado.

" – Até mesmo num dia como este tens de me chatear?".

Libertei um leve sorriso de canto.

" – Mas é claro. Se não, qual seria a graça?".

O mais alto olhou para mim e depois, para a cadeira do lado.

" – Posso?".

" – À vontade, donzela".

Ele revirou os olhos, com um sorriso e deu-me um leve soco no braço, assim que se sentou.

E um silêncio muito desconfortável fez-se entre nós.

Okay, okay, acalma-te, Dipper! Não cagues tudo de novo!

" – Hey". – A voz rouca que eu tanto amava chamou-me, deixando um arrepio surpreso percorrer-me a pele, deixando-a arrepiada.

" – Sim?". – Apesar do tom de voz estar indiferente, o meu coração estava aos saltos.

Mas ele demorou a continuar a pergunta. Comecei a ficar preocupado, olhando-o de forma assustada.

" – Está tudo bem?".

Mas ele não respondeu e nem olhou para mim, perdendo-se a observar as pessoas da festa.

" – Porque é que... Não vieste dançar comigo?".

Eu pisquei duas vezes os olhos, para ver se tinha absorvido bem a pergunta.

Eu ouvi mal ou...

Não. Não tinha como eu ter escutado mal.

" – Bem, é que...". – A voz morreu-me quando ele suspirou baixinho.

" – Disseste para vir o Lunger porquê?".

Eita porra.

" – Err... Eu não pedi, ele é que... É complicado. Mas acho melhor não ser eu a contar". – Terminei, num sussurro e a desviar o olhar para a janela, que cobria a parede direita completamente, observando a lua e as estrelas, que iluminavam o lindo céu azul tão escuro e quase preto.

Mas o oxigenado só suspirou.

" – Acho que entendi...".

" – É...".

E voltei a ficar calado, com medo que ele fosse continuar o interrogatório.

Mas ele não era parvo nenhum.

Apesar de às vezes ser um grande bundão.

" – Mas ainda não me respondeste...".

Olhei-o, na esperança de ele rasgar aquele sorriso que eu tanto amava a qualquer momento; Mas ele continuou sério.

" – Não respondi ao quê?".

O seu olho felino foi desviado e fitou-me, perigosos.

" – Tu sabes muito bem ao que me refiro. Não te faças de idiota, Pinetree!".

Mantive os lábios numa fina linha, contraídos um ao outro.

" – Eu... Eu não sou bom com sentimentos!". – Exclamei, um pouco mais alto do que pretendia. Ele levantou uma sobrancelha.

" – Acabaste de ajudar a Wendy a acabar com uma briga idiota de anos. Incentivas-te o Soos e o Lunger a virem dançar com as pessoas que eles amavam... Então, qual é o teu poblema? És tão idiota assim?". – Perguntou, num tom realmente de curiosidade, deixando-me levemente vermelho.

" – E-Eu só sou bom a dar conselhos! Não a fazê-los! E...". – Okay. Talvez eu tenha explodido só um pouco depois disto... Desculpem. - "Quer dizer! Tu e aquela porcaria da forma de passar memórias através de um beijo idiota estão a deixar-me louco e...".

Mas a voz morreu-me, quando eu abri muito os olhos e fitei-o, num desespero.

" – Tu disseste que eu ia ter efeitos secundários! Eu tive sonhos. E isto também é, não é?! Este sentimento é um efeito secundário, não é?!". – E forcei um sorriso desesperado.

O idiota pontiagudo suspirou, derrotado e a observar os azulejos do chão, sem grande motivação.

" – É, Pinetree...". – Admitiu. – "É um efeito secundário".

Sorri de orelha a orelha, de forma vencedora.

Afinal, eu só estava confuso! Era um efeito secundário e eu não o amava!

" – Mas não foi da passagem de memórias, como os sonhos...". – Afirmou, fitando-me demasiado sério.

Depois, pegou-me muito rapidamente no queixo, com as suas mãos descobertas e dedos altos e finos, só me dando tempo para arregalar os olhos.

" – Foi disto".

E deu-me um selinho demorado, enquanto eu fiquei ali, completamente ruborizado e com a maior cara de idiota que podia fazer.

E lá estava ele; Aquele sorriso que eu odiava – Que me fazia o estômago dar voltas e morder o meu próprio lábio para impedir de começar a gritar que estava mais que na cara que eu o amava –.

Abri a boca para tentar falar, mas nada saiu. Ele limitou-se a encostar-se, de forma descontraída para trás, a olhar-me, de sobrancelhas arqueadas e à espera de uma boa justificação.

" – E se... Alguém viu?". – Sussurrei.

" – Nah". – Relaxou o maior, dando um gole numa bebida qualquer que lhe surgiu nas mãos. – "Estão todos distraídos e ninguém quer saber de ti mesmo".

Semicerrei os olhos, contraindo os lábios de raiva.

" – Já disse que te odeio? De morte?".

" – Sim e muitas vezes!". – E ele sorriu de orelha a orelha, de forma convencida.

" – E tu ficas feliz por isso?!". – Reclamei, cruzando os braços. – "Até parece que não sabes que eu só gosto de te provocar".

" – Isso é mais que óbvio". – Respondeu, sem grande interesse. – "Nem preciso de ler mentes para saber como é que funcionam os vossos jogos psicológicos". – E voltou a olhar para mim. – "Já fiz isso uma vez contigo, lembras-te?".

" – Tsc...".

" – Ah, não reclames! Tu adoras-me!". – E cutucou-me o nariz, rindo baixinho.

" – Pois adoro! Tens problemas com isso?!". – Berrei, já irritado.

...

...

...

Eu caguei tudo.

O dorito ambulante olhou-me, completamente surpreso e de boca levemente aberta.

" – Ah, qual é! Até a Mabel já percebeu e olha que ela é muito tapada, mas não tanto como eu!". – Exclamei, ficando de pé. – "Eu amo-te, está mais que na cara que eu te quero para sempre, que eu não consigo mais viver sem ti e que parece que vou explodir quando te aproximas ou sorris ou falas comigo ou... Argh!!".

E ele ficou parado, apenas a ouvir, completamente surpreso.

" – Além disso, eu cansei! Can.Sei! Cansei de esperar por alguma atitude tua ou que te fosses declarar, embora muito provavelmente me vás odiar depois disto ou me despeças ou qualquer coisa que seja, mas eu cansei de ter de esconder o que sinto, porque esta porcaria do jogo de provocações deu comigo em louco e tu estás a ganhar-me por um ponto e eu ainda preciso de vencer e eu estou a dizer muitos "e"s mas não importa, e ainda falta a explicação daquela porcaria do banheiro e...".

Foi aí que me toquei.

Eu tinha acabado de dizer aquilo tudo em voz alta.

Ele não podia ler sentimentos. Mas eu tinha acabado de os expressar.

Eu estava a olhar para o nada, enquanto desabafava e desviei lentamente o olhar para o maior, num pânico que se apoderou muito rapidamente de mim e deixou-me a tremer.

Admito, a cara dele foi impagável – Boca aberta de espanto, o olho parecia que ia saltar e as sobrancelhas sair do rosto, de tão altas que estavam.

E ali estava. O ruborizar, que destacava as suas lindas sardas e que me dava vontade de beijar uma a uma.

Mesmo com aquele corpo magro, provavelmente a esconder mais sardas, eu queria-o contra mim, puxá-lo para um beijo e ainda dançar, de forma divertida e a ignorar os olhares tortos de Atlantic ou os urros de Mabel, entre gargalhadas.

Mas isso nunca mais ia acontecer.

Ele agora odeia-me.

" – Wow...". – Assobiou. – "Acho que ganhaste um ponto".

Suspirei, dando o maior facepalm da história em mim mesmo e joguei-me na cadeira de antes, novamente, colocando as duas mãos na cara.

" – Que idiota que eu sou...".

" - Me conta uma novidade".

Semicerrei-lhe os olhos, em ameaça. Ouvi um risinho baixo dele, como resposta e abanando de leve a cabeça. Depois, deu duas tapas sem força nas minhas costas.

" – Eu não odeio ninguém por esse sentimento estranho vosso de humanos. Olha o Lunger! Eu sempre soube que ele gostava de mim".

Desviei dois dedos do rosto para o observar, levemente surpreso.

" – Era mais que óbvio. Eu convivia com ele, todos os dias, até tu... Apareceres. E eu li nos pensamentos dele que ele tem ciúmes de nós os dois".

Não disse nada, voltando a esconder o rosto completamente num tom de vermelho, querendo enfiar-me dentro da terra.

" – Se vais dar-me uma friendzone, diz logo". – Pedi, com a voz abafada.

Ele riu um pouco, bagunçando-me os cabelos.

" – Eu não percebo nada destes sentimentos, ainda, e olha que já tenho este corpo há um bom tempo...". – Admitiu, com um sorriso. – "Mas... O amor não é algo do tipo, querer estar com a pessoa, a toda a hora, a falar e falar de nada? Ou até mesmo só dar as mãos e aquelas coisas todas melosas que eu antes vos zoava, mas que até sabem bem? Ah, e também querer fazer coisas a haver com desejos carnais?".

Corei um pouco na última parte.

" – Bem... É sim. Um resumo básico do amor".

Cipher encolheu os ombros.

" – Então eu acho que te amo".

Olhei-o muito rapidamente, incrédulo.

" – O...O quê?"

" – Quer dizer... Tudo o que eu disse, acontece quando estou contigo. Mas, talvez, esteja a confundir as coisas e...".

" – Não!!". – Gritou, muito alto e a interromper-me. – "Não estás!".

E levantou uma sobrancelha, com um sorriso de canto.

" – Vês o quão irritante é achar que se confunde sentimentos, Pinetree? Eu nunca soube o que sentias por mim porque estavas sempre a negar na tua mente e eu não leio sentimentos, idiota".

Engoli em seco, nervoso.

" – Onde queres chegar?".

" – Na tua bunda".

Olhei-o, muito incrédulo e, depois, desfizemo-nos numa gargalhada alta, quase a perder o ar.

Mas foi aí que tivemos a mesma ideia.

O demónio não precisou de ler-me os pensamentos para saber que, com apenas um olhar muito inocente um do outro, tínhamos tido a mesma ideia.

" – Bora?".

" – Porque não?".

b

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