Isabella
Ontem descobri que o sobrenome da Kath é Vasconcelos, Roberta já tratou de saber quem são os pais dela e ela é filha do Antony Vasconcelos, ele era um advogado muito importante em Joinville, ele condenou o pai do Leonardo por tráfico de drogas, porte de arma e outros. Na cadeia o pai dele foi morto e ele se tornou esse garoto de hoje. Não acho que o pai da Kath tenha alguma coisa a ver com isso, mas para o Leonardo e companhia sim, para eles foi Antony que mandou matar o pai e com isso eles fizeram algo no carro da família, e por conta disso ocorreu o acidente que acabou tirando a vida dos pais de Kath, eles me contaram como se fosse a coisa mais normal do mundo matar as pessoas. A frieza deles me assusta. Estava indo no quarto quando Kath parou na minha frente, ela estava estranha.
— Como você pôde fazer isso, Isabella? — me encarou brava.
— O que foi que eu fiz? — perguntei confusa.
— Não se faça de boba, você é pior do que eu imaginava.
— Eu não entendo o que está querendo dizer — cruzei os braços.
— Eu não estava a fim de explicar uma coisa que você sabe, mas vamos lá. Eu sei muito bem que você está envolvida na morte dos meus pais porque eu e minha irmã estamos investigando há três anos e quando chegamos em você, como se fosse em um passe de mágica, os assassinos apareceram. Primeiro foi Roberta, depois Leonardo e agora o Igor, não adianta negar, você era a namorada do Leonardo na época e agora ele voltou e vocês estão junto novamente, tenho até medo de descobrir mais coisas que você fez, o pior é que todos acham que você é uma garota boa mas no fundo é igual ao Leonardo e aos irmãos — disse com ódio.
— Eu não fiz nada, você acha que eu teria coragem de matar alguém? Você está me julgando por algo que eu não fiz! — as lágrimas já saíam dos meus olhos.
— Não venha se fazer de coitada porque isso você não é, eu odeio você e aqueles desgraçados vão pagar por tudo que fizeram — me deu um tapa no rosto.
— Eu não tenho que ti provar nada, se você fosse minha amiga de verdade saberia que eu estou falando a verdade — saí andando.
— Ok, coitada! Se eu fosse uma pessoa tonta acreditaria em você, mas eu não sou, Isabella! E avisa pro teu namorado que os dias de vocês estão contados — falou mais alto para mim escutar.
Como ela pode achar isso de mim? Será que ela se aproximou de todos para descobrir sobre Leonardo? E o lance dela com Samuka, será que é só fingimento? Acho que não, eles se gostam, mas se bem que eu acabei de constatar que não conheço Kath, ela também mentiu sobre a morte dos pais já que faz anos que eles morreram. Entrei no quarto e estava vazio, meu rosto está vermelho, lavei o mesmo e sequei com a toalha, passei uma maquiagem para tampar a marca na minha pele, peguei meu gravador e fui até o quarto de Cecília, coloquei para gravar e bati na porta.
— O que você quer? — perguntou assim que abriu a porta.
— Conversar. Licença! — entrei no quarto vazio.
— Quem disse que você podia entrar? — se virou para mim.
— Eu não ti perguntei nada, agora fecha essa porta e se senta aqui — ela parecia assustada.
— Credo, que estresse! — fechou a porta e se sentou na cama.
— Quem é o pai do seu filho? — fui direta.
— O Samuka.
— Eu quero saber o verdadeiro e não o falso — bufei.
— O que você tem a ver com isso?
— Eu só não gosto de mentiras e o Samuka gosta da Katherine. O que custa você deixar os dois viverem feliz?
— Daniel nunca vai assumir o nosso filho, para ele eu sou só uma garota para levar pra cama e não uma garota responsável para se formar uma família — seus olhos se encheram de água.
— E porque acha que o Samuka vai ser um bom pai?
— Não sei! Você vai falar para ele que o filho não é dele, né? — assenti.
— Antes você vai falar com o Daniel, tenho certeza que ele vai ficar feliz e depois que conversar fala para mim, ok? — assenti.
— Obrigada! Até que você não é tão chata — me abraçou.
— Digo o mesmo de você — rimos.
Saí do quarto dela, voltei para o meu e tranquei a porta, peguei meu notebook e conectei o cabo USB no gravador e cortei algumas falas, passei para um pendrive meu sem arquivos só a parte que ela diz que o ebê não é do Samuka, é só isso mesmo que ele quer saber. Voltei para fora e Leonardo veio até mim.
— Eu vi tudo que aquela garota falou e ti fez, princesa. Quem ela pensa que é? — ele estava bravo.
— Eu não me importo, Leonardo.
— É logico que você tem que se importar, ela ti bateu e isso me deixa com raiva.
— Não faça nada com ninguém, Leonardo!
— Eu não faço, mas você não vai poder conversar com nenhum deles mais, muito menos com o Thiago.
— Eu não falo com mais ninguém, mas só preciso fazer uma coisa primeiro.
— Vai demorar? — neguei — Eu vou ali falar com o Diego, mas eu estou de olho em você — me deu um selinho e a minha vontade era de socar sua cara por ter feito isso.
Diego estava sentado em cima da mesa ali perto, Leonardo se juntou à ele. Eu me sinto muito mal em ter que parar de falar com o pessoal, tenho certeza que Kath vai falar para eles, sei que não é verdade mas eles vão preferir acreditar nela. Não tenho como provar que não participei de nada, só Leonardo poderia dizer a verdade mas ele nunca faria isso, ele prefere que as pessoas me vêem como o mal, do que desmentir tudo. Estava observando as coisas quando Cecília veio correndo até mim e só pelo sorriso da para ver que ela está feliz.
— Ele disse que vai assumir nosso filho e ele está contente que vai ser pai — disse alegre.
— Que bom, eu quero que você seja muito feliz com o seu filho — ela me abraçou.
— Eu tenho certeza que você vai ser muito feliz e construir uma familia com a pessoa que ama — me soltou do abraço e saiu.
Quem me dera ser feliz com a pessoa que eu amo, seria sonhar demais. Procurei o pessoal com o olhar e os vi conversando, fui até eles.
— Está aqui a prova de que o bebê não é filho do Samuka — joguei o pendrive para a Karina.
— Como você conseguiu descobrir? — pegou dela.
— Não interessa, agora vocês podem ser felizes para sempre — olhei para Kath.
— Pode ter certeza que sim — Kath falou sendo cínica.
O pessoal olhou estranho para ela quando falou isso, mas eu nem me importei. Me sentei em um lugar afastado do acampamento, a minha vida já estava ruim com Leonardo e os irmãos dele, agora só vai piorar. Peguei o meu celular e tirei a lâmina que estava na capinha, eu já me cortei algumas vezes e de uma forma os cortes me aliviam fazendo eu esquecer um pouco dos problemas da vida. Fiquei brincando com a lâmina enquanto pensava: Me corto ou não me corto? Passei bem devagar no meu pulso, o sangue pingava no chão igual as lágrimas que saía dos meus olhos.
— Você está louca? — Diego tirou a lâmina da minha mão.
— Me deixa aqui, Diego. Eu gosto de ficar sozinha! — falei irritada.
— Olha o seu pulso, Bella. Para que fazer isso? — limpou o meu pulso com a camiseta que ele estava na cintura.
— Eu não sinto dor, Diego, o corte é como um alívio para mim.
— Não faz mais isso, Bella. O que aconteceu para ti estar assim? — secou minhas lágrimas.
— Kath acha que eu ajudei a matar os pais dela — Diego se sentou do meu lado.
— Como ela pode pensar isso de você? Ela não ti conhece para saber que você nunca faria isso? — perguntou óbvio.
— Acho que não. Leonardo ouviu tudo o que ela me disse e me proibiu de falar com os outros, talvez seja melhor porquê não quero que algo aconteça à eles e quando Kath falar o que acha de mim, eles não vão querer olhar na minha cara.
— Mas o que ela vai falar é mentira, se eles forem seus amigos de verdade não acreditariam nela.
— Eles não me conhecem, apenas Thiago sabe de algumas coisas que eu passei com Leonardo, mas matar alguém eu nunca seria capaz. Eu quero ir embora — me levantei.
— Não tem como, Bella — veio atrás de mim.
— Eu preciso, Diego. Agora meu corte está doendo! — ergui meu pulso.
— Eu vou pegar o kit de primeiros socorros, me espera ali na mesa — assenti.
Fui até a mesa mais próxima e me sentei, meu corte não estava tão fundo, mas mesmo assim está doendo, prendi meu cabelo em um coque.
— Vai doer muito — Diego parou na minha frente.
— Sério? Não me diga! — ironizei.
— Pelo menos eu sou realista! Quando eu era criança, minha mãe me levava para tomar vacina, aí a enfermeira dizia: É só uma picadinha, não vai doer nada! Tudo mentira, porquê aquela porra doía muito. Eu odiava tomar vacina! — soltei uma risada.
— Você tem medo de agulha? — perguntei rindo.
— Não é medo. Eu só queria que as enfermeiras falassem a verdade, o que custava elas me dizer que ia doer muito? Nada! — rimos.
— O que houve com você, princesa? — Leonardo se sentou.
— Nada, é só um corte — dei de ombros.
— Um corte porquê eu cheguei antes dela fazer outro — colocou um negócio no meu pulso que ardeu muito.
— Já resolveu o que tinha que resolver, princesa? — Igor chegou.
— Sim, vou ter que trocar de número.
— Eu tenho dois chips novos, pode escolher um — Igor tirou do bolso e me entregou.
— Para que andar com chip no bolso? — Leonardo olhou para o irmão.
— Vai saber quando alguém precisa? Ando previnido! — justificou.
— Pronto, acho que não vai sangrar — Diego terminou o curativo no meu pulso.
— Obrigada! — agradeci.
— É super comum andar com chips no bolso — Leonardo ironizou.
— Agora vai ficar pegando no meu pé porquê eu ando com chip no bolso? Eu ia guardar na mochila, mas esqueci — rimos juntos.
Às vezes (quase nunca) é legal conversar com eles, mas mesmo assim eu prefiro os outros.