Samuka
Kath não está falando comigo, mas ninguém mandou ela bater em Cecília, achei que não era preciso. Erick mandou mensagem perguntando se eu queria jogar video game com ele, não tenho nada para fazer, então eu vou.
— Mãe, eu vou jogar video game com o Erick, não volto tarde — avisei entrando na cozinha.
— Primeiro temos que ti contar uma novidade — meu pai sorriu.
— Vou até sentar — me sentei em uma cadeira.
— Você vai ganhar um irmãozinho ou uma irmãzinha! — minha mãe disse alegre.
— É sério? Parabéns! — abracei os dois.
— Você não me parece muito feliz — meu observou.
— Eu só preciso processar essa notícia. Até mais tarde! — beijei a testa da minha mãe.
Saí de casa e fui pensando até chegar na casa do Erick, ele abriu a porta para mim e eu me sentei no sofá.
— Você está bem? — se sentou na poltrona.
— Meus pais acabaram de dizer que vou ganhar um irmão ou uma irmã — revirei os olhos.
— Que legal, mano! Pode não parecer, mas eu gosto de ter a Karina como irmã.
— É bom quando ele é quase da sua idade e não um bebê — fiz careta.
— Nada a ver, Samuka! Você está com ciúmes porquê não vai ser mais o bebezinho da mamãe — brincou.
— Eu não estou com ciúmes de um bebê — cruzei os braços.
— Tá bom, mas vamos parar de papo e começar a jogar — me entregou um controle.
Quando cansamos de jogar, fomos para a cozinha comer um lanche que a tia Lara fez para nós.
— Mãe, eu vou para pista com a Kath, volto as sete — Karina falou alto para todos ouvirem.
— Nem pensar, esqueceu que vamos jantar hoje? — olhou para ela.
— É mesmo! Posso levar a Kath?
— Claro que pode, filha! — sorriu.
— O jantar é às sete e meia, agora são cinco horas, pode começar a se arrumar Karina e dona Lara. Não podemos atrasar desta vez, ok? — Erick zombou.
— Eu apoio — tio Breno murmurou e a tia Lara o beliscou.
— Se houver próxima vai ser pior que um beliscão — o ameaçou.
— Às vezes eu tenho medo de você, tia.
— É só você não falar besteira, que tudo fica bem — dei de ombros.
Tia Lara é bem brava e a minha mãe não fica atrás, então é melhor eu ir embora, se não ela fica furiosa por eu me atrasar.
— Pai, cadê a minha mãe? — perguntei assim que entrei em casa e o vi deitado no sofá.
— Está no quarto escolhendo um vestido para o jantar.
— Eu tinha até esquecido, vou lá falar com ela — assenti.
Subi as escadas e bati na porta do seu quarto, ela autorizou a minha entrada e eu entrei vendo vários vestidos espalhados sobre a cama dela.
— Qual é o mais bonito? — colocou a mão no queixo olhando a bagunça.
— Mãe, você fica linda com qualquer um! Para que fazer essa bagunça? — me sentei na poltrona.
— Para de ser chato, Samuel — revirou os olhos.
— De quantos meses você está?
— Dois meses, eu descobri sexta depois que eu fiz o exame — sorriu passando a mão na barriga.
— Vocês não vão me trocar, né? — ela riu.
— Claro que não, Samuel! Por um lado vai ser bom ter outro filho, você ja é quase um homem, vai se formar esse ano no colégio, assim espero. Sempre que precisar, eu e o seu pai vamos estar aqui, meu filho — passou a mão no meu cabelo.
— Eu já sou um homem, mãe — falei óbvio.
— Não, você é um garoto que acha que é homem. Você só vai ser homem quando tomar juízo, ver que a vida não é feita só de diversão e que temos responsabilidades. Não estou dizendo que você não pode se divertir, só estou lhe dando um conselho porque eu amo muito você, filho — beijou minha testa e eu me levantei para lhe dar um abraço.
Por um lado meus pais tem razão. Eu sei que com dezoito anos eu tenho que ser mais responsável e tal, mas é dificil querer lagar a vida fácil de ter tudo o que quer na hora. Eu já tentei sair da farra mais ela não quis sair de mim, mas eu vou tentar novamente. Fui para o meu quarto e olhei no relógio vendo que era cinco e meia, ainda é cedo, então eu vou dormir um pouco, coloquei o celular para despertar as seis e meia. Eu sou rápido para me arrumar.
De banho tomado vesti uma boxer branca e saí do banheiro indo até o closet, vesti uma calça jeans preta e uma camisa bege acinzentado, calcei meu all star branco de couro. Eu não sou tão formal prefiro ser mais despojado nesses jantares, bagunçei meu cabelo e borrifei um pouco de perfume. Estou pronto! Coloquei meu celular no bolso e desci as escadas, meu pai já estava pronto sentado no sofá.
— Como estou? — minha mãe perguntou descendo as escadas.
— Está perfeita, amor — meu pai sorriu bobo.
— Quanta melação — murmurei.
— Você vai ficar meloso quando começar a namorar — deu um selinho no meu pai.
— Sorte que eu nunca vou namorar — me levantei.
— Eu também falei muito isso e desde de o momento que conheci sua mãe, não imaginei mais a minha vida sem ela — abraçou ela pela cintura.
— Vamos logo, antes que eu tenha um ataque de diabetes — saí andando em direção a porta.
Eu acho o amor do meus pais lindo, mas é muito meloso e tenho certeza que vai ficar ainda mais com a minha mãe grávida. Chegamos no restaurante e todos já tinham chegado, como sempre. Cumprimentamos eles, Kath estava linda.
— Vocês ficam tão bonitinhos vestidos de homem — Karina olhou para mim, Erick e Alan.
— Que eu saiba, eu estou vestido de homem sempre, esse é o meu caso, não sei vocês — Alan passou um braço pelos ombros dela.
— Outro engraçadinho eu não mereço — Erick revirou os olhos.
— Vocês ficam com cara que garotos sérios — Kath nos olhou.
— Que isso, gatinha. Eu sou sério! — cruzei os braços.
— Eu ainda não vi onde — debochou.
— Vem aqui, eu preciso falar com você — peguei na sua mão e a levei até a entrada do restaurante.
— O que você quer? — arqueou uma sobrancelha.
— Você está brava ainda por causa de sexta?
— Não, eu só fiquei irritada por causa daquela garota ter puxado meu cabelo.
— Por que está falando pouco comigo se não está mais brava?
— Eu não estou mais afim de arrumar confusão, porque da próxima eu deixo Cecília sem nenhum fio do aplique oxigenado dela — saiu andando.
A puxei pelo braço colando nossos corpos e lhe beijei, no começo ela não correspondeu mas aos poucos foi cedendo, encerramos com selinhos.
— Por que é tão complicada, gatinha? — colei nossas testas.
— Você vive em um mundinho que tudo é perfeito, Samuel! Você não me conhece para me chamar de complicada.
— Então deixa eu conhecer — olhei em seus olhos.
— Eu não sou esse tipo de garota que vai cair aos seus pés, se quiser me conhecer, faça por merecer e eu já deixo bem claro que não vai ser fácil — se afastou.
Eu não sei se gosto da Kath mais do que amiga, eu tenho um pouco de receio em gostar de alguém novamente porque nunca fui correspondido como eu esperava. Kath é uma garota incrível, eu seria sortudo de ter ela ao meu lado, mas não quero fazer nada que depois nos faça sofrer. Voltei para a mesa e fizemos nossos pedidos, comemos conversando assuntos aleatórios, pedimos sobremesa.
— Tchau, gatinha! — beijei o canto da sua boca.
— Tchau, Samuel! — beijou minha bochecha.
Me despedi dos outros e segui para o carro, cheguei em casa dei boa noite para os meus pais e fui pro meu quarto, escovei os dentes e adormeci pensando sobre o que Kath me disse.