Isabella
Sexta-feira por impulso eu fiquei com o Diego, se arrependimento matasse, eu já estaria morta. Não que ele beija mau e tal, mas eu me senti estranha o beijando, só que agora já está feito e não tem como voltar atrás.
Hoje é segunda, meu final de semana foi legal, as meninas dormiram lá em casa e no sábado ficamos até tarde conversando e assistindo filme, quer dizer, elas ficaram, já que eu dormi e só acordei no outro dia. Estou morrendo de sono porque eu quis terminar de ler um livro ontem e quando dormi, era duas horas da manhã. Agora eu estou aqui no final da segunda aula e quase dormindo, tento uma luta contra meus próprios olhos.
— Que coisa feia, Isabella! Isso que dá ficar até tarde na balada, agora está aí quase dormindo na sala de aula — Karina disse e o sinal para a terceira aula bateu.
— Bem que você me avisou, da próxima vez eu ti escuto — murmurei entediada.
— O que houve com você, menina? — Samuka se aproximou olhando para mim.
— Estou com sono, vou beber um pouco de água para ver se acordo — me levantei.
Aproveitei que o professor não havia chegado e fui até o bebedouro, quando estava voltando para a sala, Diego parou na minha frente
— E aí? Vamos sair hoje? — beijou minha bochecha.
— Não vai dar. Eu tenho que estudar para a prova de matemática que vai ter quinta — menti, sei que é feio, mas eu não quero que Diego pense que vai rolar outro beijo ou seja lá o que for.
— Você já é inteligente, não precisa estudar — disse óbvio.
— Eu fiquei um tempo fora, por isso tenho que estudar, teve muitas matérias novas — expliquei.
— E também tem que ensinar o imbecil do Erick, se é que aquele aprende alguma coisa — falou com desdém.
— O professor chegou — saí andando.
Entrei na sala com Diego ao meu lado, Erick fechou a cara na mesma hora. Será que ele... Não, Isabella. Para de ser iludida! Ele e Diego não se dão bem, por isso ficou sério.
— Podemos estudar hoje? Eu tenho que tirar nota boa na prova — Erick perguntou
— Sim, você prefere na sua casa? — me sentei.
— Pode ser na sua, as duas — falou sério.
— Tudo bem — me virei para frente.
Erick deve ser bipolar. Uma hora ele conversa com você e é todo legal, outra ja é totalmente grosso e sério, é difícil de entender o que se passa com esse garoto. O sinal para o intervalo tocou e comprei meu lanche e me sentei ao lado de Karina na mesa do refeitório.
— Você está bem? — virou a cabeça para mim me olhar.
— Sim, só estou cansada — suspirei.
— As duas últimas aulas é de educação física, será que poderíamos mudar o uniforme? — Kath questionou revirando os olhos.
— Por que não gosta do uniforme? — Samuka olhou para ela.
— Para mim o uniforme de educação física deveria ser um shorts maior e regata, eu o acho muito curto para se usar na escola — explicou.
— O pior é que é obrigatório, se não usar leva advertência — Karina bufou.
— Eu gosto do uniforme, não acho que seja curto, nada a reclamar — Samuka sorriu.
— Para quem está acostumado a ver as garotas sem nada, aquilo é muita roupa mesmo — falou óbvia.
— Se a maioria das meninas reclamasse a diretora talvez mudaria, mas as líderes ja são acostumadas a usar os shorts bem curtos, então vamos continuar com esse uniforme até o fim do ano — Karina comentou.
São só cinco meninas da nossa sala que não fazem parte das líderes, por isso que se formos conversar sobre o uniforme, não vai adiantar de nada. O sinal bateu e fomos para o vestiário, peguei o uniforme que é um top preto e um shorts preto de academia. Calcei meu tênis e amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo, a professora nos chamou e caminhamos em direção a quadra, os meninos estavam sentados na arquibancada, a professora dividiu dois grupos, eu e as meninas ficamos no segundo, meninas contra meninos.
— Já tinha essa tatuagem? — Karina apontou para a minha costela.
— Não, eu fiz junto com a do pulso — assentiu.
— Olha a minha — Kath esticou o braço.
— Muito linda. Eu quero fazer uma tambem, só falta o mais importante: coragem! — Karina nos fez rir com a sua careta.
— Eu também não tinha. Achei que ia doer muito, mas foi tranquilo — Kath passou o dedo por cima da tatuagem.
— Você passou seu sono para mim, Isa — Alan bocejou.
— Passei nada, ele está aqui comigo ainda — rimos.
— Segunda não é fácil para ninguém — Samuka se sentou.
Fiquei observando o jogo de futebol, algumas meninas em vez de ir pegar a bola, elas corriam dela. Será que estão com medo? O tempo deles terminaram, foi a nossa vez mais outras garotas, o jogo terminou com o placar de 3x2 para as meninas. Isso mesmo, ganhamos dos meninos!
— Sorte de principiante! — Samuka falou emburrado.
— Até parece, vocês que não sabem perder — sorri de canto.
Deixei eles conversando. Tomei um banho e coloquei a roupa de antes, dei tchau para Karina e Kath e fui pra casa. Almoçei com Violeta e Francis, escovei os dentes e fui brincar um pouco com Zeus, pequei um patinho de pelucia que eu comprei e arrastei pelo chão o fazendo vir atrás, até perdi a noção do tempo.
— Você é tão fofo! — o peguei no colo.
— Oi — Erick estava encostado na porta do meu quarto.
— Oi. Nem vi as horas passarem — olhei no relógio vendo que já era duas da tarde.
— Eu achei que estava brincando com um urso de pelúcia — riu.
— Não, esse é o Zeus, meu cachorrinho — o coloquei no chão.
— Não deixa a Karina ver ele, se não ela pode o esmagar — rimos.
— Quer estudar aqui ou na sala? — me levantei do chão.
— Pode ser na sala, é mais fresco — concordei com a cabeça.
Peguei Zeus e descemos para a sala, a minha mochila estava jogada no chão, peguei meu caderno com o livro e nos sentamos no sofá.
— A materia da prova é equação de 1° e 2° grau, sabe mais ou menos? — folheie as páginas do livro.
— Quase nada — assenti.
— Eu vou ti explicar, se caso estiver indo rápido demais, você fala e eu vou passar algumas equações para resolver — assentiu.
Lhe entreguei o livro e começei a explicar, Erick ouvia atentamente tudo e escrevi algumas equações no caderno.
— Isso é meio complicado — disse enquanto escrevia.
— Um pouco, mas nós temos até quinta para você aprender.
— Até lá você vai perder a paciência de me ensinar.
— Eu renovo ela a cada dia para não acabar, mas acho que não será necessário.
— Você acha que eu vou tirar uma nota acima de sete?
— Sim e se não tirar eu puxo sua orelha — brinquei.
— Se você fosse do meu tamanho, eu até ficaria com medo — zombou
— A minha mão chega na sua orelha.
— Erguendo a ponta do pé chega.
— Para de me irritar e termina logo essas contas.
— Eu prefiro conversar com você.
— E eu prefiro que tire nota boa na prova — o incentivei.
Ele não falou mais nada e voltou a atenção pro caderno, Erick não tira nota boa porquê não quer, eu escrevi cinco equações e ele errou só uma. Violeta fez sanduíches com suco para nós e comemos.
— Tenho que ir. Samuka vai lá em casa para jogar vídeo game — se levantou.
— Eu levo você até a porta — me levantei.
— Tchau, até amanhã! — beijou minha testa.
—Tchau, Erick! — sorri de canto.
Ele saiu e eu fechei a porta, me deitei no sofá e o Zeus pulou em cima de mim, acabei adormecendo.