À procura de Dean ✔️

By nikolinamrc

12.8K 1.4K 2.7K

"Dean, leva uma vida relativamente comum, até que começa a sofrer bullying na escola. Aos poucos, ele perde... More

1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
13.
14.
Going, Going, Gone

12.

778 84 244
By nikolinamrc



MINHA SERENA E AMOROSA FAMÍLIA — TRANSCRIÇÃO DO FILME

INT. ROSEWOOD CLOSE, N. 5. DIA


O PAI está fazendo uma ligação da escrivaninha de sua sala.


PAI

(no telefone)

Sim. É. Vou dar uma conferida nisso.

(digita no computador)

OK, já estou com ele aberto aqui.

SAM irrompe sem bater.

SAM

Pai, preciso fazer uma pesquisa para o dever de geografia.

PAI

Vai ter de ser depois. Desculpe, Mark...

SAM

Mas não posso fazer o trabalho sem ver isso antes.

PAI

Filho, depois.

O menino o fita com olhos arregalados.

SAM

Você sempre me fala para dar prioridade aos deveres. Sempre diz "não fique adiando o trabalho, Sam". E agora está me mandando adiar. Ou seja, isso não é o mesmo que se desdizer? Não era para os pais serem sempre coerentes?

PAI

(suspira)

Certo. Pode fazer a pesquisa. Mark, ligo daqui a pouco.

Ele dá lugar para Sam ao computador, que digita no teclado, lê algo em um site e faz uma anotação.

SAM

Valeu.

Quando o menino sai, o PAI volta à ligação e abre seu documento na tela novamente.

PAI

Desculpe, Mark. Então, como estava dizendo, esses números realmente não fazem sentido...

Ele para de falar quando Sam retorna.

SAM

Preciso ver qual é a população total do Uruguai.

O PAI coloca a mão sobre o telefone.

PAI

O quê?

SAM

Uruguai. População.

O PAI o fita, exasperado.

PAI

É realmente essencial que seja agora?

Sam parece magoado.

SAM

É para o dever de casa, pai. Você sempre diz que o que faço no colégio vai afetar minha vida inteira. Tipo, faria isso em meu computador, mas... Bem.

(olha sombriamente para o chão)

Foi a decisão da mamãe. Nunca vamos saber por que ela fez o que fez.

PAI

Filho...

SAM

Não, tudo bem. Se quer colocar uma ligação acima da minha educação, a decisão é sua.

PAI

(perde a paciência)

Está bem. Faça a pesquisa.

(levanta-se)

Mark, vamos ter de continuar isso mais tarde. Desculpe.

SAM

(no computador)

Deve estar no histórico...

Ele abre uma página intitulada "Financiando seu Alfa Romeo".

SAM

Uau, pai. Vai comprar um Alfa Romeo? Mamãe está sabendo?

PAI

(irritado)

Isso é particular. Não é nada...

Para de falar ao ver Sam digitar algo.

PAI

Sam, o que está fazendo? O que aconteceu com minha tela?

O papel de parede de um litoral sem graça foi substituído por uma personagem de expressão lasciva de LoC.

SAM

Precisava de um papel de parede novo. Aquele seu era podre. Agora precisamos de novas músicas...

Ao clicar com o mouse, Boomshakalaka explode do som do computador. O PAI perde a paciência.

PAI

Pare com isso! Esse é o meu computador...

(levanta-se e marcha para a porta)

Mary? Mary?




MINHA SERENA E AMOROSA FAMÍLIA — TRANSCRIÇÃO DO FILME

INT. ROSEWOOD CLOSE, N. 5. DIA


Da porta da cozinha, vemos o PAI e a MÃE tendo uma briga em voz baixa.


PAI

Ele precisa de um computador. Não dá mais para dividir o meu. Vou acabar assassinando o garoto.

MÃE

Não precisa de um computador coisa alguma!

PAI

Precisa para fazer o dever de casa. Todos os adolescentes precisam.

MÃE

Bobagem.

PAI

Não é, não! Sabia que hoje em dia todas as anotações de aula são feitas nos laptops? Eles nem sabem mais para que serve uma caneta. Acham que são recipientes que magicamente deixam uma substância estranha vazar. Digo, nem sabem mais como escrever assim. Pode esquecer a arte da escrita.

MÃE

O que está querendo dizer? Que as crianças precisam de computadores? Que é fisicamente impossível para elas aprenderem qualquer coisa sem uma máquina? E os livros? E as bibliotecas?

PAI

Quando foi a uma biblioteca pela última vez? Estão cheias de computadores. É assim que as pessoas aprendem hoje em dia.

MÃE

(indignada)

Está dizendo que, nas savanas africanas, as crianças não conseguem aprender nada a menos que tenham computadores? É isso que quer dizer?

PAI

(perplexo)

Savanas africanas? Quando foi que a África entrou na conversa?

MÃE

Você precisa de um computador para ler literatura clássica?

PAI

Para falar a verdade, estou começando a gostar de ler no Kindle...

Ele repara na expressão da MÃE.

PAI

Digo, não. Definitivamente não.




MINHA SERENA E AMOROSA FAMÍLIA — TRANSCRIÇÃO DO FILME

INT. ROSEWOOD CLOSE, N. 5. DIA


Batem à porta de SAM.


SAM

Quem é?

DEAN (VOICE-OVER)

Eu!

SAM

OK.

A porta é aberta, e a câmera entra oscilando no quarto. É um mundo de pertences adolescentes. SAM está sentado à janela, jogando algo em um console Atari da década de 1980. Bipes e ruídos metálicos dominam o cômodo.

DEAN (V.O.)

Podia ter feito aquela pesquisa sobre o Uruguai pelo celular.

SAM

É.

DEAN (V.O.)

Então estava só sacaneando papai.

SAM

Preciso de um computador.

A câmera foca no console.

DEAN (V.O.)

Onde achou isso?

SAM

Lá em cima, no sótão.

Batem à porta, e, com um único movimento quase imperceptível, SAM joga um casaco por cima do console, gira na cadeira e pega um livro.

A MÃE entra, olhando em volta.

MÃE

Sam, este quarto está uma bagunça. Precisa arrumar isso.

SAM dá de ombros.

MÃE

O que está fazendo?

SAM

Só... Você sabe.

Ele olha diretamente para a câmera.

SAM

O de sempre.




Estou conseguindo. Estou melhorando. E não é só com passinhos de tartaruga; marcho em frente a passos largos. Já se passaram três semanas, e sinto-me mais no controle que nunca. Fui ao Starbucks três vezes, além de ir uma vez às cafeterias Costa e Ginger Biscuit, para tomar milk-shake. Pois é! A Dra. Sarah ficou toda tipo: "Dean, está progredindo muito rápido!" Depois me aconselhou a não ir depressa demais, todo aquele blá-blá-blá, mas dava para ver que estava impressionada.

Já cheguei até a almoçar em uma pizzaria! Tive de sair antes de comer a sobremesa, pois o restaurante ficou repentinamente barulhento e ameaçador demais; ainda assim, durei uma pizza de quatro sabores diferentes inteirinha. Meus pais foram também, assim como Castiel, Sam e Felix, e tive aquela sensação de que éramos... Você sabe. Um grupo normal. Deixando de lado o fato de que um de nós estava em um ambiente fechado de óculos escuros, como fazem algumas pseudocelebridades deprimentes. Comentei isso com mamãe, que disse:

— Acha que é você a anormal? Olha só para o Felix!

O que era um argumento forte, uma vez que o menino usava o amado traje de lycra novo, além de uma máscara de tigre, e começou a fazer um escândalo quando observamos que não conseguiria comer pizza daquele jeito.

Senti-me melhor com aquilo. Na verdade, muitos fatos fazem com que eu me sinta melhor no momento. Ver Castiel definitivamente é um deles. Trocamos mensagens o tempo inteiro, e ele me visita todos os dias depois do colégio, e começamos a jogar pingue-pongue no jardim, tipo, obsessivamente. Até Sam junta-se a nós, às vezes.

E hoje foi um dia incrível, pois Castiel me deu um presente. Uma camiseta. A estampa é de um ruibarbo; foi comprada pela internet. Meus pais perguntaram:

— Por que um ruibarbo? — E ele piscou para mim e respondeu:

— É uma coisa nossa.

Uma coisa nossa.

Não sei o que me deixa mais feliz — se é a camiseta ou a coisa nossa. Jamais tive uma coisa nossa com um menino. Seja o que for, estou radiante. Mamãe e papai saíram, Sam está fazendo o dever de casa, Felix, dormindo, e eu estou elétrico. Agitado. Vago pela casa com a blusa nova, sentindo uma grande vontade de compartilhar tudo isso. Quero falar com alguém. Encontrar alguém.

Natalie. Quero encontrar Natalie.

A ideia é como um raio de sol em meu cérebro, tão positiva que me faz piscar. Quero encontrá-la. Quero minha amiga de volta. Sim. Vou fazer isso. Agora mesmo.

Quase telefonei para Nat algumas vezes desde aquela conversa com mamãe. Houve uma ocasião em que terminava de discar o número quando me acovardei no último instante. Hoje, no entanto, posso encarar o desafio. Com certeza, posso.

Pego o celular e digito o número de Natalie antes que mude de ideia. Sei de cabeça, ainda que não fale com ela há, tipo, um zilhão de anos. A última vez em que nos vimos foi naquele derradeiro dia na escola. Ela chorava, e eu estava, tipo, mais que chorando, e não foi a melhor despedida do mundo.

Escrevo:


Oi, Nat. Como vc tá? Tô mt melhor. Ia adorar ver vc.

Bj Dean.


Uns 30 segundos depois chega uma resposta. É como se tivesse ficado sentada ao lado do celular aquele tempo todo, aquelas semanas todas, esperando. O que talvez tenha feito mesmo. Pisco para a mensagem, que diz:


AI MEU DEUS, Dean. Estava TÃO PREOCUPADA COM VC. Posso passar na sua casa? Posso ir agora? Minha mãe disse que tudo bem.

Bjs Nat.


OK. Te vejo daqui a pouco.


E, 5 minutos depois, ao que me parece, a campainha toca. Podem ter sido 10 minutos. Não mais que isso, com certeza. Deve ter saído de casa no mesmo segundo.

Abro a porta e dou um passo para trás, um pouco aflito. Não porque não fiquei feliz ao vê- la, mas por conta de tudo o que trouxe. Segura uma cesta com óleos de banho de presente e um ursinho de pelúcia com uma faixa dizendo Fique bom logo, e ainda alguns livros, revistas, barras de chocolate, assim como um cartão enorme.

— Oi — digo debilmente. — Uau.

— A gente queria vir visitar antes — fala Nat apressadamente. — Mas sua mãe disse que... — Ela engole em seco. — Enfim. Então a gente já tinha comprado tudo isso. Ficou lá no hall, só esperando. — Olhando para os braços cheios, comenta: — Eu sei. Parece meio louco.

— Bem... Entra.

Ao se aproximar, não para de fitar os óculos escuros, até que pergunto:

— O que foi?

— Umas pessoas na escola me disseram que te viram usando esses óculos. — Aponta. — Tipo, na rua. Mesmo quando chove. Ninguém entende por que não os tira nunca.

— É só... Você sabe. — Dou de ombros, um pouco constrangida. — Faz parte da doença e tal.

— Ah. — Nat parece um pouco assustada. — Certo.

Ela entra, deixa toda a parafernália na mesa da cozinha e olha para mim. Por um curto espaço de tempo, há um silêncio desconfortável e incômodo, quebrado apenas pelo relógio tiquetaqueando, e penso: será que isso foi um erro?

Estou tenso como um gato. Desconfiado. Não está sendo da maneira como imaginei que seria, mas ver Nat está trazendo à tona todo tipo de memórias que apaguei da mente.

— Desculpe. — Sua voz sai em um fôlego triste. — Dean, me desculpe, me desculpe mesmo...

— Não. — Balanço a cabeça, sem querer entrar na questão. — Não tem por que pedir desculpas.

— Mas eu devia... Eu não... — Lágrimas rolam por seu rosto. — Ainda não consigo acreditar que isso tudo aconteceu.

— Tudo bem. Olha, vem beber alguma coisa.

Sirvo dois copos de uma bebida com groselha. Devia ter imaginado que ficaria chateado. Em minha mente, pulei por inteiro essa parte. Na verdade, acho que passei por cima meio sem pensar. Trabalhe com isso, é o que a Dra. Sarah diria. Processe. Como se eu fosse uma máquina de fatiar queijo.

Não acho que Nat tenha processado muita coisa. Sempre que olha para mim, novas lágrimas começam a correr.

— E agora você está doente.

— Estou bem melhor. Muito melhor. Tenho até um namorado!

OK, aquilo soou um pouco abrupto, mas convenhamos — foi essa a razão principal para eu tê-la chamado aqui. Para falar sobre Castiel. As lágrimas evaporam instantaneamente enquanto ela se inclina para a frente, curiosa.

— Um namorado? Do hospital?

PQP. O que ela acha, que sou um doente mental andando por aí com outro doente mental, porque isso é tudo o que posso conseguir agora?

— Não, não é do hospital — digo, com impaciência. — É o Castiel. Sabe quem é? Um garoto do ano de Sam, da Cardinal Nicholls?

— Castiel? Está falando daquele... Castiel? — Nat está perplexa.

— Esse mesmo. Foi ele quem me deu isto. — Aponto para a camiseta. — Hoje. Não é legal?

— Isso é um ruibarbo? — Ela parece confusa.

— É. É uma coisa nossa — respondo, com toda a casualidade.

— Uau — diz, parecendo não conseguir processar a novidade. — Então... Há quanto tempo estão saindo?

— Algumas semanas. Vamos ao Starbucks e tal. Tipo... É só... Você sabe. É bem divertido.

— Achei que você estava, tipo, doente mesmo. Tipo, de cama.

— Bem, estava. — Dou de ombros. — Acho que estou me recuperando ou sei lá. — Abro uma barra de chocolate e a quebro em pedaços. — Então, me conta da escola.

Obrigo-me a fazer a pergunta, ainda que a palavra escola deixe uma sensação amarga em meu cérebro; como se fosse uma espécie de impressão venenosa.

— Ah, está tudo diferente — responde ela, vagamente. — Você não ia nem acreditar. Agora que Aiden e aquele grupinho foram embora, Logan mudou totalmente. Você não ia nem conseguir reconhecer. E Alec não é mais amigo de Ruby. E sabia que a Srta. Moore foi embora? Bem, a gente tem uma nova vice-diretora agora que é incrível... — Parando de tagarelar, indaga: — Mas então, você vai voltar?

A pergunta me atinge como um soco no estômago. A ideia de voltar àquele lugar me deixa literalmente enjoado.

— Vou para a Heath Academy — conto. — Vou repetir o ano, porque perdi muita aula.

Tipo, sou muito novo para ficar no ano seguinte de qualquer jeito, então vai dar tudo certo...

— Podia fazer a mesma coisa na Stokeland — sugere Nat, mas torço o nariz.

— Ia ser estranho. Ficar um ano abaixo de vocês. Enfim... — Pauso. — As pessoas odeiam a gente lá. Meus pais ficaram com muita raiva. Solicitaram essa grande reunião com todos os dirigentes, começaram a brigar com eles, e tudo ficou... Você sabe. Azedo. — Sei disso por Sam, não por meus pais. — Acham que os professores não lidaram bem com a situação.

— Bem, não lidaram mesmo! — Nat arregala os olhos. — Todo mundo diz isso o tempo inteiro. Tipo, meus pais vivem repetindo.

— Bem. Então. Exato. Seria muito estranho voltar.

Parto mais pedaços de chocolate, oferecendo-os. Ela pega um e olha para cima, uma lágrima rolando pela bochecha outra vez.

— Sinto sua falta, Dean.

— Também sinto a sua.

— Foi horrível quando você foi embora. Horrível mesmo.

— É.

Ficamos em silêncio — depois, de repente, sem aviso, estamos nos abraçando. Natalie cheira aos produtos da Herbal Essences, como sempre, e tem essa mania de dar tapinhas carinhosos nas costas das pessoas, o que deixa meus olhos marejados, apenas por ser um gesto tão familiar.

Senti falta de abraços. Meu Deus, como senti.

Quando nos afastamos, estamos rindo, mas também um pouco chorosos. Seu celular toca, e ela o pega com impaciência.

— Oi, mãe — diz brevemente. — Está tudo bem. É mamãe — explica ao baixar o telefone. — Está lá fora, esperando no carro. Era para eu mandar mensagem de cinco em cinco minutos, dizendo que está tudo bem.

— Por quê?

— Porque... Você sabe.

— O quê?

— Você sabe. — Natalie gesticula um pouco constrangida, sem olhar para mim.

— Não sei, não.

— Dean. Você sabe. Porque você é...

— O quê?

— Mentalmente instável — responde, praticamente em um sussurro.

— Sou o quê? — Eu a encaro, genuinamente boquiaberto. — Como assim?

— Você é bipolar. — Natalie está toda encolhida, desconcertada. — Bipolares podem ficar violentos. Minha mãe só ficou preocupada.

— Não sou bipolar! — digo, aturdido. — Quem falou que eu era?

— Não é? — Seu queixo cai. — Bem, minha mãe disse que você devia ser bipolar.

— Então quer dizer que vou te atacar? Porque nunca deveriam ter me deixado sair do hospital e, na verdade, eu deveria estar preso com uma camisa de força? Meu Deus! — Tento me acalmar. — Conheci pessoas bipolares, Nat, que eram totalmente seguras, acredite se quiser.

— Olhe, desculpa! — Ela parece infeliz. — Mas a gente não tinha como saber, não é?

— Minha mãe não contou para vocês qual era o problema? Não explicou?

— Bem... — responde, soando ainda mais constrangida. — Minha mãe achou que ela estava dando uma amenizada na história. Tipo, a gente ouviu todos esses boatos...

— Tipo o quê? Que boatos? — Natalie fica em silêncio, e uso meu tom mais ameaçador: — Que boatos, Nat?

— OK! — diz ela apressadamente. — Tipo que você tentou cometer suicídio... Ficou cego... Não consegue mais falar... Ah! E alguém disse que tinha arrancado os próprios olhos e, por isso, está usando óculos escuros.

O quê? — Sinto-me sem fôlego de tão chocado. — E você acreditou?

— Não! — Ela está abobada. — Claro que não acreditei. Mas...

— Arranquei os olhos? Que nem o Van Gogh?

— Foram as orelhas no caso dele — corrige Natalie. — Só uma, na verdade.

Arranquei os olhos? — Estou um pouco histérico. Uma risada estranha e dolorosa borbulha dentro de mim. — Você acreditou, não é, Nat? Acreditou nessas coisas.

— Não acreditei! — Minha amiga fica toda corada. — Claro que não. Estou só contando para você!

— Mas achou que eu fosse uma maníaco bipolar homicido.

— Nem sei o que é uma pessoa bipolar — admite Natalie. — Tipo, é uma daquelas palavras.

— Um maníaco bipolar homicida que arrancou os próprios olhos. — Uma onda renovada de histeria me toma. — Não é nenhuma surpresa sua mãe estar lá fora esperando no carro.

— Pare! — geme a menina. — Não queria dizer nada disso!

A Natalie é uma idiota completa, e sua mãe consegue ser pior. Ainda assim, não consigo deixar de sentir uma ponta de afeição ao fitá-la, tão infeliz e agitada e sem saber o que dizer. Eu a conheço desde que tínhamos 6 anos, e, mesmo naquela época, era totalmente inocente e acreditava que meu pai realmente era o Papai Noel.

— Está tudo bem comigo — digo finalmente, deixando Natalie se safar. — Está tudo bem.

Não se preocupe.

— Mesmo? — Ela me olha cheia de ansiedade. — Meu Deus, Dean, me desculpe. Você sabe que não tenho noção de nada. — Natalie morde o lábio, refletindo. — Mas então... Se não é bipolar, o que é?

A pergunta me pega de surpresa. Tenho de pensar alguns segundos antes de responder.

— Sou uma pessoa que está melhorando — afirmo após um instante. — É isso que sou. — Pego o último pedaço da barra de chocolate e o parto em dois. — Anda. Vamos acabar com isso antes que Sam veja.



A Dra. Sarah adora a história da maníaco bipolar homicida.

Bem, a parte do "adora" é contribuição minha. Na verdade, apenas resmunga e puxa os cabelos com as duas mãos, dizendo "Sério?". E posso vê-la escrever no caderno de anotações: programas de ensino das escolas? EDUCAR?????

Mas apenas rio. Tipo, é engraçado, ainda que esteja tudo errado também. Precisamos admitir isso.

Tenho rido bem mais quando vou ao consultório da Dra. Sarah nos últimos dias. E falo bem mais. Por muito tempo, tive a impressão de que a terapeuta tinha mais a dizer do que eu. Parecia que ela fazia o papel do orador, e eu, o de ouvinte em grande parte (para ser justa, eu não era um superfã de comunicação de qualquer tipo quando nos conhecemos. Para ser ainda mais justo, em nossa primeira sessão, sequer queria entrar na sala, que dirá olhar para ela ou falar). No entanto, as coisas sofreram uma reviravolta agora. Tenho tanto a contar! Sobre Castiel, Natalie, todas as minhas aventuras fora de casa, o dia em que peguei um ônibus e não entrei nem um pouco em pânico...

— Mas enfim, acho que é isso — digo, quando termino a última história. — Estou no ponto.

— No ponto?

— Curado.

— Certo. — A terapeuta bate com o lápis, pensativa. — O que quer dizer...

— Você sabe. Estou bem. De volta ao normal.

— Definitivamente está fazendo muito progresso. Estou satisfeitíssima, Dean. De verdade.

— Não, não é só "muito progresso" — retruco, com impaciência. — Voltei ao normal. Tipo, você sabe. Praticamente.

— Humm. — A Dra. Sarah sempre faz uma pausa educada antes de me contradizer. — Não voltou à escola ainda — menciona ela. — Ainda está de óculos escuros. Ainda toma remédios.

— OK, eu disse "praticamente". — Sinto uma pontada de raiva. — Não precisa ser tão negativa.

— Dean, só preciso que você seja realista.

— Eu sou!

— Lembra-se do gráfico de progresso que desenhei? A linha cheia de altos e baixos?

— É, bem, mas aquele gráfico é coisa do passado — afirmo. — Este é meu gráfico.

Levanto-me, marcho até o quadro e desenho uma linha reta, subindo sem obstruções até as estrelas.

— Este sou eu. Não tem mais descida. Agora é só para cima.

A médica solta um suspiro.

— Dean, adoraria que fosse assim. Mas a maioria esmagadora dos pacientes em recuperação de um episódio como o seu vai encontrar obstáculos. E não tem problema algum. É normal.

— Bem, já tive todos os meus obstáculos. — Olho para ela com firmeza. — Já passei por eles, OK? Não vou passar de novo. Não vai acontecer.

— Sei que está frustrado, Dean...

— Estou pensando positivo. O que tem de errado com isso?

— Nada. Só não exagere. Não se coloque sob tanta pressão. Corre o risco de criar um obstáculo real para si mesmo.

— Estou bem — retruco

— Sim, está mesmo. — Assente. — Mas também está fragilizado. Imagine um prato de porcelana que foi colado, mas ainda não secou totalmente.

— Sou um prato? — rebato sardonicamente, mas a terapeuta não cai na armadilha.

— Tive uma paciente, há alguns anos, muito parecido com você, Dean, que estava neste mesmo estágio da recuperação. Decidiu viajar para a Disney em Paris, desconsiderando meus conselhos. — A Dra. Sarah revira os olhos. — Para a Disney! Entre todos os lugares possíveis!

Só a ideia de ir à Disney me faz encolher — não que jamais vá admitir para a médica.

— O que aconteceu? — Não resisto à pergunta.

— Foi demais para ela. Precisou voltar mais cedo da viagem. E sentiu como se tivesse fracassado. Ficou mais deprimida que nunca, então não fez bem algum ao seu progresso.

— Bem, não vou à Disney, nem dinheiro pra isso eu tenho. — Cruzo os braços. — Então pronto.

— Ótimo. Sei que você é razoável. — Enquanto me observa, a boca da Dra. Sarah tremelica. — Está animado outra vez, sem dúvida. E a vida está boa?

— A vida está boa.

— E Castiel ainda continua sendo... — Ela pausa delicadamente.

— Castiel. — Assinto. — Continua sendo Castiel. Mandou dizer oi, aliás.

— Ah! — exclama, parecendo surpresa. — Bem, mande oi de volta.

— E ele disse "bom trabalho".

Ficamos em silêncio, e um pequeno sorriso se desenha no rosto da Dra. Sarah.

— Bem — diz ela. — Pode repetir a mesma coisa para ele. Gostaria de conhecer esse Castiel.




MINHA SERENA E AMOROSA FAMÍLIA — TRANSCRIÇÃO DO FILME

INT. ROSEWOOD CLOSE, N. 5. DIA


PLANO GERAL: CASTIEL e FELIX estão sentados no jardim. Há um tabuleiro de xadrez entre os dois, que parecem jogar uma partida.

A câmera se aproxima, e as vozes tornam-se audíveis. FELIX move uma peça, olhando triunfante para CASTIEL

FELIX

Xadrez. Castiel move uma peça.

Castiel

Xadrez. FELIX move uma peça.

FELIX

Xadrez. Castiel move uma peça.

Castiel

Xadrez. Felix move uma peça.

Ele olha para FELIX com expressão séria.

Castiel

Muito bom esse jogo que você inventou, Felix.

FELIX fica radiante.

FELIX

Eu sei.

Castiel

Como é mesmo o nome que deu para ele?

FELIX

Quadrados.

Castiel se esforça para não rir.

Castiel

Isso mesmo. Quadrados. Então por que a gente não fala "quadrado" quando move as peças?

FELIX o fita com olhar de pena, como se fosse um tolo.

FELIX

Porque a gente diz "xadrez".

Castiel olha para a câmera.

Castiel

É isso aí.

A MÃE chega ao jardim

MÃE

Castiel! Você está aqui! Que maravilha. Fala alemão, não fala?

Castiel

(desconfiado)

Um pouco.

MÃE

Ótimo! Bem, pode vir aqui me ajudar a decifrar as instruções da nova lava-louças. O manual inteiro está em alemão. Sério, em alemão. Agora pergunto: por quê?

Castiel

Ah. OK.

Quando se levanta, FELIX agarra sua perna.

FELIX

Castiel ! Brinca de Quadrados!

Neste instante, SAM chega, brandindo uma revista de jogos eletrônicos para Castiel .

SAM

Castiel, precisa ver isso.




A Dra. Sarah disse que preciso aumentar o número de interações com estranhos. Não basta ir a um restaurante e me esconder atrás do cardápio, deixando que os outros façam os pedidos por mim (como adivinhou que era o caso?). Tenho de ser capaz de falar com segurança com pessoas desconhecidas. É o dever de casa. Por isso, Castiel e eu estamos no Starbucks, e ele está escolhendo alguém aleatório com quem eu possa falar.

No hospital, fizemos todo o tipo de exercício de interpretação, com esse mesmo objetivo. Mas desempenhar um papel é como fazer teatrinho. Você se sente tão idiota. Meu Deus, era uma vergonha fingir ter uma "discussão" com um menino magricela que você sabia que praticamente teria um ataque de pânico se olhassem para ele. E os conselheiros eram obrigados a nos dizer o que falar quando a imaginação secava, instruindo:

— Olhe a linguagem corporal, Dean.

Enfim. Aquilo era um saco total, mas até que isto é divertido. Porque vou ter minha vez, em seguida Castiel terá a dele. É tipo um desafio.

— OK, aquele cara. — Castiel aponta para um homem sentado a uma mesa de canto, escrevendo no laptop. Está na casa dos 20 anos, usa cavanhaque, uma camiseta cinza e tem uma daquelas bolsas transversais de couro tipo carteiro que Sam despreza. — Vá até lá e pergunte se está conseguindo usar o Wi-Fi.

Sinto uma bolha de pânico, que tento engolir. O homem parece absorto em seu trabalho.

Não parece receptivo a qualquer interrupção.

— Ele está com cara de quem está superocupado — tergiverso. — Não pode ser outra pessoa? O que acha da velhinha ali? — Há uma senhora de cabelos brancos e expressão doce sentada à mesa ao lado, que até já sorriu em nossa direção.

— Fácil demais. — Castiel é inflexível. — Não vai nem precisar falar nada, ela vai simplesmente começar a tagarelar. Vá lá e pergunte àquele cara se está conseguindo sinal. Vou esperar aqui.

Tudo em meu corpo me diz para não ir, mas Castiel está ali, me encarando, por isso forço os músculos da perna a funcionarem. De alguma forma, atravesso o café e agora estou parada na frente do homem, que sequer olhou para mim. Continua apenas a digitar, franzindo o cenho.

— Humm, oi? — digo.

Digita-digita-digita-franze-cenho.

— Oi? — Tento novamente.

Digita-digita-digita-franze-cenho. Sequer ergueu o rosto.

Quero tanto desistir. Mas Castiel me observa. Tenho de terminar isso.

— Com licença? — Minha voz sai tão alta que quase pulo de medo, e o homem finalmente levanta os olhos. — Queria saber se você conseguiu Wi-Fi?

— O quê? — Ele faz uma carranca.

— Wi-Fi? Conseguiu sinal aqui?

— Meu Deus. Estou tentando trabalhar.

— OK. Foi mal. Só queria saber...

— Do Wi-Fi. Você é cega? Não consegue ler, não? — O homem aponta para um quadrinho no canto da cafeteria que dá a senha de acesso para o Wi-Fi do Starbucks. Então, repara nos óculos escuros. — Você é cego mesmo? Ou só anormal?

— Não sou cego — respondo, com voz trêmula. — Era só uma pergunta. Desculpe ter incomodado.

— Retardado de merda — resmunga ao voltar a digitar.

Lágrimas se acumulam em meus olhos, e as pernas estão bambas ao fazer o caminho de volta. Mantenho o queixo erguido, no entanto. Estou determinada a não me desfazer. Quando volto à mesa, me obrigo a estampar um sorriso medonho no rosto.

— Consegui!

— O que ele falou? — inquire Castiel.

— Me chamou de retardado de merda. E de cego e anormal. Mas, fora isso, foi um amor. As lágrimas já começam a rolar por minhas bochechas, e Castiel as encara, alarmado.

— Dean!

— Não, tudo bem — digo com firmeza. — Estou bem.

— Babaca. — O menino olha para o homem da camiseta cinza ameaçadoramente. — Se não quer ser incomodado, não devia estar em um lugar público. Sabe quanto dinheiro deve estar poupando com aluguel? Compra um café e fica sentado ali por uma hora e quer que o mundo ande nas pontas dos pés ao redor. Se quer um escritório, devia pagar por ele. Filho da puta.

— Que seja, eu consegui — falo alegremente. — É sua vez.

— É com ele mesmo que vou falar. — Castiel levanta-se. — Não vai ser um sacana e se livrar fácil assim.

— O que você vai dizer? — pergunto, em pânico. Receio sufocante ocupa todo o espaço do meu peito, e nem sei de que tenho medo. Simplesmente não quero que Castiel vá até lá. Quero ir embora. — Senta — suplico. — Vamos parar com o jogo.

— Esse jogo ainda não acabou. — Piscando para mim, segue até a mesa de canto, com o café na mão. — Oi! — Castiel cumprimenta o homem com uma voz infantil tão alta que metade das pessoas no lugar olha em volta. — É um MacBook da Apple, não é?

O sujeito olha para cima como se não pudesse crer que está sendo interrompido outra vez.

— É — responde ele, curto e grosso.

— Poderia me dizer quais são as vantagens desse laptop em relação a outras marcas? — pede Castiel. — Porque quero comprar um computador. O seu é bom mesmo? Aposto que é. — Senta-se com o homem. — Posso mexer?

— Olhe, estou ocupado — diz ele. — Será que pode ir sentar em outro lugar?

— Está trabalhando?

Há um silêncio enquanto o cara continua a digitar, e Castiel se inclina para a frente.

— Está trabalhando? — repete mais alto.

— Estou! — Ele o olha feio. — Estou trabalhando.

— Meu pai trabalha em um escritório — continua Castiel, com tom ingênuo. — Você não tem um, não? O que você faz? Posso ser, tipo, sua sombra? Será que pode ir ao meu colégio fazer uma palestra? Ih, olhe só, seu copo está vazio. Vai comprar outro café? Era um cappuccino? Gosto de meu café com espuma de leite. Como é que fazem espuma de leite? Você sabe? Pode pesquisar para mim?

— Escute. — O homem fecha o computador com força. — Garoto. Estou trabalhando. Será que pode ir procurar outra mesa?

— Mas a gente está no Starbucks — responde ele, com surpresa. — As pessoas podem sentar onde quiserem. Não é proibido. — Chamando uma garçonete que está recolhendo copos vazios, pergunta: — Desculpe, mas eu posso sentar em qualquer lugar, não posso? Não é assim que o Starbucks funciona?

— Claro — responde ela, e sorri. — Onde quiser.

— Viu só? Onde eu quiser. E ainda estou tomando meu café, mas você, não — observa Castiel. — Já terminou o seu. Ei, espere. — Ele entrega o copo para a garçonete. — Viu? — Vira-se para o homem. — Já acabou. Devia comprar outro ou ir embora.

— Cacete! — Com jeito de quem quer explodir, o sujeito enfia o laptop na bolsa e se levanta. — Essas crianças de merda — resmunga ele. — É inacreditável.

— Tchau, então — despede-se Castiel com inocência. — Divirta-se sendo um babaca.

Por um instante, acho que o desconhecido vai lhe dar um soco, mas é claro que não o faz. Simplesmente sai com expressão assassina. Castiel fica de pé e volta ao lugar na minha frente, o rosto todo aberto em seu sorriso de gomo de laranja.

— Meu Deus. — Expiro. — Não acredito que fez isso.

— Da próxima vez, é você quem vai fazer.

— Eu não ia conseguir!

— Ia, sim. É divertido. — Castiel esfrega as mãos uma na outra. — Pode vir para cima.

— OK, me dá outro alvo — peço, inspirada. — Outro desafio.

— Pergunte à garçonete se vendem muffins de menta aqui. Vai. — Ele a chama, e a moça chega sorridente. Sequer tive tempo para pensar se estou nervoso ou não.

— Com licença, vocês têm muffin de menta? — pergunto, adotando o tom de voz inocente e infantil de Castiel. Por alguma razão, tentar imitá-lo me dá forças. Não sou eu, não sou Dean. Sou uma personagem.

— Ah, não. — Ela balança a cabeça. — Desculpe.

— Mas vi que tinha no site — insisto. — Tenho certeza disso. Muffin de menta com recheio de chocolate? Com, tipo, granulado?

— E aquelas balinhas de menta em cima — intromete-se Castiel, muito sério, e quase começo a gargalhar.

— Não. — A garçonete parece confusa. — Nunca nem ouvi falar.

— Ah, que pena — digo, com educação. — Mas obrigada mesmo assim. — Quando se afasta, dou um sorriso para Castiel, sentindo uma ligeira tontura. — Consegui!

— Você consegue falar com qualquer um. — Assente. — Da próxima vez, por que não arruma um palanque e faz um discurso?

— Adorei a ideia! — respondo. — E a gente convida, tipo, mil pessoas.

— Então quer dizer que o gráfico está subindo. Dean está a caminho das estrelas.

— Castiel sabe sobre o gráfico de altos e baixos/só de altos, pois lhe contei a respeito. Até os desenhei.

— Com certeza. — Faço um brinde com o copo de café. — Você Dean está a caminho das estrelas.

O que apenas reforça o argumento: estou no comando do gráfico. Eu. E se quiser um gráfico subindo em linha reta, terei um.

Por isso, na sessão seguinte com a Dra. Sarah, minto um pouquinho ao preencher o questionário.

Teve preocupações na maioria dos dias? Não, absolutamente.

Acha suas preocupações difíceis de controlar? Não, absolutamente.

Ela olha a folha com uma sobrancelha erguida quando a entrego.

— Bem. Isto é uma grande evolução!

— Viu só? — Não consigo evitar. — Viu só?

— E tem algum palpite a respeito de qual foi a razão por trás dessa evolução tão grande durante a semana, Dean? — A médica sorri para mim. — A vida é boa, é só isso? Ou teve algo mais? Alguma mudança?

— Não sei. — Dou de ombros com inocência. — Não consigo pensar em nada em especial que tenha mudado.

O que é outra mentira. Algo que mudou foi: parei de tomar os medicamentos. Simplesmente tiro os comprimidos da cartela e me desfaço deles em um envelope fechado (não jogo na privada, porque todas as substâncias químicas espalham-se na água ou coisa assim).

E sabe do que mais? Não notei nada de diferente. O que simplesmente comprova que não precisava deles.

Não contei a ninguém. Bem, obviamente não, porque iriam todos surtar. Vou esperar tipo um mês, depois os informar casualmente, tipo: estão vendo só?

Eu te disse — falo para a terapeuta. — Estou no ponto. Pronto. Curado.




Boa noite meus amores.

Escrevi metade desse capitulo na faculdade hoje de manha então se tiver algum errinho me desculpem mesmo!!  passei por uma onda de cansaço essa semana, corri muito, e ainda tenho milhares de coisa pra ler e estudar, ajudei meu irmãozinho fazer uma maquete onde eu grudei meus dedos detalhes a parte! Enfim, achei o capitulo um pouco corrido, mas mesmo assim não quis estende-lo com detalhes, ou ficaria cansativo ler né!

Comecei uma fic nova então quem tiver interesse é só ir no meu perfil se chama Pequenos Contos (:

Obrigada por tuudo ate a próxima. 

Continue Reading

You'll Also Like

222K 4.8K 42
Seven minutes in a closet what could go wrong? Some will be longer than others depends on how well I know the character but hoping I can still make t...
1.3M 38.3K 75
Cassandra Quinn had her three phase plan. One, ace her SAT's Two, graduate Yale with a Law Degree Three, move to New York and work as a lawyer. Tha...
2.4M 139K 46
"You all must have heard that a ray of light is definitely visible in the darkness which takes us towards light. But what if instead of light the dev...
383K 5.8K 6
Castiel and Dean get magical pollen dust on themselves that enhances their relationship and sex drive *wiggles eyebrows* WARNING: If YOU do not feel...