Super Lila - Completa

By TaniaPicon

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Sinopse: Em geral quando você pensa que as coisa mudarão ao comp... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Epílogo

Capítulo 11

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By TaniaPicon



Eu estava super concentrada no meu trabalho manual, em algo que eu fazia pela primeira vez, quando tive que parar para atender a campainha. O que era um saco. Porque eu estava curtindo fazer aquilo, apesar do medo inicial de não dar certo. Eu só tinha até então feitos noivos, do tipo que se coloca em cima dos bolos de casamentos, com biscuits comestíveis, mas nunca tinha tentado com o biscuit de artesanato.

E como os meus pais não estavam em casa, era sábado de manhã e eles passariam todo o fim de semana fora, tive que parar o que fazia para ver quem era. Já que o eventual visitante não desistiria tão cedo, pelo jeito. Visto que era a terceira vez que ele apertava a campainha. Na primeira, eu ignorei, tão concentrada que eu estava em dar os toques finais na minha "obra de arte". Resolvi pintar os cílios da noiva à mão, com uma tinta preta e um pincel fininho, e aquilo deu certo. Ainda bem.

Como iria ter o contato com outra pessoa, recoloquei o colar para atender a porta. Pois eu não sabia quem era, e estava concentrada demais nos meus noivinhos para tentar adivinhar. E vai que fosse um cara que eu achasse bonito... E se esse fosse o caso, eu não me arriscaria a ir sem a minha pedra protetora azul.

– Daniel? – estranhei sua presença. A gente não se via desde o fim de semana anterior, quando eu cheguei na casa dele toda molhada ao fugir do Logan.... E quando nós ficamos pela primeira vez.

Primeira vez sim, porque aquilo que aconteceu no meu aniversário de 18 anos não contava. Aquilo estava mais para um ataque do que para uma ficada... Embora eu ainda me lembrasse dos beijos e, nitidamente, do gosto do Dani quando eu o lambi. E era bom.

Mesmo assim, eu estava evitando o meu ex melhor amigo desde domingo. Quando eu acordei na casa dele e fui para a minha casa. E também não via o Logan desde terça-feira, não que eu estivesse contando os dias, ou algo assim...

Talvez, se esse último me procurasse, eu o evitaria também como fazia com o Daniel. Quero dizer, eu até atendia os telefonemas do meu amigo e respondia as suas mensagens de texto, mas encontrá-lo pessoalmente? Isso anda não tinha acontecido.

Até porque eu andava mesmo ocupada, ainda mais com essa estranha viagem que meus pais fizeram de última hora, com a minha mãe deixando um monte de coisas do trabalho ao meu cargo. Ela disse que confiava em mim, e eu não desejava decepcioná-la.

O que até podia ser verdade, ela até podia confiar mesmo. Mas ela estava estranha demais para que eu acreditasse que esse era o único motivo. Além disso, eles tinham ido viajar para passar o fim de semana na casa dos pais do Logan. O que era, no mínimo, suspeito.

– Oi. – o Dani parecia meio sem jeito, talvez porque estivesse com um pouco de vergonha. O que eu, pelo menos, estava. Era estranho encontrar o cara que foi o nosso melhor amigo durante anos, depois da gente ter trocado saliva com ele, e saliva em grande quantidade. – Vim para a gente conversar.

– Tá bom. – acabei dizendo, dando espaço para ele passar e entrar. – Mas eu meio estou ocupada agora.

– Você sempre está ocupada ultimamente. – ele comentou. – E eu vou ser rápido.

– Daniel, não é desculpa – eu falei, embora talvez fosse uma desculpa mesmo – Minha mãe foi viajar e deixou um monte de coisas para eu resolver. E ela ainda está com o celular desligado! Agora mesmo tava resolvendo um baita pepino!

– Celular desligado? Tal mãe, tal filha então. Tô tentando te ligar desde ontem.

– Pois é, e sabe o que eu fiz ontem o dia inteiro? A gente tem uma festa de casamento hoje à noite, tava tudo programado, o bolo, os docinhos... A gente, a sócia da minha mãe e a outra mulher que ajuda na cozinha, tinha dividido bem as tarefas, porque era uma encomenda imensa, e eu detesto imprevistos! E na quinta chegaram os noivos de biscuit que eu encomendei da artesão, porque a gente só faz os de biscuit comestíveis, e eu fiz a burrice de só olhar a encomenda ontem de manhã! E você não tem noção, Dani! A noiva era tão feia que parecia uma bruxa! E o noivo tinha dentes compridos e distorcidos, como os de um vampiro! Era horrível! Daí eu liguei para a artesão, porque não fazia sentido, o trabalho dela sempre foi lindo. Tanto que eu não me preocupei em olhar antes!

Eu caminhava em direção a minha área de trabalho. A minha mãe tinha uma confeitaria com a sócia, mas eu trabalhava em casa, porque eu era tipo 100% melhor em trabalhos manuais sem o meu colar. E era tipo 100% mais seguro eu ficar sem o colar só em casa. Onde não havia homens gostosos em volta. Exceto em alguns momentos, como agora.

Porque o Dani era gostoso. E era por isso que eu meio que tinha evitado-o. Porque não era certo querer beijar o melhor amigo sabendo que não eu era assim tão apaixonada por ele.

Como se ele fosse um brinquedo. Porque, sem o colar, eu sabia que iria querer fazê-lo de meu brinquedo. E aquilo não era justo, era?

O Daniel foi olhar o meu trabalho recém deixado de lado. Eu estava quase finalizando, e estava surpreendentemente bonito. Muito melhor do que a encomenda de noivos no estilo "Hotel Transilvânia". Embora o casal do desenho, a vampirinha fofa e o humano ruivo, fosse muito mais bonito do que os destorcidos que eu recebi.

– Daí eu surtei! Minha mãe já tinha saído ontem, quando eu vi a encomenda. E eu não sabia o que fazer! Olha só que coisa horrenda. – eu apontei para os noivos deixados de lado.

– Verdade. – o Dani fez uma careta ao analisá-los. – Achei que você estivesse exagerando, como sempre foi a tua tendência. Mas eles estão horríveis mesmo. – e ele riu, e agora que o susto maior já tinha passado, até eu admitia que tinha um pouco de graça.

E, é claro, ele riu também porque aquilo não tinha acontecido com ele. Já eu tive vontade de chorar ao abrir a embalagem.

– Daí eu liguei para a artesã – continuei – para pedir explicações, e ela disse que tinha ficado doente, e que pediu para uma amiga fazer. E eu fiquei apavorada! Porque lembrei que essa noiva estava pagando caro, querendo tudo do bom e do melhor. E que fazia questão de noivos de biscuit de artesanato, e não os comestíveis, porque queria guardá-los, e os comestíveis não duram! E eu fiquei desesperada. Até que a Magali deu a ideia de eu tentar fazer, já que eu era boa em trabalhos manuais. E eu topei! Mas topei por puro desespero. Então tive que correr atrás de tudo, desde como fazer a massa... Acabei comprando uma massa pronta, apesar de saber que não é a melhor opção, por pura falta de tempo de deixar a massa secar. E tive que aprender tudo sobre as tintas. Fiz ontem, porque tinha que deixar a massa secar ao vento. E acabei soprando, porque eu soprando faço um vento bem melhor do que o natural. Senão nunca ficaria pronto... E agora, só faltam alguns pequenos detalhes. E daqui a uma hora, antes do meio-dia, a Magali vem aqui para escolher qual noivo ela vai levar.

– E você tem alguma dúvida que o teu está melhor?

– Não, sei que meus noivos estão ficando lindos. – eu disse, suspirando de alívio. – Mas até chegar neles, foi um longo caminho. Passei o dia todo ocupada. Aliás, meus dias têm sido assim. Eu amo fazer isso, faço bolos incríveis, mas nem sempre as coisas dão certo. E daí... eu fico sem tempo mesmo.

– Eu entendo. – e ele mexeu a cabeça em assentimento para reforçar suas palavras.

– E eu ainda preciso terminar isso, Dani. Ainda de manhã.

– Eu sei, Lila. Mas você pode me dar cinco minutos?

– Tá. – eu olhei para o meu trabalho inacabado com receio. Esse meu jeito perfeccionista não tinha mudado depois do meu aniversário. Coisas a fazer ainda me deixavam nervosa. – Cinco minutos eu posso.

E ele me levou de volta para sala, talvez percebendo que, caso eu ficasse ali, ele não receberia total atenção. Porque meus olhos ficariam incomodados pelo trabalho acumulado, e eu não relaxaria. É, ele me conhecia bem.

– O que você quer falar? – acabei perguntando, já que eu não fazia ideia. Podia ser qualquer coisa, mas, provavelmente, o tema da conversa envolveria nosso último encontro. Nossa troca de saliva... E o que faríamos a esse respeito.

O que, sinceramente, eu não sabia,

– Lila... – ele deu uma respirada longa, antes de continuar, com os olhos sem deixar o meu rosto. Ficamos em pé, frente a frente, no meio da sala. Eu estava agitada demais para sentar, e acho que ele se sentia do mesmo jeito. – sobre a gente... Aquilo que aconteceu entre a gente, pode ter mudado tudo. Eu sei como eu me sinto, mas quero saber como você se sente.

– E como você se sente? – eu perguntei, porque de alguma forma aquilo era importante. Mesmo que ele não quisesse o mesmo do que eu.

– Eu gosto de você. E eu achei que você gostasse de mim também. Sei que sempre nós demos muito bem como amigos, mas agora é diferente. Eu não consigo parar de pensar no nosso último dia junto... Só que você começou a não querer me ver mais, e eu tive que vir aqui. Porque eu preciso saber.

O Daniel estava inseguro, como eu nunca tinha visto-o antes. E parecia triste também.

Por isso, tive que ser honesta.

– Eu não sei como eu me sinto, Daniel. Está tudo estranho, e diferente. Sinceramente, eu não me conheço mais direito para saber o que eu quero.

– Vindo de qualquer outra pessoa, essas palavras soariam como uma desculpa esfarrapada – ele disse, com um sorrisinho nos cantos dos lábios. – Mas, vindo de você, faz sentindo.

– Sei que faz, porque você viu a minha transformação. Você estava lá. E sabe do que eu preciso agora? De algo que não mude, para me sentir mais estável.

– E com isso você quer dizer o que?

– Eu preciso da nossa amizade. Eu preciso da gente como era antes.

– Ah. – ele ainda estava me olhando, mas parou de sorrir. – A gente não vai mais ficar, é isso?

– Eu não sei. – apertei os lábios, apreensiva – Eu preciso de você na minha vida, Daniel. Só ainda não sei de qual jeito. E enquanto eu não souber...

– Só amigos. – ele completou a minha frase.

– É. – eu disse, mesmo sabendo que a antiga Lila me mataria. O Daniel parecia finalmente a fim de mim, tudo o que a antiga Lila sempre quis, e eu estava desperdiçando a chance – Eu estou passando por um momento... – pensei na melhor palavra para descrever... E encontrei, eu acho – estranho.

Porque querer atacar caras gatos, e isso incluía o próprio Daniel, e querer lamber os rostos deles, definitivamente, era estranho.

Ele ficou me olhando, e pensado. Então acabou dizendo:

– O que você vai fazer hoje à noite?

– Não sei. Nada, eu acho. Pelo menos, não tenho nada planejado. Por quê?

– Eu vou te levar para sair. No mesmo lugar onde comemoramos os teus 18 anos.

– Não acho que seja uma boa ideia. – objetei.

– Lila, você quer as coisas estáveis, que sejam iguais a antes. Isso, eu e você saindo, é igual à antes.

Desde que eu esteja com o meu colar no pescoço, é claro. Completei em pensamento.

– Tá bom. – acabei aceitando.

– Te pego às oito. – e então ele acrescentou sorrindo – E se vista de um modo comportado. Não quero ter problemas para ter que defender a tua honra. – ele brincou.

Ou não. De qualquer forma, não gostei nada dessa última frase. Se eu quisesse, eu não me vestiria nada comportada.

Por isso, minha única resposta foi uma erguida de sobrancelhas meio sarcástica. Erguida bem parecida com a que o Logan fazia ao me olhar às vezes.

Como não queria brigar, não falei nada. Porque a Lila de antigamente simplesmente acataria. Só que, hoje em dia, nenhum homem mandaria em mim. Exceto, talvez, o meu pai. Mas ele estranhamente parou de se preocupar com o que eu visto após o meu aniversário.

Depois que o Dani foi embora, voltei a me concentrar nos meus noivinhos. E eles ficaram realmente lindinhos. Ganhando de 10 a 0 do casal transilvânico.

❀❀❀

Horas depois, quando o Daniel voltou para me pegar, eu já estava pronta. Usando um vestido preto de renda que simulava uma camisola. Ele não era justo, mas tinha um decote insinuante, apesar de não tão revelador, e era curto, mas não demais. Eu estava sexy na medida. Porque eu me vesti para mim, do jeito como estava com vontade.

Escolhi a roupa ao me lembrar de como foi o meu aniversário, nessa mesma boate, quando eu era quase invisível. Dessa vez, com certeza, iriam me notar. E foi o que aconteceu, o que tornou tudo mais divertido.

O Daniel não me repreendeu ao ver que eu não tinha seguido os seus conselhos. Apenas me olhou de cima a baixo, sem disfarçar, e de queixo meio caído até se recompor. E ainda largou um:

– Uau! – de espanto e de admiração, que foi acrescido de um: – Você está linda – seguindo de um beijo na bochecha.

E o Daniel também estava lindo, só que eu não falei nada. Afinal, foram anos babando escondida por ele, e eu não via motivo para mudar isso agora. Não o babando, mas o escondido.

Chegamos juntos, bebemos juntos, dançamos juntos, não nos separando quase em momento nenhum, apesar de estarmos agindo mais parecidos com os amigos que costumávamos ser. Quero dizer, parecido, mas não igual à antes. Porque agora rolava uma troca de olhares.

Eu sentia que o Dani me queria agora de um jeito diferente. E quanto a mim, era difícil olhar para a boca dele e não querer beijá-lo de novo. Só que eu achava que atração física – e apenas isso – não era o suficiente para correr o risco de arruinar uma amizade de anos. Então eu resistia, e o Dani se comportava também, provavelmente por mim.

Mesmo assim, estava sendo bem divertida essa nossa saída. Até deixar de ser.

Porque quando eu estava no bar, bebendo mais uma cerveja direto do gargalho – sei que não é muito glamoroso, mas eu gosto – eu vi o Logan. Em outro canto, no meio de um grupo de amigos, olhando direto para mim. E isso me encheu de raiva. Porque significava uma coisa: ele mentiu para mim.

Ele mentiu quando disse que não morava na mesma cidade do que eu, usando essa desculpa furada para dormir no meu quarto comigo. E além disso, depois da terça-feira ele nunca mais deu as caras, e nem fez nenhuma tentativa de contato, apesar de estar o tempo todo na mesma cidade. E não sei qual das minhas duas constatações era a mais irritante

De qualquer forma, eu me senti cheia de raiva. E, por isso, quando ele ergueu a garrafa dele num brinde ao ar para me cumprimentar, quando o Dani estava de costas e não viu, eu disse para o meu amigo que iria ao banheiro. Porque eu precisava encontrar aquele ser, que continuava sendo o ser mais irritante do mundo, e exigir satisfações. E foi o que eu fiz.


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