Capítulo 11

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Eu estava super concentrada no meu trabalho manual, em algo que eu fazia pela primeira vez, quando tive que parar para atender a campainha. O que era um saco. Porque eu estava curtindo fazer aquilo, apesar do medo inicial de não dar certo. Eu só tinha até então feitos noivos, do tipo que se coloca em cima dos bolos de casamentos, com biscuits comestíveis, mas nunca tinha tentado com o biscuit de artesanato.

E como os meus pais não estavam em casa, era sábado de manhã e eles passariam todo o fim de semana fora, tive que parar o que fazia para ver quem era. Já que o eventual visitante não desistiria tão cedo, pelo jeito. Visto que era a terceira vez que ele apertava a campainha. Na primeira, eu ignorei, tão concentrada que eu estava em dar os toques finais na minha "obra de arte". Resolvi pintar os cílios da noiva à mão, com uma tinta preta e um pincel fininho, e aquilo deu certo. Ainda bem.

Como iria ter o contato com outra pessoa, recoloquei o colar para atender a porta. Pois eu não sabia quem era, e estava concentrada demais nos meus noivinhos para tentar adivinhar. E vai que fosse um cara que eu achasse bonito... E se esse fosse o caso, eu não me arriscaria a ir sem a minha pedra protetora azul.

– Daniel? – estranhei sua presença. A gente não se via desde o fim de semana anterior, quando eu cheguei na casa dele toda molhada ao fugir do Logan.... E quando nós ficamos pela primeira vez.

Primeira vez sim, porque aquilo que aconteceu no meu aniversário de 18 anos não contava. Aquilo estava mais para um ataque do que para uma ficada... Embora eu ainda me lembrasse dos beijos e, nitidamente, do gosto do Dani quando eu o lambi. E era bom.

Mesmo assim, eu estava evitando o meu ex melhor amigo desde domingo. Quando eu acordei na casa dele e fui para a minha casa. E também não via o Logan desde terça-feira, não que eu estivesse contando os dias, ou algo assim...

Talvez, se esse último me procurasse, eu o evitaria também como fazia com o Daniel. Quero dizer, eu até atendia os telefonemas do meu amigo e respondia as suas mensagens de texto, mas encontrá-lo pessoalmente? Isso anda não tinha acontecido.

Até porque eu andava mesmo ocupada, ainda mais com essa estranha viagem que meus pais fizeram de última hora, com a minha mãe deixando um monte de coisas do trabalho ao meu cargo. Ela disse que confiava em mim, e eu não desejava decepcioná-la.

O que até podia ser verdade, ela até podia confiar mesmo. Mas ela estava estranha demais para que eu acreditasse que esse era o único motivo. Além disso, eles tinham ido viajar para passar o fim de semana na casa dos pais do Logan. O que era, no mínimo, suspeito.

– Oi. – o Dani parecia meio sem jeito, talvez porque estivesse com um pouco de vergonha. O que eu, pelo menos, estava. Era estranho encontrar o cara que foi o nosso melhor amigo durante anos, depois da gente ter trocado saliva com ele, e saliva em grande quantidade. – Vim para a gente conversar.

– Tá bom. – acabei dizendo, dando espaço para ele passar e entrar. – Mas eu meio estou ocupada agora.

– Você sempre está ocupada ultimamente. – ele comentou. – E eu vou ser rápido.

– Daniel, não é desculpa – eu falei, embora talvez fosse uma desculpa mesmo – Minha mãe foi viajar e deixou um monte de coisas para eu resolver. E ela ainda está com o celular desligado! Agora mesmo tava resolvendo um baita pepino!

– Celular desligado? Tal mãe, tal filha então. Tô tentando te ligar desde ontem.

– Pois é, e sabe o que eu fiz ontem o dia inteiro? A gente tem uma festa de casamento hoje à noite, tava tudo programado, o bolo, os docinhos... A gente, a sócia da minha mãe e a outra mulher que ajuda na cozinha, tinha dividido bem as tarefas, porque era uma encomenda imensa, e eu detesto imprevistos! E na quinta chegaram os noivos de biscuit que eu encomendei da artesão, porque a gente só faz os de biscuit comestíveis, e eu fiz a burrice de só olhar a encomenda ontem de manhã! E você não tem noção, Dani! A noiva era tão feia que parecia uma bruxa! E o noivo tinha dentes compridos e distorcidos, como os de um vampiro! Era horrível! Daí eu liguei para a artesão, porque não fazia sentido, o trabalho dela sempre foi lindo. Tanto que eu não me preocupei em olhar antes!

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