This is Heaven ✞ [lwt & hes]

By stylespretty

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O intuito de Louis ao pisar num local sagrado não passava do simples ato de blasfemar e ouvir um discurso mui... More

if the heavens ever did speak, he is the last true mouthpiece...
shaking the wings of their terrible youths...
the angel of small death and the codeine scene...
we were born sick, you heard them say it
I was born sick, but i love it.

the only heaven i'll be sent to, is when i'm alone with you

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By stylespretty

O vento inconstante que pairava sob a primavera inglesa trazia consigo flores das mais variadas tonalidades para a visão, uma fragrância suavemente adocicada ao olfato, serenidade ao entardecer de um dia com diversos tons pastéis pincelados no céu e bebidas açucaradas que aquecem seus órgãos internos. Talvez o perfume exclusivo da paz era essa singela combinação de elementos. Enquanto desfrutava do clima ameno de sua estação predileta do ano, Harry segurava entre seus dedos uma xícara na qual o líquido escuro exalava fumaça abstrata e um agradável cheiro de cafeína. E ao sentir a substância entrar em contato com seus vasos sanguíneos, podia sentir sua pele formigar e seu coração esquentar, como se estivesse sendo agasalhado. Nunca soube o exato motivo de sua apreciação por tal bebida, talvez fosse porque sua mãe lhe mimava desde que era pequenino com canecas de personagens apenas para o garoto tomar café, e receber assim, uma radiante criança com covinhas e olhos esverdeados verdadeiramente gratos, como se o vapor que exalava da xícara fosse o efeito de alguma poção mágica poderosa. Ria de si mesmo, pois afinal, nunca fora necessário bonecos de preço alto para sorrir verdadeiramente e saltitar exasperado, e sim, uma caneca com café.

Á sua frente estava posta também uma bíblia. A sua capa dura e cor de vinho lhe passava uma vaga sensação de autoridade. Ele folheava o livro sagrado desde que acordara, em busca de algum método de inspiração divina para o culto da noite, pois hoje era um dia de extrema importância para o garoto e o restante dos membros da igreja. O menino considerava o evento de grande importância, pois em sua crença o mesmo representava o sacrifício de Jesus realizado na cruz. O ritual não era complexo, os símbolos não iam além de nada mais que o pão e o vinho, mas remetia á quem participava o milagre que seu Deus realizara. Sendo assim, devido a sua religiosidade, o cacheado afastou muitos pensamentos para se concentrar em sua divindade e sua palavra. Pois, não é sempre que ocorre um evento de suma importância como a Santa Ceia. O único momento do dia em que não estava realizando sua pesquisa fora quando seu celular vibrou e uma notificação aparecera em seu telefone, as letras miúdas na tela do aparelho revelando uma mensagem de ninguém menos que Louis.

Um considerável período de tempo passou desde que ambos tiveram a pequena contenda, e após isso, tiveram uma aproximação genuína. Fora rápido, recíproco e surpreendente. Conclusivamente, Harry não era a definição de garoto sociável, então ele mesmo não acreditou quando se viu chamando alguém como Louis Tomlinson de amigo. Os gritos alarmantes e exagerados de Niall após o garoto contar-lhe sobre seu mais novo companheiro era um exemplo de como aquilo fugia de sua realidade monótona. Mas ao estar na presença do homem, sentia-se simplesmente leve. Tudo transmuda em sutileza, sua companhia continha a suavidade da brisa do campo, mas a intensidade de uma tempestade que atinge uma cidade grande. Desconsiderava ao máximo as borboletas inquietas que rodeavam desgovernadamente o seu estômago toda vez que um sorriso com dentes perfeitamente alinhados e olhos que espreita diversas sensações num tom azul como a cor do mar eram direcionados unicamente para si, mas não podia negar a forma como seu coração se expandia sempre que estava junto da presença do outro.

Quando encontravam-se, o cacheado evitava falar sobre alguns assuntos para evitar confrontos, incluindo a Igreja e a posição de Louis perante a mesma. Harry não sabia o que acontecera para o homem vê-la numa perspectiva tão duramente gélida, mas não gostaria que isso viesse á tona por enquanto, pois sabia que não teria um término positivo. As suas bochechas avermelhadas, sua risada contida sempre que o mais velho lançava alguma piada boba sobre seus cachos e seus olhos como duas esmeraldas que por vezes, observava cada mísero detalhe de Louis e se tornavam brilhantes e reluzentes... Já era mais do que o suficiente.

E após ler e responder a mensagem, não pôde evitar que a conversa se prolongasse, pois estranhamente, o mais velho fazia com que horas se transformassem em nanosegundos, como se o relógio voasse. Era estranho, mas as cócegas que isso causava nas entranhas de Harry eram extremamente agradáveis. Conversaram sobre muita coisa, incluindo a Santa Ceia. O cacheado não queria invadir o espaço do outro, mas as idas de Louis à igreja tornaram-se frequentes, fazendo com que até os líderes começassem a notar sua presença, dando breves cortesias ao mesmo. Portanto, Harry não tardou a questiona-lo. Seria um prazer ver o homem no evento da Igreja ao anoitecer.

E felizmente, Louis presenciaria o ritual. No início dava indícios de que gostaria de permanecer em casa, mas bastou uma leve insistência da parte de Harry e o homem concordara rapidamente. Ele não beberia do vinho e não comeria do pão, mas poderia auxiliar os membros da Igreja e até mesmo aprender um pouco sobre o sistema e o funcionamento da instituição. O coração do cacheado se expandiu de felicidade ao saber que Louis iria. Flexionou suas juntas e mordeu seu lábio inferior ao lembrar da radiação que paira sob o ar quando ambos estão lado a lado. Estando na Igreja, não era diferente. Aliás, parecia que ao estar no local sagrado, a radiação subia níveis extremos de perigo. Era apenas complexo. Muito e irrevogavelmente complexo.

Mas não deixaria que qualquer pensamento sujo e impuro lhe invadisse a mente neste dia. Seus lábios pairaram a beira de sua caneca, bebericando um pouco do líquido, dando um longo gole e sentindo o sabor forte invadir seu paladar, abrindo sua Bíblia e voltando agilmente a folhear o Novo Testamento, a procura de inspiração.

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- Tomlinson, você é simplesmente inacreditável.

Zayn murmurou preguiçosamente ao observar o semblante distante do mais velho após finalizar sua conversa com Harry no aparelho celular. Louis mantinha um sorriso mínimo porém presunçoso delineando seus lábios, suas sobrancelhas arqueadas enquanto lia debilmente as últimas mensagens que havia trocado com o garoto. Seus planos para o dia cinzento não passavam de permanecer embaixo das cobertas assistindo uma maratona de filmes de ficção científica com Zayn, mas repentinamente, surgiram planos. Planos que envolviam um ser divino que no dia a dia nomeava-se por Harry. Não podia negar que deixar a maratona de filmes de lado para ir a Santa Ceia não era algo de seu feitio, na verdade, enchia seu peito para pronunciar que era um mero súdito dos pedidos do cacheado. Não faria mal ir a um evento religioso se o garoto estivesse junto a ele. É sempre muito interessante observar os olhos esverdeados diretamente ligados ao púlpito, as bochechas claras que se tornavam rosadas por míseras ações e palavras, os dedos que não deixavam por um minuto de apertar apreensivamente a sua carne pálida. Louis não ia à Igreja para cultuar a Deus, e sim, para cultuar o humano que continha olhos tão brilhantes quanto o iluminar de criaturas angelicais. Não se importava do quão blasfemo isso soava, pois era a mais pura verdade.

- Mais uma ida à Igreja por ele não é nada e sabe disso, Zayn. Já é óbvio que por ele eu marcharia nas brasas do submundo ao lado de diversas criaturas das trevas. Bom, de qualquer forma, estou acostumado a andar com você, não seria nada demais a ter que aturar. - Louis proferiu com um cigarro pendendo ociosamente entre seus lábios enquanto revirava as peças de roupas contidas no armário. Zayn revirou seus olhos e suspirou audivelmente, erguendo seu dedo médio em direção ao mais velho, apreciando o odor da nicotina permear o local.

- Você só... Porra, Louis. Tenha um pouco de juízo nessa sua cabeça. Não que eu não concorde que vocês dois juntos formem um casal realmente bonito, mas esse garoto... Ele meio que pode lhe machucar. Não por culpa dele, e sim por tudo que colocaram na cabeça dele. Sabe o que ditavam para nós sobre ser certo e errado? Ditam para ele também. E eu definitivamente não quero que você saia quebrado por isto.

O mais velho observou seu amigo, notando que seus olhos beiravam a escuridão infinita; algo que acontecia quando suas palavras eram verdadeiramente severas. Aproximou-se do moreno, pondo sua mão sob seu ombro musculoso e apertando levemente sua pele bronzeada. Seus traços logo se tornaram mais serenos, suas linhas de expressão deixando de ser aparentes. Louis entendia o lado do garoto, era até mesmo agradecido por isto. Não esperava mais de seu melhor amigo, a relação protetora fora solidificada com o passar dos anos e sabia que dificilmente algo a romperia. Levou o cigarro que permanecia entre seus dedos aos lábios entreabertos do mais novo, que apenas deixou-se ser conduzido, dando uma longa tragada na substância que metaforicamente nomeava como o medo. O medo que rodeava traiçoeiramente a sua mente, lhe deixando apreensivo até mesmo sobre a situação romântica de seu melhor amigo. Podia soar patético, mas sempre fora ansioso sobre tudo, e com seus amigos não tinha diferencial algum.

- Zayn, eu não sei explicar. Eu simplesmente sinto que essa situação toda, por mais complexa que pareça, no final se transformará em algo belo e certo. Você me conhece, sim? Não vou deixar que isso quebre o meu coração revestido de ferro. Eu prometo! - Louis sorriu e o moreno não pôde deixar de lhe acompanhar, lançando um sorriso descrente ao amigo. - E você é sempre amável ao tentar fazer com que eu não me meta em apuros.

- Eu sempre salvaria você, Louis. - Zayn disse, repuxando seus lábios em um biquinho adorável feito uma criança. O mais velho sorriu, bagunçando os cabelos pretos do moreno e abraçando a lateral de seu corpo, estalando um leve beijo em sua testa em sinal de afeto.

- Ah! E não podemos deixar de lembrar que você conheceu o seu querido Niall por causa de mim. Harry foi o culpido de cachos dourados e eu fui a flecha que foi atirada nas nádegas do lourinho. Me agradeça por isto. – Louis piscou, tragando seu cigarro e ignorando a forma de como sua metáfora saíra comicamente excêntrica.

- Harry sequer sabe que converso com o melhor amigo dele. E do jeito que o seu anjo é, não pode saber tão cedo. Niall me disse que ele as vezes é fanático, sabe, com essas coisas de Jesus e suas leis. - Zayn murmurou enquanto sua mente voava ao pensar no louro que havia conhecido. Sua risada era alta e seu sorriso contagiante, seu sotaque irlandês pronunciado de forma única e adorável, sua simpatia natural que conquistava a todos, seus simples atos que o faziam ser verdadeiro. O moreno não tardou a se encantar pelos cabelos dourados e esvoaçantes e ao seu riso leve que podia ser comparado aos dias de verão...

- Sei como lidar com o meu anjo, obrigado. E você também está parecendo um tolo apaixonado, Zayn. Aposto que está pensando no sorriso dele, com essa expressão de imbecil estampada no rosto.

- O único palerma aqui é você, querido. - O moreno rebateu instantaneamente revirando seus olhos e murmurou algumas palavras chulas ao ouvir a risada sarcástica de Louis, sentindo a fumaça excessiva do cigarro se chocar contra sua face.

- Agora, doçura, vamos deixar de intrigas e sentimentalismo. O meu estilista tem um trabalho especial para realizar hoje. - Louis pronunciou, levando seu dedo indicador aos lábios entreabertos de Zayn ao perceber que o garoto numa atitude impulsiva já iria lhe questionar. Seu sorriso esboçado carregava malicia, juntamente uma longa tragada em seu cigarro fora realizada, a névoa predominante no local deixando a visão de ambos levemente embaçada. Louis amassou o cigarro no cinzeiro reluzente de prata, observando a fumaça abstrata voar pelos ares. - E a sua tarefa, meu caro Watson, é fazer com que minha beleza estonteantemente ordinária se destaque mais do que o costume. Não quero que demore.

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Harry permanecia com suas pálpebras fechadas enquanto murmúrios de sua prece eram realizados. O culto começara como de costume, uma oração sendo conduzida pelo pastor enquanto os fiéis pronunciavam seus dizeres em um tom baixo. O garoto envolvia seu crucifixo entre seus dedos, rezando para que o evento trouxesse um desenrolar triunfante. Havia se preparado semanas para esse único dia. Escolhera um terno com um tom azul escuro específico, a oposição de tons da pele pálida de seu rosto com a cor da roupa que usava era um conceito incrivelmente interessante. Sua cintura esguia e suas pernas longas eram delineadas elegantemente, seus cachos negros - que estavam crescendo numa proporção surpreendente - estavam jogados para o lado juntamente com sua franja e seus lábios avermelhados eram apreensivamente mordiscados, o gosto metálico de sangue envolvendo seu paladar revelando a excitação que um evento daqueles lhe causava.

Sua ansiedade não tinha hora ou sequer local para se manifestar. As possibilidades que ocorriam em sua psique eram infinitas, uma linha tênue entre o bem e o mal, um martelar incessante e incômodo em seu crânio. Gostava de definir essa sensação como um quarto vazio, silencioso, espaçoso e com paredes e móveis brancos. A sensação que a cor em excesso lhe passava era desespero. Uma aflição contínua que o local com coloração nívea causa, como se o prendesse numa rede de pensamentos e a porta do quarto estivesse trancafiada a sete chaves, o impossibilitando de sair, fazendo com que tenha que lidar com inúmeras ideias que percorrem sua mente numa velocidade desumana.

Depositou uma grande quantidade de força ao apertar seu crucifixo, respirando e expirando fundo; do jeito que sua mãe sempre lhe instruía a fazer quando estava a ponto de ter uma crise. O garoto sempre soube que sua mãe se importava com isso e com as consequências que poderia causar, já seu pai sempre murmurava que se não houvesse demônios em sua mente, não haveria problemas. Esse foi mais um dos motivos para ela deixa-lo... papai era, por vezes, ortodoxo demais. O menino balançou negativamente sua cabeça e tentou manter sua concentração no modo que sua respiração se encontrava. Após alguns segundos, o ar fluía com mais facilidade após realizar o que lhe fora instruído, mas algo - mais precisamente, alguém - simplesmente fez com que o pouco oxigênio que havia conquistado desaparecesse de seus pulmões em questão de segundos.

Seu corpo estava paralisado e o seu coração começou a pulsar num ritmo rápido e feroz. Não sabia como reagir, sua boca se abriu inconscientemente de imediato e seu lábio inferior nunca fora maltratado e mordiscado com tanta veemência como naquele instante só por ter a simples visão de Louis entre as grandes portas. Seus olhos acompanhavam o ser extraordinariamente belo entrar na Igreja, com sua posição dominante, - que nunca mostrou-se tão presente - e seu olhar tão intenso quanto a escuridão da meia-noite. O homem sempre fora profundo e pertencente de uma beleza majestosa, Harry sabia disso. Mas ao vê-lo com seus olhos azuis emanando raios capazes de dilacerar almas, com seu corpo coberto por um terno preto que contornava perfeitamente os seus músculos magros, com seu maxilar duro e bem marcado, o semblante impassível, as madeixas castanhas e desordenadas que realçava sua jovialidade e a sua barba rala que lhe dava a aparência de ser mais velho... A intensidade triplicou de tamanho.

O homem encaminhou-se até onde se encontrava o cacheado, o ambiente silencioso sendo preenchido com o som alto e insistente de seus sapatos batendo no piso amadeirado, o que causara olhares curiosos em direção ao punk. Harry permanecia intacto, pressionando o crucifixo com extrema força entre seus dedos enquanto observava o mais velho vindo em sua direção e se posicionando ali do seu lado, com um sorriso de canto repuxado em seus lábios finos e seus olhos azulados semicerrados postos no cacheado. Harry sentia suas bochechas queimando, sentia-se tão desarmado e indefeso ao vê-lo ao seu lado, era inexplicável os inúmeros efeitos que a presença de Louis ao seu lado lhe causava. Estar junto a ele era a mesma coisa que uma peça de teatro que não se tinha ensaios, onde é necessário adaptar-se a situação e viver intensamente cada emoção. O desenvolvimento do culto diria se a peça poderia fechar as cortinas e finalizar com centenas de aplausos eufóricos.

- Olá, Hazz. Não sabia que seus cachos cresciam tão rapidamente. Você está divino. - Louis suavizou suas linhas faciais, envolvendo um dos fios ondulados e graciosamente modelados do menino em seu dedo, enrolando e o soltando. E Harry pensou que poderia desmaiar.

O toque repentino, seu cheiro inebriante, o apelido que saira de forma tão natural e doce, a voz dele que atingiu seu pavilhão auditivo e remexeu todos os órgãos de seu corpo... Segundo estudos de alguns neurocientistas, as borboletas no estômago seriam os estímulos neurológicos que recebemos através da visão, as borboletas no estômago que acometem o órgão digestivo de um ser humano voam desordenadas quando o cérebro recebe a imagem de uma pessoa pela qual você sente paixão. Harry negava qualquer emoção em relação a ele, mas com as centenas de asas batendo deliberadamente dentro de suas entranhas... Era difícil reafirmar que não havia nenhuma lasquinha ou algum resquício de sentimentos.

- O-obrigado. Você está... - Harry não conseguiu pronunciar mais nenhuma palavra, pois estava com seus sentidos afetados e sua mente estava abobalhada. Um sorriso grande fora desenhado nos lábios de Louis, com direito a charmosas ruguinhas no canto dos olhos, e o cacheado pensou que sua pressão poderia abaixar drasticamente e seu corpo se desmanchar a qualquer momento. O garoto apenas sentiu suas bochechas estupidamente quentes e retribuiu o sorriso na mesma proporção - radiante e com covinhas adoravelmente saltadas - e ambos se assentaram no banco como os outros membros da igreja fizeram ao término da oração inicial.

O culto ocorria normalmente. O pastor dava seu sermão baseado na parábola do filho pródigo, a Bíblia de Harry estava mantida sob suas coxas, aberta no evangelho de Lucas. O pregador alertava aos jovens sobre os perigos que o mundo pode lhe oferecer. Eles sempre gostaram de falar sobre e como os jovens devem agir, na verdade. A mão de Louis por vezes tocava a de Harry, uma onda de eletricidade atingia o corpo do mais novo e o levava ao devaneio toda vez que os dedos do outro por acaso se chocavam com os seus. O cacheado achou interessante como as veias azuladas de Louis se destacavam e saltavam em sua pele. O homem tinha as mãos fortes, também. Assim que chegara em casa no dia em que o mais velho apertara suas coxas, seus glóbulos oculares por pouco não saltaram para fora ao ver marcas vermelhas de dedos em sua epiderme. No dia, não havia notado que havia tanta força depositada no toque que recebia. Harry também tentou ignorar o quanto havia gostado de observar a impressão dos dígitos em sua pele branca.

Harry balançou negativamente sua cabeça, retornando de seu longo devaneio e dando a devida atenção ao sermão. Já Louis tentava se distrair com qualquer coisa. Quantas vezes já ouvira sobre esta palavra em sua antiga Igreja? Inúmeras. Já sabia o desfecho da história que o pregador com gritos estridentes contava. Era cansativo; seus ouvidos doíam com os ruídos junto dos ecos que se formavam a cada frase proferida. Suas mãos estavam entrelaçadas enquanto observava as pessoas no local. Nunca o fez devidamente, apenas com os líderes. Assim que os membros com um alto posto observaram as idas frequentes do homem ao templo cristão, não tardaram em lhe dar boas-vindas e fazer alguns questionamentos. Perguntaram ao menino sobre seu propósito, vida e familia, sobre seu modo de enxergar as coisas e o que exatamente fora procurar naquele exato lugar. Os homens eram mansos e corteses, disseram que gostariam de ajudar o punk e que o mesmo era bem-vindo ali. Seus olhares atravessados para as diversas tatuagens do menino diziam o contrário, mas Louis tentou ignorar isso, resolvendo dar o seu melhor espetáculo.

Se era uma explicação que eles queriam, iriam ter. E realmente, obtiveram isto.

"Tudo começou quando eu resolvi que não queria ser uma pessoa má e insolente. A questão é que meus pais traficantes me odeiam pelo modo como eu os envergonhei a vida toda. Um maldito santinho. Então, me vi no mundo das drogas potentes graças a eles. O fumo em excesso e a bebida definharam o meu exterior e o meu interior, me vi numa rede de problemas da qual estava impossibilitado de escapar. Meus pais queriam que eu os ajudasse com o sustento sujo de dinheiro deles, nunca compreenderam o meu estado emocional diante de toda aquela situação, e nunca quiseram entender. Mas logo vi que estava afundando cada vez mais e então, resolvi procurar a Deus, que no caso, mostrou-se puro e branco, mais que angelical. Ele falou comigo, pastor. Pude ouvir a voz doce e grossa dele, e é como o ressonar dos pássaros ao amanhecer de tão bela. Deus é tremendamente maravilhoso, e ele também me disse que todo amor é para sempre. Imagino que seus olhos devam ser verdes como a grama mais pura que existe, que só contém belas flores com odores singelos. Eu amo a Deus e quero permanecer junto a ele. Na Igreja, no quarto, na sala de estar, independente de onde estiver, quero estar com ele. Quero estar ouvindo o som de sua voz, quero estar imaginando como é o seu toque, quero estar com a psique dominada por ele. Pregando o amor do jeito que ele anda me ensinando a fazer."

Louis lembrou-se do seu discurso que envolvera um tom amargurado e uma atuação com drama de sobra, e dos olhos abertos de espanto e desespero dos dois pastores ao ouvi-lo. E o rapaz percebeu que venceu o jogo sem precisar de esforços adicionais quando os homens começaram a lhe bajular de todas as formas possíveis, o tratando como se fosse uma espécie de anjo que desceu dos céus e estava ali em forma humana, o convidando para todos os eventos da Igreja e chegando até mesmo a oferecer ajuda com custos e afins. Seu poder persuasivo era grande. Ele pode ter sido exageradamente drástico e até mesmo intenso e caluniador em suas palavras, mas não se arrependia. Sempre orgulhou-se de sua personalidade persuasiva e sua lábia para conversas. Após isso, houveram mais algumas conversas, que claro, incluíam omissões de detalhes, mas fora o bastante para os líderes se encantarem com a nem tão falsa personalidade que Louis criara. Pois o que a aproximação com os líderes lhe proporcionaria seria inimaginável.

Imaginava se o mais novo tivesse o conhecimento de que essas ações que poderiam ser consideradas uma maluquice completa eram única e exclusivamente para ele. Seria de um espanto total, pois a ingenuidade do menino é tão singular e imensamente doce. Mas quando o mais velho pronunciou que caminharia sobre brasas com demônios ao seu lado no submundo por ele, não estava blefando. Era capaz de realizar uma jornada cósmica e saltar num buraco negro para ver se o negrume fosse um portal que lhe levaria diretamente para o jardim do Éden apenas para ver a felicidade estampada no sorriso radiante de Harry ao saber da descoberta.Talvez ele vá um pouco longe quando se trata de metáforas, mas aquilo não era nada próximo as insanidades que poderia realizar para ver os dentes levemente entortados, os olhos brilhantes como o raiar do Sol e as bochechas rosadas devido ao constrangimento. Talvez o sentimento fosse algo complexo demais, já que realmente não conhecia o menino a muito tempo. Talvez fosse de fato apressado e uma desordem a mais em sua vida. Mas estranhamente, não se importava. A intensidade da relação é como um campo de batalha, onde quem não aguenta as diversidades não permanece na luta. E ele permaneceria nessa cena mortal.

O ritual teria seu início em poucos minutos e dificilmente Harry seria capaz de estar mais apreensivo. Suas unhas eram ferozmente roídas, suas pernas movimentavam-se irritantemente e seus olhos captavam qualquer movimento brusco dos líderes que se encontravam na altura do púlpito, quatro cadeiras decorativas especificamente postas ali para os homens que controlavam o local sagrado; a qualquer momento poderia um desses homens descer e lhe chamar. O garoto ficara encarregado com a responsabilidade de entregar o pão e o vinho para os membros que participam da Santa Ceia. Essa seria a segunda vez do ano que o faria, mas sua excitação para tal tarefa - por mais ínfima que seja - era perceptível como na primeira vez que a realizou. Sentia-se orgulhoso por o consagrarem a isso novamente, e por esse motivo, era vital que tudo ocorresse na mais perfeita harmonia.

Alguns minutos se passaram vagarosamente, e assim que o pregador comunicou estar se encaminhando para o término do sermão, o cacheado observou o evangelista posto em um dos assentos cochichar algo com o homem do seu lado, logo levantando-se silenciosamente de seu lugar, descendo dali e dirigindo-se ao banco onde estava sentado o menino. O pulsamento frenético de seu coração voltara e seu lábio inferior sofria danos pelos seus dentes que envolviam a carne amaciada. A medida em que o homem chegava mais perto, seu peito batia mais rapidamente. Harry apenas respirou e expirou fundo ao ver o homem pousar ali do seu lado; os cabelos tão negros quanto a barba que moldava seu rosto causando um belo contraste com sua pele branca, o terno que contornava perfeitamente o seu corpo másculo e um sorriso repuxado em seus lábios que apesar de não muito evidente, mostrava-se também confiante.

- Você está pronto, Harry? - Pastor Winston proferiu, observando os olhos esverdeados carregados de emoções diversas. Harry lançou-lhe um sorriso inseguro como resposta, olhando para baixo, sentindo seus cachos caindo sob a sua testa enquanto corava ardilosamente. Os olhos escuros do líder estavam fixados no menino que apenas respondeu com um sinal positivo com a cabeça e respirou fundo. O homem deu uma risada baixa que emanava certo sentimento de descrença, seu timbre de voz grosso fazendo-se presente. - Acalme-se, anjo. Eu sei que você irá se sair bem, como sempre faz.

Ben sorriu afetuosamente ao menino, que corou mais ainda e murmurou algo positivo, pronto para fixar os seus pés firmemente no chão e levantar-se, mas sendo impedido por Louis, que segurou em seu pulso com extrema força e o observou com uma sobrancelha arqueada e os braços cruzados. Os olhos de Harry foram de encontro aos músculos do mais velho que pareciam maiores pelo terno escuro que desenhavam suas coxas perfeitamente... mas imediatamente foi tirado de seu breve devaneio, olhando para o pastor Winston que lhes observava sem demonstrar muito interesse.

- Eu irei pegar o pão e o vinho para servir na Santa Ceia. Não vou demorar, sim?

- Espero que não demore mesmo, anjo.

Sentiu o olhar intenso de Louis perpassar por ele e para o homem ao seu lado após a frase proferida num tom levemente mais rouco que costumava ser, mas acenou com a cabeça e lhe lançou uma piscadela, voltando a fixar seus olhos no púlpito. Harry respirou e expirou profundamente, sorriu para o líder e logo o homem começou a lhe conduzir para fora da Igreja. Suas orbes percorreram todos os humanos que se faziam presente ali, e assim que permeou as portas e sentiu a brisa suave atingir sua face e esvoaçar seus cachos, sua respiração passou a ser instantaneamente mais controlada. Seguiu o homem até a pequena sala atrás do local onde se encontravam os preparatórios para o ritual.

- Pastor Winston, o senhor acha que vou conseguir? - Harry questionou ao homem ao seu lado. Sabia que soava abobalhado e inseguro, mas naquele momento não se importava com isso.

- Você sempre consegue. - O homem parou ao que chegaram na porta de cor escura que estava trancafiada. Procurou a que destrancava a abertura nas chaves douradas que tintilavam irritantemente uma nas outras, encontrando-a e destrancando apressadamente a porta. Harry levou sua mão até a maçaneta para gira-la, mas foi impedido pelas mãos grandes e fortes que sobrepuseram a sua, o impedindo de rodar o objeto. O cacheado notou que os olhos de Ben o observavam com um brilho ocioso e incomum, seu cheiro agradável de colônia masculina pairando sob o local. Abaixou a cabeça passivamente ao sentir um olhar tão fixo em si, e instantaneamente sentiu suas bochechas queimando vigorosamente. Ao erguer novamente seus olhos, o homem afrouxou o aperto em suas mãos na maçaneta e levou uma delas aos cachos do mais novo, ondulando-o e o soltando, assim como Louis fizera na Igreja. Lançou um sorriso ao pequeno menino na sua frente e bagunçou seus belos cachos. - E não é necessário que me chame de Winston, Hazz. Sou como seu tio, sim? Me chame de Ben.

O menino não teve a capacidade necessária para que seus lábios sequer balbuciassem uma confirmação. Sentia-se totalmente perdido pelos pensamentos que rodeavam sua mente, principalmente quando envolviam o seu pastor que acompanhou toda a sua adolescência passar. Céus, aquilo era tão sujo. Ben continuava o olhando, provavelmente esperando alguma resposta. Nunca vira nenhum sentimento a mais além de afeição, mas agora enxergava. Sua mente estava inundada por indecências, o Diabo queria pregar peças logo no dia que ocorreria o ritual. Harry trincou seus dentes em seu lábio inferior e deu uma risada um tanto quanto receosa ao pastor.

- S-sim, pastor Ben. Obrigado. - O garoto gaguejou, girando a maçaneta enquanto sorria para o homem ao seu lado, que suspirou e retribuiu o sorriso, encaixando sua mão na costa do mais novo e pressionando levemente seus dedos no local. Sempre fora um hábito de Ben fazer isto. Era reconfortante; suas mãos eram grandes e cobriam boa parte da região de sua pele, causando uma sensação aconchegante.

- Vou ir lá dentro pegar uma coisa que esqueci. Se quiser, pode ir entrando e aprontando o necessário. Sabe onde as coisas ficam. Logo estou de volta.

Harry acenou positivamente com a cabeça e entrou no pequeno cômodo. As paredes escuras eram tingidas num tom vermelho-vinho, a sala era decorada por alguns quadros antigos teocêntricos, que como verdadeiro amante da arte, Harry sempre suspirava de prazer ao observar. Apesar de pequeno, o local tinha um ar de nobreza e elegância. Havia também uma prateleira alta da cor de bronze onde haviam alguns objetos que o menino julgava ser sagrados, pois as ferramentas necessárias para a realização da Santa Ceia encontravam-se ali. O cálice juntamente com o pão, que parecia muito saboroso, recém feito e com um cheiro incrivelmente agradável. E ao lado do alimento se encontrava o vinho, uma garrafa que parecia estar sendo guardada a um longo período de tempo ali. Além dos objetos para o ritual havia também alguns frascos pequenos de óleo para unção, crucifixos, livros grossos e uma única Bíblia.

Com cuidado, o menino pegou em suas mãos o cálice e o depositou na mesa que tinha como função preparar o ritual. Ele já sabia cada passo pois já havia o feito. Pegou o pão com leveza em seus dedos, sentindo o frescor alimentício atingir suas narinas e seu estômago roncar. Riu vergonhosamente de si mesmo e pegou por último o vinho, colocando-o na mesa ao lado do pão. Ele parou em frente a mesa e observou, se perguntando se esperava o Pastor Ben ou já realizava os preparativos. Suspirou e virou-se, se concentrando em observar o crucifixo pregado na parede. A feição de Jesus, as formas de tortura, o modelo, até mesmo a coloração. A religiosidade lhe chamava atenção de uma forma fascinante.

Seu pensamento fora tão longe que deu um sobressalto ao ouvir o som da maçaneta girar e o rugido da porta se abrindo. Virou-se aliviado por não estar mais só ali, mas sua expressão mudou de calmaria para espanto em questão de nanosegundos.

Não fora Pastor Ben que permeou as as portas.

- O q-que você está fazendo aqui, Louis?

O mais velho esboçou um sorriso fraco, fechando as portas e se encaminhando em direção ao mais novo. Analisou a estética da sala com a iluminação escura, os quadros excêntricos pendurados na parede cor de vinho e os objetos religiosos na prateleira. Mórbido seria a definição correta para aquela maldita sala nos fundos da Igreja. Se o homem tivesse o desejo de esfaquear, matar e desovar alguma pessoa, já tinha um lugar para fazê-lo. Era realmente assustador, o idealismo de um assassino em série. O quão macabro e artístico seria nas manchetes dos jornais as notícias que informavam sobre os seres humanos brutalmente violentados e assassinados na sala dos fundos de uma igreja? A pintura da arte seria as pinceladas de sangue que pintariam o chão, Jesus em seu crucifixo pendurado na parede, observando o assassinato, seria a testemunha. Aquilo era um tanto quanto amedrontador, porém proporcionalmente magnífico.

- Que lugar... excêntrico. - Louis murmurou para si mesmo, voando em seus pensamentos mórbidos, mas logo lembrando-se que não estava sozinho no local. - Então, o Pastor Winston me pediu para te fazer companhia e lhe ajudar a realizar os procedimentos. Me disse que você estava nervoso e isso estava te deixando desconcentrado, vim apenas checar. Como você está se sentindo, meu anjo?

- Não, eu não estou nervoso! Louis, me desculpe, mas com você aqui é capaz que eu fique verdadeiramente desconcentrado. - O garoto disse engolindo em seco, seu coração começando a bater num ritmo descompassado. Não era nada reconfortante ter o rapaz ali naquele momento.

- Quer dizer que eu lhe deixo nervoso, anjo? - Louis começou a dar passos lentos em direção ao menino. Pegadas que formavam ecos que transmitiam nervosismo e afloravam a ansiedade do menino mais novo. Harry pôde sentir a respiração do homem se chocar contra sua nuca, deixando cada um de seus pêlos eriçados e fazendo seu corpo estremecer por inteiro. Fechou suas pálpebras enquanto sentia o cheiro inebriante masculino invadir seu olfato e lhe fazer perder os sentidos, como uma droga extremamente potente. Louis levou sua mão esquerda a lateral do corpo magro à sua frente, apertando a carne macia de sua cintura. - Me responda. - Sua voz saíra extremamente rouca, o mais novo só conseguia permanecer em pé porque o homem sustentava seu peso com a mão forte que o segurava, pois seu corpo poderia cair e desmanchar a qualquer instante.

- S-sim. - O menino respondeu de forma passiva num fio de voz, não tendo coragem para dizer algo a mais ou realizar qualquer que fosse o movimento. Louis sorriu tendo o garoto totalmente indefeso, fraco e despreparado à sua frente. A ingenuidade de Harry era encantadora. O mais velho sempre fora um homem com uma personalidade dominante, almejava controlar tudo e todos à sua volta, portanto, tal submissão o excitava de forma única.

- Interessante. - Louis sussurrou, com suas íris vidradas na pele pálida do pescoço do garoto a sua frente. Parecendo tão saborosa e simplesmente sensível ao mais mísero toque... Respirou fundo, cravando seus dedos na cintura do garoto com força e afastando-se, lutando contra a sua fera predadora interior para manter o pouco do auto-controle que ainda restava. Harry segurou na mesa para se apoiar, pois suas pernas fraquejavam e seu corpo parecia ter esquecido como era o processo de permanecer de pé.

- A crucificação é tão interessante, não? - Louis disse observando o crucifixo pendurado na parede, desviando seu olhar do menino.

- Um gosto excêntrico, eu diria. - Harry murmurou enquanto tentava manter sua respiração no mínimo controlada.

- Você está pendurado sendo maldosamente torturado, tendo seu corpo difamado e passando por uma tremenda humilhação, ouvindo murmúrios terríveis e sujos. Isso é como uma peça de teatro. - O mais velho divagou.

Harry suspirou fundo enquanto sua mente projetava tal cena. Olhou para Louis que observava atento ao objeto pendurado, com seus olhos azuis acizentados analisando os detalhes, seus dedos perpassando pelo seus lábios finos, seu maxilar duro e bem marcado indicando concentração. Louis era lindo. Era inevitável não notar e enaltecer tamanha beleza.

- E o vinho. Tão simbólico, não? - O homem deu um mínimo sorriso, pegando com cautela em suas mãos a garrafa visivelmente antiga, sentindo o aroma forte e levemente adocicado invadindo seus olfatos. Côte de beaune, um elegante vinho francês. Arqueou uma sobrancelha e levou a garrafa em direção as narinas do mais jovem, que apenas observou-a e permitiu ter seus sentidos bagunçados e remexidos apenas pelo cheiro embriagante da bebida a sua frente. Sentia o poder dos olhos do mais velho em si, ergueu suas orbes esverdeadas e passou a olhar para o homem com tal intensidade. Oh, essa intensidade capaz de selar os portões do inferno e abrigar almas perdidas para toda eternidade. Era tão único.

Louis pegou algo e de repente abriu a garrafa de vinho, Harry ficara paralisado com tamanha imprudência, mas antes de soltar algum sermão pela atitude incorreta do homem, sentiu o dedo indicador dele em seus lábios, o impedindo de soltar qualquer murmúrio ou lamentação. Na verdade, mal podia respirar, de tão nervoso que se encontrava.

– O vinho tem um grande significado, seria rude de minha parte não experimentar pelo menos um pouco deste líquido que grita para ser apreciado, não é, anjo? - Louis sussurrou próximo ao ouvido do garoto, que sentiu cada pêlo de seu corpo eriçado por tais palavras. Harry engoliu em seco, preferindo não pronunciar-se. O homem cheirou novamente o líquido que continha no recipiente, seus lábios pairaram perigosamente a boca da garrafa, sem delongas dando um longo gole da substância escura. O menino não sabia que atitude tomar quando o rapaz mais velho lhe ofereceu a garrafa. Deveria dizer não! Aquilo era simplesmente uma blasfêmia. Mas aquele odor que atingia seu olfato o deixava sem consciência do que era moral e imoral. Sua cabeça estava girando em torno de tantas possibilidades...

Oh baby, não se preocupe. Apenas deixe-me te guiar.

Harry não pronunciou uma palavra sequer, apenas deixou seus lábios vermelhos, brilhantes entreabertos suscetíveis aos desejos do homem. Os olhos escurecidos de Louis continham um perigoso cintilar quando posicionou a garrafa entre os lábios do menino e a virou, deixando o vinho deslizar dentro dele. O mais novo fechou seus olhos, enquanto saboreava o líquido que descia queimando as paredes de sua garganta, deixando um rastro adocicado em seu paladar. Era uma sensação extremamente boa, que deixava seu corpo em chamas.

Louis parou e observou a cena à sua frente. O garoto com seus olhos esverdeados num tom escurecido, tal coloração que nunca havia visto antes. Era como se toda a sua inocência estivesse sendo coberta por camadas do mais profundo desejo, dando espaço ao escuro, ao mistério, ao anoitecer. As belas maçãs de seu rosto pálido e delicado rosadas, seus cachos negros caindo sob sua testa, formando ondas mais belas que a de qualquer mar do Caribe. A beleza daquele garoto era inacreditável. O mais velho deslizou seus dedos as bochechas do menino, trilhando um caminho de seu maxilar até seu queixo, chegando em seus lábios vermelhos e cheios, perpassando seu dedão no lábio inferior do menino. Estavam brilhantes, mais vermelhos que o habitual devido ao líquido de cor escura que o menino havia provado. Estavam... irresistíveis.

O coração de Harry disparava velozmente, o desejo crescente em seu corpo lutando com o garoto puro e inocente que não poderia de nenhuma forma ser tocado. O desejo o empurrava, o impulsionava, seu corpo clamava por isso. O toque dos dedos grossos de Louis o estava deixando sem saber o que fazer, não conseguia pensar em fazer mais nada além disso.
O mais velho sentiu os dedos trêmulos de Harry afastarem os seus, e repentinamente, o garoto selou seus lábios. Numa fração de segundos, ambos sentiram tudo a sua volta parar. O local e a situação já não era algo importante, a única coisa que realmente tinha relevância era os seus lábios desta forma; unidos.

Louis aprofundou o beijo, e Harry concedeu todo o espaço. A língua do mais velho se movia lentamente junto com a do outro, numa dança perfeitamente sincronizada, onde o homem guiava o menino sem nenhuma imperfeição, apenas com seus movimentos deliciosamente ágeis. O sabor do vinho caro persistente no paladar de ambos tornava tudo ainda mais quente. Aquilo era o verdadeiro êxtase, tal harmonia era a chave para os portões do paraíso. O mais velho tomou controle do corpo intocado colado ao seu, dominando-o, deslizando sua mão esquerda até as suas coxas fartas, apertando-as com vigor e força extrema. Oh, toca-las era sua vontade desde que vira aquele pequeno menino a sua frente, deixá-las terrivelmente marcadas e se possível, até mesmo arroxeadas. Sua mão direita estava entrelaçada nos cachos do garoto, os puxando até a raiz. Harry já não tinha nenhuma dominância sobre seu corpo, o menino sentia-se literalmente fervendo por baixo de suas vestes, seus poros transpiravam pura excitação, suas mãos acariciavam cegamente o torso de Louis, que envolveu a mão do menor e a colocou sobre seu membro.

Inicialmente, Harry se assustou. Olhou para o homem, que tinha uma expressão tomada pelo mais profundo e obscuro desejo, era nítido que estava perdido, e que Harry queria trilhar o mesmo caminho. Segurou a ereção do homem em seus dedos com força, por mais que levemente confuso, apertava-o, sentindo cada centímetro de seu pênis contornado pelo terno escuro. Notava-se que era de grande volume e grosso, as mãos do menino o massageava habilmente, parecia até mesmo saber quais pontos tocar, como se houvesse e estivesse destinado a fazer aquilo. Louis observava surpreendido cada ação e se concentrava em cada toque que o mais novo lhe fazia, o homem puxou os cachos do menino com rigidez e Harry levou sua cabeça para trás devido tal força que fora aplicada, e logo que Louis observou a pele alva e descoberta, abaixou-se e beijou o pescoço do menino. Mordiscava enquanto sua língua degustava de cada centímetro da pele que por tanto tempo almejou, seu gosto era adocicado, seu cheiro era inebriante.
Harry segurava-se para não gritar enquanto sentia o leve roçar da barba rala do mais velho em sua epiderme, sentia-se absurdamente sensível. E Louis, ao notar tal sensibilidade, não tardou a direcionar seus dedos aos mamilos do menino, que deixou um gemido esganiçado escapar de sua garganta. Os dedos do homem rodeavam-os, brincando e os apertando sem qualquer pena.

– Você mal está se aguentando, não é, baby? Como se sente, tendo seu corpo difamado dentro de um local sagrado, sendo possuído de tal forma e gemendo como uma vadia sendo que mal toquei em você? Já está tão destruído. – Louis sorriu, erguendo o corpo frágil e magro a sua frente, o fazendo sentar em seu colo de forma com que seu membro permanecesse posicionado entre as nádegas do menino. Gostaria de se livrar de todas as suas vestes, mas não era o momento. Não ainda. O homem observou o rosto do mais jovem. Suas orbes verdes estavam despidas de qualquer amarra, suas bochechas tão vermelhas quanto o seus lábios captavam toda a essência e a chama sexual que permanecia dentro de seu corpo, seu corpo naquela posição, tão belo, curvilíneo e suscetível, prontificado para ser tocado. – Oh Harry, você fica tão lindo desta forma. Eu gostaria de te levar até o pulpito e lhe foder com força na frente de todos, apenas para olharem como és a criatura mais bela que já andou sobre este mundo.

Harry movimentava-se, seu quadril remexia em busca de fricção ou o mínimo alívio que fosse possível ser concedido. Louis cravou as unhas na curva de sua cintura e guiou seus movimentos, sentia o membro endurecido abaixo de si, seu corpo aquecia a medida em que os movimentos se tornavam mais rápidos. O mais novo lamuriava, queria imediatamente ser invadido com toda força possível por Louis, ansiava ter o seu corpo dominado e destruído por ele, rebolava incessantemente em cima do homem como forma de demonstrar sua vontade. Pegou a garrafa de vinho que permanecia na mesa, dando um longo gole e beijando Louis em seguida.

Seu corpo estava num estado tão quente, simplesmente não aguentava mais estar coberto por nenhum tecido. Afastou-se para retira-lo, mas foi interrompido pelo barulho do tintilhar de chaves. Louis o empurrou bruscamente, rapidamente colocou a garrafa de vinho onde estava e ficou paralisado, assim como Harry, que mal conseguia se mexer. A porta foi aberta e Pastor Ben cantarolava alguma música enquanto olhava para o aparelho celular em suas mãos, Harry virou-se e com as mãos trêmulas, fingiu estar organizando os preparativos para a cerimônia, tentando ignorar vergonhosamente a ereção que formara no meio de suas pernas e o fato de que teria que servir a Ceia para os membros de sua Igreja estando destruído desta forma.

– Estão terminando, rapazes? – Ben pronunciou enquanto ainda olhava para a tela de seu celular. Louis olhou para Harry, esboçando um sorriso um tanto sacana em seus lábios.

– Mal começamos.

n/a notas finais

nenéns, eu ficaria feliz se vocês prestassem atenção no trechinho em que o harry fala sobre a sua ansiedade. é exatamente o que eu sinto e passar isso pro papel é reconfortante.

E bom, como o meu aviso anterior não funcionou, vou repetir. Só que agora será bem mais claro.

Se não gosta do conteúdo de This is Heaven, não leia. Vai passar dos pegas no cantinho da sala da igreja, irá ter coisa muito pior. Ou melhor, no caso. Não vou poupar esforços para incomodar o quanto for. Aviso desde já. 🌸

E ME DESCULPEM MESMO PELA DEMORA KITTENS, de verdade! esse cap deu mto trabalho e esses meses não foram fáceis pra mim, espero que vocês tenham se satisfeito do jeito que aconteceu comigo (porque honestamente, gostei muito rsrsrs) <3

larrysupernatural te amo

e gostaria de dizer também, por último mas não menos importante

WINSTYLES WILL RISE 💯💯💯

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