Sangue Real [✓]

Von TalitaPC

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Alicia Dolohov viveu a vida toda em Cérnia, um dos dez reinos de Régnes. Sua vida era comum, como a de qualqu... Mehr

Epigrafe
Prólogo
DreamCast - Parte Um
DreamCast - Parte Dois
DreamCast - Parte três
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Papo sério
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Uma espiadinha nas redes...
Capítulo 30

Capítulo 1

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Von TalitaPC


Ainda estava deitada na cama olhando fixamente para o teto. Já devia ter levantado, mas não tinha vontade, pois minha mente não parava de trabalhar desde a noite de ontem, quando cheguei em casa e encontrei tia Leila esperando, sentada no sofá da sala.

Aparentemente não teria nada de estranho, se não fosse pelo envelope azul que ela segurava nas mãos. Fiquei receosa enquanto a olhava, ainda parada na porta, mas então Leila chamou indicando que sentasse ao seu lado e explicou que aquilo era uma carta de admissão.

Eu tinha terminado o último ano do ensino médio a alguns meses e agora precisava encontrar um curso de especialização, ou faculdade. Já tinha planejado tentar em algum lugar perto, que fosse meio período e me possibilitasse trabalhar no tempo vago, podendo assim ajudar nas despesas da casa.

Entretanto, aparentemente a vida tinha outros planos, pois a carta era da Escola Real de Régnes, famosa não só pelo bom currículo de matérias e ótimos professores, mas também por ser seletiva, ou seja, só eram aceitos membros diretos da realeza como, príncipes e princesas, e indiretos como, filhos de duques, assessores e outros menos citados. Além de pouquíssimas pessoas dos dez reinos que tentavam a sorte e se candidatavam para as quinze bolsas de estudo que a Escola oferecia todos os anos.

Por isso o fato de receber a carta era estranho. Não tinha nenhuma ligação com a realeza e não me inscrevi para concorrer à bolsa, pelo simples motivo de saber que não seria aceita, afinal não tinha currículo suficiente para se interessarem.

Peguei o envelope no bidê ao lado da cama e li mais uma vez.

Não vou negar estar nervosa. Essa admissão me pegou completamente de surpresa e seria burra se não aceitasse. Mas me sentia apreensiva em ter que sair de Cérnia, o reino em que morava, e mudar para Zifuch, a capital do país, onde ficava a Escola Real.

Além disso, deixaria tia Leila sozinha. Desde sempre fomos apenas nós duas, pois minha mãe morreu durante o parto e nunca conheci meu pai. Leila disse que os dois tiveram um envolvimento rápido, uma paixão alucinante que durou pouco tempo, mas logo depois ele sumiu e então minha mãe se descobriu grávida. Não tinha muitas informações sobre quem ele poderia ser, Leila dizia que este era um assunto que minha mãe evitava e que não se sentiu no direito de pressioná-la a falar sobre, causando mais sofrimento.

Ouvi alguém bater na porta e sentei na cama enquanto Leila entrava no quarto. Ela sorria calmamente e isso automaticamente aliviou um pouco o peso em meu coração.

— Tia. — sorri.

— Vim ver como está. — sentou na beirada da cama.

— Bem, eu acho. — dei de ombros.

Leila segurou minhas mãos e as acariciou gentilmente.

Nós conversamos na noite anterior sobre os prós e contras de ir para a Escola Real. Leila disse que quando entregaram a carta, acreditou que eu tinha mesmo me inscrito para a bolsa, mas que não lhe contei por falta de coragem. Quando relatei que não sabia como havia sido escolhida, já que não me inscrevi, Leila deixou claro que do mesmo modo achava ser uma grande oportunidade e não estava errada.

— Sei que está assustada, mas não importa o que aconteça, quero que saiba que sempre vou estar aqui. — confortou-me.

A abracei com o máximo de força que conseguia. Leila tinha cuidado de mim desde que nasci, fez isso com todo amor e eu era muito grata.

— Obrigada. — beijei sua bochecha.

— Venha, o almoço está pronto. — levantou e me puxou pela mão.

Seguimos até a cozinha e ajudei arrumando a mesa. Enquanto comíamos pensava em como sentiria falta daqui durante o período em que estivesse longe.

Ainda não sabia ao certo o que isso significava de fato em minha vida. O que mudaria nesse tempo fora e como seria quando saísse da Escola. Isso causava um frio gigante no estômago, como se houvesse um buraco negro. Uma sensação completamente nova, mas que teria que aprender a lidar.

À tarde, Leila saiu para trabalhar e aproveitei para ir à casa de um dos meus melhores amigos. Queria falar com Ryan e contar sobre a carta. Ele sempre foi meu lado mais racional e precisava disso agora.

Nós nos conhecíamos desde os quatro anos, quando entrei para a Escola Primária. Ryan diz que foi 'amor à primeira vista', já que no primeiro dia de aula mordi seu braço. Porém, havia uma justificativa, ele roubou o giz de cera que eu queria e isso era mais do que motivo naquela época. Depois desse acontecimento a professora fez com que fossemos dupla durante o ano todo e assim nos tornamos bons amigos, seguindo até hoje.

— Isso é bem estranho. — Ryan comentou sentado na cadeira em frente à mesa do computador.

— Isso já conclui sozinha. — revirei os olhos e suspirei baixo.

Ele girava na cadeira enquanto eu estava deitada de costas na sua estreita cama de solteiro. Já tinha contado toda a estranha história da carta e o grande conselho de Ryan foi: Siga seu coração.

— É sério lili, — levantou e veio deitar ao meu lado — Deixe as coisas acontecerem e veja no que vai dar. — ponderou — Às vezes é bom se arriscar em algo novo... Sair da famigerada zona de conforto.

Bati nosso ombro e dei um pequeno sorriso. Esse era o tipo de coisa que Ryan falaria.

— Obrigada, — agradeci e ele negou com a cabeça — Mas e você? Quais os planos? — o encarei, interessada — Ainda a Escola de Artes Volmart?

Volmart era uma escola de artes em geral, desde dança, música, canto, interpretação, entre outras tantas coisas. Nós tínhamos pensado em quem sabe ir juntos para lá. Ryan toca mais instrumentos do que minhas duas mãos juntas podem contar. Já eu, canto razoavelmente bem, dom herdado de minha falecida mãe, e sei tocar três instrumentos, que se resumem a piano, violão e flauta.

Quando era criança, Leila me colocou em uma das aulas complementares da escola. Elas eram no período inverso ao que estudava e em três dias da semana. Isso durou cinco anos e então quando tinha catorze anos tive que parar, pois mudei de escola.

— Ainda. — confirmou — É algo que sei que sou bom e gosto de fazer.

— É, você realmente é bom. — afirmei virando na cama e encarando-o de frente.

— Isso quer dizer que temos tipo... — semicerrou os olhos enquanto pensava — Dois dias juntos?

— Sim. — suspirei baixo.

Esse foi o prazo que a Escola Real deu para que me apresentasse ao início das aulas.

— Isso pede uma reunião de despedida. — sugeriu movendo as sobrancelhas sugestivamente.

— Só que não. — neguei.

— Chata. — resmungou revirando os olhos.

Não queria uma despedida, simplesmente porque não queria ter que dizer adeus. Era idiota e ilógico já que isso seria inevitável, mas não queria tornar aquilo mais concreto do que estava sendo.

Ouvimos a campainha tocar e sorri sabendo que era Sansa. Tinha avisado que estaria na casa de Ryan e ela disse que assim que terminasse de organizar seu quarto iria nos encontrar.

Sansa entrou em minha vida também na época da escola, quando tive que fazer uma peça de teatro, devíamos ter oito ou nove anos. Nós duas fizemos o papel de árvore, sim, exatamente isso, ficamos paradas em pé, com os braços esticados durante trinta longos minutos. Então, podemos dizer que o ódio e sofrimento nos uniram. Olha que poético!

Depois disso Sansa passou a andar junto comigo e Ryan e hoje éramos tipo os 'três mosqueteiros', inseparáveis. Este até era o nome do nosso grupo de conversa no WhatsApp.

— Oi, oi, gente linda! — Sansa entrou no quarto com os braços abertos, teatralmente — Sobre o que estamos conversando?

Dei risada e sentei na cama, dando espaço para que soubéssemos nós três.

— Sobre a reunião de despedida da Alicia. — Ryan comentou.

Olhei feio em sua direção e como resposta ganhei uma piscada de um olho só, descontraída.

— Como assim? — Sansa franziu a testa.

Revirei os olhos e suspirei alto antes de começar o relato sobre a carta de admissão. Obviamente ela ficou animadíssima com a novidade e deu pulos, ainda sentada na cama, comemorando.

Acabamos conversando por um bom tempo sobre a Escola Real. Ryan deu um Google e ficou lendo notícias e matérias sobre o lugar, mas não eram muitas, pois a Escola obviamente tinha contrato de sigilo. O que é de se esperar já que a realeza está ali e precisavam manter a segurança.

Mais tarde nós decidimos assistir algum filme, então fizemos pipoca e passamos a tarde juntos, rindo e falando sobre bobagens. Iria sentir falta disso, com certeza.

Conferi se tinha colocado tudo que precisava dentro da mala e a fechei, deixando-a ao lado da cama. Viajaria amanhã de manhã e confesso que meu estômago dava um giro de 360° toda vez que pensava nisso. Peguei a carta de admissão e a guardei na bolsa que levaria comigo, deixando-a em cima da mala. Pronto, estava tudo certo e organizado.

Já era quase hora do jantar, então resolvi ir ajudar Leila com a comida. Enquanto descia a escada ouvi alguns sussurros baixos e cochichos. Será que havia visita?

— Tia? — chamei quando cheguei à sala.

— Aqui... — ouvi sua voz vindo da cozinha.

Parei na entrada ao encontrar várias pessoas me encarando sorridentes. Ryan, Sansa e os pais deles estavam na cozinha, assim como minha tia e Jeny, nossa vizinha.

— O que... — franzi a testa, confusa.

— SURPRESA! — Ryan e Sansa gritaram.

Dei risada enquanto revirava os olhos e bufava baixo. Bem a cara deles não levarem a sério quando disse que não queria uma despedida.

— Qual a parte de "não quero despedida" vocês não entenderam? — questionei olhando de um ao outro.

— E desde quando nós te escutamos? — Sansa deu um pequeno sorriso de canto.

Respirei fundo e entrei na cozinha. Primeiro os pais de Ryan vieram até mim e depois os de Sansa. Todos me abraçaram e desejaram felicidades nesse novo caminho, que agradeci enquanto retribuía. Depois foi a vez de Jeny. Sorri

recebendo seu abraço, lembrando-me de todas as vezes que fiquei na casa dela até Leila chegar do trabalho.

A pequena reunião consistia em uma mesa com bolo, alguns salgados e doces. Nós comemos e bebemos enquanto conversávamos.

Em certo momento parei e apenas observei cada uma das pessoas que estavam ali. Procurei gravar aquela cena em minha cabeça. Não sei por que exatamente, mas era como se algo dissesse que as coisas mudariam e isso fez surgir um aperto no peito, então rapidamente afastei aquele pensamento.

Pisquei algumas vezes e voltei à atenção ao momento, afinal depois do dia de hoje não sabia o que o futuro reservava. Só esperava entender melhor tudo quando chegasse à Escola, pois tinha algumas perguntas a serem respondidas.

Porque a Escola Real e porque eu? 

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