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- Até que reconheço a devoção de seu povo pela benevolência que você tem com eles, mas não entendo a fama de melhor guerreiro que lhe foi concedida tendo um coração tão mole. – Nazir soltou essas palavras na mesa enquanto comiam.
- Não confunda bondade com coração mole. Você não viu nada ainda. Não julgue.
Rurubi respondeu ao assírio e todos se entreolhavam apreensivamente enquanto comiam.
- Não vejo nada de mais em você. Realmente construiu um ótimo reino, porém, encontrei guerreiros fracos que poderiam ser derrotados facilmente.
- Discordo de você, afinal, quem está sentado aqui na mesa do trono com você sou eu e não outro, vencemos todas as nossas batalhas. – Rurubi já havia alterado um pouco o som de sua voz.
- Claro, mas conseguiu vitória com a ajuda de seu mago, eu não o conheci ainda.
- Ele está em um retiro espiritual, por isso não pôde acompanhar, dá próxima vez que vier para celebrar o noivado te garanto que ele estará presente. – O rei contornou a situação, Hermes não gostava dos assírios, não queria participar de nada em que eles estivessem envolvidos.
- Tudo bem. Agora olhe para esse garoto, o príncipe não parece ser um guerreiro, no meu reino os garotos são mais fortes e robustos.
- Não se preocupe que do meu filho cuido eu. – A irritação começou a tomar conta de Rurubi.
- O que esperar de um garoto que não está preparado? Uma bela de uma derrota na primeira batalha.
- Chega! – O rei interrompeu Nazir. – Se não quer transformar esse acordo em uma guerra, acho melhor começar a me dar o devido respeito.
- Não precisa se irritar, sei que a verdade dói.
- Você me faz rir. A verdade é que meu filho irá recuperar meu antigo reino no Vale de Arnon. Acho que ninguém foi capaz de fazer isso.
- Não precisa sacrificar seu filho. – Nazir pareceu surpreso. – Pensei que isso era apenas boatos das más línguas. Ninguém que entra naquele reino sai vivo, já perdi uma caravana inteira contendo meus melhores guerreiros, que entraram lá e nunca mais retornaram.
- Pois então, meu filho irá recuperar o reino e será naquele lugar que ele e sua filha irão morar como uma unificação dos reinos.
- Claro Rurubi, mas não precisa de tanto. Vai matar o garoto?
- Como disse, do meu filho cuido eu. Após selarmos o acordo com o noivado ele irá até o castelo para reconquista-lo e casar-se com sua filha.
- Para mim está ótimo, não falamos mais nisso. Quero apenas terminar de conhecer seu reino enquanto os garotos aproveitam para se conhecer. Me desculpe.
- Tudo bem, mais a tarde sairemos, eles também podem sair para conhecer o reino. Erick tem ótimos amigos para lhe fazerem companhia.
O clima tenso pareceu dar uma aliviada no final da conversa. Erick convidou as irmãs para conhecerem seu amigo Horus, o que seria uma boa ideia, seu jeito extravagante poderia dar uma animada a todos, e ele queria mesmo conhecer as beldades que estavam visitando o reino.
- Até que enfim você trouxe as lindezas para eu conhecer. – O amigo comentou sem pudor.
- Horus, vai com calma. – Advertiu o príncipe. – São princesas, estão acostumadas a outro tipo de comportamento.
- Não se preocupe. – Lilith interferiu. – Estamos cansadas de ouvir isso em nosso reino, esse tipo de comportamento é comum.
- Bem, me desculpem, não quis ofende-las. – Até o tom de sua voz mudou ao pedir desculpas, Horus apesar de tudo, sabe como se comportar.
- Tudo bem. – Respondeu a princesa.
Ele encarou Hellen que se manteve colada ao lado da irmã sem dizer uma só palavra. A garota tinha cabelos loiros como os de sua mãe, longos abaixo da altura dos ombros. Um corpo bem esculpido era o que o vestido de cetim na cor laranjada revelava, apesar de ser dois anos mais nova que Lilith. Seus olhos eram pretos e mantinham um olhar concentrado na direção do soldado. Não demonstravam intimidação em momento algum, desviados apenas ao ouvir uma voz de fundo chamando pelo príncipe.
- Erick! Vejo que já se familiarizou com sua noiva, trouxe também uma de presente para seu amigo, que gracinha. – Kéfera acabara de chegar e não estava de bom humor.
- Já que vamos nos casar o mínimo que deveríamos fazer era nos familiarizarmos. – Lilith respondeu sem esperar ser apresentada. – Quanto ao presentinho. Quem arranja casamentos são nossos pais, no nosso reino as garotas não são oferecidas caso as destes sejam. – Ela encarava a outra garota com olhos famintos.
Essa doeu fundo no ego de Kéfera que tentou buscar consolo com os amigos.
-Vocês dois vão deixar ela falar desse jeito comigo?
- Desculpa, mas foi você quem começou e eu adorei isso. – Horus falou com um sorriso largo no rosto. – Esse tipo de coisa que me encanta.
- Não falaremos nada, você pediu por isso. – Erick tinha um sorriso ainda mais largo por sua noiva ter atitude. – Agora vamos parar com a conversa, quero leva-las até a floresta e gostaria que meus melhores amigos me acompanhassem. – As palavras do príncipe soram como um tapa na cara da garota que os acompanhou a contragosto.
- Espero que aquele espectro apareça novamente e carregue as duas para bem longe.
Essas foram as palavras de Kéfera assim que chegaram na pequena floresta.
- Não vamos brigar aqui né, esse é o nosso lugar, quero que ocorra tudo bem. – O príncipe falou para a amiga.
- Você falou certo, esse era o nosso lugar. Agora você traz essas estranhas aqui, parece que não te conheço mais.
- Todos nós mudamos desde nosso último encontro, eu também. Mas uma dessas garotas será minha noiva, e se tem que ser, quero que ela faça parte de tudo, incluindo vocês dois.
- Eu quero principalmente que a irmã dela faça parte da gente. – Dessa vez foi Horus quem comentou. A garota o olhou com fúria enquanto as princesas caminhavam logo a frente.
A expressão de surpresa das duas princesas era engraçada, elas estampavam um sorriso sem igual. Completamente envolvidas pelo cenário que não tinha nada a ver com o castelo onde estavam a poucos instantes.
- Essa floresta parece ser encantada. Muito linda, totalmente diferente do castelo. – Lilith comentou após observar por alguns momentos.
- Concordo com você. Nunca vimos nada assim em nenhum dos reinos que já visitamos ou invadimos. – Hellen falou observando todos. – Vocês devem ser muito felizes aqui.
- Sim somos. – Horus se aproximou e segurou na mão da garota. – Passamos maior parte da nossa infância correndo e brincando entre essas árvores. Venha vou te mostrar.
A garota o seguiu e todos tiveram que entrar na floresta. Kéfera observava com ódio no olhar como o amigo mostrava e dividia os melhores momentos que já tiveram com uma desconhecida. Erick tudo bem, era obrigado a casar-se com uma delas, já Horus estava parecendo um bobo apaixonado perto da garota.
- Você não está com ciúmes? – Perguntou o príncipe ao se aproximar.
- Não! – A resposta saiu nervosa de seus lábios. – Você já sabe de quem eu gosto.
- Talvez você tenha confundido nosso terno sentimento com algo a mais. Como nenhuma garota nunca se aproximou dele, nunca fez diferença para você.
- Onde você quer chegar? – Ela perguntou.
- Agora que você está vendo ele interessado em outra garota, e essa mesma garota retribuindo esse afeto, você deixou de ser o centro de sua atenção. Talvez isso possa ser orgulho ferido, mas talvez possa ser um sentimento que sempre esteve escondido e você nunca percebeu por ele estar sempre ao seu lado, te esperando.
- Você me faz rir Erick.
- Bom, não estou vendo um sorriso em sua face nesse momento, vejo justamente o contrário.
- Vamos, temos que acompanhá-los, chega de conversa sem pé nem cabeça.
Este dia terminou tudo bem sem nenhum mal-entendido. Todos se tornaram amigos, mesmo que em alguns momentos fossem rivais, pois Kéfera não aceitava a presença das duas. Lilith era obrigada a engolir, mas ver Horus se jogando para cima da Hellen a deixava nervosa maior parte do tempo.
Tudo desde a última conversa entre os reis seguiram de forma proveitosa e acabaram selando o acordo. Marcaram uma grande festa para ser realizada em Amom depois de três anos. Erick assim como a princesa completariam 23 anos, marcariam o casamento para dois anos depois, quando completassem 25, já que os dois possuíam a mesma idade. Nesse intervalo de tempo sempre que possível, Nazir o visitaria para manter os laços, e quem sabe até ajudar no desenvolvimento do príncipe. Foi com esse acordo que os assírios voltaram para sua terra, deixando um gostinho de quero mais, tanto para o príncipe, quanto para a princesa.