O sol não ousa entrar no quarto de Gabriel, devidamente fechado e à prova de som, por isso, mesmo os piares alegres dos gentis pássaros da manhã são silenciados. Entre os lençóis da noite acalorada, estão os amantes reconciliados.
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― Grave? ― questiona com cautela. Algo está errado, muito errado ali. Os olhos dele estão fugidios, a voz vazia e, como explicar essa sensação?, mas o ar parece rarefeito.
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Gabriel sorri aliviado diante da expressão e do jeito do amigo falar.
― Eu cuido dessas tralhas e você dos equipamentos, clientes e funcionários, que para mim são outras tralhas.
― Ah, eu também não tenho grana para isso. ― faz gesto vazio no ar ― Sério, você está falando com a pessoa errada. Esquece!
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― Nem tudo é como a gente quer.
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A morena dá três passos para trás, assustada e incrédula.
― Todas?
― Vê se cresce. ― diz num meio sorriso sarcástico e sentindo um milhão de facas afiadas cortarem seu corpo.