Super Lila - Completa

By TaniaPicon

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Sinopse: Em geral quando você pensa que as coisa mudarão ao comp... More

Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Epílogo

Capítulo 1

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By TaniaPicon


Essa história vai ser repostada e terá um capítulo por semana até estar completa

**********

– Filha, precisamos ter uma conversa. – foi o que a minha mãe disse ao entrar no meu quarto e abrir as cortinas para me forçar a levantar da cama.

Era sábado de manhã e depois de acordar cedo durante todos os dias da semana, tudo o que eu desejava era dormir.

– Amanhã é o teu aniversário de 18 anos e há coisas que você precisa saber.

Ouvir isso me deixou curiosa e me deu ânimo suficiente para que eu pelo menos abrisse um dos meus olhos.

– Que coisas, mãe? – disse numa voz preguiçosa enquanto esfregava o rosto para tentar fazer o meu segundo olho abrir.

– Coisas que eu já adiei por tempo demais, mas que você precisa saber.

– Que coisas? – repeti, me sentindo um pouco mais desperta.

– Você precisa usar esse colar e não pode nunca se separar dele a partir de amanhã. Nunca. Jamais. Entendeu?

– O quê? – fiquei bastante confusa ao pegar na mão o colar que ela me estendia.

Sua textura era diferente de tudo o que eu já tinha tocado e ele era bem mais leve do que parecia. Era prateado e se assemelhava a um metal comum, mas só de tocá-lo eu soube que ele não era um metal comum. E aquela pedra azul, presa à gargantilha, era linda e não parecia com nada que eu já tivesse visto antes.

– O que é isso, mãe?

Era como se eu conhecesse aquele colar, ele era semelhante ao que eu sempre via no pescoço da minha mãe, só que ela nunca tinha me permitido tocar nele antes. E a pedra do dela era roxa e, além do formato, não parecia em nada com a minha.

– É algo para controlar teus instintos.

– Que instintos?

– Amanhã, quando você fizer 18 anos, algumas coisas irão mudar se você não estiver com esse colar. Por isso, você não pode retirá-lo nunca.

– Mas, mãe... Ele é lindo demais e bastante chamativo. E se alguém tentar roubá-lo?

– Não permita isso, filha. Você não vai encontrar outro igual a esse.

– Como eu não devo permitir? E se alguém encostar uma arma na minha cabeça, por exemplo, o que eu devo fazer?

– Sem o colar, você vai ser capaz de lidar até com uma arma na cabeça. Confie em mim. Faça de tudo o que for preciso, mas pegue o colar de volta.

– Você quer que eu reaja um assalto? – perguntei, chocada – Mas você sempre disse que isso era algo perigoso!

– Era. Até que você completasse 18 anos, era. Agora você vai ser perfeitamente capaz de se defender, sem o colar.

– Mas, mãe... – eu resmunguei – Isso não faz sentido!

– Filha, para a tua própria segurança, não posso te contar mais nada. Só não tire nunca esse colar. E deixe-o escondido para que ninguém o veja. É o mais seguro a ser feito.

– Hoje o Daniel vai me levar a uma boate, mãe, para comemorar os meus 18 anos. Vamos entrar depois da meia-noite.

– Eu sei. – ela disse e logo pareceu pensar em algo. – Lila, quando você se sentir em perigo, por qualquer motivo, você deve se lembrar de tirar o colar. Desde que não o perca de vista. Aliás, nunca o perca de vista. Isso é muito importante.

– Tudo bem, mãe. – eu me resignei a responder. A conversa estava maluca demais para meu cérebro ainda sem cafeína.

Agora, tudo o que eu queria era comer alguma coisa para ficar mais desperta. Talvez assim, eu fosse capaz de compreender a minha mãe um pouco melhor. Escolhi uma roupa qualquer e então desci as escadas rumo à cozinha. Então consegui ouvir meu pai perguntando para a minha mãe, antes deles me virem:

– Conversou com ela?

– Sim, eu entreguei o colar.

– E o resto? Não acha que é mais seguro a Lila saber de tudo?

– Não. Não acho. Ainda não.

– Ela não é mais uma garotinha, Marion.

– Para mim ela vai sempre ser a minha garotinha.

– Mas ela já tem quase 18 anos. Acho que ela precisa saber de tudo, ainda mais agora que ela vai ser capaz de se defender sozinha.

– Eu sei. – minha mãe suspirou longamente – Só quero adiar um pouco mais esse momento.

– Marion, você não vai poder protegê-la disso para sempre.

– Eu sei. – a minha mãe respondeu numa voz cansada. Depois disso resolvi anunciar minha presença.

O papo estava ficando maluco demais. Tão sem sentido, que eu não queria ouvir mais nada.

– Bom dia! – eu disse me fazendo notar.

Assim que eu entrei, os olhos do meu pai foram direto para o meu pescoço e ele pareceu orgulhoso ao me ver com o colar pela primeira vez. É, o colar era lindo. E provavelmente ele tinha superpoderes ou algo do tipo. Mas, para mim, ele era apenas o símbolo da minha maior idade. Eu estava prestes a completar 18 anos. E eu ainda era virgem.

É, é uma droga a gente ter sido a vida inteira apaixonada pelo melhor amigo. Melhor amigo que só tinha olhos para as garotas bonitas, o que eu sei que não era o meu caso, apesar da minha mãe viver me elogiando. Só que opiniões de mães não contam de verdade.

Tentei passar o meu sábado de maneira normal, esquecendo da conversa estranha e daquele colar que eu usava e que não pesava quase nada. Assim, tão leve, era fácil eu me esquecer dele. Era como se ele fizesse parte de mim, como um prolongamento da minha pele.

Passei a tarde estudando para a prova que eu teria na segunda-feira pela manhã. O fim das aulas estava se aproximando e em breve eu estaria formada na escola. E eu me perguntava o que seria da minha amizade com o Dani agora que eu não mais o veria todos os dias. Eu sabia que logo ele estaria com alguma namorada, ou talvez com duas ou três, era muito difícil ele ficar sozinho, e que provavelmente me deixaria de lado. Ao contrário de mim, ele estava cada vez mais bonito.

E por eu ter essa atração reprimida pelo meu melhor amigo desde sempre, quase não tive nenhuma interação com o sexo oposto. Eu não me interessava por mais ninguém além do Daniel.

E hoje, para comemorar o meu aniversário de 18 anos, nós iríamos para uma boate. Só nós dois. Não que eu tivesse esperança de que algo entre nós acontecesse. Eu já tinha desistido disso há anos. Mas seria legal passarmos um tempo sozinhos, algo raro nos últimos meses.

Nós iríamos a uma lanchonete e depois esperaríamos o tempo passar em frente à boate até a meia-noite. Quando eu finalmente faria 18 anos e poderia entrar.

Ele estava lindo, o Daniel. Aliás, ele sempre era lindo, mas naquela noite, todo arrumadinho, ele se superou. O Dani era alto agora, com 1,80 de altura, e era difícil de acreditar que algum dia, eu com os meus 1,60, nós dois já tivemos a mesma altura. E seus cabelos loiros escuros estavam bem ajeitadinhos e alisados com gel. Não de um modo tipo nerd, que com certeza seria como eu ficaria caso ousasse passar gel, mas de um modo descolado e sexy.

É, talvez a formatura da escola fosse algo bom. Talvez eu me afastar dele fosse algo bom. Por um momento, desejei uma mudança na minha vida. Por um momento, desejei até remover aquele colar do meu pescoço para ver se algo acontecia.

Dentro da boate eu era invisível, ninguém reparava em mim. Mesmo se eu desejasse alguma interação com o sexo oposto, isso dificilmente aconteceria devido à falta de pretendentes. Já com o Daniel, o caso era bem diferente. Pelo jeito como as garotas olhavam para o meu melhor amigo provavelmente seria só ele estalar os dedos para que várias opções chovessem na sua horta. E, por isso, ele sempre acabava ficando com as mais lindas. É, eu não tinha a menor chance...

Mas hoje, na noite do meu aniversário, eu esperava que ele não me largasse sozinha como costumava fazer. Eu odiaria se ele fizesse isso. Mas, como sempre acontecia, eu o perdoaria depois.

Eu era muito babaca mesmo.

Só que não era como se eu tivesse um monte de amigos. Se eu brigasse com o Daniel provavelmente ficaria sozinha na escola. Ele era o popular, ele era quem me arrastava para as rodas de pessoas. Onde quase sempre eu permanecia como agora na boate. Invisível.

Aproveitei meus 18 anos recém-completos e me permiti beber. Álcool não era algo com o qual eu estivesse familiarizada, por isso aquele meu primeiro Martini já desceu fazendo efeito. Ele me esquentou por dentro. Depois disso, eu e o Daniel fomos dançar.

Com dois Martinis dentro de mim, eu já não dançava tão comportada. Eu já não me sentia tão comportada. Então, eu dancei muito. Mas nunca chegando perto do Daniel como eu desejava.

Depois disso, comecei a me sentir um pouco tonta e pedi para o meu amigo me levar a algum lugar para a gente tomar um ar. A boate estava tão apinhada de gente que só foi possível encontrar ar do jeito como eu precisava na rua. A gente foi para a frente da boate planejando voltar logo. Coisa que os carimbos de pagantes vermelhos nos nossos pulsos nos permitiam fazer.

Como até a frente da boate estava cheia, acabamos procurando refúgio em uma parede mais escondida. Quase num beco, ao lado da boate. Ali estava vazio e escuro, mas eu estava bastante alcoolizada para sentir medo. Era a minha primeira vez em uma casa noturna e tinha sido bem-legal. E é claro que eu acabei bebendo mais depois, não me limitando só aos dois primeiros Martinis. Minha cabeça girava. Minhas pernas estavam bambas e havia uma náusea que não parava de subir e descer. Eu me sentia com vontade de vomitar. E o Daniel estava ao meu lado, gargalhando comigo de qualquer coisa.

– O que é isso no teu pescoço? – ele perguntou ao ver o brilho da pedra azul que eu agora alisava entre os dedos sem perceber.

Eu tinha deixado-a todo o tempo escondida dentro da minha blusa e isso era bem fácil de fazer já que a gargantilha sob a pele ficava transparente. Fora do corpo ela era prateada. E essa capacidade dela de se camuflar parecia mágica. Era demais!

– É um colar. Minha mãe me deu hoje de manhã e me disse para nunca tirar.

– Ele é incrível! – ele se aproximou mais de mim para observá-lo e eu senti seu hálito em meu pescoço. Hálito com cheiro de álcool, mas isso não fez com que eu o desejasse menos. – Nunca vi nenhuma pedra como essa antes! O que é?

– Eu não sei.

Depois disso, as coisas aconteceram muito rápido. A pedra brilhou e atraiu algumas pessoas para o beco onde estávamos sozinhos. Dois homens mal-encarados, um bem grande e forte e o outro mais franzino, portando uma faca em mãos.

– Passe esse colar para a gente. – um deles falou, numa voz que eu achei meio assustadora.

Tudo o que eu fui capaz de fazer foi repassar as palavras da minha mãe. "Não se separe dele". "Não se separe dele nunca". Isso ainda não fazia sentido, mas talvez logo fizesse. Porque as palavras da minha mãe também diziam: "recupere-o. Você vai ser capaz".

Como eu fiquei parada, apenas relembrando dessa conversa estranha, o Daniel tomou as decisões por nós dois. Foi ele quem tirou o colar do meu pescoço para entregar para os caras. Só que ele nunca o entregou.

Quando o colar saiu do meu pescoço, eu senti tudo em mim mudando. O álcool que circulava no meu sangue evaporou. A náusea sumiu. Uma força se apossou de mim. Instintos que eu não conseguia controlar e que eu não queria controlar apareceram. Eu me senti forte e poderosa.

Instintivamente, eu chutei o braço do cara que segurava a faca e a faca voou para longe. Depois disso, com os punhos fechado eu soquei o mesmo cara e dessa vez foi ele quem voou para longe. Com tanta força que derrubou o segundo cara, o grandão.

Isso era... uau! O que era isso mesmo?

Eu me senti bastante empolgada e foi por isso que eu chutei também o cara grande. O que fez com que os dois, o menor ainda estava por cima dele, deslizassem para longe. Isso era... o máximo! Logo em seguida, os dois levantaram e saíram correndo, com medo de mim.

Era tudo tão emocionante! E eu me sentia tão diferente! E eu estava totalmente distraída comigo mesma que mal me lembrei do meu amigo. O Daniel permanecia ainda com o meu colar numa das mãos e estava totalmente boquiaberto agora.

Mas eu não me sentia satisfeita. Havia mais dentro de mim querendo sair. Credo! O que era essa saia ridícula que eu usava? E esses cabelos enormes, que vinham quase até a minha cintura? Eu percebia que os meus cabelos, que nunca estavam lisos e nem crespos o suficiente, não eram nada atraentes desse jeito. E essa blusa larga? Como eu tinha tido coragem de sair de casa com algo assim? Ela me engordava no mínimo uns 5kg e não deixava visível nem um pedaço de pele além dos meus braços e parte do meu pescoço. Era assim que eu me vestia sempre?

Sem pensar muito, e incapaz de controlar meus impulsos, eu fui atrás da faca que o cara jogou longe. E isso fez com que o Daniel saísse do seu torpor.

– O que você está fazendo? – ele perguntou assustado, ao me ver com a faca na mão.

Mas quando eu comecei a cortar a minha saia preta que antes ia quase até os pés e a transformá-la numa minissaia ele se calou e ficou apenas olhando. Sim, eu agora podia ver as minhas pernas. Mas isso não era o suficiente. Eu precisava dar um jeito naquela minha blusa ridícula também. Comecei cortando as mangas, depois parti para o comprimento, deixando um pedaço da pele da minha barriga visível.

Era incrível isso, a minha destreza com essa faca. Eu sabia manuseá-la bem, fazendo cortes precisos. Era algo natural. Então, com a minha blusa também cortada, eu ainda não me sentia sexy o suficiente. Dei um jeito também na minha ausência de decote. Ótimo. Eu tinha seios e eles precisavam ser vistos. Ah, o meu sutiã era preto então optei por deixar um pedaço dele aparecendo. Ousada. Era assim que eu me sentia. E sexy. Mas ainda não era o suficiente. Eu precisava dar um jeito nos meus cabelos também.

Com a faca eu o repiquei na altura do ombro e com os dedos finalizei meu visual bagunçando-os. Era isso. Eu me sentia pronta. Eu me sentia bem. Mas não satisfeita. Eu precisava de algo mais.

E o Daniel talvez pudesse me dar esse algo mais.

Eu me virei para ele agora, ele estava vidrado em mim. Ele me olhava como se nunca tivesse me visto antes. Provavelmente nunca tinha me visto mesmo. Não desse jeito.

– Como estou? – eu sentia todos os meus sentidos aflorando. A visão, o olfato... o tato. Meus dedos coçavam agora com vontade de tocar no Daniel.

Eu podia enxergá-lo melhor. Podia perceber o seu pomo de adão subindo e descendo. Sua respiração acelerada. Podia perceber todo o desejo do meu melhor amigo por mim.

– Gostosa – foi tudo o que ele conseguiu dizer.

Ele estava confuso demais para fazer mais do que isso. E talvez com medo. Eu podia sentir o cheiro do medo também. Mas mesmo assim, ele não tirava os olhos de mim. Dos meus seios, das minhas pernas, da minha boca...

É, eu queria saber se o meu paladar também tinha aflorado e foi por isso que eu me aproximei do rosto do Dani e o lambi. Deslizando a minha língua pelo rosto dele de cima a baixa, sentindo a textura de sua barba crescente.

– Lila, o que você está fazendo? – sua voz saiu esganiçada, apesar de eu sentir que ele estava gostando.

– Experiências. – eu disse, logo enfiando a minha língua dentro da boca dele de um modo nada gentil. Língua que ele aceitou de prontidão, retribuindo a invasão unindo a sua língua a minha.

Eu tinha fome. Muita fome. Fome que no momento era por ele.

Mas eu sentia que se não fosse ele ali, eu provavelmente teria feito o mesmo com outro cara. Pelo jeito como eu me sentia.

Minhas mãos se enfiaram dentro da camisa do Daniel e eu pude tocá-lo pela primeira vez como eu sempre quis fazer. Mas eu não me contentei só com isso. Eu precisei lamber o peito dele. De cima a baixo. Lambi a barriga, o pescoço... E depois, eu voltei a enfiar a minha língua em sua boca.

– Lila... – a voz dele estava diferente agora. Não havia mais nenhum protesto nela, só entrega. Eu podia fazer com ele o que eu quisesse. E isso era bom, porque eu queria fazer muita coisa.

Eu queria fazer tudo com ele, tudo o que eu nunca tinha feito nos meus 18 anos de vida. Naquele beco mesmo. Eu era toda instinto e puro sexo. E eu não era capaz de me controlar.

E então, quando eu peguei a mão do Daniel para guiá-la para um dos meus seios, foi quando tudo parou.

Essa mão do Daniel, a que eu toquei, ainda segurava o meu colar. E quando eu encostei na pedra, eu imediatamente voltei ao normal.

Aparentemente, o colar não precisava ficar no meu pescoço. Tudo o que eu tinha que fazer para voltar ao normal era que ele entrasse em contato com a minha pele. E quando isso aconteceu, eu parei com tudo. Mas, estranhamente, eu não me senti a mesma pessoa de antes.

A pessoa de antes teria vergonha ao olhar para o Daniel agora. Teria vergonha das roupas curtas, provocantes e sexy. Mas essa Marília de agora, mesmo com o colar de volta ao pescoço, já não sentia a menor vergonha.

Quero dizer, aquela vontade de me jogar sobre o Daniel e tirar suas roupas tinha meio que passado. A Marília romântica que queria luz de velas e declarações de amor em sua primeira vez estava de volta. Mas eu ainda sentia todas as partes do corpo vibrando, felizes, com tudo o que tinha acabado de acontecer.

Apenas esse não era o jeito certo. Não era o jeito que eu queria. Eu não queria apenas sexo, eu queria amor também.

Já a Marília sem o colar parecia querer algo bem diferente. Ela seria capaz de perder a virgindade em pé escorada numa parede suja.

Que nojo!

– O que acabou de acontecer? – o meu amigo repetiu a pergunta quando se sentiu capaz de falar.

Eu não podia mais ouvir seu coração como há alguns minutos, mas com toda certeza ele devia estar desacelerando agora. Antes, eu podia até sentir o cheiro do seu sangue circulando rápido e isso tinha inclusive aumentando o meu desejo. E agora, com o meu colar de volta ao meu pescoço, eu ainda me lembrava de tudo isso. Foi... bom.

E, por isso, eu estava em conflito. Eu podia simplesmente retirar o meu colar de novo para continuar de onde a gente parou. Parte de mim queria fazer isso. Mas a outra parte, a que vencia, ainda desejava romance. E eu sabia que o Daniel não me amava. Não mais do que como uma amiga.

Ele estava me olhando agora. Eu podia ver isso. Ele me olhava de um jeito diferente pela primeira vez. Talvez por ter sido atacado e por ter gostado. Talvez pelo fato da minha roupa estar revelando partes do meu corpo antes desconhecidas por ele. Um corpo que eu não permitia que quase ninguém visse. Só eu e a minha família.

Eu tinha cintura fina e seios redondos. Seios que o Daniel quase tinha tocado.

– Vamos embora. – foi a única resposta que eu disse a ele.

– Você vai voltar para lá vestida desse jeito? No meio de tudo mundo?

– Qual o problema? – dei de ombros. Eu estava sexy, mas não nua – As mulheres costumam andar com muito menos roupas do que isso.

– Mas, Lila... – sua voz podia ser descrita como um ponto de interrogação. Mas junto com o choque, eu podia perceber sua empolgação – Você nocauteou aqueles caras! Você os fez voar! Foi... incrível! Como você fez aquilo?

– Eu não sei. Só o que eu sei foi que a minha mãe me disse para que eu não tirasse esse colar a partir de hoje.

– A partir de hoje?

– É, os meus 18 anos.

– O que acontece se você tirar esse colar?

– Ela disse que eu não posso controlar os meus instintos.

– Então aquilo que aconteceu entre a gente...?

– Provavelmente, pelo que eu estou entendendo, vai acontecer de novo, se eu tirar meu colar. E não acho que seja só com você.

– Quer dizer que você pode fazer isso com qualquer cara? – ele parecia enciumado.

– Eu não sei. Talvez seja mais do que isso. Eu não sei. Talvez eu seja capaz de atacar mulheres também.

– O quê? – ele agora além de enciumado, parecia chocado.

– Foi muito forte! Não acho que eu seja capaz de me controlar. Talvez eu até seja capaz de querer transar com um poste, com uma samambaia ou com um tronco de árvore.

– Quer dizer que você queria transar comigo? – ele agora parecia interessado.

Homens! O cara nunca olhou para mim até hoje, mas foi só descobrir que eu tenho um par de seios, que ele mudou de ideia bem rápido.

Então, a gente podia... Não. Eu ainda quero romance.

– Não seja ridículo, Daniel. – eu disse de mau humor.

Aparentemente, a minha personalidade estava mudada também. Eu não era mais tão boazinha e nem tão tolerante.

– Mas você queria?

– Do jeito que eu estava? Sim, eu provavelmente teria te jogado no chão e rasgado todas tuas roupas.

Eu toquei no meu colar ao pronunciar essas palavras o que fez com que os olhos dele se voltassem para a pedra azul. E ele estava olhando para ela de um jeito bem-estranho. Talvez pensando em tirar o meu colar de novo só para a gente continuar de onde paramos.

Só que eu não ia permitir que isso acontecesse.

– Eu preciso conversar com a minha mãe. – foi o que eu disse antes de me decidir a ir embora.

Sim, a minha mãe me devia explicações. Muitas explicações.

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