Capítulo 8 - Segredo de irmã
Babi
Por volta de meio-dia, eu e Gabriel chegamos á minha antiga casa.
— Que bom rever vocês! – minha mãe nos recebeu com um abraço.
— Mãe!
— Tudo bem, sogrinha?
— Tudo sim, graças á Deus. Fiquem á vontade, porque o almoço já está quase pronto.
Liguei a televisão, e eu e Gabriel, nos sentamos abraçados no sofá.
Pam
Após o final da aula, eu e a Lunna, chegamos á casa dela.
— Ainda bem que minha não está em casa. – Lunna jogou sua mochila no chão. — Assim poderemos
conversar á vontade.
— Sua mãe não está em casa, você me convidou para almoçar... Vem cá, você sabe cozinhar? Porque eu não sei.
Lunna abriu um meio sorriso e disse constrangida: — Eu nem pensei nisso. Você gosta de miojo?
— Gostar eu não gosto, mas é melhor comer miojo do que ficar com fome.
Lunna caiu na risada.
— Pam, essa sua sinceridade ás vezes me deixa sem reposta.
— Já deveria estar acostumada, amiga! – ri. — Vamos logo fazer esse miojo, porque minha barriga já está roncando.
— A minha também.
Arrancamos os tênis dos pés, prendemos os cabelos e partimos para essa "Missão Impossível" na cozinha.
Babi
Quando minha mãe convidou eu e o Gabriel para vir almoçar com ela, nem me passou pela cabeça que ela e meu pai iriam insistir em querer saber o motivo de eu e o meu esposo termos voltado antes do tempo. E foi isso mesmo o que aconteceu...
— Podem vir! – minha mãe nos chamou, colocando o almoço na mesa. — Daqui a pouco seu pai chega do trabalho pra almoçar também.
Mal minha mãe acabou de dizer isso, meu pai chegou.
— Filha? Genro? – ele se surpreendeu ao nos ver sentados á mesa.
— Oi sogro.
— O que fazem aqui? – meu pai perguntou, sentando-se á nossa frente.
— Minha mãe nos convidou pra almoçar com vocês. – respondi.
— Isso eu estou vendo. Quero saber porque já estão de volta. – perguntou enquanto cortava com a faca, um pedaço do frango assado.
— Boa pergunta! Também quero saber. – minha mãe fez coro.
Eu e Gabriel trocamos olhares como se disséssemos: E aí, quem vai explicar? Depois de uns segundos, eu resolvi quebrar o silêncio.
— Voltamos porque...
Gabriel
Vi que a Babi estava um pouco sem jeito pra abrir o jogo, então eu tomei a palavra.
— Tivemos que voltar porque minha banda foi convidada pra fazer um teste.
— Nossa que legal, Gabriel! – minha sogra se empolgou.
— E aí, como se saíram? – Ainda não sabemos...
— Voltaram por isso? – meu sogro nem me deixou terminar de falar. — Vocês sabem o valor que tem
uma Lua de Mel? No momento em que se casam, a família se torna o mais importante...
— Pai! – Babi disse vermelha de vergonha.
— O que foi?!?! Estou dizendo a verdade!
— Meu bem, esse assunto é entre nossa filha e o Gabriel.
— E você aceitou isso, Babi? Aceitou ter sua viagem interrompida por uma coisa fútil dessa?
Eu estava tão sem graça, que nem tive argumentos para rebater.
— Pai, eu e o Gabriel já conversamos. Por favor, não se intromete na nossa vida.
— Eu pedi á Babi que voltasse comigo, porque essa era uma chance única. – tentei explicar.
— Tudo bem, Gabriel, vocês não nos devem explicações. Agora são casados e vocês é que sabem o que devem ou não fazer. – a mãe da Babi nos defendeu.
Meu sogro fez cara de que não gostou nada disso. Continuamos comendo em silêncio. Eu na verdade, perdi a vontade de comer, só comi por educação.
Rafael
— Agora me contem, quando será nossa próxima apresentação? – Victor perguntou.
— Calma, primeiro temos que ensaiar todo entrosamento... – Matheus falou.
— E quando são os ensaios? – quis saber Victor impaciente e empolgado.
— Ainda vamos decidir. – eu respondi.
— Tá certo, qualquer coisa me liguem, porque eu já nasci pronto pra tudo e posso até ensinar á vocês, umas técnicas novas que aprendi no exterior. – ele disse com ar de superioridade.
Mattheus fez cara séria, cruzou os braços e disse visivelmente incomodado com esse comentário: — Te ligo sim.
— Então vou nessa, só vim aqui pra vocês saberem que já estou disponível.
Victor acenou, abriu a porta e foi embora.
— Por que você não disse pra ele que o Gabriel voltou? – perguntei sem entender.
— Você ouviu o cara dizer que acabou de chegar de Portugal, só para tocar com a gente? Como eu ia simplesmente dizer: Victor, pode ir embora, porque o Gabriel que vai tocar?
— Mas esse era o certo, Mattheus. É óbvio que o Gabriel não vai aceitar ficar de fora, até porque isso não é justo. O que vai acontecer quando o Victor ficar sabendo que não tocará mais com a gente?
— Eu não sei, Rafael! Mas esse não era o momento pra dizer isso pra ele. Vamos conversar com o Gabriel pra ver o que ele diz á respeito.
Pam
Eu e Lunna terminamos de fazer o miojo e fomos para o quarto dela, almoçar. Sentamos na cama e começamos a comer, enquanto batíamos papo.
— Até que está bom. – eu disse, experimentando o macarrão enrolado no garfo.
— Pelo menos miojo eu sei fazer.
Rimos.
— Agora me conta, amiga, que lugares o Mattheus frequenta? Tenho que começar a me aproximar dele pra ele sair do seu pé.
— Vou te levar na próxima apresentação da banda dele, o que você acha?
— Perfeito, amiga! Estou doida pra conhecer esse carinha.
— Espero que ele se encante por você e me esqueça, porque estou muito constrangida com o modo como ele tem se comportado comigo, e ainda conversa com o Rafa, como se nada estivesse acontecendo.
— Relaxa, depois que ele conhecer a Lunna aqui, nunca mais vai nem lembrar da Pam.
— Hum, agora senti firmeza! Tem sinal verde, miguxa.
Babi
Assim que terminamos de almoçar, me despedi dos meus pais e não falamos mais sobre nada. Entrei no carro e fui embora com o Gabriel.
— Amor, meu pai...
— Babi, ele teve razão em tudo o que disse. Claro que ele não tem que se meter na nossa vida porque isso é muito chato, mas eu sei que estou errado. Rafael e Mattheus também me disseram a mesma coisa, mas a única coisa que me importa, é a sua opinião. – ele dizia, revezando os olhares entre mim e a estrada. — Você ficou triste, e é pra você que eu devo satisfação, é com você que eu vou me desculpar e recompensar o que perdemos.
— Disse tudo. – concordei. — Não podemos mesmo deixar ninguém dar palpite em nossa vida. Nossos assuntos devem ficar somente entre nós dois.
— É princesa, porque casamento em que todo mundo quer dar opinião, acaba e não queremos que isso aconteça com a gente.
— Não. Nosso casamento será até a morte.
Trocamos um beijinho bem rápido. Gabriel estava dirigindo e não podia ter muita distração.
Gabriel
Mal chegamos em casa, meu celular começou a tocar. Peguei meu celular no bolso da calça e vi que era minha mãe.
— Quem é? – Babi perguntou, enquanto retirava as sandálias, encostada na parede da sala.
— A dona Elizabeth. – respondi. — Nem avisei pra ela que voltamos.
— Será que ela já sabe?
— Vou descobrir agora.
Parei de falar com a Babi, e atendi a ligação.
— Oi mãe.
— Oi? Você só fala oi? Gabriel, por que você voltou e não me disse nada? – ela estava muito irritada.
— Eu ia contar, mãe. Como ficou sabendo?
— Isso é o que menos importa. Não é porque você agora é casado, que deve esquecer de seus pais.
— Mãe, que exagero! Estou indo aí ver vocês. Beijo!
Desliguei o telefone, para parar de render assunto.
— Ela está brava?
— Demais! Vou lá falar com ela.
— Quer que eu vá com você? – Babi se prontificou.
— Prefiro ir sozinho, porque do jeito que ela falou, essa visita pode não ser tão agradável. Vou conversar com ela. Nossos pais têm que entender que somos adultos e temos nossa própria vida agora. Eles têm que entender isso! – me indignei.
— Temos que cortar isso agora, porque se eles continuarem achando que ainda temos que dar satisfações á eles, irão querer saber de tudo.
— Nem me fale! Vou lá amor. – dei um beijo rápido na Babi. — Não vou demorar.
— Tudo bem.
Babi
Não se passou nem cinco minutos que o Gabriel saiu, e a campainha tocou. Andei até a porta, e perguntei enquanto a destrancava:
— Já voltou, amor? O que houve? Esqueceu a chave?
Porém, quando abri, quem estava ao lado de fora era Pam.
— Encontrei com meu cunhado saindo do elevador.
— Pensei que ele tinha voltado. Tudo bem, mana? – a abracei.
— Bom... Nem tudo...
— Aconteceu alguma coisa?
— Aconteceu sim.
Preocupação, ficou estampada em meu rosto.
— Vem, entra. – a peguei pela mão. — Agora me conta. – pedi, sentando de frente pra ela.
— Eu preciso contar isso pra você, porque não aguento mais essa situação. – Pam estava com os olhos marejados.
— Fala logo, mana! Está me deixando nervosa! O Rafael fez alguma coisa com você?
— O Rafa não, lógico que não! Quem fez foi o Mattheus, na verdade.
— O Mattheus??? – me surpreendi. — Como assim? Ele abusou de você?!?!
— Abusou de mim? Não! – Pam pareceu pasma com minha tentativa de adivinhar o que houve. — Babi, não é pra tanto!
— Então me fala de uma vez! – eu já estava roendo as unhas.
— O Mattheus... Se declarou pra mim e disse que... Vai lutar pelo meu amor.
— O quê?!?!
Gabriel
Sem trânsito, rapidamente cheguei á casa de meus pais. Quando entrei, os vi conversando de pé, perto da escada que levava aos quartos.
— Oi mãe, oi pai!
Fui até eles e dei um beijo e um abraço em cada um.
— Filho, por que você não nos avisou que já havia voltado?
— Eu ia avisar mãe, mas tinha tantas coisas pra fazer...
— Elizabeth, agora nosso filho é casado, tem outras responsabilidades. – meu pai me defendeu. — Mas porque vocês voltaram antes de acabar o mês?
— Por que apareceu a oportunidade da Reluz fazer um teste, então conversei com a Babi e nós resolvemos voltar.
— E como a banda se saiu? – minha mãe perguntou.
— Ainda não temos o resultado.
— Mesmo assim, você só volta pra clínica no próximo mês, não é?
— É, pai. Vou curtir minhas férias com a minha esposa. Isso é mais do que justo agora que interrompi nossa viagem.
— Claro, está super certo. – ele concordou.
— Eu já vou indo. Outro dia vou vir aqui com a Babi para ficar mais tempo com vocês.
— Tá bom filho, mas não demore a voltar. Sinto muita saudade de você.
— Eu também, mãe.
Babi
— Pam, é tão difícil acreditar nisso... O Mattheus é amigo do Rafael, como ele pode...
— Também não sei, isso é muito constrangedor, porque o Mattheus até me parou na rua uma vez, pra dizer que compôs uma música de amor pra mim.
— O Rafael tem que saber disso, Pam, e se você não tiver coragem de contar, eu conto.
— Hum???? – Pam arregalou os olhos. — Você vai contar?!?!