Harry
Me sentei na cama escutando a voz de minha mãe no quarto e me ajeitei contra a cabeceira.
— Mãe? — chamei confuso. — O Louis já foi?
— Não, ainda estou aqui. — o ouvi falar.
— Harry. — alguém me chamou e me virei na direção da voz, eu conhecia apenas não lembrava quem era.
— Quem é? — perguntei e senti a cama afundar ao meu lado.
— Sou eu, Dora. Isadora. — declarou e me calei.
— O que faz aqui? — perguntei depois de um tempo e senti sua mão sobre a minha e afastei sutilmente.
— Eu... Eu realmente deveria ter vindo mais cedo, eu queria ver você, conversar com você. Eu só... Estava com medo.
— Medo?
— Eu amo você, Harry. E quero que saiba, que eu estou aqui.
— Está aqui? Por que está falando como se eu fosse uma criança assustada? Eu realmente acho que não preciso de você aqui agora. Eu realmente precisei de você, mas não preciso mais. — falei e ouvi saltos batendo no piso.
— Vamos, Dora. Você pode voltar outra hora. — ouvi minha mãe falar.
— Tudo bem, eu volto sim. — disse Isadora saindo com minha mãe.
Ouvi a porta ser fechada e a cama ao meu lado afundou de novo.
— Que vaca, hein? Vontade de rebocar aquela cara de palhaça todinha. — Louis resmungou e eu gargalhei. — Não ri não! E o pior é que ela é bonita, que ódio!
— Você com certeza é mais. — falei tateando a cama e encontrando sua mão. — Não esquenta a cabeça com ela, ela vai sumir como fez da primeira vez.
Louis
Assim que deu meu horário me despedi de Harry e sai, eu me sentia pisando em ovos, tinha medo de deixá-lo e Isadora voltar. Afinal, eles se conheceram quando Harry ainda não tinha passado por isso, eles estiveram juntos em algum momento e eu não poderia controlar isso.
O mais irônico de tudo é que a pessoa que eu tinha medo de que voltasse enquanto eu estivesse fora, estava bem em frente a minha casa.
— O que faz aqui? — perguntei a Isadora, que estava encostada ao muro de minha residência.
— Eu vim aqui pedir ajuda, eu realmente preciso. — disse e eu a encarei.
— Para o que? — questionei.
— Com o Harry, você passa um tempo considerável com ele, você podia me ajudar. Eu realmente quero me desculpar e quero ele de volta, entende? Eu o amo.
— Ama? Então onde esteve esses três anos? — perguntei cruzando os braços e ela desviou o olhar.
— Eu não pude.
— Por quê? Você foi sequestrada? Estava com uma doença tão grave que durou três anos? Estava com perda de memória e recuperou tudo agora? Ah, por favor, não me venha com essa. Não poder é bem diferente de não querer. — encerrei abrindo o portão.
— Eu estava com medo, eu apenas estava com medo de que eu não conseguisse ajudá-lo. Mas, agora, ele irá voltar a ver em breve e eu posso ajudá-lo a se readaptar ao mundo.
— Você perde a parte complicada, chega na parte mais fácil e vem com esse drama? Harry não precisa da sua ajuda, o melhor que você faz é ir embora.
— Você gosta dele?
— O quê?
— Você gosta dele. — afirmou encarando-me. — Saiba que Harry sempre foi um homem bem seleto e você será descartado assim que ele voltar a ver, não seja ridículo, isso não tem cabimento.
— Isso quem decide é ele e não você. Harry sabe responder por ele mesmo, agora se me der licença eu tenho mais o que fazer. — falei e entrei, logo em seguida fechei o portão.
— Eu vou estar lá a partir de agora, sempre estarei.
— Eu também. — falei e virei as costas para ela, deixando-a no portão petrificada.
Assim que entrei em casa percebi que estava sozinho. Havia um bilhete na mesa que dizia: "Mamãe e papai foram jantar fora, seu irmão está na casa da vizinha, ele irá dormir lá hoje. Beijos."
Coloquei o papel de volta na mesa e caminhei até a geladeira tirando de lá a garrafa de água, despejei um pouco em um copo e me sentei na cadeira suspirando.
Isadora estava me saindo uma grande pedra no sapato e por mais que eu tentasse ignorar suas palavras elas ainda martelavam em minha cabeça. Harry era um empresário, vindo de uma família rica, de gostos seletos e lugares bem frenquentados. Eu poderia realmente ser o suficiente no minuto em que ele tivesse tudo isso de volta?