O Cristalizar da Água - O Flo...

By millarbastos

30K 3.1K 621

{CAPÍTULO INÉDITO! Mais detalhes em breve} Qual é o preço de se lutar por algo que você sempre acreditou ser... More

Antes de ler!
Sinopse
Capítulo 1 - Brianna
Capítulo 2 - Brianna
Capítulo 3 - Brianna
Capítulo 4 - Brianna
Capítulo 5 - Brianna
Capítulo 7 - Brianna
Capítulo 8 - Chad
Capítulo 9 - Brianna
Capítulo 10 - Chad
Capítulo 11 - Brianna
Capítulo 12 - Brianna
Capítulo 13 - Chad
Capítulo 14 - Tirzah
Por onde eu ando...
CAPÍTULO 15 - BRIANNA
Eu estou de volta (e nem é click bait)

Capítulo 6 - Brianna

1.3K 168 15
By millarbastos


CHAD! – Eu gritei, sentindo meu coração se comprimir em meu peito.

Faltava tão pouco para escaparmos daquela maldita cidade, e agora Chad havia ficado para trás.

– O que aconteceu com ele? – Abbey sussurrou. Sua respiração estava totalmente instável e ela mal conseguia pronunciar tudo corretamente.

Eu a apertei com mais força e engoli a seco.

– Eu não sei – eu respondi enquanto ainda encarava, atônita, o portão fechado.

Apertei meus olhos e espreitei ao meu redor. Estava tudo muito silencioso e isso não me reconfortava. Afastei-me do portão, ainda encarando-o. Sentia meus ouvidos funcionarem como antenas, tentando captar cada mínimo ruído, mas parecia que, ao fechar os portões, todo o som de movimento e vida dentro de Sergal havia sido abafado. Isso, também, não era nada reconfortante.

Eu queria sair correndo dali. Aproveitar a oportunidade de não haver nenhum serviçal por perto e fugir. Eu já não havia conseguido o que eu queria? Já não havia salvo Abbey? Algumas semanas antes, eu até poderia ter feito isso, ter deixado Chad para trás. Mas agora... Eu simplesmente não conseguia. Algo dentro de mim não me deixava cogitar a ideia. Eu entrei em Sergal com Chad, e sairia daqui com ele. Era o nosso acordo mental. Custe o que custar.

Como se lessem minha mente, serviçais surgiram em minha frente em um piscar de olhos. Vários deles. Correndo em minha direção. Com olhares ferozes, como se quisessem me mostrar o que eu ganharia quando, pela primeira vez em minha vida, não fui egoísta.

Abbey soltou um grito quando o primeiro serviçal se aproximou, agarrando-se ao pescoço do cavalo malhado. Outros três correram até nós, nos cercando, nem ao menos levando em consideração que não estávamos em uma luta justa. Um contra quatro.

Desembainhei minha adaga, que logo se acendeu em chamas laranja. O raio de luz fluorescente atingiu o primeiro serviçal no peito. Ele voou para trás, jogando-se contra o serviçal mais próximo de si. Ao mesmo tempo, minha outra mão lançava uma bola de fogo em outros dois serviçais. Um zunido chamou minha atenção do lado direito e, quando estava a centímetros de tocar em Abbey, a flecha se desintegrou em pó e cinza, sem eu ao menos fazer qualquer movimento. Ela vislumbrava o que sobrou da flecha no chão com uma mistura de terror e surpresa.

O ocorrido também me assustou, desconcentrando-me por um segundo, e apenas vi o serviçal que havia se levantado e corria em minha direção quando ele já estava muito próximo para eu reagir.

E então, o tempo pareceu congelar, tudo acontecendo em movimentos lentos. Eu só ouvia a minha própria respiração.

Ele investiu com uma daquelas espadas de lâmina negra que eu havia visto com outros serviçais. Outro grito de Abbey cortou o ar. Eu hesitei, tapando meu rosto com uma de minhas mãos e fechando meus olhos. Uma chama de fogo saiu da minha palma, mas foi sugada pela lâmina escura do serviçal. Faltavam segundos para a lâmina encostar-se ao meu pescoço quando algo a agarrou e a lançou para longe das mãos do serviçal. Ele olhou confuso ao redor. Seu olhar se enfureceu mais ainda, mas, antes que ele pudesse me alcançar, as mesmas garras o alcançaram, lançando-o para longe de nós.

Preparei-me para o próximo grupo de serviçais, acendendo minha adaga na mão direita, e preparando uma bola de fogo na mão esquerda. No muro da cidade, logo à minha frente, vi um movimento, como se os serviçais tivesse alcançado o topo.

O que eu apenas não esperava ver era o redemoinho de terra misturado com neve que surgiu lá em cima.

A imagem pareceu uma confusão por uns segundos. Uma combinação de ventania, com terra e neve. A gritaria dos homens ali era abafada pelo som de madeira sendo quebrada e de terra desmoronando. Inúmeros galhos apareceram em todos os lados, agarrando os serviçais que se atreviam a chegar perto.

O redemoinho aumentava de tamanho, passando da altura do muro. Uma figura se estendia ali no meio, com os braços abertos, usando toda sua força para sustentar o turbilhão de terra no ar.

O cavalo malhado que carregava Abbey e eu relinchou, assustado com a ventania que se aproximava. Ele andou de ré, remexendo as patas, e eu tive que segurar as rédeas com força para impedi-lo de sair correndo. Abbey, por sua vez, olhava espantada para o redemoinho, voltando seu rosto para mim várias vezes, como se quisesse uma explicação. Ela pareceu mais confusa ainda quando viu o sorriso de alívio que havia surgido em meu rosto.

Eu sabia que não iria embora sem Chad.

Abbey, Chad e eu nos empilhamos em cima do cavalo malhado, que corria com velocidade apesar do peso extra que estava em seu dorso. Cortávamos o caminho coberto de neve a toda velocidade, tentando ganhar mais distância de Sergal possível. Um grupo de cinco serviçais apareceu nos arredores, logo depois de atravessar a ponte, mas, de alguma forma, conseguimos ultrapassa-los.

Chad, que passou a conduzir o cavalo, direcionava-o por caminhos aleatórios, como se ele mesmo não soubesse para onde estava indo, contanto que não fossemos encontrados pelos serviçais. Uma visita a Sergal já foi mais do que suficiente.

Apesar do coro de reclamações minha e de Abbey (o que, aparentemente, era algo de família), Chad não quis parar nem um minuto. Enquanto galopávamos, pareceu que meu corpo se lembrou de que era um ser vivo, e passou a ter todos os tipos de necessidades possíveis. Cheguei até a apelar pelo cavalo, lembrando-o de que ele estava carregando mais do que estava acostumado. Mas, nada.

Não demorou muito para a escuridão ser total. Só depois de horas no escuro, Chad se convenceu de que era uma boa hora para parar.

– Ótimo. – Eu disse, desmontando do cavalo e esticando minhas pernas. – Porque no total escuro é o melhor momento de se encontrar um lugar para acampar.

Chad desceu do cavalo e esfregou o rosto com a mão.

– Se você confiasse em mim um pouquinho mais... – Ele murmurou.

Eu revirei meus olhos.

Ajudei Abbey a desmontar, que quase tombou para o lado quando seus pés tocaram o chão. Na pouca luz do luar daquela noite, eu apenas consegui ver o rosto pálido de Abbey coberto de sujeira, e seus olhos tendo dificuldade em se manterem abertos. Meu peito de inflamou de raiva, e eu lancei um olhar furioso para Chad, que nem ao menos se deu ao trabalho de perceber.

Bufando, procurei algo de comestível em minha bolsa, encontrando algum pedaço de pão de hoje de manhã. Abbey, sem se preocupar se estava duro ou não, abocanhou o pedaço de pão. Eu olhava para ela, estatelada, imaginado quando foi a última vez que ela teve uma refeição decente. Entreguei meu cantil de água para ela, aproveitando as últimas gotas que Abbey não havia bebido para limpar um pouco o seu rosto. Assim que eu coloquei no chão minha saca de dormir, Abbey enrolou-se sobre ela, caindo em um sono profundo em questão de segundos.

Girei sobre meus calcanhares, marchando na direção de Chad, que tentava, inutilmente, acender uma fogueira.

– Qual é o seu problema? – Eu vociferei tentando, ao máximo, não aumentar o tom da minha voz. – O que custava parar um pouco antes? Ela poderia ter morrido de desidratação ou algo do tipo!

Chad apenas me lançou um olhar, voltando a focar nas pedras em suas mãos.

– Porque nunca leva a sério o que eu falo? – Eu continuei.

Ele se levantou rapidamente, me encarando com os lábios retraídos.

– Porque você nunca leva a sério o que eu falo? – Ele sussurrava, mas eu consegui sentir a raiva emanar de seus poros como eu nunca tinha visto antes.

– Eu nunca tenho opção. Tenho?

– Teria! Se tivesse um pouco mais de bom senso!

– Do que você... – Eu aumentei mais o meu tom, mas Chad lançou um olhar rápido na direção de Abbey. Engoli a seco e diminui minha voz – Do que você está falando?

– Você quase se matou tentando salvar Abbey.

– Porque você simplesmente desapareceu e me deixou sozinha!

Eu gesticulava terrivelmente enquanto falava. Chad passava as mãos pelo rosto de novo e de novo, bagunçando os cachos que caiam na testa e andando de um lado para o outro.

Ele se voltou para mim, apontando o dedo indicador em meu nariz.

– Nem sempre eu estarei lá para salvar sua pele, Brianna. – Ele engoliu a seco, como se apenas mencionar a ideia já lhe causasse dor. – As coisas poderiam ter sido bem piores hoje se não fosse eu para tirar você da enrascada que estava se metendo.

Chad deu as costas e voltou-se para o seu projeto de fogueira.

Cerrei meus olhos, enfurecida com o que Chad havia acabado de dizer.

– Aah, então é assim! – Eu contornei a fogueira para ver o rosto dele. – Eu deveria ter fugido sozinha quando tive a chance, ao invés de ter te esperado!

Ele voltou seu rosto para mim, seus olhos cobertos pelas sombras.

– Ótimo.

Cruzei meus braços e passei por ele.

– Ótimo.

Chad voltou sua atenção para as pedras, raspando uma na outra com mais força do que antes, mas sem conseguir tirar uma faísca. Parei alguns centímetros dele, hesitante. Olhei levemente para trás, por sobre os ombros. Uma bola de fogo surgiu nas folhas e galhos que Chad havia recolhido para a fogueira, assustando-o por um segundo.

Ele voltou seu rosto para mim, um sorriso surgindo no canto de seus lábios. Balançou a cabeça de um lado para o outro e virou-se de costas novamente.

Assim que meus olhos fecharam, uma invasão de imagens nebulosas cobriu minha mente. Parecia que eu estava revivendo aquele dia de novo, e de novo, e de novo. Uma sequência inacabável de entradas em Sergal, com inúmeras possibilidades, completamente diferentes do que havia acontecido realmente. Inúmeras idas até as jaulas. Incontáveis lutas com serviçais, cada uma com um final diferente.

Só havia uma cena que se repetia milhares de vezes do mesmo jeito.

Presenciar minha mão se abrindo para deixar minha mãe cair nas profundezas de um penhasco foi, sem dúvida, a pior coisa que aconteceu em minha vida. Assistir essa mesma cena, uma atrás a outra, sem ter a opção de mudar a alguma coisa, de fazer diferente, estava me corroendo por dentro.

Por quanto tempo eu carregaria essa culpa comigo?

Não importava se, de alguma forma, aquilo havia sido uma decisão de minha mãe. Não importava, muito menos, se ela estivesse em paz com essa escolha. Nada disso importava porque, o que havia acontecido lá, não fora apenas escolha sua.

Havia sido minha escolha também. E não foram pelos mesmos motivos que ela.

O aperto em meu peito crescia de tal forma que eu sentia como se todo o ar ao meu redor tivesse sido sugado, e meu pescoço estivesse sendo enforcado pelo vazio que me consumia. E, para complementar isso, o peso invisível que se alojava em meus ombros permitia-me encarar apenas o chão.

No dia que me tornei Guardiã, havia sentido algo completamente diferente acontecendo em mim. Como se toda aquela escuridão que sempre me envolveu estivesse se dissipando, desvinculando-se de mim em detrimento de outra nova sensação. Apesar da dor que senti, os braços da Flor em Chamas acordava meus membros, e, talvez naquela hora não tenha percebido, mas hoje conseguia ver, que era ela que estava fazendo aquela nuvem escura sair de mim.

Porém, enquanto eu assistia minha mão morrer pela milionésima vez, eu tive a certeza de que nada do que eu fizesse poderia ser capaz de afastar aquela nova escuridão que me cercava.

Acordei com um solavanco, sentindo tontura ao levantar tão repentinamente. Cerrei os olhos, tentando focalizar em algo, até que notei que ainda estava escuro demais para conseguir enxergar algo. Tentei me lembrar de onde eu estava e o que eu estava fazendo.

Ainda ofegante com o pesadelo, tateei a minha volta, em busca de Abbey para certificar-me de que ela realmente estava a salvo.

Minha pulsação aumentou quando notei que ela não estava ali.

Levantei-me em um segundo, rodeando a clareira em que estávamos, até que notei uma pequena sombra ao pé da fogueira, com uma chama quase morta.

– Ah, Bey! – Eu sussurrei, soltando o ar que eu estava segurando.

Abbey tentou sorrir quando eu me sentei ao lado dela.

– Você me matou de susto! – Eu a repreendi silenciosamente, tocando-a no rosto, nos cabelos, nos ombros, nos braços. Apenas para me certificar de que ela estava inteira e de que não era uma alucinação.

Ela engoliu a seco.

– Não estava conseguindo dormir.

Passei meu braço ao redor de seus ombros e a apertei contra mim. Era incrível como quase perder alguém te faz mudar a forma de trata-la.

– Parece que temos algo em comum, então. – Eu tentei consolá-la, sabendo muito bem que não sou a melhor pessoa para fazer isso.

– Ele falou comigo. – Abbey murmurou.

Eu me afastei dela, com uma expressão confusa em meu rosto.

– Você sabe. – Ela responde, projetando um sorriso. – Guyok. Ele tem falado comigo desde que você partiu.

De repente, minha boca pareceu estar seca como nunca antes. Dizer que era impossível, eu não poderia dize. Mas como Abbey poderia saber sobre Guyok quando eu mesma nunca havia ouvido falar dele antes? Eu franzi meu cenho, tentando formular a pergunta que rondava minha cabeça.

– C-Como isso...?

Desviando o olhar, Abbey entrelaça os dedos, remexendo-os nervosamente.

– Ás vezes em algum sonho. – Ela diz, voltando seu olhar para minha direção, mas sem me encarar. – Ás vezes, eu simplesmente o sinto por perto e ouço sua voz em minha mente. – Ela então parou, unindo suas sobrancelhas em um olhar de preocupação. – Você acredita em mim, não acredita?

Ainda encarando-a, com o queixo caído em surpresa, eu balancei minha cabeça para cima e para baixo, positivamente.

– Ahn... Claro. – Eu sorri, tentando parecer um pouco mais convincente, – ele já falou comigo também.

Um sorriso largo surge no rosto de Abbey.

– Ele me disse isso. – Seu sorriso se desfaz lentamente, e ela volta a me encarar. – Hoje ele me disse que mamãe estava em um lugar melhor, que eu não precisaria me preocupar. Disse também que eu não deveria ter tanto medo. Que vocês me protegeriam.

O aperto em meu coração aumentou ao ouvir o que Abbey falava.

Respirei fundo, tentando conter as lágrimas que começavam a saltar dos meus olhos.

– Ele está certo, Abbey, – eu a abracei mais apertado, – estou aqui para te proteger.

Custe o que custar.


-----

Maaaaaais um capítulo para vocês!

Acharam o capítulo um pouco confuso? Ainda estou no processo de escrita do livro e ainda não tive a oportunidade de revisar. Então, a ajuda de vocês é extremamente importante! Quer ajudar o livro a melhorar? Então deixe sempre um comentário falando o que você está achando de tudo. Vai ajudar MUITO <3

Aahh, e eu tenho um Blog - http://umlivroeumcha.com.br

Eu tenho um instagram do blog! - @abookandatea

O Florescer do Fogo está à venda! - www.clubedeautores.com.br

Beijinhos, Camilla <3

Continue Reading

You'll Also Like

19.3K 97 13
[C O N T O S] ❍ [ E R O T I C O] ❍ [ E M A N D A M E N T O] Ah eu acho que enganei os curiosos. Se perca no prazer. Quando as luzes se apagam, é...
542K 61K 70
❝𝙴𝚖 𝚝𝚘𝚍𝚘𝚜 𝚘𝚜 𝚖𝚎𝚞𝚜 𝚊𝚗𝚘𝚜 𝚍𝚎 𝚟𝚒𝚍𝚊 𝚎𝚞 𝚗𝚞𝚗𝚌𝚊 𝚊𝚖𝚎𝚒 𝚊𝚕𝚐𝚞𝚎𝚖 𝚌𝚘𝚖𝚘 𝚎𝚞 𝚝𝚎 𝚊𝚖𝚘❞ ...
61K 8K 66
"Às vezes o sangue não é mais espesso que a água." Os originais Season: 1 - 4 Book 2 da Série Audrey Gilbert Direitos: @-Gossipriley Ranking:
50.4K 2.2K 19
✿︎| 𝙻𝚒𝚟𝚛𝚘 𝚍𝚎𝚍𝚒𝚌𝚊𝚍𝚘 𝚊 𝚒𝚖𝚊𝚐𝚒𝚗𝚎𝚜 𝚙𝚛𝚘𝚝𝚊𝚐𝚘𝚗𝚒𝚣𝚊𝚍𝚘𝚜 𝚙𝚎𝚕𝚘𝚜 𝚙𝚎𝚛𝚜𝚘𝚗𝚊𝚐𝚎𝚗𝚜 𝚍𝚊 𝐬𝐨𝐧𝐬𝐞𝐫𝐢𝐧𝐚. Sᴏɴsᴇʀɪɴᴀ...