O fim da tarde estava sendo ótimo até um Playboy chamado Lysandre aparecer aqui. Sério, quem bota o nome do filho de Lysandre? Que nome gay! Não que eu tenha nada contra os gays mas ... Argh!
Continuo alimentando os porcos mas paro quando vejo ele e Maia aos beijos.
Sério que eles tinham que fazer isso bem aqui? Em um lugar que todos podem ver? Fala sério!
- Oi, amor! - Diz Beatrix me dando um beijo na bochecha.
- Oi. - Falo ríspido.
- Hum, tudo bem? - Pergunta parecendo preocupada.
- Sim, desculpe, só estou estressado. - Falo antes de depositar em beijo em seus lábios.
- Você quer ajuda? - Perguntou.
- Por favor. - Falo.
Beatrix me ajudou a alimentar os porcos e em poucos minutos já tínhamos terminado. Lavamos nossas mãos em uma torneira ali perto e em seguida andamos pela fazenda de mãos dadas.
- Você viu o namorado da Maia? Ele é muito gentil. - Disse Beatrix.
- Hum, ele não é lá essas coisas. - Falei entediado.
- Luke ... - Falou Beatrix parando de andar e se virando para mim, com os braços cruzados e uma expressão analisadora.
- Hum? - Falei.
- Você está com ciúmes? É isso? - Perguntou me deixando sem fala. Nem mesmo eu sabia. Eu estou realmente com ciúmes de Maia? Droga, acho que sim, mas como admitir isso para minha namorada?
- Ahn ... eu ... Ok, talvez eu esteja com ciúmes e ... - Comecei a falar mas então Beatrix me interrompeu.
- É a primeira vez que você admite que sente ciúmes de mim! Meu Deus, Luke! Você é tão fofo. - Falou.
- Ah, claro, ciúmes de você ... - Falei. Eu sou uma pessoa horrível, eu deveria ter ciúmes da minha namorada e não de ... vocês-sabem-quem.
- Pois não precisa ter, você sabe que eu te amo. - Então ela me beijou.
- Luke! Luke! - Escutei uma voz fininha e doce me chamar. Beatrix e eu paramos de nos beijar e eu encarei a criatura adorável na minha frente, Zoey.
- Oi baixinha. - Falei me agachando.
- É que eu tava brincando na casinha na árvore e tinha uma coisa oval e beeeeem grande lá, aí eu resolvi mexer e saiu um monte de abelhas. - Falou.
Arregalei meus olhos. Abelhas? Isso não é nada bom.
- Você está bem? - Perguntei analisando-a inteira.
- Sim, mas agora elas estão soltas por aí. - Falou.
- Eu vou procurar o vovô pra resolver isso. Fique aqui com Beatrix, certo? - Perguntei.
- Certo. - Respondi.
- Se aparecer alguma abelha por aqui corra com Zoey, acho que você não vai gostar do resultado se elas te picarem. - Falei pra Beatrix.
- Pode ir, eu cuido dela. - Falou dando uma piscadela. Dei um selinho na mesma e então saí a procura do meu avô.
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Depois de resolver toda a situação das abelhas (que foi bem difícil) finalmente anoiteceu, e logo depois uma chuva começou, e está até agora.
- A janta está pronta. - Anunciou vovó. Todos correram (literalmente) para a mesa. Estávamos morrendo de fome e como o cheiro estava dos deuses correr foi a solução para chegar mais rápido.
Dessa vez Zoey sentou entre mim e Lysandre.
Eu tinha que estar atento sempre que ela fosse beber seu suco, porque sempre que ela pega no maldito copo acaba derramando tudo, e eu não estava afim de sujar toda minha roupa.
- Falta menos de um mês para nascer, que emoção! - Disse mamãe para a mãe dos Buchmann's.
- Sim, estou muito ansiosa, quero ver o sorriso dela logo. - Falou a Sra.Buchmann com convicção.
- Ou dele. - Alertou seu marido.
- Será uma menina, eu sinto. - Falou a Sra.Buchmann.
- Você disse a mesma coisa com Austin, querida. - Alertou-a o sr.Buchmann.
Todos explodimos em risadas.
A Sra.Buchmann olhou constrangida para Austin, que até parou de comer com a confissão.
- Você me confundiu com uma menina, mãe? - Perguntou Austin.
- Ah querido, foi um pequeno erro ... - Disse sua mãe se explicando.
- Não foi só isso ... - Disse o pai de Austin.
Sua esposa o olhou com um olhar mortal e ele se calou.
- Como assim não foi só isso? Me contem! - Exigiu Austin.
- Bem ... Talvez eu tenha vestido você de menina algumas vezes, mas é só porque você ficava muito bonitinho, eu juro! - Disse a Sra.Buchmann.
Todos rimos mais ainda.
E enquanto eu ria não percebi que Zoey alcançou seu copo. Só percebi quando o estrago estava feito, mas o estrago não foi pra mim, e sim para Lysandre.
O suco de uva manchou toda a sua blusa branca.
- Meu Deus! Essa blusa custou setecentos dólares! - Exclamou se levantando rapidamente.
- Calma Lysandre, podemos consertar. - Disse Maia.
- Consertar? Você tem ideia de quanto é setecentos dólares na crise de hoje em dia?! - Perguntou elevando um pouco mais a voz.
- Não fale assim com ela, Maia não teve culpa. - Falei. Quem esse idiota pensa que é pra gritar com a própria namorada?
- Desculpa, eu sempre faço isso, mas eu posso te pagar com minha mesada. - Falou Zoey inocente.
- Ah claro! Quanto você ganha? Uns quarenta reais? - Perguntou de deboche.
Zoey se virou para mim.
- Luke, qual o valor de 2000? - Perguntou soletrando os números.
- Dois mil reais. - Falei sorrindo.
- Dois mil reais da pra pagar, moço? - Perguntou Zoey.
- Deixe sua mesada guardada, eu pago. - Se pronunciou papai. Ele tirou uma bolada de 10 notas de cem reais para Lysandre e o entregou. - Pode ficar com o troco. - E então se sentou, e todo mundo voltou a conversar normalmente, sem se importar com Lysandre.
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Todos já haviam ido dormir, menos eu. Parece que de tantos dias para aparecer a insônia resolveu aparecer justo hoje.
Suspirei enquanto mudava de canal.
- Ainda acordado? - Não precisei me virar pra saber que era Maia, mas mesmo assim senti necessidade.
Ela usava uma calça de moletom preta, uma blusa azul caída em um dos ombros e uma pantufa do Bob Esponja. E seu cabelo estava amarrado em um coque frouxo.
- É, não estou com sono. - Respondi.
- Comigo é o contrário. Eu estou com sono mas Laura e Kathryn não param de fofocar e bem ... Sua namorada ronca muito. - Ela diz segurando a risada.
- Sério? - Perguntei. Beatrix ronca?
- Sim e noossaaa! Parece até que o quarto inteiro está tremendo. - Falou rindo. Eu ri também. Faz tempo que não via a risada ou o sorriso de Maia, e percebi que sentia falta de tudo aquilo.
- Então, você ainda dança? - Perguntei puxando assunto. Maia se sentou ao meu lado e deu de ombros.
- Agora só por hobby. - Falou. - Depois que voltei de Milão com Laura nós duas decidimos fazer faculdade de moda e eu estou amando, é a minha praia. E você? - Perguntou.
- Entrei na de medicina faz pouco tempo. No começo meu pai disse que eu tinha que entrar na de administração para substituir ele depois que ele falecer mas o convenci de fazer apenas um curso. - Falei.
- Você quer ser médico? Isso é muito nobre, salvar a vida das pessoas deve ser um sentimento sem tamanho. - Falou com admiração.
- É assim que eu me sinto, só entrei na faculdade há poucos meses e já sinto um peso enorme nas costas, mas um peso bom. - Falei.
- Lembra quando eu passei maquiagem em você? Foi hilário! - Falou Maia rindo.
- Não, não foi. - Falei.
- Foi sim! Eu tenho a foto ainda, olha. - Ela disse me mostrando a foto.
- Não acredito que me deixei passar por essa humilhação. - Falei descrente.
- Bem que eu podia fazer de novo, foi divertido. - Falou com um sorriso travesso nos lábios.
- Não mesmo! - Falei.
- Ah qual é, Luke! - Falou fazendo biquinho. Balancei a cabeça negativamente. Maia parou de me perturbar e ficamos assistindo calados por um tempo.
- Você já sentiu que ... Talvez a pessoa que você esteja não seja o amor da sua vida? - Perguntou sem desgrudar os olhos da TV.
- Porque essa pergunta? - Perguntei.
- É que ... Esquece. - Falou.
Será que é assim que ela se sente em relação a Lysandre? Não sei, mas essa pergunta despertou algo em mim.
É assim que eu me sinto em relação a Beatrix?
Perdido em meus pensamentos deixo minha mão cair ao meu lado, no sofá, e é aí que sinto a mão de Maia, e o nosso toque foi como um choque de eletricidade. Nossos olhos se encontram e nos encaramos sem falar nenhuma palavra, meus olhos pairam em sua boca avermelhada e carnuda e de repente não existe mais ninguém ali.
Só eu e ela. Só eu e Maia.
Nossos rostos se aproximam e então o clima é cortado.
- Luke! - Ouço a voz sonolenta de Zoey. Maia e eu acordamos do nosso transe e nos recompomos assustados. Meu Deus! Eu ia trair Beatrix agora?
- Oi, Zoey. - Falei.
- Não consigo dormir. - Falou esfregando os olhos. Quando ela finalmente enxergou Maia ali ela deixou escapar um grande sorriso. - Maia! - Falou indo abraçá-la.
- Oi. - Disse Maia sorrindo e acariciando seus cabelos.
- O que vocês estavam fazendo sozinhos? - Perguntou Zoey.
- Nada, apenas conversando. - Falei.
- Posso conversar com vocês? - Perguntou empolgada.
- Na verdade eu já ia dormir, Zoey. - Falei para minha irmã.
- Ah. - Falou tristonha.
- Mas eu e você ainda podemos conversar! - Exclamou Maia.
- Ebaa! - Falou Zoey animada.
Sorri e subi para meu quarto.
Eu quase traí Beatrix.
Meu Deus, se Zoey não tivesse chegado o que teria acontecido? E o pior é que eu queria que tivesse acontecido. Droga! Essa situação não pode permanecer assim. Eu amo Maia e não tenho mais com o que me enganar.
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Acordei mais cedo do que todos e me preparei para saber o que falar com Beatrix.
Fiquei na varanda da casa e fiquei pensando em toda a minha situação. Se eu pudesse compartilhar com alguém seria bem mais fácil, mas infelizmente não posso.
- Bom dia! - Falou Beatrix sentando-se ao meu lado e me dando um beijo.
- Você acordou cedo hoje. - Falei.
- É, não estava conseguindo dormir mais do que isso, não sei porque. - Falou dando de ombros.
- Beatrix ... precisamos conversar. - Falei.
- Aconteceu alguma coisa? - Perguntou preocupada.
- Vamos conversar mais afastados. - Falei.
Andamos em silêncio pela fazenda e quando estávamos longe suficiente resolvi logo fazer o que eu tinha para fazer.
- Beatrix ... - Comecei.
- Fala logo, você está me deixando nervosa. - Disse.
- Bia, você sabe que eu te adoro e também adoro a sua companhia mas eu não posso continuar nos enganando. O que eu sinto por você não é amor e nem muito menos paixão, só amizade e admiração da pessoa que você é. - Falei.
Beatrix estava com os olhos inundados pelas lágrimas, fazendo meu coração se apertar.
- Eu ... Eu acho que é melhor pra nós dois que a gente termine. - Falei.
- Você ... Você se apaixonou por outra? - Perguntou soluçando.
- Não foi agora, foi algum tempo atrás, antes mesmo de te conhecer. - Falei sentindo um peso enorme sair das minhas costas.
- Eu te amo ... - Falou.
- Beatrix ... - Tentei falar.
- Eu não terminei de falar. - Disse. Ela enxugou as lágrimas e soluçou antes de falar novamente. - Eu te amo, e é por esse motivo que ... - Ela se desabou em lágrimas. - Eu quero que você seja muito feliz e vou torcer pra que você e essa outra garota fiquem juntos. - Disse Beatrix, me deixando com o coração partido.
- Adeus, Luke. - Então ela saiu correndo.
Droga.
Corri atrás dela e a puxei pelo braço, fazendo a mesma se aconchegar em meus braços.
- Desculpa, eu não queria te magoar. - Falei confortando-a em meus braços.
- Tudo bem, eu só não esperava que todos os seus "eu te amos" fossem falsos. - Falou saindo do meu abraço.
- Não eram falsos. Eu te amo, só que como ... Uma amiga, uma irmã. - Falei segurando seu rosto com minhas mãos.
- Eu acho melhor eu ir embora logo, até algum dia. - Falou.
E dessa vez eu a deixei ir.