Blue

Da GioviSouza

31.3K 2.4K 1K

"Você era vermelho e gostava de mim porque eu era azul. Você me tocou e de repente eu era um céu lilás, então... Altro

Boas Vindas!
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo 8

890 78 45
Da GioviSouza

Blue

Era bom sentir os raios de sol penetrando a minha pele protegida pelo protetor solar enquanto eu folheava o meu livro para a aula de literatura. Os óculos escuros protegiam minhas retinas claras demais e, desistindo de tentar me concentrar naquelas letrinhas que pareciam se embaralhar, eu deixei o livro de lado. O melhor que eu poderia fazer era aproveitar aquele dia de sol como eu havia vindo fazer.

Me levantei, tirei os óculos e olhei para uma Bianca que dormia tranquilamente embaixo daquele sol escaldante. Seu corpo era dar inveja à qualquer garota, inclusive em mim, me fazendo sentir um rato branco e que não comia há dias. Ri dos meus próprios pensamentos e me virei para ver se Noah estava na água.

Foi tudo muito rápido: eu me virei abruptamente e cambaleei na direção do que quer que tivesse passando por mim naquele momento. Era duro e alto... Por que cheirava tão bem? Meus olhos subiram de um peito forte e muito bem vestido em um terno que parecia caríssimo, uma barba por fazer e então encontraram olhares misteriosos me fitando. Eu não conseguia ler sua expressão, mas achei ter visto um tanto de admiração. Estava enganada, certo? Ele era o pai do meu melhor amigo, por que me admiraria?

- Oh, senhor Hayes... - Me afastei alguns passos, arrumando meus cabelos e ajeitando o biquíni. - Me desculpe, eu não o vi aí.

Não consegui mais olhá-lo, o chão parecia mais atrativo naquele momento por algum motivo. Droga de pelos arrepiados traidores!

- Está tudo bem... É Blue, certo? - Sua mão quente e firme tocou meu braço desnudo e magro.

Foi impossível não querer encontrar seu olhar depois disso. Era mais uma necessidade. Engoli em seco quando comecei a analisá-lo. Ele era um homem, forte, bem sucedido, com um rosto lindo, um sorriso encantador, um corpo que com certeza chamava a atenção para um homem da idade dele. Quantos anos ele tinha? Não aparentava ter mais do que trinta. Deus, ele se parecia tanto com o meu amigo! Então por que eu estava tão atraída por ele?

Assenti uma vez, me sentindo idiota por estar encarando-o perdida em pensamentos. Sorri e lembrei que sabia falar, devendo colocar em prática.

- Isso. - Pigarreei, tentando fazer minha voz ser ouvida com clareza.

- Vai vir ao baile de máscaras amanhã? - Perguntou, colocando as mãos nos bolsos da calça.

Parece que a minha cintura e meu braço ainda pegavam fogo mesmo depois de minutos que suas mãos estavam repousadas ali para me apoiar e acalentar. Umedeci os lábios e cruzei os braços embaixo dos seios. Foi uma ideia idiota, seu olhar correu para ali e se desviou rapidamente. É claro que ele olharia, era instintivo, agora estávamos ambos constrangidos. Eu não sabia se pulava de alegria por isso ou se me xingava mentalmente pelo ato impensado.

- Ahn, sim. Noah vai trazer eu e a Bianca. - Mordi meu lábio inferior, tentando não parecer uma completa idiota na frente dele. Acho que era um pouco tarde para isso.

- Bianca? - Ele franziu o cenho, dando um sorriso compreensivo, quase como pontos tivessem sido ligados no seu cérebro como mágica. Ele assentiu e começou a se afastar calmamente. - Tudo bem, se divirta, garota Blue. - Piscou na minha direção e virou de costas, se afastando.

Se os braços de Noah não tivessem me pego no segundo seguinte, eu com certeza teria me derretido ali mesmo e caído naquela piscina límpida. Mas meu amigo se certificou de fazer isso com maestria, pulando comigo enquanto eu gritava por misericórdia.


Nicholas

Eu me lembrava dos seus traços, de cada tom que pintava suas íris, dos seus lábios cheios. E tinha como esquecer? Seu nome escorregou pela minha língua enquanto eu fingia que não pensava naquela garota vinte anos mais nova. Não me orgulhava nem um pouco, passava minhas noites em claro pensando no pedófilo pervertido que eu era. Tive que terminar aquela conversa ou me atrasaria para cuidar da festa do dia seguinte. 

Apesar dos pensamentos estarem naquela garota, eu tentava me divertir com as outras sócias do clube. Eu tinha que me distrair com alguém da minha idade, aquela garota não me servia. Ela estava na flor da idade, jamais olharia para um homem como eu, principalmente o pai de seu amigo.

Ao contrário do que se imagina, eu não tinha pensamentos libidinosos. Longe disso, eu pensava nela em toda a sua pureza e originalidade. Ela passava um ar inocente, bondoso e carinhoso. Era a coisa mais linda que eu já havia visto na vida e poucas garotas eram daquele jeito na idade dela, era raro de se encontrar. Era quase como se eu encontrasse ela na pequena Blue. OK, eu preferia acreditar que era coisa da minha cabeça. Eu ainda sentia falta dela e tentava encontrá-la, como sempre fizera. 

Agora, mais do que nunca, saía com as mulheres que me cobiçaram. Uma delas me chamando mais atenção e destoando dentre as outras. É, com certeza eu poderia apresentá-la ao meu filho assim como ela queria fazer com a sua filha.

Quando Blue me disse sobre Bianca estar junto deles no baile de máscaras, me lembrei de encontros esporádicos que aconteciam dela com meu filho em casa. Eu não me importava, sabia que meu filho cuidava de uma mulher como se devia. Ensinei ele a respeitar e dar atenção à toda mulher.

Não me intrometia em qualquer que fosse a relação dos dois, mas com a frequência dela em casa, eu acreditava que algo poderia estar acontecendo entre os dois e isso me deixava feliz. Achava que Noah nunca ia ser capaz de amar uma garota por não ter algum exemplo em casa ou simplesmente por ver seu pai sofrer por um único grande amor a vida toda.

Por um lado eu quisesse lhe aconselhar, perguntar o que acontecia entre ele e Bianca, dizer que se algum dia ela não o quisesse mais que ele poderia encontrar um novo amor, que não era para seguir meu exemplo e se fechar para novos relacionamentos. Mas eu não tinha intimidade o bastante para fazer isso com meu filho e isso me fez falta pela primeira vez.

- Senhor Hayes? - Uma voz feminina me tirou dos meus devaneios e eu observei a mulher negra de cabelos cacheados volumosos me olhando com uma pasta em mãos.

- Oh, obrigado. - Murmurei, pegando a pasta e folheando as páginas da decoração, que fora planejada com apreço, sem realmente ver.

Eu assinei ao final da pasta, concordando com aquilo tudo e sorrindo para a linda garota ao meu lado enquanto tentava ignorar uma que estava longe de ser a minha vida.


Blue

- O que meu pai queria com você? - Noah perguntou.

Nós estávamos tempo o suficiente dentro da piscina para ficarmos enrugados. Ele tinha uma mão na minha nuca e outra nas minhas coxas, me deixando boiar enquanto me levava de um lado à outro da piscina. Eu estava tranquila, relaxada, até ele fazer aquela pergunta.

Eu afundei, sentindo entrar um pouco de água dentro do meu nariz e emergi, tossindo um pouco, sendo amparada pela sua mão grande espalmada nas minhas costas.

- Eu estou bem. - Minha voz esganiçada, mas se recuperando com mais algumas tossidas.

Algumas pessoas pararam para prestar atenção em nós dois, mas logo se dissiparam quando eu me sentei na beirada da piscina, deixando Noah entre minhas coxas.

- Essa posição é muito errada. - Ele disse, um sorriso travesso pintando seus lábios.

Revirei os olhos, não conseguindo ver maldade naquela relação.

- Bobinho. - Pisquei e acariciei seu rosto.

- Tudo bem, não foge do assunto. - Ele foi para o lado, deu impulso e logo estava ao meu lado. - O que o poderoso senhor Hayes queria com você, loirinha?

Eu gostava quando ele me chamava de loirinha. Era bom, eu me sentia bem, acolhida, em casa. Toquei sua mão e fiquei brincando com seus dedos.

- Eu esbarrei nele e apenas falamos sobre o baile. - Dei de ombros ao fim, como se não me importasse. Eu não deveria, sabia disso, mas me importava. 

Noah fez algum comentário, mas eu já estava imersa nas lembranças dos olhos verdes daquele homem. Era errado eu me sentir assim por um homem tão mais velho do que eu e ainda mais sendo pai do meu melhor amigo. Tinha certeza que era passageiro, dali uma semana todas essas sensações terão virado rotina, me acostumando com a presença de Nicholas Hayes. Ou era isso que eu queria acreditar.




- Droga, Marceline! Por que eu estou nessa indecisão pra escolher uma roupa? Nunca fui assim! - Reclamei, me jogando no mar de roupas que havia se tornado a minha cama.

- Ah menina, levante daí! Vamos, vamos! Ligeiro! - A mulher se afobava em arrumar o que eu bagunçara.

Marceline separara alguns vestidos e nenhum parecia o certo para aquela ocasião. Mas eu não era assim, sempre fora direta na minha escolha e fazia quase uma hora que eu acabara a maquiagem e tentava decidir qual era o vestido certo.

- Por que não pega o amarelo para poder combinar com a máscara dourada? - Ela pegou em mãos um vestido e me mostrou.

Ele era transparente no colo, com algumas rendas e então um tecido de seda na saia. Era apertado na cintura e largo nos quadris, deixando-o rodado de um jeito que não era exagerado.

- Marceline, o que seria de mim sem você? - A abracei fortemente, tomando o vestido de suas mãos e beijando seu rosto antes de ir em direção do banheiro para terminar de me trocar.

As sandálias douradas e a máscara completavam o look. Me olhei satisfeita no espelho a tempo de ouvir a buzina do lado de fora. Desci as escadas, gritando um tchau para a minha mãe - que finalmente pararia em casa naquela noite - e para Marceline.

No carro, Bianca já estava no banco da frente, seu vestido era tomara que caia, começando negro nos seios e terminando branco nas pernas, sendo também rodado como o meu. Sua máscara era para ser segurada na frente dos olhos, negra como parte de seu vestido. Já Noah estava vestido em um smoking, a máscara branca lhe deixava com um ar misterioso e sexy.

- Boa noite, milady. - Ele cumprimentou com um beijo nas costas da minha mão.

Eu ri baixo, balançando a cabeça em negação. Fiz uma pequena reverência e entrei no banco de trás. O carro não foi silencioso, estávamos animados para uma festa depois de uma semana cansativa e, assim que chegamos, boa parte do sócios já tinham entrado - adolescentes em sua maioria.

Dentro do salão de festas tudo estava decorado com cortinas douradas e prateadas e máscaras penduradas por todas as partes. Deixamos nossos casacos pendurados e entramos, indo direto para o bar. Tínhamos alguns privilégios por sermos amigas do filho de um dos donos do Renovación. Bebidas alcoólicas foram parar nas nossas mãos e logo estávamos dançando ao som de No Broken Hearts.

Eu estava me divertindo com meus amigos, era bom estar ali com eles, sorrindo, cantando alto sem ninguém poder nos julgar. Mas eu me vi buscando ele. Não poderia achá-lo em um mar mascarado, então decidi que seria bobeira fazer isso. 

Em um momento eu precisei ir ao banheiro e avisei aos meus amigos. Bianca não se ofereceu para ir comigo - ela não entendia o sentido dessa reunião para ver a amiga urinar - por isso eu fui até lá, fazendo o que tinha que fazer e ajeitando os cachos recém feitos com capricho por Marceline.

Sorri ao pensar no quanto ela era mais minha mãe do que a própria que havia me gerado. Mordi o lábio inferior e balancei a cabeça em negação. Não queria pensar nelas, só queria me divertir aquela noite como se o mundo fosse acabar ao fim da festa.

Assim que saí, fui direto para onde me encontrava anteriormente, mas meus amigos não estavam mais ali e eu franzi o cenho. Olhei à minha volta e suguei o resto da minha bebida pelo canudo antes de abandoná-la em qualquer canto ali perto.

Uma música sensual e envolvente começou. Eu a conhecia e sentia uma vontade crescente de dançar me envolver. Fechei os olhos e passei a requebrar meu quadril de um lado à outro sozinha, tocando curvas do meu corpo enquanto a letra de Close fazia algum sentido na minha cabeça.

Mãos masculinas e firmes tocaram a minha cintura e eu entrei em alerta de imediato. Me virei bruscamente para encontrar os olhos verdes que atormentavam minha vida nos últimos dias. Sua máscara era de um vermelho vivo e se parecia com um demônio. Um demônio que me atormentava desde o dia em que me conhecera. 

Engoli em seco e o vi com a mão estendida para que eu dançasse com ele. Sem pensar direito, deixei que ele me tomasse e logo eu estava entregue. Nicholas guiava meus passos, me fazia rodopiar, rodopiava comigo e tocava a minha mão com tamanha delicadeza que era como se eu fosse me quebrar a qualquer segundo. Eu o acompanhava, meu corpo correspondendo ao seu. Em nenhum momento houve a quebra do contato visual e eu tive medo da necessidade que eu senti.

Ao fim da música, algumas pessoas nos olhavam, mas eu realmente não me importava. Ninguém poderia nos reconhecer, éramos dois desconhecidos e isso me trazia algum conforto. Toquei o seu rosto descoberto, correndo as unhas por seu pescoço e encontrando os cabelos ralos da sua nuca enquanto ele apertava a minha cintura, acariciava a lateral do meu corpo sem malícia, me conhecendo.

Eu tive medo e foi pelo medo que eu corri de seu braços.


xxx



Continua a leggere

Ti piacerà anche

748K 49K 67
Jeff é frio, obscuro, antissocial, matador cruel.... sempre observava Maya andando pela floresta, ela o intrigava de um jeito que ele mesmo não conse...
1.1M 42.8K 200
Mangatoon Descrição: Algo deu errado no ritual da invocação, ela foi convocada para o Reino demoníaco e se tornou a escrava de sangue de um príncip...
1.7M 167K 64
Anelise tem uma paixão platônica desde muito tempo por Theo e decide que irá conquista-lo. Passando o tempo mirabolando planos para sua conquista, a...
74.2K 3.4K 194
O que você faria se viajasse para os tempos antigos e tivesse muitos príncipes apaixonados por você? Porém, a vida dela não é nada simples. Ela tem u...