Carlos Eduardo
Desde essa ideia maluca do meu pai de me casar, não tenho feito mais nada direito. Passo o tempo todo no escritório pensando na Maria Clara e no que ela está fazendo. Nem sair mais à noite tenho vontade. Esta moça é uma verdadeira louca, mexe com meus pensamentos e sem nenhum esforço conseguiu se enturmar com minha mãe e irmãs. Elas não desgrudam mais. Não sei direito como lidar com ela. No sábado, elas saíram e só voltaram no final do dia, passei o dia todo imaginando ela vestindo roupas e sapatos, enquanto meu pai falava sobre o casamento na minha cabeça e eu nem prestava atenção, mas quando chegou à noite tivemos uma pequena discussão e fui grosso com ela, ela é insolente demais, vai ter que aprender a me obedecer! Meu pai queria algo grandioso e eu só queria me esconder.
— Dr. José? — Maria Clara entra interrompendo minha reunião com meu pai.
— Pode me chamar de José, Maria Clara. Diga!
— Sei que o senhor quer um casamento grandioso, mas eu gostaria de algo mais simples só para a família mesmo, sem muitos convidados.
— E você, Carlos Eduardo? — Meu pai pergunta surpreso.
— Também acho que deve ser algo mais simples. Só os conhecidos mais chegados.
— Então faremos um jantar voltado mais para família para anunciar o casamento, e depois vemos como vai ser esta recepção, pois tenho contatos que não posso deixar de convidar. Vou contratar uma pessoa para ajudar sua mãe e noiva a organizarem tudo, pode ser?
— Pode ser sim — Ambos dizemos.
— Posso subir agora? — Ela falou olhando pra mim.
— Pode sim.
Ela subiu basicamente correndo dali.
— Você tem que se aproximar da moça. — Meu pai diz.
— Me aproximar pra quê? Dentro de um ano esse casamento não irá valer mais nada.
— Você tem certeza?
— Tenho sim pai!
Subi também ao meu quarto e passei pela frente do quarto de Maria Clara, a porta estava entreaberta e sem querer escutei ela falando no celular.
— Não me liga mais BRUNO, eu vou dar um jeito de mudar de número e você não vai me encontrar. NÂO! Não vou voltar pra você, me esquece. — Ela desligou o telefone e caiu no choro.
"Quem era esse cara afinal?"
Meus pensamentos ficaram agitados. Entrei no meu quarto com pensamentos confusos, andava de um lado para o outro pensando no que eu tinha ouvido. Qual era a ligação dela com esse tal de Bruno? Será que ela era apaixonada por ele e por isso estava chorando? Se era isso, por que aceitou o contrato? Se ela estava pensando em me trair estava muito enganada... Mas não deve ser isso, pois ela estava terminando com ele... Mas raios! Por que estou tão preocupado com ela? Custei a dormir pensando quem era esse tal de Bruno e o que significa para Maria Clara. Acordei cedo, era umas 06:00 horas da manhã e resolvi me levantar logo. Tomei apenas um café e fui rapidamente para o escritório. Depois de verificar a agenda do dia, decido pedir um aparelho de celular com chip novo para Maria Clara, minha secretária deveria entregar na minha casa. Eu ainda estava incomodado com aquele telefonema e mais ainda por ela ter chorado. Quando cheguei minha família já havia jantado e subi para ver Maria Clara.
— Posso entrar? — perguntei a ela.
— Você já entrou não é mesmo.
"Ela estava brava..."
— Você recebeu meu presente então?
— Recebi sim e tenho uma pergunta a fazer, você quer controlar minha vida é isso?
— Não Maria Clara! Eu pensei que talvez você quisesse um celular novo.
— Por que pensou isso?
— Não sei por quê... — Não poderia dizer que escutei atrás da porta. —
Apenas use quando estiver aqui,era um presente mas agora é uma ordem!
— Ok Meu S E N H O R! — Ela disse ironicamente e eu resolvi sair do seu quarto. Ela realmente conseguia me tirar do sério. Louca! Balanço a cabeça exasperado com essa menina que seria minha mulher em breve. Nem consigo imaginar como seria todas as noites com ela...Quê? Que noites! O que está acontecendo comigo? De onde saíram esses pensamentos. Mulher infernal me deixa completamente confuso!
Vou para o banheiro e decido por um banho morno e relaxante. Demoro um pouco mais que o costume e me pego ainda pensando em Maria Clara. Que coisa irritante! Saio do banheiro com uma toalha na cintura e coloco apenas uma calça de moletom. Deito na cama ainda pensando nela...
— Oi meu irmão. — Freya entrou em meu quarto sem bater.
— Não tem porta aqui não?
— Credo, que bicho te mordeu? É o casamento?
— É sim...Saco! É tudo na verdade.
— Você e Maria Clara discutiram?
— Sim. — Passo a mão no cabelo impaciente comigo mesmo.
— Por que, posso saber? Você anda tão irritadiço!
— Você não vai acreditar! Foi por causa de um celular! Eu comprei pra ela um celular de presente e ela não gostou... Dá pra acreditar? Ela me tira do sério demais! E ainda me tratou com petulância! Haja paciência!
Minha irmã pega na minha mão e me olha com carinho tentando esconder um sorriso. Conheço essa carinha... Lá vem bomba!
— Ah, tenho certeza que foi um mal entendido... Vocês estão nervosos com a proximidade do casamento. Mas me explica, porque um celular?
— Bom, eu escutei uma conversa dela com alguém... Calma, foi sem querer! E depois tivemos uma discussão e ela começou a chorar... Eu só pensei que ela talvez quisesse mudar de número, de aparelho pois o dela é horrível, sei lá, só me preocupei com ela...
— Você se preocupando com alguém?
Minha irmã me olha espremendo os olhos e com um sorriso sarcástico. Essa danadinha! Arranca tudo de mim sem que eu perceba! Não consigo esconder nada dela! Vai ser difícil ela acreditar que sinto algo por essa louca... Ah!
— É crime por acaso?
— Vindo de você é no mínimo muito estranho. — Diz sorrindo!
— Aff... — revirei os olhos.
— Olha, dê tempo a ela, digamos que você não foi muito amigável com ela desde que ela chegou. Reflita um pouco e tenha mais paciência com ela, afinal ela está se adaptando, tudo ainda é muito novo pra ela. E, bem! Vamos confessar que estamos todos meio enlouquecidos com esse casamento relâmpago de vocês! Nossos pais estão felizes e suas irmãs lindas querem o melhor para vocês: Casal Lindo!
Olho pra ela, completamente exasperado! Casal Lindo? De onde veio isso tudo?
— Talvez você tenha razão! Vou pensar em tudo que você disse, prometo, tá? Bem acho que vou dormir, obrigado pela conversa maninha!
Dou um abraço nela e me sinto melhor!
— Ok meu irmão, boa noite. — Diz sorrindo, minha irmã é linda!
Ela se levanta da minha cama e sorrindo vai embora fechando a porta ao sair. Fico pensando em tudo que conversamos e acho mesmo que Freya tinha razão! Não sou mesmo de me comover por ninguém e não sei por que estou agindo dessa forma ou me preocupando demais com Maria Clara.