Alguns Meses Depois ...
Alguns meses se passaram, e eu voltei para o Brasil faz uma semana. Austin já havia voltado de Londres, e minha mãe já está grávida de oito meses, falta mais algumas semanas e ela terá minha irmãzinha. Pois é, é uma menina. Meu pai e o sr.Castellan ainda continuam brigados, os dois estão na justiça tentando provar que um roubou o outro, e o caso está cada vez mais sério. E sobre Luke e Kathryn, só sei que também estão aqui no Brasil. Não que tenhamos nos encontrado ou nos falado, mas vi pelas redes sociais. Na verdade, acompanhei os dois durante todo esse tempo. Vi Kathryn conhecer Nova York, se apaixonar por maquiagem e até fazer alguns videos de tutoriais e challenge. E também vi Luke se apaixonar pelo Japão e ficar ainda melhor na música, coisa que achei ser impossível, já que ele já era tão bom que evoluir parecia nem ser necessário.
- Olha esse sapato que eu comprei! Não é lindo? - Pergunta Laura, desfilando com seu salto 15 amarelo em minha frente.
- Nossa, é lindo mesmo! - Me admirei. - Onde você comprou?
- Foi em Milão, mas você ficava tanto tempo com o Lysandre que nem notou! - Exclamou ela revirando os olhos. Ah, claro. Lysandre é o meu namorado. O conheci em Milão e a sua família também é do Brasil. Daqui a algumas horas, ele virá me buscar para nós jantarmos no restaurante de sua família.
- Para de implicar com o Lysandre. - Reviro os olhos.
- Não estou implicando, apenas estou dizendo que a minha melhor amiga presta mais atenção no seu novo namoradinho do que na própria amiga. - Ela cruza os braços.
- Você sabe que eu te amo. - Me levanto da minha cama e dou um abração nela, beijando sua bochecha depois.
- Ai, espera, eu vou cair! - Falou se desequilibrando. Laura se segurou em mim e conseguiu se equilibrar novamente. - É melhor eu tirar isso. - Então ela tirou o sapato, ficando baixinha novamente.
- Eu e o Austin fizemos brigadeiro de panela, vocês querem? - Perguntou Peter adentrando meu quarto.
- Eu quero! - Gritou Laura empolgada. - Quer dizer, eu aceito. - Laura nem ao menos consegue disfarçar o quanto gosta de meu irmão mais velho, só o babaca de Peter que não percebe, e eu tenho que fazer algo sobre isso. Cada vez mais Laura cria expectativas, principalmente agora que Peter está solteiro. E eu tenho medo de que minha melhor amiga se magoe, por que talvez eu entenda o que é sofrer por um amor que você nunca poderá ter.
- Eu não, obrigada. - Nego e agradeço. Laura sai do quarto com Peter e eu vou me arrumar, até porque daqui a pouco Lysandre chegará para me buscar.
Depois de tomar um delicioso banho, saí do banheiro com meu roupão cor de rosa e uma toalha enrolada na cabeça. Me sentei na penteadeira e fiz um penteado chique mais não muito chamativo no meu cabelo. Passei uma maquiagem e caprichei na sombra e no delineado. O batom foi de uma cor nude. Entrei no meu closet e vesti uma blusa cropedd florida e uma saia branca rodada. Calcei meu salto alto nude e dei uma ajeitada no cabelo. Enfim, estava pronta.
— Maya. - Austin me chama, abrindo a porta do meu quarto sem nenhum pingo de empolgação. - Seu namoradinho já chegou.
- Okay, vou só pegar minha bolsa. - Falei.
- Antes das dez horas, quero você aqui em casa, entendeu? - Exige, com autoridade.
- Sim, papai. - Passei por ele lhe dando um beijo na bochecha e desci as escadas.
- Nossa! Está uma deusa! - Laura me admira.
- Se ele tentar qualquer coisa, me liga. - Falou Peter.
- Gente, ele é o meu namorado. - Reviro os olhos.
- Namorados também tentam coisas. - Peter diz.
- Tipo você? - Perguntei.
- Não, tipo o Lysandre.
- Tchau. - Me despeço, revirando os olhos novamente.
Saio de casa e Lysandre me espera dentro do carro. Abro a porta do carona e entro, fechando a porta logo em seguida.
- Você está incrível. - Me elogia, me dando um selinho.
- Você também.
Quando chegamos no restaurante fomos para a nossa reserva, era a melhor mesa do local, com uma bela vista do Rio de Janeiro.
- Essa vista é maravilhosa! - Exclamo, admirada. Mesmo que eu já tivesse vindo aqui várias vezes, e me sentado várias vezes nessa mesa, a vista sempre consegue me surpreender.
- É mesmo. - Falou meu namorado. - Você quer o de sempre? - Perguntou se referindo a comida.
- Sim, por favor. - Falei.
- Então, já pensou na minha proposta? - Perguntou ele.
- Na verdade, ainda não ... - Falei. Já estávamos no mês de Dezembro, o Natal se aproximava e Lysandre pediu para mim ir para Milão com ele. Toda sua família estaria lá, e ele queria a minha companhia assim como sua família. Porém, não sei se devo ir. Gostaria de passar o natal com a minha família.
- Eu posso falar com os seus pais, se esse for o problema. - Disse ele segurando em minhas mãos por cima da mesa.
- Não é isso, é que todo esse lance de Natal é com a família, sabe? - Tento fazê-lo entender. O garçom chega com nossos pedidos e os coloca em cima da mesa, e logo depois sai.
- Hum. - Foi o que ele respondeu. Comemos calados e quando estávamos quase terminando, Lysandre resolveu falar.
- Sendo assim, o que acha de nos casarmos? - Perguntou me fazendo ficar entalada com a comida e sem ar. - Maya, você está bem? - Perguntou parecendo preocupado.
- Eu só ... - Falei tentando recuperar o ar. - Preciso ir ao toalete.
Então, saio apressada até o banheiro. Entro no banheiro e me apoio na pia, abaixando a cabeça em seguida. Casar? Dá onde ele tirou aquela ideia? Nós estamos namorando a menos de um ano e ele já pensa em casar? Sem falar que eu ainda tenho dezessete anos, isso é uma decisão que pode arruinar toda a minha vida e eu não sei se amo realmente o Lysandre... Ele é bonito, gentil, cavalheiro, um verdadeiro príncipe. Mas eu não sei se é isso mesmo que eu quero, até porque príncipes não existem. Ou será que existem? Na minha cabeça, casamento é uma coisa séria, deve acontecer com quem a gente ama de verdade, e não com qualquer pessoa. Se bem que o Lysandre não é qualquer um, mas mesmo assim. Levanto minha cabeça e olho para o espelho, o que me fez levar um susto, porque eu não sou a única no banheiro. Há uma garota com os cabelos pintados de azul, que combina perfeitamente com seu par de olhos azuis, que tanto me lembram a Luke...
- Kathryn? - Pergunto, encarando a garota ainda pelo espelho.
- Maya! - Diz com surpresa. - É você mesmo! - Me viro para ela e nos abraçamos. Kathryn me dá um abraço apertado, e por mais que eu sentisse que talvez meu pulmões poderiam saltar para fora do meu corpo, eu gostei daquele abraço recheado de saudades.
- Eu estava com saudades. - Falei e logo senti uma lágrima rolando pela minha bochecha. Lágrimas rolaram pelo rosto de Kathryn também e nos abraçamos. E foi exatamente como o último abraço que demos.
- Com quem você está aqui? - Perguntou Kathryn saindo do abraço e limpando as lágrimas.
- Com o meu namorado. - Naquele momento a palavra "namorado" saiu estranha. - E você? - Perguntei.
- Com um amigo. - Falou dando um sorriso sincero.
- Nós devíamos nos encontrar mais vezes. - Falei.
- É... - Falou. - Eu queria que nossos pais voltassem a ser amigos, e eu teria a minha vida de volta.
- Eu também... - Concordo. - Eu tenho que voltar, meu namorado já deve estar preocupado.
- Eu também. Foi bom te ver. - Disse ela. Demos um último abraço e saímos do banheiro. Nada era mais como antes. Nada.
- Maya! - Falou Lysandre se levantando da mesa. - Eu já estava ficando preocupado. - Falou.
- Eu estou bem, não se preocupe. - Falei. - Mas será que poderíamos ir embora? Estou um pouco cansada.
- Claro, eu já paguei a conta, vamos. - Falou. Saímos do restaurante e entramos em seu carro. Logo estávamos em frente à minha casa. - Me desculpe pelo o que eu disse no restaurante, foi impulso, é que eu te amo muito e não sei o que seria de mim só de imaginar você longe. - Então ele me beijou. E eu correspondi.
- Eu também gosto de você. - Falei e em seguida o beijei. Logo depois saí do carro e entrei em casa.
- E aí, ele tentou alguma coisa? - Perguntou Peter.
- Não. - Respondo.
- Amiga, vem ver esse vestido bafônico que comprei pela internet. - Falou Laura empolgada.
- Depois, Laura. - Suspiro, subindo para meu quarto. Não consigo para de pensar em Kathryn e... Luke. Foi um baque enorme encontrar Kathryn. Foi como um choque de realidade. Eu só esperava ser forte o bastante para encontrar Luke algum dia.
- O que aconteceu? - Pergunta, Austin encostado no batente da porta. Nem percebi quando ele entrou
- Nada, eu estou bem. - Falei.
- Eu te conheço, diz logo o que aconteceu. - Falou ele.
- Eu ... Encontrei a Kathryn no restaurante. - Austin olhou pra mim com um olhar triste e abaixou a cabeça.
— Ah... Eu... Entendo. Boa noite, Maya. - Então, ele sai do meu quarto. Suspiro. Austin sempre fica assim quando falo de Kathryn. Nunca entendi muito bem a relação dos dois, mas tenho minhas suspeitas de que Austin pode nutrir sentimentos por ela. Essa é a única explicação para ele agir dessa forma toda vez que o nome dela é tocado.
Tiro minha roupa e coloco o meu pijama favorito, o blusão de Luke.