Untouchable // L.S

By daddyordinary

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"Estou feliz por estar aqui." Harry quebrou o silêncio, já procurando a outra mão do menino para que pudesse... More

Prólogo
I: Wellcome, Harry Styles.
II: Louis Tomlinson.
III: What's up, Hazz!
IV: Don't call me babe!
V: Can you touch me?
VI: Look at these bites!
VII: I'm sorry?
VIII: Do you cry?
IX: And I need you.
X: It's a party, bitch!
XI: 'Cause I'm a fool for you
XII: White House.
ATENÇÃO!
XIII: You're perfect.
XIV: Lewis and Henry.
XVI: The little Bravery.
XVII: Game Over.
XVIII: Doncaster.
XIX: The story of his life.
tudo aqui é comestível, inclisive eu.
XX: Sickness.
XXI: The Florest

XV: A thousand birds.

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By daddyordinary

 OIOI

não me soquem pela demora. culpem minha falta de saúde e a @tommoffense que resolveu me visitar fds passado.

boa leitura, anjos!

xxx


 Uma sensação de frio na barriga. Uma mistura de emoções, que bagunçam todo seu sistema de percepção. Estava sonhando? Talvez sonhando acordado? A mente de Harry confundiu-se completamente, como se alguém o tivesse virado de cabeça para baixo e chacoalhado seu corpo até que suas ideias normais se embaralhassem. Ele apenas sentiu um calafrio percorrer sua coluna, sua pele arrepiar-se e uma vontade incontrolável de retorcer-se contra o colchão. Seu subcontinente aos poucos afastava-se, deixando grande parte de sua consciência acordar. Lentamente, era como se algo estivesse o puxando para cima, o retirando do mundo dos sonhos e o trazendo para uma situação, onde seus sentidos misturavam-se. E, a um passo de estar totalmente consciente de tudo que acontecia a sua volta, um gemido baixo o rouco atravessou sua garganta, saindo audivelmente por entre seus lábios rosados.

"Uh-mm." Impulsionou seu quadril para frente, pressionando o lábio superior no debaixo. Um vinco formou-se em seu cenho ao tencionar suas sobrancelhas e, por um segundo, forçou suas pálpebras para fecharem ainda mais seus olhos antes de recuperar toda sua consciência, praticamente estalando suas orbes verdes ao abri-los, deparando-se com a imagem mais pornográfica de sua vida: Louis Tomlinson curvado sobre seu quadril, o chupando com tanta vontade, que o som da sucção era chicoteado em cada canto daquele quarto.

 Por alguns instantes, sem saber ao certo se eram segundos ou minutos, por praticamente ter sido atingido por uma paralisia cerebral, Harry continuou encarando o menino, que tinha total atenção ao membro do cacheado, o chupando com tanta intensidade, como se aquilo fosse a última coisa que faria em sua vida. As palavras não vieram ao maior naquele momento, afinal, quem poderia pensar em dizer qualquer coisa com Louis Tomlinson envolvendo sua língua e aquele maldito piercing em suas partes mais íntimas? As palavras já quase não vinham só pelo fato de estar cara a cara com o menor, imagine, então, numa situação dessas?

 Harry não soube lidar com aquilo, ele simplesmente jogou sua cabeça para trás, quando sentiu a bolinha metalizada do piercing, junto com sua língua quente, pressionarem-se contra a fenda de sua glande. Um arrepio misturado entre choques quentes e frios por cada célula de seu corpo o invadiu, fazendo-o arquear a coluna e cravar seus dentes no lábio inferior para que calasse qualquer índice de gemido, apesar de ter ressoado minimamente em uma pequena corrente de ar que saiu pelo seu nariz — o que foi o bastante para Louis desviar seus olhos, que há segundos estavam fixados na virilha do maior, para o rosto retorcido de prazer que o mesmo esboçava.

 Em um ploc molhado pela saliva, Louis afastou seus lábios completamente inchados da ereção, mas sem deixar de desliza-los pela pele fina e sensível de Harry. "Bom dia, babe." Disse com palavras sopradas, atingindo diretamente a glande do garoto, que não conseguiu conter o espasmo involuntário de seu corpo.

 Aquela cena podia ser digna de um quadro. E não apenas um quadro, uma sala cheia deles, em vários tamanhos, com diferentes efeitos e ângulos. Era simplesmente maravilhoso e, absolutamente difícil de não ficar hipnotizado com aquelas bochechas bronzeadas, que agora tinham um tom rosado como um blush. Seus lábios brilhavam por causa do excesso de saliva que escorria até mais ou menos ao final de seu queixo, lábios tão vermelhos, num tom quase vinho, e inchados. Os fios lisos de sua franja estavam bagunçados e colados na leve camada de suor que tinha em sua testa.

 Mas seus olhos... ah, seus olhos! Aqueles olhos azuis com cílios desenhados perfeitamente. Não era tão longos, mas o suficiente para chamar atenção de Harry. Eles praticamente dançavam a cada piscada que o menor dava, dando-o um ar encantador, que combinava perfeitamente com aquela cor ora cristalina, ora profunda de um azul brilhante e intenso.

 Quando Louis percebeu que o outro não teria reação alguma, apenas voltou para sua diversão matinal, lambendo lentamente toda extensão de Harry desde a base até a glande, sentindo-o se contorcer embaixo de seus toques. Mas assim que finalmente voltou a sugar como antes, três batidas fracas — porém forte o suficiente para assusta-los — quebrou o silêncio do quarto.

"Harry, já acordou?" A voz feminina de Anne ultrapassou a porta, não precisando abri-la. Mais uma vez, Harry agradeceu fielmente por sua mãe saber respeitar seu espaço, e não simplesmente invadir seu quarto, o que com certeza — se fizesse tal coisa — seria uma grande confusão.

"J-já." Sua voz saiu rouca e baixa, travada completamente por ter ficado horas sem falar e, principalmente, pela situação em que encontrava-se, então, pigarreou, engolindo uma quantidade significativa de saliva para conseguir firmar seu tom antes de voltar à responder. "Já acordei, mãe. Daqui a pouco eu desço."

 Permaneceram quietos e totalmente estáticos, até que o som do salto contra o piso de madeira ficou longe demais para ser ouvido. Harry voltou a encarar Louis, que parecia não ter movido-se nem um centímetro sequer, estando praticamente com os lábios colados no membro do cacheado. "Lou?"

"É melhor eu ir embora." Franziu o cenho, piscando rapidamente algumas vezes, como se precisasse disso para voltar à realidade.

"Não. Você vai ficar. Vai terminar isso." Não soou rude, era uma ordem, mas não como se o menor não tivesse escolha. Era apenas um tom muito mais firme do que de costume, e talvez Louis não soubesse, mas não era para ter controle da situação, e sim porque seu desespero em não gozar em alguns minutos tinha lhe subido à cabeça como uma tortura. "Ela não vai entrar, ok?"

 A última frase foi mais suave, o que fez o menor relaxar seus músculos das costas, que encontravam-se tensos. Um sorriso de lado — um sorriso do qual Harry não sabia distinguir se era angelical ou diabólico — desenhou em seus lábios, que foram rapidamente umedecidos pela língua ao fixar seu olhar novamente na ereção de Harry. Louis sentiu sua boca salivar, e se tinha algo que ele gostava era do jeito que o peito e a garganta do outro vibravam intensamente, quando um gemido rouco se formava.

 Sem delongas, Louis saciou seus desejos, voltando a cobrir toda a extensão do maior com seus lábios, fazendo movimentos lentos e curtos apenas para lubrificar. E só isso era o suficiente para Harry voltar a suspirar, tremendo levemente os lábios, quando sentia o menor deslizar sua língua pela área sensível. Os olhos azuis de Louis seguiram desde a virilha, passando pelo abdômen do maior que subia e descia rapidamente por causa da respiração ofegante, até o rosto suado e corado de Harry, assistindo como o mesmo derretia-se a cada toque. Mas foi quando o menor abriu mais seus lábios, engolindo toda a ereção do cacheado até que a glande batesse em sua garganta, que Harry teve que morder seu próprio braço para não soltar um gemido alto demais.

 Louis sentiu as duas mãos de Harry na parte detrás de sua cabeça, o forçando mais contra seu quadril. Mas o menor não deixaria tão fácil assim, então retirou as mãos do menino de sua cabeça, segurando-as firmemente uma em cada lateral do quadril do maior, as prendendo ali e o deixando completamente imóvel. Sabendo exatamente do que o outro gostava, aumentou o movimento de sucção algumas vezes e quando sentia que Harry estava quase em seu ápice, diminuía novamente os movimentos, arrancando gemidos choramingados.

 Harry não conseguia raciocinar direito, sabia que apesar de não estar sendo fodido, sua aparência era exatamente como tal. Sua pele pálida manchada de um rosa escuro, seus lábios tão vermelhos e inchados, unicamente por serem alvos de seus próprios dentes ao crava-los com força na pele fina, quase arrancando sangue inúmeras vezes. Seus cachos não podiam estar em pior estado — ou em melhor, dito ao julgamento de Louis ao ver aquela cena — todos desordenados, amassados e bagunçados. O suor percorria todo seu corpo, assim como o de Louis também. Então Harry sentia-se um fodido, não podendo mexer-se e tendo lábios perfeitos o sugando fortemente e em segundos eram apenas leves deslizadas.

"Lou, por favor." Realmente implorou, não aguentando mais ter seu ápice negado. Suas pernas moveram-se quase num chilique, e Louis riu abafado contra sua ereção, causando ainda mais sensações de arrepios até que, finalmente, envolveu mais uma vez seus lábios na ereção de Harry, a sugando com força até sentir todo o corpo do maior tremer contra seus lábios e um líquido quente descer pela sua garganta.

 O garoto de olhos azuis passou os dedos na lateral dos lábios, recolhendo qualquer mínimo respingo de gozo que havia escapado, enquanto assistia com luxúria Harry completamente ofegante e até mesmo grogue, tentando recuperar-se do orgasmo.

"Eu preciso ir, ok?" Louis levantou-se da cama, vestindo as peças de roupa que lhe faltavam ao mesmo tempo que procurava seu par de tênis. "Brian passa na minha casa em quarenta minutos."

 Harry tentou ignorar o fato de ouvir o nome do Brian em pleno êxtase de pós-orgasmo, porque, sinceramente, Louis não fazia por mal e, de um modo estranho, Harry adorava esse jeito um tanto desligado do menino. O que ele podia fazer? Achava-o perfeito, óbvio que até isso ele amaria no garoto!

 Assim que o menor terminou de arrumar-se, Harry tentou levantar-se para despedir-se do menino, mas seus músculos praticamente o obrigaram a ficar no mesmo lugar, arrancando-lhe um gemido manhoso. "Não vai embora agora." Choramingou, pensando que logo menos realmente teria que levantar da cama para tomar um banho extremamente rápido.

 Se fosse alguns dias atrás, Louis simplesmente ignoraria essa frase e pularia janela afora, deixando um Harry com o coração quebrado. Mas, isso foi antes. Antes, quando Louis ignorava qualquer resquício de uma sensação diferente por estar perto do outro. Mas, agora, sabia que algo de diferente acontecia, apesar de ser mínimo e totalmente confuso, tão confuso que suas dores de cabeça só não eram piores na presença de Harry, porque definitivamente quando estava longe do mesmo seu cérebro latejava tanto, que parecia uma bomba relógio pronta para explodir a qualquer segundo. E mesmo Harry não sabendo, foi isso que o trouxe para sua casa ontem à noite, quando deitou em sua cama e fechou os olhos, seus braços inconscientemente vagaram pelo colchão como se buscassem algo, e então, abriu seus olhos, que encararam um vazio terrível. Sua cabeça latejou no mesmo instante, e a única pessoa que passou em sua mente foi Harry.

 Por essas e outras Louis não conseguiu ignorar a frase do cacheado, voltando a sentar-se à beira da cama e entrelaçando sua mão direita na esquerda de Harry. "Eu realmente preciso ir e você sabe. Nos vemos daqui a pouco, pode ser?"

 Harry tinha ficado tão maravilhado com aquela atitude — da qual aos olhos de outros, seria considerada vazia e pequena —, que resolveu não insistir em absolutamente nada. Apenas, com esforço, conseguiu sentar-se na cama, e distribuiu carinhosos beijos pela pele quente do pescoço de Louis. Seus braços rodearam a cintura do menor, o dando um abraço aconchegante, que o menino não demorou para corresponder. Isso ele sabia, sabia que abraçar fazia Harry feliz, então ele faria sempre.

"Nos vemos na escola, Lou."

~*~*~*



 Por todas as aulas chatas no mundo, Harry definitivamente sabia que aquela era a campeã do século. A única coisa que salvava toda aquela ladainha sobre Hiroshima e Nagasaki era o fato de Zayn estar desenhando uma história em quadrinhos em seu caderno, e Luke estar fazendo uma possível frota militar de aeronaves, com dobraduras minúsculas de aviões.

 Talvez seja essa a desvantagem de ser um nerd, as aulas acabam ficando maçantes em algum momento por você já ter lido tanto livros sobre aquele assunto, que poderia retratar a aula de seu professor como mediana. Claro que Harry não falaria isso, ele nem ao menos queria pensar à respeito, porém todos seus conhecimentos dos Aliados terem bombardeado Hiroshima em 6 de agosto de 1945 e Nagasaki em 9 de agosto de 1945, eram tão gravados em sua memória que realmente a aula perdia a magia. Sabia que tinha sido o único momento na história, que armas nucleares tinham sido usadas contra alvos civis, e que a bomba nuclear de urânio tinha sido usada em Hiroshima e a de plutônio em Nagasaki.

 Como algo pode ser interessante para alguém que já sabe tudo?

"Pare com isso, Luke!" Zayn sussurrou impaciente para o amigo, que atirava os aviões de dobraduras em cima do caderno que o moreno desenhava, fazendo um barulho de assovio e explosão quando o papel dobrado caía. Harry julgou que o loiro tentava imitar algum bombardeio, e realmente sentiu-se em meio a uma guerra, quando de seu lado direito estava Zayn lançando olhares furiosos e deixando palavrões sussurrados escaparem por entredentes, e do lado esquerdo Luke que tinha o rosto vermelho de tanto segurar o riso, enquanto continuava com a encenação do ataque de seus aviões.

"Comandante, liberação para o novo ataque? Câmbio." Luke tentava fazer algum tipo de voz soada num radio, chiando ele mesmo com um pouco de saliva. "Liberação concedida, soldado. Câmbio." E mais uma vez assobiou, atirando um dos aviões na mesa de Malik, e quando o papel caiu, mais um som de explosão completamente mal feito.

"Vai se foder!" Zayn elevou a voz tirando a atenção dos alunos, que rapidamente olharam para trás em direção aos três. O professor parou no meio de uma palavra que iria dizer, também fitando os três com uma sobrancelha arqueada, o que imediatamente fez com que os mesmos paralisassem.

"Algum problema, Malik?"

"Imagina, tudo certo. Continue falando sobre os nazistas." O moreno sorriu convencido, mas Harry apenas conseguiu dar-se um tapa na própria testa, totalmente indignado como o outro era tão capaz de afundar-se ainda mais.

"Eu continuaria com o maior prazer, mas creio que a Alemanha nazista já tinha assinado o acordo de rendição há três meses." O Sr. Hall começou a caminhar lentamente entre as mesas do corredor da sala até chegar tão perto dos três meninos, que apoiou a perna na borda da carteira de Zayn. "Diga-me, Malik, quando foi que esse acordo foi assinado? Quero dizer, a data exata."

 Os olhos acinzentados do professor fuzilaram o moreno, que apenas deu de ombros, tentando parecer o mais casual possível, apesar de não fazer nem ideia que tal acordo existia.

"Oito... de... maio." Harry disse imitando uma tosse engasgada, que obviamente era para ser discreto, mas se alguém naquela sala não entendeu o que ele tinha acabado de dizer, então provavelmente essa pessoa tinha sérios problemas auditivos.

"Oito de maio." Malik respondeu com seu sorriso vitorioso, e o Sr. Hall apenas revirou os olhos para toda aquela palhaçada. Seus dedos longos e finos percorreram a mesa do moreno, pegando alguns aviões que Luke tinha atirado segundos atrás.

"Então você gosta de fazer dobradura?" O professor arqueou as sobrancelhas, não de um jeito desafiador, mas sim de curiosidade.

"Na verdade, eles são meus." Luke pronunciou-se antes que o amigo resolvesse levar toda a culpa, o que ele sabia muito bem que faria. Zayn jamais iria dedurar um amigo.

"Oh, então Hemmings, explique como vieram parar aqui."

"Eu estava, infantilmente, bombardeando a carteira do Zayn."

 Harry teve mesmo que segurar a risada ao ouvir aquela frase tão ridícula ser dita com uma expressão incrivelmente seria de Luke.

"Bombardeando o terrorista!" Uma voz do outro lado da sala ecoou, fazendo todos os alunos virarem novamente para frente para descobrir quem tinha falado aquilo.

 Zayn revirou os olhos, Harry ficou sem entender, mas Luke levantou-se da cadeira de uma forma tão bruta, que a fez arrastar pelo chão rangendo num barulho extremamente irritante. "Eu vou te encher de porrada, Eathan!"

"Não vai encher ninguém de porrada, Hemmings. Sente na sua cadeira!" O Sr. Hall perdeu a paciência, elevando a voz, o que fez calar grande parte dos murmurinhos. "E você, Wiest," apontou seu dedo torto para Eathan, "fora da minha sala. Não vou admitir comentários tão ignorantes aqui dentro."

 Harry apenas olhou de soslaio para Zayn, que parecia não ouvir a discussão. Seus dedos seguravam firmemente o lápis preto e com ele fazia rabiscos como uma sombra em seu desenho.

 O professor voltou sua atenção para Luke, atirando um avião de papel na mesa do mesmo. "Já que gosta tanto de dobraduras, quero mil tsurus de origami na minha mesa até sexta-feira."

"O quê?!" Luke quase gritou desacreditado daquele abuso, e antes que pudesse falar qualquer coisa, Harry puxou sua camiseta num toque para que ele ficasse quieto. "Quero dizer..." Pigarreou, tentando manter a postura de aluno educado. "Por que tão específico? Eu nem sei o que é um tsuru. Harry, você sabe o que é um tsuru?"

"Uh-bem, é uma ave nativa do Japão. É tipo uma cegonha, sabe?"

"Cegonha eu sei o que é. Mas por que eu tenho que fazer dobraduras de cegonhas?

 O Sr. Hall novamente revirou os olhos. "Porque, não sei se você percebeu, mas eu estava falando dos ataques em Hiroshima e Nagasaki, e existe uma lenda no Japão que quem fizer mil tsurus de origami terá seu pedido atendido pelos deuses."

"E que porra de pedido eu vou fazer?" O loiro recostou-se na cadeira, cruzando os braços em frente ao seu peito numa postura desleixada e um bico mal humorado formando em seus lábios.

"Quem sabe para ter mais educação?" Sorriu sarcástico para o aluno, enquanto o mesmo bufou, mudando seu olhar para outra direção. Mas quando o professor ameaçou de sair dali para continuar sua aula, Harry não segurou sua incrível curiosidade nerd e deixou a pergunta escapar pela boca.

"Desde quando existe essa lenda?"

 O Sr. Hall sorriu diferente para a curiosidade do cacheado, porque se tem uma coisa que professores amam é interesse pela sua aula e sabedoria, e então acomodou-se novamente com sua perna apoiada na mesa de Zayn. "Não se sabe desde quando, mas existem histórias famosas sobre isso, inclusive uma muito emocionante da pequena Sadako Sasaki. Ela tinha apenas dois anos de idade quando sua cidade, Hiroshima, foi atacada no dia 6 de agosto. Junto com sua família, ela saiu ilesa, mas infelizmente foram pegos pela chuva radioativa. Durante anos, Sadako viveu em perfeitas condições até que um dia, aos doze anos, passou mal e levaram-na para o hospital, e lá, foi diagnosticada com leucemia." A voz do professor saía mansa, e por incrível que pareça tinha prendido a atenção de todos ali, inclusive da de Luke, que parecia não tão mais emburrado.

"Uma das amigas de Sadako, contou-lhe sobre a lenda dos tsurus de origami, e a menina resolveu que faria isso, faria mil tsurus pedindo sua melhora. Infelizmente, ela morreu antes mesmo de completar, deixando apenas 644 no dia 25 de outubro. Mas o que deixa a história mais emocionante é o fato que, Sadako, em algum momento, refletiu sobre sua doença e chegou à conclusão que isso era causa de uma guerra, então o certo era pedir paz para o mundo todo. Ela contou para um familiar que escreveria PAZ nas asas dos tsurus e os fariam voar o mundo inteiro. Isso com certeza mexeu com muitas pessoas, tanto que, quando ela morreu, seus conhecidos resolveram formar uma associação para construir um monumento em nome de Sadako e todas as crianças que morreram com o ataque. Com ajuda de milhares de pessoas, eles conseguiram erguer o Monumento Da Criança À Paz."

"Por causa de uma lenda, as pessoas motivaram-se para o bem. Não sei se fazer mil tsurus de origami curam alguém, ou realizam algum desejo, mas com certeza, nessa história, fez uma grande diferença. Então quem sabe não consigamos que senhor Hemmings seja mais educado, uh?"

 Os alunos dispersaram-se, juntamente com o professor que caminhou até a parte da frente da sala, voltando ao seu lugar de antes. O assunto em volta já tinha mudado, Zayn desenhava de novo em seu caderno e Luke procurava no Google como fazer o tal origami. Harry definitivamente sentia muito pela menininha, mas aquela lenda tinha tomado um outro rumo na sua vida.

 Ele não seria inocente à ponto de acreditar em pedidos aos deuses, mas acreditava na força do pensamento, afinal, era filho de uma psiquiatra. Então, tecnicamente, por que ele não tentaria?

 De repente imaginou passar o final de semana todo entre cobertas fazendo mil tsurus de origâmis com seu Louis.

~*~*~*



 Harry tinha feito um calendário mental dos dias da semana, segunda-feira era simplesmente o pior dia de todos, porque era o mais distante de sexta, dia que Harry realmente gostava, mas, nada comparava-se com o sábado, que de longe era o melhor dia dentre todos os sete dias criados por Deus — ou seja lá quem criou.

 Não era por ser final de semana, aliás, antigamente gostava dos dias que ia para a escola, porque aprender era algo que realmente o deixava feliz, porém isso foi antes. Antes de se apaixonar perdidamente por Louis, o qual não podia ser tocado em nenhum dia da semana, a não ser que o mesmo resolvesse pular a janela do quarto do maior para aconchegar-se em seus braços. Nessa semana isso tinha acontecido três vezes, segunda, terça e quinta.

 Entretanto, o maior problema não era não poder tocar em Louis, e sim vê-lo ser tocado inúmeras vezes por Brian. Aquilo estava acumulando-se feito uma bola de fogo em seu estômago, e logo menos explodiria como uma bomba atômica. Não era surpresa para ninguém que Harry era extremamente ciumento com tudo à sua volta, mas dessa vez ele tinha que engolir todo aquele sentimento horrível só pra si. No máximo desabafava com Niall, mas o loiro sempre tinha uma resposta afiada para lhe atirar, então muitas das vezes preferia ficar quieto.

 O que ninguém sabia, inclusive Harry, era que aquilo realmente assemelhava-se com uma bomba relógio e, em algum momento, tudo explodiria.

 Ele podia estar pensando em tudo isso, podia estar ponderando os prós e contra de enfiar-se numa relação dessa, principalmente por saber que não conseguiria controlar-se tanto. Mas não, ele nem ao menos pensou na hipótese de refletir sobre, apenas tomou seu banho de água quente, secado seu corpo quando saiu do banheiro, deixando algumas pegadas molhadas pelo assoalho de madeira. Hoje sua mente não preocuparia-se com nada, porque hoje era sexta-feira, e em poucos minutos colocaria sua mochila no ombro e seguiria para a casa de Louis. O menor tinha lhe oferecido carona, mas Harry preferiu ir a pé pelo fato de estar levando uma mochila cheia de bugigangas, e com certeza não queria ter que explicar aquilo tudo antes da hora.

"Você vai dormir na casa de quem?" Anne arqueou a sobrancelha direita bem desenhada, apoiando uma das mãos em sua cintura. Harry tentou ignorar o fato daquilo realmente ser um interrogatório, apenas dando de ombros e terminando de colocar as coisas dentro de sua pequena mala.

"Já disse. De um amigo."

"Esse amigo por acaso é aquele Tommo, que coincidentemente tem um namorado?"

"Mãe, não complique as coisas." Respirou fundo, fechando a mala e colocando-a sobre o ombro esquerdo. Ainda sem encarar Anne, pegou seu celular, chaves e carteira, que estavam em cima do criado-mudo, direcionando seus passos para fora do quarto.

"Harry, você sabe o que está fazendo?" Ela seguiu-o em passos apressados, mas suas atitudes eram somente de extrema cautela com o filho. Harry girou a maçaneta da porta da frente, virando-se para trás uma única vez, podendo ver como as feições de sua mãe eram de pura preocupação e, naquela hora, seu coração partiu-se.

"Confie em mim, ok?" Suavizou a voz, colocando uma mão no ombro da outra, num gesto de carinho e confiança. A mesma assentiu com a cabeça, respirando fundo e sabendo que aquilo daria muita confusão, mas não poderia impedir seu filho de cometer seus próprios erros e aprender com eles.

"Eu confio em você, Harry. Não confio nos outros e no que um ciúmes doentio pode fazer."

 Harry a abraçou firme e, de certo modo, ele sabia que Anne tinha razão. Brian já tinha mostrado-se muito violento, até mesmo com Harry só por vê-lo tocar o cabelo de Louis, então imagina o que faria se soubesse que o mesmo encontra-se com seu namorado todos os finais de semana, enquanto ele joga pelo time da escola? Talvez a morte fosse pouco, talvez ele não tenha medo das consequências que virão, se realmente matar alguém. Harry não sabia, apenas tinha certeza que precisava estar com Louis e isso ninguém mudaria.

(...)


 Harry foi em passos tranquilos pelas calçadas, chutando uma pedrinha ou outra, parando uma vez para afagar um cachorro simpaticamente feliz, que pulava de um lado para o outro quase derrubando sua dona — que tentava o segurar pela coleira. O prédio que Louis morava não era nem tão longe e nem tão perto. Uns 15 ou 20 minutos de caminhada bastava. E lá estava ele, novamente naquele elevador, mas dessa vez sozinho, sem estar com sua mão entrelaçada na do menor, o que claramente deixava-o mais nervoso.

 Assim que a porta do elevador abriu-se, viu o corredor comprido com uma porta de madeira na direita e outra na esquerda. Lembrava-se muito bem de ter virado à esquerda na última vez que esteve aqui, seguindo até a porta de madeira escura e toda trabalhada. À cada passo que aproximava-se, um som preenchia o silêncio que Harry tinha se acostumado. Demorou alguns segundos para ele entender que aquilo provavelmente era música, mais precisamente música ao vivo por não ter nenhum chiado ou edição de gravação. Já em frente à porta, encostou sua orelha ali, tentando ouvir mais claramente o que seria, e então finalmente distinguiu o som de notas musicais sendo tocadas com força, como se as teclas estivessem suportando uma mão pesada que praticamente socava os dedos em cima delas para arrancar aquele som bruto. Era bonito, e ao julgar pelo fato de Louis morar sozinho, não poderia ser mais ninguém tocando piano a não ser ele.

 Quando Harry ergueu a mão para tocar a campainha, a melodia pesada tinha transformado-se em algo sutil, macio e delicado, quase baixo o bastante para o maior não conseguir ouvir com clareza. A mão pesada de cinco segundos atrás parecia nem pertencer a mesma pessoa que tocava com tanta calma agora, deixando Harry quase hipnotizado com aquelas sequências de notas, mas mais do que isso, sentiu uma vontade absurda de ver aquilo, de ver Louis tocar daquele jeito. E foi exatamente por isso que seu dedo indicador pressionou o botão branco ao lado do batente da porta, fazendo aquela música maravilhosa desaparecer quase no mesmo instante que o som agudo da campainha o alertou.

 Outros sons misturaram-se junto com passos no piso branco do apartamento de Louis, e antes que Harry pudesse processar que o menor estava aproximando-se, a tranca da porta fez um barulho ao abri-la.

"Hey, babe." Os olhos azuis de Louis brilharam ao ver o maior parado em sua porta. Era uma sensação desconhecida que queimava dentro de seu peito apenas por ver Harry e, principalmente, por saber que ficaria ao lado dele. Louis não conseguiria descrever aquilo, mas era como se, quando Harry estava com ele, tudo voltasse ao normal. Como se o cacheado fosse uma metade que se encaixasse perfeitamente.

"Oi, Lou." Sorriu abertamente, deixando suas covinhas totalmente expostas. Ele não mexeu-se, não entrou no apartamento. Os dois ficaram olhando-se, esperando algo que nem mesmo eles sabiam até que Louis o puxou pela barra da camiseta branca, o fazendo dar pequenos dois passos à frente antes que o menor selasse seus lábios.

 O coração de Harry disparou. Não estava acostumado com demonstrações de carinho do outro. E mesmo que tenha sido um beijo, não era um daqueles que Louis dava antes de começar a pressionar seu quadril no do outro, e sim um beijo delicado, apenas um selar de lábios que estalou quando separaram-se.

"Você estava tocando piano?" Perguntou sem se preocupar se aquilo poderia ser invasivo, afinal, se Louis quisesse esconder esse fato, não estaria tocando quando sabia que Harry estaria em sua porta a qualquer minuto.

"O que você acha?" Sorriu de lado, um tanto sarcástico para uma pergunta que teria uma resposta no mínimo muito óbvia. Harry semicerrou os olhos com aquilo, ele simplesmente odiava/amava aquele jeito petulante do menino.

"Acho que deveria parar de responder minhas perguntas com outra pergunta."

"Ah não!" Louis revirou o olhos, fechando a porta atrás do menino, que entrou quase marchando. "Esse negocio de 'por que respondeu minha pergunta com outra pergunta' de novo não. Você precisa melhorar seu diálogo, ele me confunde muito.

"Desculpe se eu tenho uma mente perturbada." Revirou os olhos, sorrindo nasalado antes de se jogar no sofá, sentando de um jeito desleixado como se estivesse na própria casa. Bom, na verdade ele sentia-se em sua própria casa, mas não por ser o apartamento de Louis, e sim por estar ao lado dele.

"Você não sabe o que é ter uma mente perturbada."

 O corpo do maior foi invadido por uma onda fria, congelando todas suas células. Aquela frase tinha surgido do nada com um peso tão grande, que foi difícil processar de imediato o que ela realmente significava. 

 Louis, por outro lado, não pensou antes de falar. Se fosse qualquer outra ocasião normal, claramente não falaria tal coisa. Mas devido às circunstâncias de ter prometido à Harry que mostraria seu coração, decidiu que tentaria não fazer todo aquele esforço de imaginar se aquilo que queria falar estava correto socialmente.

 Sem esboçar nem uma mísera expressão, Louis continuou ali, sentado ao lado de Harry enquanto mudava o canal da TV. Já Harry, ainda tinha seu maxilar tenso e um nó semi formado em sua garganta. Ele queria sim abraçar o menino, mas sabia que isso poderia ser interpretado como dó, e definitivamente não era isso que o maior queria demonstrar. Então ele apenas entrelaçou seus dedos nos de Louis, encaixando suas mãos como um molde perfeito.

"Quero fazer uma coisa com você."

"Eu deveria maliciar essa frase?" Os olhos de Louis desviaram-se da TV para encarar os verdes de Harry. Seu olhar por si só já esboçava malícia, o que causou uma risada indignada no maior.

"Permaneça inocente por um segundo, ok?" Arqueou as sobrancelhas sem tirar o sorriso que tinha sido desenhado em seu rosto por causa da risada. Louis assentiu sem dizer uma única palavra. Harry buscou coragem em algum lugar de seu corpo, porque a última coisa que ele queria era que o menor achasse-o idiota, e, talvez, o que estava prestes a dizer poderia sim soar idiota. "Eu quero que você faça mil tsurus de origami."

"Certo..." Franziu o cenho, confuso e quase certo de que aquilo não era algo normal de se pedir para outra pessoa. "Posso saber o motivo?"

"Pode." Harry afastou sua mão da do menor, apenas para pegar sua mochila — que estava no chão — e abri-la, pegando vários saquinhos com pequenos papéis brancos em formato quadrado. "Na aula de história, o Sr. Hall contou que existe uma lenda no Japão muito antiga, ninguém nem sabe quando e porquê foi criada, mas quem fizer mil tsurus de origami tem o direito de fazer um pedido para os deuses."

 Louis continuou com seu cenho franzido, achando tudo extremamente estranho. Achando Harry a pessoa mais esquisita do mundo, mas por algum motivo aquilo não o repudiava, talvez ele até tenha achado bonitinho o jeito que Harry explicava toda a história da menininha Sadako, enquanto dobrava timidamente a pontinha de um dos papéis quadrados que tinha em mãos.

"E o que eu pediria?" Perguntou, depois de ter ouvido toda a história de Hiroshima e o monumento das crianças.

"Você decide isso. Não precisa me contar."

 Sem relutar e sem entender exatamente onde Harry queria chegar com aquela ladainha toda, Louis submeteu-se a aceitar. Os dois sentaram-se no tapete vermelho e felpudo que tinha no meio da sala, e depois que viram alguns vídeos na internet de como fazer o pássaro, começaram silenciosamente a trabalhar nos origamis.

"Você sabe que não estou doente, certo?" Louis pronunciou-se após bons minutos, vendo a quantidade de tsurus de papel branco jogados e espalhados em seu tapete vermelho.

"Claro que eu sei." Respondeu com firmeza, sem tirar a atenção de sua dobradura. Ele já tinha feito várias, e nenhuma tinha ficado tão boa quanto às de Louis. Dava para dizer facilmente quais eram feitas por quem só de olhar para elas.

"E você também sabe que isso é só uma lenda, certo?"

"Sim. Mas só de você ocupar sua mente com algo que eu disse que te faria bem, já é algo positivo."

 Louis balançou a cabeça, sorrindo nasalado e voltando sua atenção para o quase tsuru em suas mãos. "Você é mesmo filho de uma psiquiatra."

 Dessa vez Harry parou com a dobradura, fixando seu olhar em Louis à sua frente. "Isso te incomoda?"

"Não. Contanto que não tente colocar a ideia de eu ter que ir em uma em minha cabeça."

 O maior continuava encarando o menino, que nem ao menos notou ser encarado. Sua garganta coçou para fazer uma pergunta, da qual provavelmente não seria a melhor para o momento, mas antes de pensar nisso apenas viu-se com os lábios abertos e as palavras atravessando-os. "Por que não gosta de psiquiatras?"

 No mesmo instante, Louis parou o movimento com seus dedinhos contra o papel, mas continuando com seu olhar fixo e vazio no mesmo. Suas sobrancelhas franziram-se minimamente e, depois de uma longa respirada, levantou seus olhos azuis até encontrar os de Harry.

"Imagine alguém te dando nomes estranhos, e então, todos que estão à sua volta começam a te tratar de uma forma completamente diferente. Você não consegue dizer que aquilo é ridículo e mesmo se conseguisse, ninguém nem ao menos te escutaria, porque você, agora, tem nomes estranhos."

 Aquela explicação de longe não tinha sido clara, aliás, ela era praticamente uma metáfora. Mas Harry subentendeu que aqueles 'nomes estranhos' poderiam ser os diagnósticos que Louis recebeu na infância, depois de ter sofrido o trauma.

"Psiquiatras te deram nomes estranhos?"

"Sim, e depois disso foi como se todos tivessem esquecido que sou o Louis. Então eu me senti sozinho, e também esqueci quem eu era." O olhar do menor caiu novamente para seu meio pássaro de papel. Harry entendeu aquilo como um basta para aquele assunto, e com certeza não era algo que ele gostaria de forçar o menino a falar, ou aprofundar. Então, com um sorriso singelo no rosto, ele engatinhou até Louis, depositando um beijo na lateral de seu pescoço, inalando todo seu perfume doce antes de sentar-se bem pertinho do menor.

"Quantos você já fez?" Referiu-se aos tsurus de origami, e Louis olhou para os seus espalhados no tapete

"Acho que noventa e oito, se não perdi a conta."

"Como assim?!" Harry arregalou os olhos, encarando todos as dobraduras feitas no chão e sentindo-se a pessoa mais inútil desse mundo. "Eu cheguei no trinta agora!"

"E os seus parecem ter sido atropelados por um caminhão." Louis sorriu, deixando uma risadinha graciosa soprar por entre seus lábios. Seus olhos ficaram menores e ruguinhas adoráveis nasceram em volta deles.

"Não fale mal dos meus tsurus!" Harry atirou o que estava quase finalizado em suas mãos, acertando a bochecha do menor.

 Louis ficou indignado com aquilo, mas não pode deixar de sorrir novamente e também atirou o seu tsuru prontinho e impecável no maior. Portanto, em segundos aquilo tinha tornado-se uma guerrinha de tsurus de origâmis, sendo atirados por todos os lados até que Harry agarrou as mãos de Louis, e o que era para ser uma guerrinha de dobraduras, tornou-se uma 'lutinha' de brincadeira.

 Uma hora era Harry em cima, que quase matava Louis de tanto fazer cócegas em todas as partes possíveis do corpo do menor, que tentava esquivar-se de qualquer jeito. Outra hora era Louis, que arranjava forças para virar seus corpos e espalhar mordidas no pescoço e peito do maior.

"Eu me rendo! Eu me rendo!" Louis gritou em meio de risadas, não aguentando mais o quanto seu abdômen doía de tanto rir. Harry respirou ofegante, jogando-se no chão ao lado do menor, que estava tão ofegante quanto o outro.

"Acho que é a primeira vez que ganho uma 'lutinha'." Respirou fundo, fechando os olhos e tentado controlar sua respiração. Seu coração batia tão forte contra seu peito, que era possível vê-lo subindo e descendo, mostrando perfeitamente seu ritmo cardíaco. "Gemma é uma ogra, ela sempre ganhava."

"Bom, de irmã ogra eu entendo muito bem. Tenho uma pior do que a outra."

"Não sente falta delas?" Harry abriu seus olhos, encarando por alguns segundos o teto antes de desvia-los para Louis, que surpreendentemente estava sem camiseta e deitado de bruços. Aquilo foi o bastante para o maior perder sua linha de raciocínio.

"Não sei... talvez."

 Harry nem lembrava mais o que Louis estava respondendo, não lembra o assunto, muito menos a pergunta que tinha feito. Seus olhos passavam como um raio-x, memorizando tudo aquilo que já era memorizado. Louis apoiava a lateral de seu rosto nos antebraços flexionados, deixando seus bíceps e ombros com os músculos mais expostos. Suas costas faziam um desenho incrível de um semi arco, com a parte de cima mais levantada e descendo até a lombar, onde fazia uma curva perfeita com o começo de sua bunda. Era uma cena de tirar o fôlego de qualquer ser que precisasse de oxigênio.

"Você é tão lindo." Harry não conteve-se, elogiou o menino sem nem ao menos perceber que fazia em voz alta. Seu olhar subiu lentamente, tudo aquilo que ele já havia visto, passando por cada detalhe novamente até parar no rosto do menino.

 O verde encontrou o azul e foi exatamente ali que se perderam.

"A pessoa mais maravilhosa que já vi." Depois de minutos, Harry voltou a elogiar — agora consciente do que fazia e, principalmente, ciente de que não referia-se apenas à beleza física —, tocando delicadamente a ponta de seu dedo sobre o maxilar do menor, contornando o desenho que seu rosto fazia até o queixo.

"Devem ser os olhos azuis."

 Harry soltou uma risadinha, misturando a sua com a de Louis. "Com certeza seus olhos azuis ajudam, mas digo você por inteiro, entende?"

 Louis engoliu seco, franzindo levemente o cenho. Harry percebeu que de algum jeito aquilo tinha o incomodado, mas o maior não deixaria ser uma experiência ruim, ele queria que Louis soubesse o quão maravilhoso era. Então aproximou-se, apoiando-se em seu antebraço, ficando mais alto e depositando um beijo no vinco que formava-se entre as sobrancelhas do menor, conseguindo relaxar aquela parte tensa quase de imediato. Seus dedos da mão direita tocaram levemente a parte de cima das costas do garoto, o fazendo arquear minimamente por causa do arrepio que surgiu.

"Seu cheiro." Passou a ponta de seu nariz pela lateral do pescoço de Louis até sua nuca, inalando aquele aroma viciante.

"Seu sorriso." Deslizou seus lábios da nuca até o cantinho dos lábios do menor, selando-os carinhosamente com os seus.

"Seu nariz empinado," subiu mais um pouco, deixando outro beijinho na ponta do nariz do menino, que não conseguiu deixar de franzir o mesmo, formando ruguinhas, "essas ruguinhas que se formam, principalmente quando você ri. Elas aparecem ao redor de seus olhos os deixando mais adoráveis que o normal."

 Harry desceu seus lábios pelo ombro de Louis, que arfou ao sentir a respiração quente do maior bater contra sua pele, deixando um rastro de arrepios visivelmente óbvios.

"Mas eu também amo o som da sua risada, ou o jeito que você finge saber biologia, mas no final quem faz todos os exercícios sou eu." Sorriu abafado contra seus beijos ainda sendo distribuídos na parte de cima das costas de Louis. E ao ouvir a última frase, o menor soltou um "hey!" em protesto. "Gosto da sua voz levemente rouca também e o modo como seus dedos enroscam nos meus cachos."

 Harry flexionou seu braço, apoiando seu cotovelo no tapete vermelho e a lateral de seu rosto em sua mão. Assistindo de cima tudo aquilo que Louis significava para ele, não conseguindo controlar seus dedos que deslizavam pela pele bronzeada de toda a extensão das costas do garoto, ignorando algumas mínimas e quase imperceptíveis cicatrizes, num carinho que não parava de causar arrepios no menor.

"Você é perfeito."

"É porque você ainda não viu meu lado imperfeito."

"Suas imperfeições te tornam perfeito."

 Louis calou-se mais uma vez, entregando-se completamente aos toques que intensificaram-se mais. Harry curvou-se, encostando seus lábios em uma das cicatrizes do menor, deslizando em beijos que contornavam de um jeito incerto toda a coluna de Louis. Ele começou trilhando desde cima, descendo lentamente até chegar nas duas covinhas que o menino tinha no final de suas costas, depositando um beijo em cada uma. Sua mão acariciou a parte de trás da coxa do mesmo, subindo até a voltinha de sua nádega direita, apertando levemente ali, enquanto ouvia alguns gemidos baixinhos e abafados saírem de Louis.

 Harry puxou, delicadamente, a calça de moletom do menor, sabendo que Louis não vestia mais nada além daquilo. Seus beijos desceram até a bunda do mesmo, na mesma intensidade lenta e molhada que tinha deixado nas costas anteriormente. Louis soltou um gemido, empinando mais seu quadril contra o rosto do maior, que afundou seu dedo médio entre as nádegas, tocado levemente a entrada do menor.

 Louis começou a movimentar seu quadril sutilmente, fazendo o toque de Harry em sua entrada ficar mais intenso. Entretanto, o menor gemeu descontente quando o outro retirou seu dedo dali, subindo a calça de moletom e aos poucos voltava com os beijos para cima, passando por sua coluna novamente até chegar em sua nuca.

 Os olhos azuis de Louis abriram-se novamente para encarar Harry que já estava com o rosto apoiado no braço, deixando-os no mesmo nível de altura. Eles ficaram ali, jogados de barriga para baixo em cima do tapete vermelho e da centena de tsurus de origami. O tempo podia ter parado, e talvez, para eles, realmente tinha parado enquanto perdiam-se um no outro.

"Nunca deixei ninguém me tocar assim." Louis quebrou o silêncio, deixando sua voz aguda e levemente rouca tomar conta da mente de Harry.

"Por quê?" Diferente da voz de Louis, a de Harry saiu mais grave e rouca, o que era um contraste perfeito, e juntas, formavam uma melodia intensa de encaixe perfeito.

"Não gosto das pessoas me tocando." Aproximou-se, quase tocando suas testas. Seu olhar desviou-se do rosto do maior por pouquíssimos segundos antes de voltar para o lugar de antes. "Quero falar uma coisa para você."

"Você pode me falar tudo que quiser, Lou."

 Louis assentiu, respirando fundo antes de entreabrir os lábios para começar a falar. "Não quero que você entenda isso errado, mas as pessoas realmente não podem me tocar. Eu sei que todos pensam que é por causa do ciúmes do Brian, e em parte é, mas isso só é uma coisa conveniente pra mim, porque me tornou verdadeiramente intocável."

 Harry sabia que estava próximo de entender grande parte da vida de Louis, e isso fez seu coração acelerar absurdamente, porém, de nenhuma forma queria deixar transparecer isso por medo de espantar o menor, então apenas respirou, obrigando-se a ficar calmo. "Por que você tem que ser intocável, Louis?"

"Eu não vou saber explicar isso direito, mas só de pensar em mãos me tocando já me causa um enjoo. Acho que a única pessoa que poderia explicar isso como realmente deve ser é minha mãe. Alguma coisa trava na minha cabeça quando penso nisso, entende?" Parou por um momento, mas Harry sabia que ele continuaria, então não o bombardeou com as milhões de perguntas que seu cérebro gritava, apenas esperou que Louis pudesse retomar a linha de raciocínio para continuar. "Você deve estar se perguntando o porquê do Brian poder me tocar, e isso eu posso te responder. Quando cheguei aqui, eu tinha deixado toda minha família na Inglaterra porque simplesmente não aguentava conviver com mais ninguém. Felizmente, minha mãe aceitou com a condição de eu me empenhar na música, já que isso sempre tinha sido um sonho pra mim. Mas o que eu não esperava era que o problema não era convier com minha família, e sim conviver com pessoas no geral. No primeiro dia de aula na CONST eu entrei em pânico com aquele monte de pessoas e me tranquei no banheiro. Eu não estava chorando nem nada, só fiquei ali porque não tinha mais ninguém a não ser eu. Bom, eu achava que estava sozinho, mas aí alguém entrou falando que eu precisaria sair porque o moço da limpeza precisava fazer o serviço dele e essa pessoa era o Brian."

"Acho que estava meio óbvio meu estado anormal, então ele perguntou se eu estava bem e falou que podia ficar nos bancos do time reserva do futebol, que ali ninguém encheria meu saco. Foi nesse momento que me senti um pouco seguro com ele. Mas algumas semanas depois, um garoto que andava com o pessoal do futebol me abraçou numa brincadeira estúpida e, por algum motivo, Brian sabia que aquilo me causava medo ou repulsão — provavelmente ele estava me observando há dias, vendo que eu não deixava ninguém me tocar."

"Naquele dia, Brian afastou o menino de mim, mas sem brigar com ele, apenas afastando, entende? E ficou do meu lado o dia inteiro, a semana inteira, o mês inteiro, era como se fosse meu guarda-costas. Então a gente começou a namorar. Eu me sentia seguro com ele, sabe? Ele me protegia, então quando o deixei me tocar não foi de todo tão ruim. Foi estranho no começo, mas nada comparava-se ao fato de um toque de pessoas alheias."

"Acho que essa proteção excessiva que ele criou em cima de mim tornou-se um ciúmes possessivo, então ele começou a ser violento com todos que me tocavam ou que conversavam comigo. Eu realmente não me importei quando ele decretou para o colégio inteiro que ninguém poderia me tocar ou falar comigo. Apenas senti alívio."

 Harry simplesmente ficou imóvel ao ouvir aquilo. Era muita coisa para ele assimilar, nunca nem passou pela sua cabeça que Brian poderia ser uma pessoa decente, que protegeu Louis quando ele precisava.

"Eu sei que isso é estranho, e eu também sei que minha mãe deve ter uma boa explicação para eu ser assim. Só..." Entrecortou a frase com um suspiro, desistindo de continuar devido a confusão que sua cabeça tinha formado-se.

"Só o quê?"

"Só espero que você não se afaste de mim."

 A bola de fogo que crescia na garganta de Harry a cada palavra que o menor dizia, explodiu. Fazendo todo o corpo do maior esquentar e seus olhos lacrimejarem. Ele não iria chorar de novo, já estava cansado de chorar na frente do garoto, mas sua vontade era sim de entrar em prantos ali mesmo, porque se tinha alguém que era realmente sensível para tudo, esse alguém era Harry.

"Lou..." passou seu braço em volta das costas do menor, o puxando para mais perto até que suas laterais do corpo encaixassem-se uma na outra, "eu nunca vou me afastar de você. Tudo que eu quero é estar cada vez mais próximo."

 O menor assentiu, passando a ponta de seu nariz no braço de Harry numa forma de carinho, que com certeza precisava ser registrada. O cacheado queria perguntar se Louis amava Brian mesmo, porque diante daquela história poderia existir a possibilidade de, talvez, aquele sentimento não ser amor e sim apenas segurança. Mas como ele poderia perguntar algo assim para alguém que não sabia identificar os próprios sentimentos?

"Eu sinto muito por tudo que você teve que passar."

"Não sinta. Sentir é ficar completamente sem defesa."

 Os olhos verdes semicerraram-se, sabendo a hora certa de mudar o rumo do assunto antes que o menor começasse a ficar incomodado. Sua expressão, que antes era de dor emocional, transformou-se em traços de malícia, com um sorriso sacana desenhado nos lábios. Louis arqueou uma sobrancelha, sem entender o que poderia ter falado para causa tal sensação no menino, mas antes que pudesse questionar, os lábios de Harry deslizaram novamente em seu ombro, voltado a causar aqueles arrepios.

"Então quer dizer que você estava completamente armado enquanto eu te beijava assim?" Desceu lentamente seus beijos pelas costas do menino, recebendo um gemido em resposta. "Não sentiu nada com isso?"

"E-eu..." Sua fala, junto com seus pensamentos, foram interrompidos quando Harry o virou de barriga para cima, colando seus peitos e entrelaçando suas pernas umas nas outras. "Você me deixa tão confuso às vezes. Sabia disso?"

"Ótimo!" Sorriu nasalado, afundando seu rosto na voltinha do pescoço de Louis, chupando levemente a pele. "Porque é exatamente quando você está confuso, que eu sei que está sentindo alguma coisa. Você só não entende o que é." Encarou o menino, espalhando beijos em todo seu rosto, fazendo o mesmo suspirar.

"Eu sei disso, Harry, mas eu-"

"Eu farei tudo ao meu possível para que você consiga amar e saber que está amando."

"Você acha que eu te amo?" Perguntou, não sendo ofensivo, ou debochado, era somente uma dúvida real que assombrava sua mente todos os dias.

"Não sei, mas tenho certeza que eu te amo."

 Louis sorriu verdadeiramente para aquilo, e quando foi puxar o rosto de Harry para beija-lo, afim de demonstrar alguma coisa, um som estridente soou da mesinha de canto próxima ao sofá. Os dois assustaram-se com o barulho, mas logo reconheceram que era apenas o telefone do apartamento tocando, então, mesmo odiando muito a ideia, afastaram-se e Louis sentou-se no sofá para atender.

"Alô?"

 Harry viu quando o canto da boca de Louis entortou, numa expressão mínima de um provável desagrado. Seus instintos, que sempre eram de fazer com que o menino se sentisse bem, foram automáticos, o levando a arrastar-se no tapete até estar de frente para Louis. Colocou-se no meio das pernas do menor, que o mesmo logo apoiou a coxa esquerda no ombro do maior, sentindo o carinho estender-se de sua panturrilha até seu joelho por cima da calça de moletom.

"Sim, estou bem, não precisa se preocupar... Vejo um dia esse mês e tento ir, ok?"

 O maior não sabia quem era do outro lado da linha, mas sabia que pelo menos não era o Brian, então sentiu-se mais aliviado em perguntar, quando o menor desligou, ficando curiosamente pensativo com o olhar vazio e perdido.

"Lou? Quem era?"

"Minha mãe." Falou com a voz fria e sem emoção. Harry lembrava-se muito bem da primeira vez que a mulher ligou e o choque que isso lhe causou, quando Louis disse que sua avó tinha morrido. Com certeza não esperava uma notícia boa.

"Está tudo bem?"

"Meu pai cometeu suicídio."


xxx

oioi vocês!

seguinte, já vou avisar que o louis não vai sentir as coisas de um dia para o outro, então quem não tem sensibilidade e paciência provavelmente não se identificará com a fic. essa patologia é algo sério, e eu não quero fazer uma fic forçada onde tudo ocorre bem em três capítulos. 

a jay vai sim aparecer e explicar toda a história de infância do Louis para o Harry. eu disse que não vou deixar NADA sem explicação, porque até os mínimos detalhes foram pensados. eu sei que as respostas demoram para aparecer, mas a fic é no ritmo do louis, então a gente tem que sentar e esperar. tem bastante coisinha pra acontecer, e eu realmente pensei em encurtar pra ficar mais rápido, mas não quero estragar o andamento que construí, então quem não tem paciência, sinto muito. 

apesar de dos muitos acontecimentos, isso não quer dizer que terão milhões de capítulos. estou calculando mais uns 10. 

ok? ok. desculpem a demora pra att, mas eu to de tpm não me toca widhwedaioj

milbjs

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