Cronômetro

By KRafyra

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Ser a Ladybug tem um preço muito mais caro do que Marinette imaginava. A luta diária contra os akumas teria... More

Capítulo 2 - Percepções
Capítulo 3 - Limites
Capítulo 4 - Desvelo
Capítulo 5 - Intenções
Capítulo 6 - Segredos
Capítulo 7 - Verdades
Capítulo 8 - Origem
Capítulo 9 - Preocupações
Capítulo 10 - Mudanças
Capítulo 11 - Pânico
Capítulo 12 - Sorriso
Capítulo 13 - Máscaras
Capítulo 14 - Conflitos
Capítulo 15 - Chamas
Capítulo 16 - Buscas
Capítulo 17 - Efusão
Capítulo 18 - Coragem
Capítulo 19 - Prova
Capítulo 20 - Recordações
Capítulo 21 - Promessa
Capítulo 22 - Trevas
Capítulo 23 - Entrega
Capítulo 24 - Reencontros
Capítulo 25 - Desfecho
Epílogo

Capítulo 1 - Respostas

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By KRafyra

O sino badalava pela quinta vez. Ela sabia que o prazo estava acabando. Logo seria manhã e todos os habitantes sairiam às ruas para suas atvidades diárias, sendo expostos ao perigo. Olhou pra cima e viu a alta torre com o sino no topo, como se implorasse para que ele lhe desse mais tempo, mesmo que um minuto a mais. Mas nada era fácil. Não para a Ladybug.

- Chat, cuidado! - ela gritou ao ver um ponteiro de relógio ser atirado contra o seu parceiro como se fosse uma lança.

O vilão havia se apresentado com o nome de Relógico. Após alguns minutos de luta, Ladybug e Chat Noir haviam descoberto que o cidadão akumatizado era um homem que havia dedicado 30 anos de sua vida badalando o sino da torre da igreja, até que seu trabalho começou a ser feito por um timer automático e ele foi demitido.

Chat Noir desviou facilmente do projétil, e Ladybug suspirou em alívio. Parecia que ela estava se preocupando mais do que devia. O ponteiro cravou no chão e sumiu como se tivesse se transformado em poeira. Aproveitando o momento de distração do Relógico que materializava mais um ponteiro para atirar, Chat dividiu o bastão em suas mãos em duas partes e os atirou contra o vilão. Um deles acertou o colete que usava, arrebentando um botão e deixando cair um relógio de bolso preto em uma longa corrente.

- Ladybug, ali! - O gato gritou, apontando, e a garota atirou a cabeça na direção mostrada. Um amplo sorriso confirmava que ela havia visto o objeto.

- Talismã! - Ladybug atirou o iôiô para o alto e em suas mãos caiu uma pedra vermelha com pintas pretas. Levantou uma das sobrancelhas, sabendo instantaneamente o que deveria fazer.

Ela juntou o fio do iôiô entre dois dedos, improvisando um estilingue, posicionou ali a pedra e mirou no relógio de bolso pendurado no colete do Relógico, que ainda estava distraído em acertar o Chat Noir. Foi um tiro certeiro e o relógio se despedaçou no ar, liberando a borboleta negra.

- É hora de purificar o mal! - a borboleta foi capturada dentro do iôiô atirado por Ladybug - Tchau tchau, pequena borboleta - e libertada como uma inofensiva borboleta branca - Miraculous Ladybug! - a garota disse em seguida, jogando o iôiô para o alto e recuperando todas as coisas que haviam sido destruídas pelo akuma, incluindo o próprio relojoeiro, que estava ajoelhado no chão com o relógio de bolso em mãos.

- Zerou! - com um encontro dos punhos, Ladybug e Chat Noir comemoraram a vitória.

- Quem me deu esse relógio foi o meu pai. Ele sim era um grande relojoeiro. Talvez eu tente abrir a minha própria relojoaria ao invés de ficar me deprimindo pelo emprego que perdi. - disse o homem que antes havia sido possuído pelo akuma.

- É uma ótima ideia! - Ladybug sorriu e ouviu o primeiro bipe de seu brinco, avisando que seu tempo como heroína estava por acabar, e trocou um olhar com o seu parceiro.

- Hora de ir, milady! - Chat piscou pra ela e cada um correu para um lado da cidade sem se despedir.

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Ladybug saltou por cima do telhado da padaria de seus pais e entrou na clarabóia, mas quem saiu do outro lado foi Marinette, caindo sobre a cama já posicionada ali para quando voltasse cansada dos dias e noites de luta. Tikki caiu a seu lado, sobre o travesseiro.

- Hoje foi diícil, né Marinette? - a Kwami falou mais como uma afirmação do que como uma pergunta.

- Foi sim - suspirou Marinette - Não sei se os akumas estão ficando mais fortes ou se eles tem aparecido com tanta frequência que eu não tenho tido tempo de me recuperar.

Mari levantou a camiseta que estava usando e seus olhos caíram sobre um grande hematoma que se formava sobre as costelas a direita. Mais um pra coleção. E eles pareciam demorar cada vez mais para desaparecer. Ela franziu a testa e abaixou a camiseta, jogando a cabeça no travesseiro e olhando para o teto.

- Tikki, por que os meus machucados não curam com o Miraculous como todas as construções das cidades e as pessoas afetadas pelo akuma?

Tikki fechou os olhos em um misto de cansaço e tristeza. Mais cedo ou mais tarde Marinette juntaria as peças e perceberia o que estava acontecendo.

- Marinette, ser Ladybug tem um preço muito mais alto do que só perder o sono e chegar atrasada na aula - Tikki levantou os olhos pela primeira vez desde o início da conversa para olhar para a garota que havia escolhido para ser sua portadora do Miraculous

- O que você quer dizer? - Marinette arregalou os olhos e sentou na cama para olhar melhor para a kwami.

- A sua energia vital. - Tikki abaixou a cabeça e fitou as próprias mãos. O silêncio era ensurdecedor - A maior parte da energia para você ser Ladybug e lutar contra seus inimigos vem dos meus poderes, mas só com meus poderes eu não posso fazer nada - a kwami levantou timidamente os olhos e fitou Marinette - Somente uma humana pode ser a Ladybug.

- Eu lembro de você ter me dito tudo isso a primeira vez que a gente se encontrou, Tikki. Mas não entendo o que isso tem a ver com a minha energia vital. Não é só o meu corpo que você precisa pra manifestar os poderes?

- Exatamente - Tikki começou, e seu olhar se transformou de tímido para firme - O Miraculous não consegue limpar os akumas sozinho. Cada pouco de mal daquelas borboletas que você captura - Tikki franziu a testa - fica preso dentro de você.

- O quê!? - Marinette levantou da cama rapidamente, com os punhos fechados - Do que você tá falando, Tikki!?

- O akuma usa a sua força vital pra ser neutralizado. - Tikki levantou vôo para olhar Marinette na mesma altura dos olhos - E em troca você absorve o mal dele.

- Mas e o iôiô? E o Miraculous? De que adianta os poderes então!? - O coração da garota estava quase saindo da boca.

- Os poderes permitem que você enxergue os akumas e possa portar o Miraculous e neutralizar os akumas. Vocês estão conectados. Ele não é Miraculous sem você. E você não é Ladybug sem ele.

Marinette sentou devagar na cama e colocou a mão sobre o peito. Sentia os batimentos acelerados sob os dedos trêmulos. Quanto daquele mal ela já tinha dentro dela? Quantos akumas ela já havia neutralizado sem imaginar o que estava acontecendo? Quanto mais ela poderia aguentar?

- Tikki, por que você não me contou isso antes? - ela olhava para as pernas, passando o dedos sobre a calça como se pudesse sentir cada uma das cicatrizes e marcas que já estavam tatuadas em seu corpo - O que vai acontecer comigo?

Tikki voou para o colo de Marinette e colocou sua pequena mãozinha sobre um dos dedos de Marinette, e quando levantou a cabeça para olhá-la nos olhos, a garota viu os olhos da kwami cheio de lágrimas que ela lutava para não derrubar.

- Desculpa por não ter te contado antes, Mari. Eu não pude. É proibido. Se eu te contasse, eu perderia todos os meus poderes e o mundo ficaria a mercê do Hawmoth sem uma Ladybug por sabe-se lá quanto tempo - Tikki baixou tanto a voz que era quase um sussurro - Mas você perguntou, e nós não podemos negar respostas aos portadores do Miraculous.

- Então me conte o que vai acontecer comigo. - Marinette perguntou com firmeza e Tikki prendeu a respiração por um segundo antes de começar.

- A sua força vital é a energia necessária para neutralizar os akumas. A cada akuma neutralizado, você perde um pouco dela. O seu corpo enfraquece. A sua recuperação demora mais - Tikki parou de falar, interrompida por um soluço, mas Marinette sabia que não havia acabado. Mais do que isso. Sabia que o pior estava por vir.

- E uma hora a minha força vital vai acabar - terminou Marinette.

E Tikki acena com a cabeça, concordando.

- E eu vou morrer - Marinette sussurra.

Tikki não acena. Ela não precisa acenar. Marinette não precisa ver. Ambas sabem que aquela é a verdade.

A garota inclina o corpo para a frente, coloca os cotovelos sobre os joelhos e apoia a testa nas mãos. Era como se o mundo inteiro estivesse girando muito rápido. Como se ela tivesse consciência de cada mínimo grau de rotação da Terra.

O despertador tocou sobre a escrivaninha. 7:30 da manhã. Hora de acordar. Hora de levantar, se arrumar, tomar café e ir para o colégio. Mas Marinette não havia sequer dormido, e de um minuto para outro, sentiu-se exausta. Absurdamente exausta, como se não dormisse há uma semana, e não há um dia. Naquele momento nada mais parecia importante. Nada mais parecia ter valor. Queria deitar e dormir por dias e dias. Não queria ver mais ninguém.

- Quanto tempo? - a voz de Marinette soou no quarto.

- Depende de quantos akumas você precisar neutralizar - A kwami falava tão baixo que Marinette precisou se abaixar para ouvir melhor - Nós calculamos que não tenha muito perigo, contanto que o Hawmoth seja derrotado logo.

- Quanto tempo? - Marinette perguntou de novo, mais séria.

- Não sabemos.

- Não sabemos? No plural?

- Sim.

- Você e mais quem não sabem?

- Os outros kwamis.

Marinette sentiu o coração falhar uma batida.

- Quantas pessoas mais estão em risco?

- Mais ninguém - Tikki falou tão baixo que Marinette teve que pedir pra ela repetir.

- Só eu? - a garota não sabia se deveria estar zangada ou aliviada, mas a última opção batia mais forte agora. Chat Noir estava a salvo.

- É um dos preços de ser a Ladybug, e é um dos motivos...

- ...de eu ter um parceiro. - completou Mari - No caso de algo acontecer.

Tikki ficou em silêncio. Tudo ficou em silêncio. As coisas faziam tanto sentido que Marinette não sabia como demorou tanto a perceber.

- Quem mais sabe disso? - ela perguntou para a kwami.

- Só os kwamis, e agora você.

Marinette respirou fundo. Seria muito melhor se ela pudesse enfrentar tudo sem ter que lidar com um Chat Noir preocupado o tempo todo. Impulsivo do jeito que ele era, sabe-se lá o que faria no momento em que descobrisse toda a história.

A garota levantou e soltou os cabelos, indo até o guarda-roupa.

- Então o que temos que fazer é encontrar Hawmoth logo e derrotá-lo para que nada pior aconteça? - perguntou Marinette enquanto escolhia uma muda de roupas limpas para tomar banho e se preparar para a aula.

- Sim. Apenas neutralizar os akumas não vai mudar em nada tudo o que vem acontecendo. E o tempo corre contra você, Marinette - Mari conseguia ouvir toda a tristeza estampada na voz de Tikki. Toda a culpa e toda a angústia, e pela primeira vez em muito tempo ela percebeu como a kwami era pequena e frágil, e o quanto ela devia estar sofrendo guardando toda aquela história sozinha.

- O tempo sempre corre contra mim, Tikki. E ele sempre perde. - Marinette sorriu para Tikki com ternura, acariciou a cabecinha rosa da kwami e andou em direção ao banheiro com um olhar que daria arrepios em qualquer vilão que a visse.

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